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Casa de Oswaldo Cruz Item História oral
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Lauro Jurandir de Castro Leão

Entrevista realizada por Luiz Octávio Coimbra, Marcos Chor Maio e Nílson Moraes, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 24 e 29 de julho de 1987.

Resenha biográfica:
Lauro Jurandir de Castro Leão nasceu em Belém, no estado do Pará, no dia 1º de janeiro de 1917, filho de um comandante de embarcações no amazonas. Estudou o primário e o ginásio em sua terra natal e concluiu o curso de contabilidade no Rio de Janeiro.
Começou a trabalhar aos 16 anos em uma sapataria, e mais tarde, como praticante de piloto do rio Amazonas. Aos 18 anos, decidiu seguir carreira militar, mudando para São Paulo em dezembro de 1933. Em 1936, quando terminava o curso para sargento, foi excluído do Exército devido à sua ligação, na época, com a Ação Integralista Brasileira (AIB). Trabalhou durante alguns meses em atividade comercial, em São Paulo, até transferir-se um ano depois para o Rio de Janeiro, quando iniciou sua carreira de bancário.
Em 1937, ingressou no Banco Borges e Irmãos S. A. e filiou-se ao Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro. No final do Estado Novo, tornou-se membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), participando desta agremiação durante o pequeno período de sua legalidade.
Em 1946, foi integrante da Junta Interventora no Sindicato dos Bancários. Na década de 50, exerceu, consecutivamente, quatro mandatos na diretoria do sindicato.
Eleito, em 1957, delegado regional do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB), ocupou o cargo até 1962, sendo indicado neste mesmo ano, pela Confederação Nacional de Trabalhadores em Empresas de Crédito (CONTEC), para a direção do setor de arrecadação e fiscalização do IAPB. Em 1964, com o movimento político-militar que derrubou o Presidente João Goulart, foi exonerado e preso, voltando posteriormente às atividades como bancário.
Em 1982, participou, como representante do Sindicato dos Bancários, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado Federal, para apurar a crise da Previdência Social.
Em 1984, participou da criação do Departamento de Aposentados do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, e no ano seguinte, da Federação das Associações de Aposentados e Pensionistas do Estado do Rio de Janeiro. Em 1986, representou essas instituições na VIII Conferência Nacional de Saúde.

Sumário
1ª Sessão: 24 de julho
Fita 1
Nascimento; origem familiar, lembranças da infância; o primeiro emprego; a experiência como piloto de navios; lembranças do pai; referência aos marítimos em Belém; a mudança para o Rio de Janeiro; a entrada para o Exército; a exclusão do Exército; o ingresso na carreira bancária; a identificação com o nacionalismo e o socialismo; o ingresso na AIB; referência ao Golpe Integralista de 1938 e a Gustavo Barroso; atuação na AIB; o ingresso no Banco Borges e Irmãos; a filiação ao Sindicato dos Bancários; a intervenção no Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro; a capacidade de mobilização do Sindicato dos Bancários; a greve dos bancários de 1934, a criação do IAPB e a luta pela estabilidade no emprego; atividade sindical bancária no Estado Novo; as reivindicações dos bancários no Estado Novo; as lutas dos bancários com a redemocratização de 1945; comentários sobre a Caixa de Previdência dos Empregados do Banco do Brasil; a participação dos funcionários do Banco do Brasil na direção do Sindicato dos Bancários; os motivos para o ingresso na carreira militar.

Fita 2
Os motivos para o ingresso na carreira militar; a prisão como bancário e a anistia como militar, em 1964; visão do Exército; os cargos e funções na carreira de bancário; a trajetória no Sindicato dos Bancários e no IAPB; comentários sobre a profissão de bancário; comentários sobre a greve dos bancários de 1946 e 1962; algumas instâncias de organização do Sindicato dos Bancários; o trabalho como delegado regional do IAPB; influência do Sindicato dos Bancários no IAPB; a eleição para delegado regional do IAPB; administração do IAPB antes da Lei Orgânica da Previdência social (LOPS); os critérios para a ocupação de cargos no IAPB; influência de políticos no IAPB; os motivos da ausência de concurso público no IAPB; atuação de Enos Sadoch na presidência do IAPB; as lideranças bancárias; comentários sobre a LOPS; a unificação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs); comentários sobre o Hospital dos Bancários antes e depois da unificação; críticas ao processo de unificação.

Fita 3
A tuberculose entre os bancários; o Sanatório Cardoso Fontes e o ambulatório do IAPB na Avenida 13 de Maio; posição dos bancários frente à unificação da Previdência social; comentários sobre o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI); críticas à assistência patronal do IAPI; comentário sobre o convênio do IAPB com o Hospital do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM); crítica aos convênios do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) com instituições médicas privadas; comentários sobre os convênios com casas de saúde privadas; assistência médica previdenciária na Espanha; comentários sobre a crise da Previdência Social; o Congresso de Bancários, em 1954, e as principais teses defendidas.

2ª Sessão: 29 de julho
Fita 3 (continuação)
As funções de um delegado regional do IAPB; o regime presidencialista na gestão da Previdência Social; o papel do Conselho Fiscal no IAPB; o processo de escolha do presidente e dos delegados regionais do IAPB; a estrutura interna do IAPB após a LOPS; comentários sobre a direção colegiada; os motivos para o atraso do pagamento da Previdência Social por parte das empresas e do governo; as pressões do IAPB junto ao governo para o pagamento da dívida; a política de aplicação de reservas do IAPB.

Fita 4
A política de aplicação de reservas do IAPB; a utilização dos recursos da Previdência social pelo Governo Federal; comentário sobre a direção colegiada; comentários sobre os projetos de retorno à gestão colegiada na Previdência social; o projeto para o aposentado poder ser eleito para as diretorias dos sindicatos; a importância dos mais experientes dentro do movimento sindical; comentários sobre a direçào colegiada; influência do Sindicato dos Bancários no IAPB; o processo de luta pela LOPS; as questões que mais sensibilizaram os trabalhadores nas discussões sobre a LOPS; a utilização pessoal dos serviços médicos do IAPB; comentários sobre a incidência de tuberculose e de doenças nervosas entre os bancários; a tensão do trabalho em banco; relato da compra do Hospital dos Bancários (atual Hospital da Lagoa); comentários sobre as qualidades do Hospital dos Bancários; a intervenção no IAPB após o golpe de 1964; o processo de unificação da Previdência Social após 1964; o papel do Departamento Nacional de Previdência Social (DNPS); as relações entre o Ministério do Trabalho e o IAPB na década de 1950; referência a Dante Pellacani; comentário sobre a política habitacional do IAPB; os sindicatos bancários mais mobilizados; os líderes bancários que atuaram na luta pela LOPS; as relações entre o IAPB e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB); ausência de “partidarização” na vida sindical dos bancários; comentários sobre os convênios do Sindicato dos Bancários com a Previdência Social; os serviços médicos nos sindicatos bancários; a importância dos serviços assistenciais nos sindicatos de trabalhadores; referência ao Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS) e ao Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência (SAMDU); perfil da União Democrática Nacional (UDN) e de Carlos Lacerda; comentários sobre os movimentos grevistas que antecederam o golpe de 1964.

Fita 5
Comentários sobre os movimentos grevistas que antecederam o golpe de 1964; ausência de questões referentes à Previdência nas greves dos trabalhadores; atuação dos bancários em questões relativas à Previdência Social; origem da CPI; da Previdência Social e do Senado Federal; os depoimentos da CPI da Previdência Social; referência ao projeto de Roberto Campos sobre a privatização da Previdência Social; a participação na VIII Conferência Nacional de Saúde; posição contrária à transferência da assistência médica previdenciária para o Ministério da Saúde; as deficiências do Ministério da Saúde; a criação da Comissão de Reforma da Previdência Social; comentário sobre os tecnocratas; comentário sobre a liderança dos técnicos do IAPI no processo de unificação; os motivos para as fraudes na Previdência Social; defesa da posição dos bancários quanto à unificação; origem social dos bancários; a prisão em 1964; referência aos companheiros na prisão; a viabilidade da Previdência Social; a necessidade de punição dos responsáveis pelas fraudes.

Geraldo Baptista

Entrevista realizada por Gilberto Hochman, Luiz Octávio Coimbra e Marcos Chor Maio, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 03, 11 de dezembro de 1986, 26 de fevereiro e 02 de abril de 1987.

Resenha biográfica:
Geraldo Augusto de Faria Baptista nasceu em Belo Horizonte, em 1908, pertencendo a uma família de classe média do interior de Minas Gerais. Até os 15 anos viveu em Minas Gerais; onde cursou o primário no Grupo Escolar Afonso Pena, e os primeiros anos do curso secundário no Ginásio Mineiro.
Em 1924, com a mudança da família para o Rio de Janeiro, concluiu o secundário no Colégio Pedro II. Em 1925, ingressou na Faculdade Nacional de Direito, formando-se em 1929.
Iniciou sua carreira profissional no cartório do pai, e em seguida, trabalhou num escritório de advocacia. Em 1931, ingressou no Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC), como primeiro adjunto do procurador-geral do Conselho Nacional do Trabalho (CNT), atuando na área da Previdência Social.
Em 1938, foi requisitado pelo recém-criado Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI), para ocupar o cargo de procurador-geral.
Em 1942, integrou a delegação brasileira na 1ª Conferência Interamericana de Seguridade Social, realizada em Santiago do Chile. Dois anos depois, voltou à Procuradoria da Previdência Social, do MTIC, e no ano seguinte, após a queda de Getúlio Vargas, presidiu o CNT no governo José Linhares.
Em 1947, retornou ao MTIC e, quatro anos mais tarde, participou da Comissão Nacional de Bem-Estar Social, que reviu o primeiro projeto de Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), do então deputado Aluízio Alves.
Participou também, em 1953, do processo de unificação das Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs), e mais tarde, no final da década de 50, atuou como consultor de legislação social do Senado, no período de aprovação da LOPS.
No início dos anos 60, integrou a Comissão Permanente de Direito social (CPDS), que avaliava processos relativos à Previdência Social.
Em 1965, apresentou-se e voltou a exercer advocacia. No governo Chagas Freitas (1970/1974), assumiu o cargo de Secretário de Justiça do estado do Rio de Janeiro.

Sumário
1ª Sessão: 03 de dezembro
Fita 1
Origem familiar; lembranças da infância em Belo Horizonte; lembranças do Grupo Escolar Afonso Pena; formação religiosa; influência intelectual do pai; a política em Minas Gerais no início do século; a condição econômica da família; origem de Belo Horizonte; a mudança da família para o Rio de Janeiro; precariedade da assistência médica previdenciária em Belo Horizonte no início do século; a capital mineira como local privilegiado para a cura da tuberculose; a nova ocupação do pai; o ingresso no Colégio Pedro II; lembranças do Colégio Pedro II; o primeiro ano da Faculdade Nacional de Direito; a prática de esportes; o ambiente universitário; o trabalho na revista universitária ÉpocaI; os estudos ibero-americanos; comentários sobre o corpo docente da Faculdade Nacional de Direito; influência da esquerda na faculdade; o governo Arthur Bernardes.

Fita 2
A equipe da revista Época; a política na República Velha; ausência de matérias de legislação trabalhista e previdência social na faculdade; as primeiras atividades profissionais; comentários sobre a Revolução de 1930; o ingresso no MTIC; o trabalho com as CAPs no MTIC.

2ª Sessão: 11 de dezembro
Fita 2 (continuação)
A situação das CAPs no início dos anos 1930; comentários sobre as CAPs; a representação dos trabalhadores no CNT; as reuniões do CNT; comentários sobre o Decreto-lei nº 20.465 das CAPs; explicações sobre a origem dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs); comentários sobre a criação do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM); os conselhos de administração dos IAPs; o papel do CNT.

Fita 3
O trabalho dos médicos no CNT; influência internacional na legislação previdenciária brasileira; assistência médica nos IAPs; origem do IAPI; as funções dos inspetores das CAPs; o regulamento dos serviços médicos das Caixas; perfil de João Carlos Vital; o trabalho como procurador-geral do IAPI; a política habitacional do IAPI; a perícia médica no IAPI; a saúde do IAPI; a 1ª Conferência Interamericana de Seguridade Social.

Fita 4
A Previdência Social e a Seguridade Social; relato da 1ª Conferência Interamericana de Seguridade Social; comentários sobre a Previdência Social no Brasil; o Instituto de Serviço Social do Brasil (ISSB); a unificação das CAPS, em 1953; o trabalho como presidente do CNT; a reforma do CNT, em 1946; a Previdência Social na Constituinte de 1946; referência à LOPS; a Previdência Social para artistas, intelectuais e escritores; a 2ª Conferência Interamericana de Seguridade Social, em 1947; comentários sobre o ISSB.

3ª Sessão: 26 de fevereiro
Fita 5
Comentários sobre o ISSB; o primeiro projeto de LOPS, em 1947; atuação na Comissão Nacional de Bem-Estar Social de 1951; a ideia da direção colegiada na gestão da Previdência social; o trabalho como consultor da legislação social do Senado no período de aprovação da LOPS; conceito de associado, segurado e beneficiário; a Fundação da Casa Popular; a política dos IAPs; o débito da União com a Previdência Social no governo Juscelino Kubitschek; críticas ao projeto da LOPS aprovado pelo Congresso Nacional; o período da administração colegiada na Previdência Social; atuação na CPDS; a encampação do seguro de acidente de trabalho pela Previdência social.

4ª Sessão: 02 de abril
Fita 6
O regulamento da LOPS; trajetória profissional na Previdência Social; a extensão da Previdência Social ao trabalhador rural; avaliação da assistência médica na Previdência Social; comentários sobre a unificação dos IAPs; atuação na CPDS; comentários sobre aposentadoria por tempo de serviço; a dívida da União com a Previdência Social; o movimento de 1964 e as mudanças na Previdência Social; a indicação para Secretário de Justiça no primeiro governo Chagas Freitas; as publicações na área da Previdência Social.

Francisco Laranja

Entrevista realizada por Jaime Benchimol, Marcos Chor Maio e Rose Ingrid Goldschmidt, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 26 de novembro, 02, 10 e 17 de dezembro de 1986. Esta entrevista foi realizada para o projeto "Memória de Manguinhos".

Resenha biográfica:
Francisco Laranja nasceu em São Borja, Rio Grande do Sul, a 28 de setembro de 1916. Seu padrinho de batismo foi Getúlio Vargas e o melhor amigo de infância, João Goulart. Estes laços de amizade foram de grande importância ao longo de sua vida, especialmente com relação a João Goulart, pois durante o seu governo desempenhou as funções de assessor e médico da família Goulart, chegando a acompanhar o Presidente em viagem oficial à Europa, URSS, China e Nova Zelândia.
Realizou seus primeiros estudos em São Borja e Uruguaiana, e o ginásio em Porto Alegre, cursando mais tarde a Faculdade Federal de Medicina de Porto Alegre. Transferiu-se para o Rio de Janeiro, em 1937, onde concluiu o curso de medicina, em 1940, pela Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Iniciou sua carreira profissional como taquígrafo e datilógrafo autônomo, realizando alguns trabalhos e apostilas sobre cursos diversos, para um grupo de estudantes de direito de Porto Alegre. Em 1938, prestou concurso público para a vaga de auxiliar-administrativo no recém-criado Instituto de aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI), passando a exercer a função de médico-auxiliar, em 1939, após ser aprovado em concurso interno.
A atividade que exerceu em eletrocardiograma no IAPI despertou-lhe o interesse pelos estudos em cardiologia. Trabalhou com perícia médica, diagnosticando casos de incapacidade para o trabalho, sob a orientação do professor Magalhães Gomes. Em 1941, através de concurso, tornou-se médico cardiologista do IAPI. Em 1944, entrou para o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), como pesquisador responsável pelo setor de pesquisas cardiológicas até 1953. Nesse mesmo ano, seu nome foi indicado para a direção do Instituto Oswaldo Cruz (IOC). Foi empossado em janeiro de 1954, permanecendo no cargo até fevereiro do ano seguinte.
Entre 1957 e 1961, dirigiu o Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência (SAMDU), buscando durante a sua administração privilegiar a assistência médica à população do interior do país. Porém em 1961, no início do governo Jânio Quadros, foi exonerado.
Assumiu a presidência da NOVACAP (Nova Capital), companhia construtora de Brasília, por indicação de João Goulart no início do seu mandato presidencial, sendo destituído do cargo pouco antes do golpe militar de 1964, quando retornou ao IAPI como médico cardiologista. Participou também de diversos cursos médicos em nível nacional e pronunciou várias conferências em universidades americanas.
Seu desempenho profissional conduziu-o a vários postos e comissões, tais como delegado da Sociedade Brasileira de Cardiologia, do Conselho Internacional no México, e relator do IV Congresso Internacional de Medicina Tropical e Malária, em Washington, realizado em 1946. Além disso, foi membro das comissões julgadoras do concurso para o Hospital dos Servidores do Estado (HSE) e do concurso para livre docência da Faculdade Nacional de Medicina, em 1952.
Além de um compêndio de patologia cardiovascular, artigos de divulgação e atualização de temas sobre cardiologia, Francisco Laranja realizou trabalhos relativos à clínica, epidemiologia, patologia, experimentação animal e terapêutica da doença de Chagas. Este último foi realizado com a participação de pesquisadores do IOC, entre eles, Emanuel Dias, Genard Carneiro da Cunha Nóbrega, Eithel Duarte e Arnaldo Miranda. Ao desenvolver este trabalho, entre 1945 e 1956, os pesquisadores elaboraram conceitos cardiológicos de grande importância para o estudo da doença de Chagas, servindo inclusive como suporte científico às campanhas de profilaxia desta doença no Brasil, iniciadas na década de 50.
Francisco Laranja atuou como médico cardiologista do Hospital de Cardiologia de Laranjeiras – INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência social), no Rio de Janeiro, e também como pesquisador titular da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), onde desenvolveu um projeto experimental sobre doenças de Chagas, vindo a falecer em setembro de 1989.

Sumário
Fitas 1 a 3
Origem familiar e a infância no interior do Rio Grande do Sul; formação escolar; o curso ginasial em Porto Alegre; a morte do pai; a experiência como capataz de fazenda na adolescência e as transformações da vida rural; o caráter do homem gaúcho; a influência da migração europeia no Rio Grande do Sul; as personalidades políticas do sul do país; a convivência com personalidades políticas; a Revolução de 1930; a conclusão do ginásio em Porto Alegre; a relação com os pais; o lazer na infância; as relações com a família de Getúlio Vargas; o quadro epidemiológico no interior do Rio Grande do Sul; o interesse pelos estudos e o vestibular para medicina; a cadeira de direito do trabalho criada por Lindolfo Collor; o convívio com os estudantes na pensão em Porto Alegre; o comunismo na década de 1930; o curso médico e o interesse pela psicologia; a primeira viagem ao Rio de Janeiro em busca do melhores condições de trabalho; o concurso para datilógrafo do IAPI; a transferência para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro; o atentado integralista de 1938; o trabalho burocrático no IAPI.

Fitas 4 e 5
O concurso interno do IAPI; as atividades em cardiologia no IAPI; a atividade assistencial do IAPI; comentários sobre as doenças cardíacas no Brasil; a perícia e a consultoria médica do IAPI; a política salarial do IAPI na década de 1930; a questão da saúde pública durante o curso médico; o concurso para cardiologista do IAPI; a relação entre médico e paciente; a organização do posto de Bambuí (MG); a especialidade em cardiologia; o primeiro contato com a doença de Chagas; a profilaxia da doença de Chagas; a divulgação de trabalhos no exterior.

Fitas 6 a 8
O desdobramento do Ministério da Educação e Saúde e a repercussão no IOC; a gestão Olympio da Fonseca no IOC; o ingresso no IOC na gestão Henrique Aragão; críticas à centralização administrativa do IOC; a indicação para a direção do IOC em 1953; as divisões científicas e os pesquisadores do IOC; a descentralização de sua administração no IOC; a produção do IOC; os recursos do IOC; a política científica do IOC; a modificação na estrutura física de Manguinhos; a gestão Antônio Augusto Xavier; o serviço fotográfico do IOC; o Curso de Aplicação do IOC; comentários sobre a sua gestão no IOC; o retorno à pesquisa; comentários sobre o Estado Novo; avaliação da FIOCRUZ; a influência americana e os modelos de pesquisa; saúde pública e educação sanitária.

Fitas 9 a 11
A nomeação para a direção do SAMDU; os vínculos de amizade com João Goulart; a estrutura funcional do SAMDU; o retorno ao IAPI em 1964; referência ao Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS); a padronização dos serviços do SAMDU; definição político-ideológica; adesão ao getulismo e ao juscelinismo; os acordos para as indicações de cargos públicos; a descentralização administrativa de sua gestão no SAMDU; o orçamento do SAMDU; o desligamento do SAMDU no governo Jânio Quadros; a pressão partidária sobre a nomeação nos cargos públicos; o concurso para acadêmico de medicina do SAMDU; o atendimento ambulatorial; a instalação de postos ambulatoriais na região Centro-Oeste no governo Juscelino Kubitschek; a ligação entre o SAMDU e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB); a relação ambulatorial entre médico e paciente; a relação entre saúde pública e política salarial; os critérios adotados para a instalação de postos do SAMDU; a direção do SAMDU no final dos anos 1950; o retorno ao IAPI após o golpe de 1964; a viagem com Jango à URSS e Europa Oriental; o regresso ao IOC e os trabalhos desenvolvidos; comentários sobre a FIOCRUZ; a questão dos relatórios administrativos do IOC; o governo João Goulart; a administração da NOVACAP; o retorno à fazenda de Goiás após o golpe de 1964; o casamento e a vida em Brasília na década de 1970; a “cassação branca”; o concurso para cardiologista no Hospital Distrital; a interferência do Serviço Nacional de Informação (SNI) em sua vida profissional.

André Freire Furtado

Entrevista realizada por Antonio Torres Montenegro e Tânia Fernandes, em Recife (PE), nos dias 11 e e 28 de junho de 1996.
Sumário
Fita 1 - Lado A
Lembranças da Infância no Ceará e a família; as secas no interior; o estudo; a chegada de um irmão Marista; comentários sobre os irmãos Maristas; o convite para ir para o Colégio Marista e a reação dos pais; a mudança para Recife, para o colégio dos irmãos Maristas; o juvenato; a conclusão dos cursos primário, ginásio e científico; a mudança; para Campina Grande (PB), para o noviciato; a transferência para Aracati (CE) para dar aulas; as matérias que ensinava; o aprendizado de línguas estrangeiras; comentários sobre a Congregação e a presença de maristas de outros países no Brasil; as ordens religiosas francesas; a religião hoje; o conceito social sobre os religiosos hoje; sua opinião sobre a religião; sua posição sobre o Colégio Marista e a origem dos alunos; suas tarefas em Aracati; o hábito de ler e estudar.

Fita 1 - Lado B
O vestibular na Universidade Católica; a relação financeira com a Ordem Marista; a socialização dos bens; o término do curso de biologia e a transferência para o Instituto de Teologia em Roma; o questionamento sobre os hábitos do convento; a desavença com a direção; a transferência para a França; sua saída da Congregação dos Maristas; o retorno ao estudo de biologia; a sobrevivência; a visita à faculdade em Paris; o ingresso nos cursos de mestrado e doutorado, em Paris; referência às aulas e apresentação de pesquisas; a movimentação política dos alunos e o receio de ser deportado.

Fita 2 - Lado B
Continuação dos comentários sobre os movimentos contra o governo francês, em 1968; a mudança na Sorbonne e no ensino francês; o ingresso na universidade, no Departamento de Biologia e Patologia Gerais; a experiência em ensino programados na área de genética; comentários sobre o ensino secundário; a experiência em Nazaré da Mata; críticas à formação nos Estados Unidos; a bolsa de estudos para retornar à França; o retorno ao Brasil e a criação do Departamento de Entogênese; referências ao curso de francês; a opção pelo estudo em transmissores de doença de Chagas; o crescimento do laboratório e a pesquisa na universidade; o processo eleitoral para reitor; a indicação para continuar como chefe do Departamento de Biologia; reflexões sobre a ciência e a religião; críticas à universidade; a bolsa para ir à Califórnia, para o curso de biologia molecular antes do retorno à França; referência ao golpe de 1964 no Brasil; um episódio no retorno na viagem de navio; o período na Alemanha; comentários sobre o financiamento de pesquisas no Brasil; o episódio com o gasto de uma verba de pesquisa; a relação pesquisa-ensino na universidade; o convite para trabalhar no CPqAM, no Laboratório de Imunologia; o convite para dirigir o Instituto Aggeu Magalhães; o aceite para a vice-direção e as primeiras medidas tomadas; a busca de financiamento; as bolsas para estudo no exterior; a tentativa de aplicação de um método de avaliação; o marasmo na pesquisa; a construção do prédio do CPqAM no campus da UFPE; o termo aditivo ao convênio com a UFPE.

Fita 3 - Lado A
Comentários sobre a especialização de pessoal e os intercâmbios institucionais; definições das linhas de pesquisa no Aggeu; a interdisciplinaridade; os financiamentos externos; o relatório de pesquisa; as bolsas para pesquisa e a formação de pessoal; os assessores da OMS e as pesquisas em filariose; o convênio com o governo japonês; o LIKA e seu financiamento; o intercâmbio do LIKA com o Japão; críticas a algumas opções de intercâmbio; críticas ao LIKA; comentários sobre sua gestão e o papel do diretor.

Fita 3 - Lado B
Comentários sobre o papel do diretor e o acidente com a equipe de filsariose; comentários sobre os grupos de pesquisa do CPqAM e a produção científica; a isonomia na ciência.

Fita 4 - Lado A
Algumas lembranças de infância; a opção pela formação como irmão Marista; o crescimento de Várzea Alegre; a finalidade da Congregação dos Marista; o conflito com a formação religiosa e a cidadania; o gosto pela leitura; a discordância filosófica com os Maristas; o interesse pela genética e a evolução; as doenças estudadas; a situação da doença de Chagas no Brasil e o desinteresse dos pesquisadores nos anos 1990; a inserção na filariose; o trabalho do CPqAM em filariose e o financiamento da OMS; os equipamentos do Centro na década de 1980; a atuação em Zonas Especiais de Interesse Social para o estudo da filariose; as desavenças com o TDR da OMS; o programa RHAE; os projetos desenvolvidos no Aggeu no início da sua gestão.

Fita 4 - Lado B
O retorno ao trabalho de pesquisa; a possibilidade de reeleição como diretor; a associação da pesquisa com a direção; a filariose e a entomologia; os financiamentos de projetos; as atividades como vice-diretor; o projeto "FINEPÃO" da Fiocruz; as bolsas conquistadas para formação de pessoal e a publicação no Centro; o intercâmbio científico e o núcleo de estudos; referência a alguns pesquisadores; a criação de departamentos no Instituto Aggeu Magalhães (IAM); os pesquisadores visitantes; críticas ao financiamento da OMS; os grupos de pesquisa em filariose.

Fita 5 - Lado A
O controle da filariose em Recife; a criação de postos de saúde nas favelas; a obrigatoriedade dos estagiários em trabalhar nos referidos postos de saúde; o episódio com uma estagiária da equipe de filariose; a relação entre os dois grupos de filariose; a importância das pesquisas em filariose; a criação do LIKA; a participação de Morei no CPqAM; a relação dos centros regionais com a Fiocruz; o LIKA e o convênio com a UFPE; a posição da Fiocruz; a distância entre o LIKA e o CPqAM; a relação do LIKA com a universidade; o casamento, a família e os filhos.

Fita 5 - Lado B
A esposa; sua visão sobre a ciência no Brasil; a desigualdade científica entre o Nordeste e o Sudeste; a ciência na Fiocruz; a ciência e o governo militar; os governos pós-ditadura; a reforma do Estado hoje e a universidade; a questão das vacinas em Campinas; o vírus da varíola e sua destruição consciente pelo homem; a criação do NESC; a composição e os cursos ministrados no NESC; crítica à estrutura do NESC e a carência de profissionais.

Fita 6 - Lado A
Continuação dos comentários sobre o NESC; a direção e a relação com as Secretarias de Saúde; o trabalho de peste em Exu e Garanhuns; o programa PAPES/ Fiocruz; a burocracia para o gasto de dinheiro em pesquisa; a atuação da FACEPE e o programa induzido; a reforma da Fiocruz e o Congresso Interno.

Hélio Bezerra Coutinho

Entrevista realizada por Antonio Torres Montenegro, em Recife (PE), no dia 05 de abril de 1996.
Sumário
Fita 1 - Lado A
A infância e a família; o encaminhamento para o curso de medicina; o cotidiano da infância; a vida escolar; o curso pré-médico; a convocação para o Exército; o mestrado nos EUA; o incêndio do edifício nos EUA; o aprendizado em embriologia e histologia na Universidade de Michigan; o concurso para a Fundação Kellogg; a criação de uma cadeira no Departamento de Histologia, na Faculdade de Odontologia de Pernambuco; a reforma universitária (1968); o convite para trabalhar em ensino programado com especialistas de Porto Rico; os problemas com o Serviço Nacional de Informação (SNI); a experiência na Inglaterra; a Fiocruz; o trabalho na universidade; os convênios firmados na Escócia para o CPqAM.

Fita 1 - Lado B
A pesquisa no Brasil; o convite para trabalhar no CPqAM; sua gestão no CPqAM; a aquisição de recursos para a produção científica; o movimento de 1935; o teste para a escola experimental; lembranças de uma antiga professora; comentários sobre Cristiano Cordeiro; o período ginasial; a Faculdade de Medicina; o período em que esteve no quartel.

Fita 2 - Lado A
O Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de Janeiro (CPOR); a dedicação exclusiva na universidade; a participação nos movimentos políticos; o episódio Demócrito; o Partido Comunista; o Comitê Nacional de Organização e Preparação do Partido (CNOP); o golpe de 1964; a vida no bairro do Recife; a convivência com o mundo intelectual de Recife; os cinemas do período e o cinema mudo; o trabalho no CPqAM; a pesquisa científica no Brasil; as homenagens e os títulos recebidos.

Fita 2 - Lado B
A experiência de trabalhos na Inglaterra; memórias de Portugal; o contato com o mundo acadêmico português; o período pós-revolucionário em Portugal; os alunos portugueses; a falta de adaptação da esposa em Portugal.

Saul Tavares de Melo

Entrevista realizada por Antonio Torres Montenegro e Tânia Fernandes, em Brasília (DF), nos dias 01 de fevereiro e 01 de março de 1996.
Sumário
Fita 1 - Lado A
Lembranças da infância e da família; o engenho do pai e a produção de açúcar; o acidente com um tiro; a moradia na casa de detenção; a bolsa de estudos; a carteira de investigador; referência a "Zé" Francisco; alguns episódios no estádio de futebol; referência a algumas pessoas de Pernambuco, inclusive Joaquim Francisco; referência aos irmãos; o concurso para o Ministério da Saúde/Serviço Nacional de Peste; a experiência no interior; a chefia de um setor do Serviço Nacional de Peste, em Alagoas; referência a uma matéria de jornal e sua reação; referência à família Góes Monteiro; os filhos e suas atuações profissionais em Brasília; a formatura do filho; alusão à sua formatura; a opção pela medicina; referência a Celso Arcoverde; o trabalho contra a peste em Crato (CE); a estada no Rio de Janeiro na época do final da Copa do Mundo de 1950; o jogo Brasil x Uruguai; o curso de saúde pública no Rio; referência à sogra; os estágios; a volta para Recife; o trabalho em Fernando de Noronha.

Fita 1 - Lado B
O trabalho em Fernando de Noronha; o socorro a uma grávida; a cirurgia cardíaca; referência à sua posição política na eleição de Collor de Mello; o convite da Oficina Sanitária Pan-Americana; o trabalho no Haiti com a campanha contra bouba; a campanha de "casa em casa" de bouba no Brasil; o financiamento da casa na CEF; o DNERu; a homenagem da filha na época de sua cirurgia; o CPqAM; referência a alguns diretores; a circunstância pela qual foi convidado para dirigi-lo; referências ao CPqAM e a algumas pessoas; a pesquisa na sua gestão; a sua homenagem no CPqAM; o motivo da transferência para Brasília; o trabalho dos filhos; a atuação contra as endemias no Ministério da Saúde/ SUGAM; o trabalho na erradicação da varíola; o reconhecimento pelo seu trabalho; referência a um episódio no IAM.

Fita 2 - Lado A
Referência a um episódio de agressividade de um funcionário no IAM; memórias da revolução de 1930; o relacionamento com a família Queiroz Galvão; o período de Agamenon Magalhães; as correspondências com Ledo Ivo; referências ao amigo Pedro Nava; o hábito da leitura; as amizades escassas em Recife; o relacionamento com a família em Recife; a leitura dos Sermões de Padre Antonio Vieira; a adaptação dos filhos em Brasília (DF); a situação dos filhos; o trabalho de saúde pública em Brasília; as campanhas de saúde e as viagens pelos estados; referência a Érico Veríssimo; a situação da saúde pública nos anos 1990.

Fita 2 - Lado B
A repressão do governo de Agamenon e a interferência de Aggeu; comentários sobre Ageu [filho] e Frederico Simões Barbosa; a comemoração de 45 anos do CPqAM e o discurso de Eridan Coutinho; a repressão na faculdade no período de Agamenon; o Laboratório de Peste em Exu (PE); lembranças da faculdade; os professores marcantes na faculdade; o professor Anibal Bruno; a distração na barraca do Brito; a leitura do livro de Darcy Ribeiro; comentários sobre a neta; o apoio a Collor; o primário em Macaparana (PE) e o professor italiano Luís Égano; o professor Luís Égano e o episódio da 2ª Guerra Mundial; o engenho; a doença da irmã e a perda do engenho; o livro do irmão Lourenço Tavares de Melo sobre memórias do engenho Tabocas; a ida para Recife e a situação do engenho; as viagens de trem; referência a Mauro Mota e Potiguar Matos.

Fita 3 - Lado A
Lembranças do engenho; os versos da filha em virtude do recebimento de uma medalha; os elogios do colega Joaquim de Castro; a infância e o jogo do bicho; a vida em Recife, estudos e moradia; o recebimento de mesada através de um amigo português; a situação do engenho quando da ida da família para Recife.

Ana Maria Bontempo Dias

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquieu e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), no dia 20 de março de 1998.
Sumário
Fita 1 – Lado A
O início do envolvimento com a questão da Aids; o desinteresse da equipe de trabalho de sua empresa (SESI) pelo assunto. As leituras sobre o tema; o contato com dados epidemiológicos que indicavam o aumento no número de mulheres infectadas; a percepção da sua própria condição de risco. O interesse pelas atividades desenvolvidas pelas Ongs-Aids; o contato com a ABIA e o Grupo Pela Vidda; o evento organizado no SESI em parceria com o Grupo Sim a Vida, grupo voltado para um trabalho terapêutico junto aos soropositivos; o interesse pela linha de prevenção desenvolvida pelo Grupo Pela Vidda, que não discrimina a condição sorológica de seus voluntários; o contato com o trabalho do GAPA, que desenvolve trabalhos na linha de visita domiciliar e hospitalar. A sua opção por trabalhos preventivos em consequência do seu despreparo emocional em lidar com doenças e com espaços hospitalares. Comenta a sua curiosidade, durante os primeiros contatos com estas organizações, em distinguir os soropositivos. A mudança na percepção das pessoas que vivem com a Aids, após o ingresso no Grupo Pela Vidda. Ao comentar a forma natural como encara as questões relacionadas à sexualidade, cita um episódio de preconceito contra dois homossexuais. Condena a postura preconceituosa contra os homossexuais, afirmando acreditar que, em alguns anos, os tabus relacionados à opção sexual estejam superados. Discute as suas restrições à bissexualidade manifestada por homens casados. Fala da relação com a homossexualidade de seu primeiro marido. Menciona sua experiência como plantonista do Disque-Aids, citando casos de homens casados bissexuais que ligam, buscando auxílio. Ressalta a ausência de preconceito em suas relações sociais com homossexuais e travestis. Menciona a sua intenção de voltar sua linha de trabalho para a prevenção entre soropositivos. O impacto dos medicamentos na garantia de uma maior sobrevida do doente de Aids. Aponta a necessidade de esclarecer a população sobre os efeitos colaterais dos remédios, para desmistificar a ideia de que o coquetel representa a cura da doença. Comenta sua preocupação com a palestra do Grupo na Fetransporte, organizada por ela, ressaltando a importante transformação na postura dos donos de empresa com relação à prevenção da Aids entre seus empregados.

Fita 1 – Lado B
Menciona, a partir de dados estatísticos, as mudanças no padrão epidemiológico da doença, apontando para o crescimento no número de casos entre os heterossexuais. Cita alguns dos meios usados para convencer os empresários do setor rodoviário sobre a importância e as vantagens das campanhas de prevenção junto aos seus funcionários; as estratégias de abordagem junto aos trabalhadores; a proposta de levar as palestras para o próprio local de trabalho; ressalta as vantagens desse tipo de estratégia; menciona uma experiência junto aos funcionários de um salão de beleza. Considerações sobre as dificuldades em abordar questões relacionadas à Aids e à sexualidade; a ausência de discussões sobre o assunto entre os casais; a resistência masculina ao preservativo; menciona, chocada, o relato de um médico ginecologista que, para evitar conflitos familiares, afirma não notificar suas pacientes sobre o aparecimento clínico de DSTs. O impacto das campanhas no nível de informação sobre a Aids; a contradição entre o acúmulo de informações e a resistência em adotar comportamentos mais seguros; o comportamento, segundo suas próprias observações, de mulheres jovens e solteiras que optaram por abrir mão da vida sexual; as limitações intrínsecas às campanhas de massas, tendo em vista toda a complexidade que envolve o processo de mudança comportamental; menciona a experiência frustrada de uma empresa de transportes que distribuía preservativos junto com o salário mensal dos funcionários, sem nenhum esclarecimento sobre a doença e sobre o uso do preservativo. Finaliza o assunto, ressaltando que as palestras informam sobre a Aids, mas que só a dinâmica das oficinas é eficaz no processo de mudança de comportamento. O impacto das palestras ministradas por soropositivos; cita a experiência de uma palestra, quando o seu acompanhante precisou interromper sua fala para tomar o coquetel Anti-Aids. Explica, rapidamente, a dinâmica das oficinas de prevenção. Explica a origem de seu interesse pelo trabalho técnico de prevenção à Aids junto às empresas, surgido ainda quando funcionária do SESI. Relembra o seu projeto de treinamento de agentes multiplicadores, voltado para os funcionários das empresas filiadas ao SESI, numa parceria entre a instituição e a Secretaria de Estado de Saúde; as estratégias para atrair o interesse dos funcionários; a recusa da direção do SESI em autorizar os treinamentos para os seus próprios funcionários; rápida avaliação dos resultados; a elaboração de um manual, logo publicado pelo SESI, contendo as técnicas de dinâmicas de grupo e informações básicas sobre Aids. O otimismo diante do ingresso de outros técnicos no Grupo Pela Vidda, interessados em desenvolver oficinas de prevenção junto às empresas. Ressalta a importância das oficinas no processo de interiorização das noções de prevenção à Aids. Comenta o desafio de fazer uma oficina com um grupo de travestis. Suas atividades no Grupo como palestrante, atendente no Disque-Aids e voluntária esporádica do Grupo de Mulheres. Enfatiza a importância do Grupo de Mulheres.

Fita 2 – Lado A
Considerações sobre o Grupo de Mulheres, ressalta o seu interesse pelas experiências das voluntárias do Grupo; a sua opção por uma postura menos interativa nas reuniões do Grupo; a sugestão, dada à coordenadora, de criar um momento, dentro da reunião, para falar sobre prevenção. Os objetivos da “Tribuna Livre”. A eficácia dos meios informais criados pelo Grupo Pela Vidda para divulgar informações sobre a doença. Menciona suas atuais atribuições no Disque-Aids, no Grupo de Mulheres e na área de prevenção à Aids no local de trabalho. O interesse do Ministério de Saúde em incentivar a organização de oficinas para treinamento de agentes multiplicadores nas empresas; cita o documento “Aids-2” enviado pelo Ministério e explica, em detalhes, a proposta voltada para prevenção no local de trabalho. A flexibilidade do Grupo ao negociar com as empresas as formas de pagamento das palestras; cita algumas experiências de negociações anteriores. A percepção das ONGs como empresas e a sua preocupação com a qualidade do trabalho prestado, principalmente, à comunidade empresarial e escolar. O aprendizado adquirido durante as oficinas. Reitera seu esforço pessoal em investigar a fundo as questões relacionadas à Aids. Sua percepção pessoal sobre os riscos de contaminação pelo vírus HIV. Reflete sobre as motivações que à levaram a trabalhar com Aids; a opção de não usar preservativo no relacionamento conjugal; o diálogo com o marido sobre fidelidade e uso de preservativo. A proximidade com as questões relacionadas à Aids proporcionada pelo trabalho; a ideia do “viver com Aids”, defendida pelo Grupo; cita uma experiência surpreendente e gratificante vivida junto à um soropositivo solitário. Menciona um episódio doloroso, envolvendo uma funcionária soropositiva do SESI que a procurou para pedir informações sobre Aids e, três dias depois, jogou-se da Ponte Rio Niterói; a culpa diante de sua insensibilidade em não perceber e se disponibilizar diante do estado de angústia da funcionária.

Fita 2 – Lado B
Ressalta a importância das ONGs que atuam com seriedade na luta contra Aids, citando como exemplo os grupos Pela Vidda e o Sim a Vida; o papel destas instituições no processo de mudança na percepção da doença. A visibilidade do Pela Vidda e o reconhecimento público do seu trabalho; o crescente interesse das empresas; elogia a seriedade de seu trabalho institucional. Finaliza, apontando à necessidade de relações mais solidárias entre as pessoas; rejeita veementemente o comportamento preconceituoso e intolerante dos que categorizam os soropositivos através da forma de contágio, rejeitando os homossexuais e vitimizando os hemofílicos e os demais transfundidos.

Angela Maria Cunha Furtado

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquier e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 24 e 31 de março de 1998.
Sumário
1ª Sessão: 24 de março
Fita 1 - Lado A
Inicia relatando lembranças da infância. O nascimento em São Paulo, durante uma viagem dos pais; a convivência com a constante ausência paterna, que era jogador de futebol profissional; a separação dos pais e o afastamento definitivo do pai; o ingresso da mãe no mercado de trabalho; a convivência na casa dos tios. Ressalta as constantes transferências de casa; a descoberta, tardia, da morte do pai. Destaca a assistência concedida pela família materna, após o abandono paterno. Detalha a composição familiar; o comportamento da mãe, a sua opção por relacionamento informais, com exceção do relacionamento com seu pai, com o qual houve oficialização do casamento. Relembra a dificuldade, em princípio, de compreender o comportamento materno. A instabilidade da vida escolar; o comportamento rebelde. O afastamento do irmão mais velho, que optou em morar com o pai. A convivência mais próxima com o irmão do meio, com quem partilhava o comportamento rebelde; a internação num colégio de correção. A compreensão, a posteriori, da revolta que motivava o mau comportamento. As mudanças frequentes de escola e o desinteresse pelos estudos. Relaciona seu comportamento, entendido por ela como desviante, com as atitudes apreendidas da mãe. A participação restrita da mãe em sua educação, a dispersão entre os irmãos, que foram espalhados entre as casas dos parentes; a proximidade com o irmão do meio. A reaproximação da família, que passa a morar em apartamento cedido por um primo. A pouca convivência com o irmão mais velho, que nesta época também volta a morar com a mãe. O casamento aos 18 anos e o grande número de namorados na adolescência, ressaltando a inexistência de contatos sexuais mais íntimos; a proteção dos amigos homens; a irritação diante do controle exercido pelos irmãos mais velhos e a opção pela obediência; desentendimentos com a mãe, que insistia em controlar seu comportamento. As expectativas da mãe em vê-la casada na igreja; o hábito de exteriorizar uma imagem negativa de seu comportamento; as estratégias para tentar conquistar a confiança materna; os constantes desentendimentos entre ambas; o desejo da mãe de torná-la uma mulher ajustada aos padrões da família. A discrição da mãe, que não permitia contato entre os filhos e os seus namorados. A contradição entre o desejo de ser diferente da mãe e a exteriorização de um comportamento reprovável aos olhos da família. Relembra um antigo namorado, por quem se apaixonou e o fim do namoro. Narra longamente o primeiro encontro com o ex-marido e o início do namoro. Destaca a sua própria beleza e o seu temperamento cativante durante a juventude. O noivado e a decisão de assumir um comportamento mais sério. A pressão exercida pela mãe e a opção, a contragosto, pelo casamento. A descrença da mãe em sua virgindade. O comportamento destoante de suas contemporâneas.

Fita 1 – Lado B
A forte afinidade com os homens, contrapondo-se às dificuldades de relacionamento com mulheres. Considerações sobre a atitude opressiva da mãe, avaliando negativamente sua decisão de forçá-la ao casamento. O nascimento do primeiro filho e a opção precoce pelo casamento e maternidade. O término do curso de formação de professor; as dificuldades em conciliar os cuidados com o bebê e o cumprimento das exigências do curso. A experiência profissional com o magistério. A melhora no padrão de vida da família. A transferência do marido para Salvador (BA). O delicado estado de saúde da mãe, a dificuldade em aceitar sua mudança para Salvador e seu falecimento anos depois. Relembra o entusiasmo com o emprego de professora e a frustração de ter que abandoná-lo. Razões que a fizeram acompanhar o marido em sua mudança para Salvador. A dificuldade de engravidar e a decisão, depois da experiência da primeira gravidez, de não ter outros filhos. A opção por interromper uma gravidez tempos depois do nascimento do primeiro filho. A nova gravidez, descoberta durante a mudança para Salvador; o entusiasmo com a chegada da criança, seguida da decepção com o aborto espontâneo. A nova gravidez e a resistência em reconhecê-la; o nascimento do segundo filho, seguido de outra gravidez, quando nasce uma menina. A decisão de pegar a sobrinha para criar; a preocupação de recebê-la de forma calorosa, evitando repetir o descaso que vivera na casa dos tios durante a infância. O cuidado em garantir para a sobrinha o mesmo conforto dado ao filho. O incômodo diante do comportamento sem limites e arrogante da sobrinha, o descaso de seus pais naturais; a dificuldade de aprendizagem e as diferenças no desempenho escolar entre a sobrinha e o filho mais velho; a decisão de transferi-la para um colégio menos exigente.

Fita 2 – Lado A
A sensível melhora no desempenho da sobrinha no novo colégio; a descoberta da figura do pai e o agravamento das tensões entre a sobrinha e o tio; a decisão de levá-la ao psicólogo; a descoberta da origem de seus problemas com o tio; a irritação com as chantagens da menina; a decisão final da sobrinha em ir morar com a família de seu pai natural em outro estado. Ressalta a omissão e a falta de afeto de seu irmão em relação à filha; o difícil processo de separação da sobrinha; os problemas iniciais de adaptação da sobrinha na nova casa; o casamento e o nascimento de seu primeiro bebê. Retoma o nascimento de seu segundo filho. Destaca seu desprendimento das coisas materiais. O efeito da mudança para Salvador em seu comportamento; a obesidade em decorrência do nascimento seguido dos dois últimos filhos. A insatisfação com um cotidiano restrito aos cuidados com a família e a decisão, repentina, de transformar seu cotidiano. A preocupação com o corpo e a recuperação da beleza e da autoestima; os ciúmes do marido e sua mágoa por ele não valorizar sua vaidade. Menciona o relacionamento com uma amiga que foi morar em Salvador e comenta sobre as traições das amigas, destacando sua opção pela fidelidade. A insistência da amiga em apresentá-la ao seu irmão; o desinteresse inicial pelo garoto de 18 anos que, ao contrário, tinha se apaixonado por ela. Relembra as estratégias para estar sempre próximo, ressaltando sua ingenuidade em relação aos interesses dele. O desagrado do marido que, desconfiado, proibiu a ida do rapaz à sua casa durante sua ausência. Conta, em detalhes, o momento em que o rapaz declarou sua paixão por ela.

Fita 2 – Lado B
Descreve sua reação de repúdio diante da declaração do rapaz e o envaidecimento posterior ao se sentir desejada e o desejo, reprimido em princípio, de se envolver com o rapaz. O falecimento repentino da mãe, no Rio de Janeiro; a vinda para o enterro e o reencontro com os irmãos; a mágoa pelo marido tê-la deixado viajar sozinha para assistir ao enterro da mãe; a decisão de traí-lo, em represália por tê-la deixado sozinha. A volta para Salvador, a atitude calorosa do rapaz, contrapondo-se à indiferença do marido. Conta, em detalhes, o processo que os levou a tornarem-se amantes e as motivações para manter um relacionamento paralelo ao casamento durante 15 anos. Comenta a decisão dos dois de manterem vidas independentes. A mudança para Minas Gerais e o afastamento compulsório entre eles; a alegria dos encontros de férias; o amor dividido entre o marido e o amante. Nova mudança, agora para São Paulo; a vinda do amante para o Rio de Janeiro e a perda de contato entre os dois. As constantes ausências do marido; o reencontro com o amante; a descoberta da contaminação pelo vírus HIV.

2ª Sessão: 31 de março
Fita 3 – Lado A
O reencontro com o amante, no Rio de Janeiro; os encontros frequentes entre os dois; a inadaptação em São Paulo e as constantes vindas para o Rio de Janeiro. Destaca que, mesmo sabendo das trocas constantes de parceiras do amante, não se imaginava em risco. Os primeiros sintomas da doença, uma pneumonia e o receio de ele estar com a Aids. A ida, de férias, para Salvador e a decisão de fazerem juntos o teste Elisa. Considerações sobre a sua incredulidade num diagnóstico positivo. Descreve o momento do diagnóstico; a clareza sobre os caminhos que a levaram à doença; o medo de ter contaminado o marido; os receios diante dos possíveis desdobramentos da revelação de sua soropositividade; a solidariedade dos amigos que estavam com ela em Salvador; a dificuldade em tratar o assunto na família. Considerações sobre sua percepção do risco em se contaminar com a doença; a experiência de se ver contaminada pelo vírus. A volta para São Paulo e a decisão de esconder do marido a verdade; as estratégias para evitar contatos sexuais com o marido. Tece explicações sobre as motivações que a levaram a manter dois relacionamentos por 15 anos. O medo de ser tocada pelo marido. Volta a mencionar as estratégias usadas para evitar ficar a sós com o marido; o constrangimento durante a noite, diante de sua insistência em tocá-la. A consulta com o médico da família; a conversa sincera com o médico e a decisão fazer o exame Western Blot, para confirmar o diagnóstico. A confirmação do diagnóstico e a decisão, sugerida pelo médico, de contar a verdade para o marido. As dúvidas sobre como contar a verdade para o marido e o receio em comprometer os amigos que sabiam do seu relacionamento. Comenta a preocupação da família em vê-la emocionalmente abalada. A decisão de contar a verdade para o marido. Descreve os momentos de expectativa e de medo que antecederam o encontro; a reação de incredulidade do marido. Fala sobre sua reação e da decisão, impulsiva, de fantasiar relacionamentos extraconjugais que não aconteceram. Faz algumas considerações sobre o adultério. Cita as motivações que a levaram ao adultério, destacando os elementos que diferenciam a sua experiência extraconjugal de um adultério comum.

Fita 3 – Lado B
Reproduz parte do diálogo com o marido; a sua reação de perplexidade e decepção; a decisão de apoiá-la e de manter, formalmente, o casamento; a preocupação em manter o diagnóstico em segredo. O cotidiano de angústia e solidão; a reação dos filhos diante de seu comportamento; o sentimento de alívio com o resultado negativo do exame do marido. A insatisfação com o casamento, a percepção dos filhos. A aproximação do amante; a angústia diante do afastamento do marido; os sinais de desgaste no relacionamento entre os dois e a reação dos filhos. Relembra a insatisfação com o seu alto padrão de vida, proporcionado pelo marido; os diálogos com os filhos sobre a insatisfação com a casa de São Paulo e o desejo de mudar para um apartamento no Rio de Janeiro. Descreve as características do condomínio onde morava em São Paulo. O desejo inicial dos filhos em morar com ela. A percepção das mudanças no comportamento do marido e o desejo crescente de sair de casa. A mudança para o Rio de Janeiro e a publicização do novo relacionamento do ex-marido. Considera a possibilidade de ter sido traída por ele; avalia positivamente a nova fase do relacionamento com o ex-marido. Reflete longamente sobre os motivos que levaram ao fim de seu casamento e sobre a vida de ambos após a separação. Menção aos momentos em que o ex-marido buscou nela a verdade sobre a contaminação, ressaltando sua opção por omitir dele a verdade sobre sua contaminação.

Fita 4 – Lado A
A preocupação em preservar os amigos que sabiam de sua relação extraconjugal. Descreve o período final do processo de separação; a mudança para o Rio de Janeiro sem os filhos e a decisão de vender "cachorro quente" com duas amigas. A inadaptação no trabalho e a opção de viver da mesada dada pelo marido. A mudança para um apartamento pequeno; a insatisfação com a casa e o condomínio em que morava em São Paulo; compara os condomínios de Alphaville, em São Paulo e os condomínios da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Menciona alguns desentendimentos com as sócias. O cuidado em informar a filha adolescente sobre a importância do uso do preservativo nas relações sexuais. A omissão dos filhos sobre sua própria condição sorológica. A abordagem sutil durante os diálogos com a filha sobre as questões relacionadas à Aids e sobre a sua participação no Grupo Pela Vidda. As dificuldades em lidar com a sexualidade da filha; a insistência em entregar-lhe camisinhas, mesmo sem ela ter iniciado sua vida sexual. Avalia negativamente a despreocupação dos amigos de sua filha com a ameaça da Aids, mas vê com otimismo a incorporação gradativa da camisinha no cotidiano dos adolescentes. Ressalta os tabus que cercam a questão do uso da camisinha. Comenta as experiências sexuais do filho mais velho e sua resistência em usar preservativo com a namorada. Menciona os amigos que, mesmo acompanhando o seu sofrimento com a doença, resistem ao uso da camisinha. Avalia a sua própria percepção do risco da doença, durante os anos em que manteve um relacionamento extraconjugal. O lento afastamento do amante; avalia os motivos que levaram ao desinteresse entre ambos.

Fita 4 – Lado B
Avalia positivamente sua atual fase e destaca a estabilidade de seu quadro clínico. Cita a discussão com o seu médico sobre a necessidade do uso de medicamentos em casos assintomáticos e o medo de desenvolver os sintomas da doença. Menciona a questão dos filhos e da necessidade crescente de falar com eles sobre a sua contaminação. Relembra o primeiro contato com o Grupo pela Vidda; a proximidade com uma de suas voluntárias; o ingresso definitivo no Grupo após a mudança para o Rio de Janeiro. Relativiza a convicção, comum entre as mulheres do Grupo, sobre a responsabilidade dos homens na transmissão do vírus. Afirma não ter guardado rancor pelo afastamento do amante. Pondera sobre os efeitos positivos da Aids em sua vida. Menciona o contato com as experiências de outros integrantes do Grupo, enfatizando a importância do apoio e da descrição do marido. Finaliza, ressaltando as mudanças em sua relação com o corpo e com a sua saúde após a descoberta do diagnóstico.

Hibernon Costa Guerreiro

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquieu e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 18 e 27 de março de 1998.
Sumário
1ª Sessão: 18 de março
Fita 1 – Lado A
A infância em Rocha Miranda, origem operária dos pais e o ingresso no mercado de trabalho aos 14 anos; discordâncias com o irmão mais velho e a responsabilidade com o sustento da família. O valor do trabalho para seus pais. O uso recente de drogas. A relação dos pais com sua homossexualidade, a iniciativa atual de se “heterossexualizar” e as poucas experiências sexuais com mulheres. A iniciativa dos pais em levá-lo ao psicólogo aos 10 anos de idade. O escândalo com a descoberta de seu envolvimento sexual com um parente; o relacionamento entre seus pais e sua decisão em não discutir sua homossexualidade com eles. O trabalho operário ainda na adolescência, o ingresso na Marinha aos 18 anos e as dificuldades em viver lá sua homossexualidade; a importância do Grupo Pela Vidda no processo de assumir sua homossexualidade. Ressalta a sua capacidade de separar a sua vida sexual de seu desempenho profissional. A descoberta da contaminação pelo vírus durante um exame periódico na Marinha, em 1990; descreve todo o processo de investigação clínica até o resultado final; o desabafo com um primo na noite de Natal; o choque no momento do diagnóstico definitivo; a postura insensível do médico; o encontro emocionado com o primo no caminho para o hospital; o início do tratamento no hospital Marcílio Dias; a opção de omitir o diagnóstico dos pais. As estratégias usadas para impedir que seus pais soubessem da licença médica concedida pela Marinha. O trabalho como contador e a sociedade em um escritório.

Fita 1 – Lado B
As questões e problemas com a sócia e seus atos de má fé que, sem seu conhecimento, desviava sua parte na divisão dos rendimentos e o fim da sociedade. As maneiras encontradas para passar o tempo, diante da falta de ocupação diária para poder, assim, omitir dos pais o afastamento compulsório da Marinha. O ingresso, em setembro de 1995, no Grupo Pela Vidda. Crítica à falta de plantonistas permanentes no Grupo; a rápida integração na equipe organizadora do Encontro Nacional de Pessoas Vivendo com Aids de 1995. A importância do Grupo Pela Vidda em seu processo de reintegração social; seu sentimento de vergonha e solidão; o medo da rejeição; o afastamento dos amigos da Marinha após aposentadoria compulsória. Rápidos comentários sobre os superfaturamentos nos processos de licitação na Marinha envolvendo os clientes de seu escritório de contabilidade. As consequências da falta de informações sobre a Aids; a associação Aids/morte; a desistência do tratamento médico; o efeito das informações obtidas nas reuniões do Grupo em sua vida social e afetiva; o efeito do contato com soropositivos e soronegativos que não demonstravam preconceito; o fim de seu próprio preconceito e a publicização, para os amigos, de sua opção sexual e de sua soropositividade.

2ª Sessão: 27 de março
Fita 2 – Lado A
A forma como a tia e a mãe tomaram conhecimento de sua soropositividade; a carta anônima enviada à sua mãe e a decisão de contar-lhe a verdade; os cuidados dos pais com a sua saúde; as motivações que o levaram a sair da casa dos pais; a reação dos pais diante de sua revelação e a iniciativa deles em buscar mais informações sobre a doença; sua decisão de contar, de maneira informal, para o restante da família e a atitude receptiva dos familiares que já sabiam de sua contaminação; a atitude tranquila do irmão homossexual que vive nos Estados Unidos ao saber de seu diagnóstico. A profunda reorientação em sua maneira de perceber a Aids e o papel fundamental do Grupo pela Vida em seu processo de reintegração social; a gratificante sensação de poder estar dividindo e transformando junto a outros a convivência com a Aids. Sua vida sexual depois do diagnóstico. Polemiza, ao questionar o uso contínuo da camisinha como método de prevenção à Aids. Menciona seu parceiro sexual, com quem manteve relações sexuais desprotegidas por dois anos sem contaminá-lo. Relativiza as probabilidades de contaminação pelo vírus da Aids por via sexual; afirma praticar sexo oral sem preservativo. Aponta a demagogia das pessoas que defendem o uso de preservativo, mas que, quando indagadas, confessam que não praticam sexo com o uso regular do preservativo. Ressalta sua opção, consciente e sem culpas, de manter relações sexuais sem preservativo; defende a responsabilidade, quanto à prevenção, partilhada entre os parceiros.

Fita 2 – Lado B
Na discussão quanto ao aumento progressivo nos índices de contágio, ressalta a sua adoção do coito interrompido na falta de preservativos disponíveis. Questiona a ideia, divulgada pela comunidade científica, da recontaminação. Afirma abdicar de qualquer método preventivo em relações sexuais com parceiros soropositivos e duvida que soropositivos usem preservativos em relações sexuais com soropositivos. Ressalta a sua preferência pela posição ativa durante a relação sexual. O ingresso no Grupo Pela Vidda; a oportunidade de se expressar e assumir sua homossexualidade e sua soropositividade. Considerações sobre a organização interna do Grupo; sua participação na diretoria oficial do Grupo decisões do Grupo. Ressalta a seriedade dos integrantes do Grupo. Comenta a respeito da nova chapa, da qual faz parte, que concorrerá à direção do Grupo. Critica os soronegativos que ingressam no Grupo com interesses carreiristas e financeiros. Menciona as tensões internas entre soronegativos e soropositivos, ressaltando sua postura contrária aos privilégios concedidos aos soronegativos. Comenta os altos salários pagos a funcionários soronegativos, comparando-os aos baixos rendimentos dos três soropositivos que recebem pelo trabalho desenvolvido no Grupo. Explica a organização orçamentária do Grupo; critica os meios e os critérios de seleção dos participantes dos projetos; a postura oportunista de alguns voluntários. Considerações sobre o processo eleitoral no qual sua chapa está inscrita; a função dos curadores; sua contundente atuação para romper com os grupos de interesse que agem no Grupo; as propostas de sua chapa; mudanças nas funções e na representação da nova diretoria eleita. Tenta definir as razões que o levam a querer transformar as relações dentro do Grupo; o descontentamento generalizado dos voluntários soropositivos. Cita um exemplo do que chama de “panelinha” existente no Grupo: a distribuição de convites doados ao Grupo entre soronegativos, sem que os soropositivos tomem conhecimento dos convites.

Ronaldo Fernandes Espíndola

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquieu e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), no dia 21 de maio de 1998.
Sumário
Fita 1 – Lado A
A formação familiar; a profissão do pai; Corumbá (MT), sua cidade de origem; as viagens do pai, que era ferroviário; a separação dos pais; a ascendência espanhola por parte de pai. Rápidas considerações sobre o caráter dos espanhóis; as lembranças do pai, sua seriedade e rigidez na educação dos filhos. O impacto causado pela descoberta da traição do pai, que constituiu, em segredo, outra família. O retorno do pai e a recusa da mãe em reatar o casamento. A resistência diante da imposição do pai, que queria colocá-lo numa escola agrícola; a melhora na condição financeira do pai; a fragilidade de seu estado de saúde atual; a preocupação dos irmãos com a partilha dos bens adquiridos pelo pai. A sua liderança entre os demais irmãos e a construção da casa de sua mãe em Corumbá; a morte de um dos seus irmãos. Ressalta sua liderança, mesmo que exercida à distância. Relembra outros episódios de desavenças familiares em que ficou marcada sua liderança sobre o restante da família. O impacto da separação dos pais na rotina da família; a morte de uma tia e a atitude de sua mãe que, comovida, acolheu toda a família em casa. O impacto do crescimento repentino da família em seu cotidiano.

Fita 1 – Lado B
Os encontros agradáveis com os primos e as lembranças da infância de dificuldades, vivida junto aos irmãos e aos sete primos. A trajetória escolar: o curso profissionalizante no SENAC e o ingresso na Marinha, como fuzileiro naval, aos 17 anos; a mudança para o Rio de Janeiro. A volta do pai e a recusa da mãe em aceitá-lo; a exclusão do pai das decisões da família; seu apoio à decisão da mãe; o descontentamento inicial com a chegada dos 7 primos pequenos e o posterior aprendizado a partir da convivência com a nova família; a amizade estabelecida entre eles. O ingresso na Marinha, transferência para o Rio de Janeiro, estratégias para conhecer a cidade e sua rápida adaptação; a permanência na Marinha até o afastamento compulsório devido à sua soropositividade. As namoradas; a opção por manter relacionamentos estáveis e duradouros; o relacionamento com a mãe de seu filho; a gravidez inesperada e a decisão de morarem juntos no Rio de Janeiro; o fim do relacionamento. A experiência da paternidade; a resistência da família da namorada em aceitar sua gravidez; as mudanças no relacionamento com o filho; a atual proximidade entre eles. A separação e a decisão de morar com uns amigos do quartel na Ilha do Governador. Problemas com vizinhos e a decisão do grupo de mudar para uma casa, ainda na Ilha do Governador; o ótimo relacionamento com os amigos. O casamento dos amigos. Os relacionamentos: o longo namoro com Hadne; a paixão por Alice e o início deste relacionamento com Alice; o contato com seus pais.

Fita 2 – Lado A
A ida à casa dos pais da nova namorada; sua paciência com a impontualidade dela; o constrangimento diante da naturalidade com que ela o convidou para conversar no quarto; o flagra com outra mulher e o fim do romance; o arrependimento por tê-la traído. A iniciação sexual; os contatos com as primas; o controle da mãe e da avó sobre o comportamento das crianças; os contatos sexuais com as namoradas da escola; os passeios com as meninas; relembra o constrangimento de uma menina ao ficar menstruada durante um dos passeios da escola. A mudança para a escola rural; cita uma festa organizada, sem o consentimento da direção da escola, durante a visita para conhecer a escola. Cita dois momentos em que fez prevalecer seu senso de responsabilidade: a desistência em manter relações sexuais com uma colega de escola ao saber de sua virgindade e, anos depois, quando se recusou a manter relações sexuais sem preservativo, durante o primeiro carnaval depois do diagnóstico. O uso de preservativo apenas como método contraceptivo. Os objetivos e a periodicidade do exame de saúde exigido pela Marinha; a surpresa diante do teste positivo para HIV. A retrospectiva de alguns relacionamentos anteriores; o alívio depois de constatado que suas parceiras não tinham sido contaminadas. A vontade de manter contato com Alice, uma de suas ex-namoradas. A decepção com Hádna, a namorada que ameaçou processá-lo por tê-la exposto ao risco de contaminação. O longo tempo de relacionamento entre os dois, a opção de morarem juntos; o fim do relacionamento.

Fita 2 – Lado B
A opção pela praticidade de morar junto; o desejo de casar oficialmente com a atual mulher. O impacto do diagnóstico; descreve a rotina que antecedeu a notificação de seu diagnóstico; a consulta com o médico da Marinha; a volta para a casa; a surpreendente solidariedade dos amigos do quartel que, apesar da total desinformação sobre a doença, foram com suas famílias visitá-lo. O contato superficial com o médico que iria acompanhar seu tratamento; a certeza da morte imediata e a decisão de abandonar tudo e viajar pelo país. A volta definitiva para o Rio de Janeiro e o início do tratamento no hospital Marcílio Dias.

Antonio Gomes Ferreira

Entrevista realizada por Carlos Fidelis Ponte e Claudia Trindade, em Bio-Manguinhos/Fiocruz (RJ), no dia 16 de janeiro de 2006.
Sumário
Fita 1 - Lado A
O ingresso na Fiocruz; formação profissional; sobre o Dr. Helio Gelli Pereira; a efetivação na Fiocruz; as atividades nos primeiros anos de trabalho em Bio-Manguinhos; panorama de Bio-Manguinhos em 1987; as políticas governamentais e as atividades de diagnóstico de Aids realizadas por Bio-Manguinhos.

Fita 1 - Lado B
A crise de Bio-Manguinhos nos anos 1990; considerações sobre a área de reativos para diagnósticos de Bio-Manguinhos; a importância do mercado nacional de reativos para diagnóstico.

Fita 2 - Lado A
A importância da construção da uma planta industrial para a produção de reativos; a produção de kits de diagnóstico no Brasil; concorrência internacional na área de reativos; das boas perspectivas para o setor de reativos de Bio-Manguinhos; mudanças na política de investimento do Ministério da Saúde em Bio-Manguinhos; a dedicação de Akira Homma a Bio-Manguinhos; as dificuldades administrativas do setor público; a relação de Bio-Manguinhos com a Fiocruz.

Fita 2 - Lado B
As prioridades para a área de reativos para diagnósticos; as parcerias com outras instituições do governo para pesquisa em reativos; a terceirização de pessoal em Bio-Manguinhos; considerações sobre o investimento do governo federal em áreas que desenvolvem tecnologia de ponta; o processo de pós-produção de um produto; considerações sobre o CDTS.

Fita 3 - Lado A
Considerações sobre o CDTS; os produtos da área de reativos; as áreas de atuação de Bio-Manguinhos; avaliação sobre a trajetória de Bio-Manguinhos; os fatores da crise institucional nos anos 1990; a decisão de Bio-Manguinhos de não mais eleger seu diretor

Fita 3 - Lado B
A gestão de Marcos Oliveira na direção de Bio-Manguinhos; considerações acerca da sucessão de Akira Homma; relação da área de reativos com os laboratórios do IOC.

Marcos Oliveira

Entrevista realizada por Carlos Fidelis Ponte e Wanda Hamilton, no Rio de Janeiro (RJ), no dia 15 de dezembro de 2005.
Sumário
Fita 1 - Lado A
Considerações acerca das questões da transferência de tecnologia e da propriedade intelectual; a preocupação do governo brasileiro com a imunização e a criação de mercado para produtores de vacinas; o início dos programas de vacinação infantil no Brasil; o interesse de Bio-Manguinhos na produção de vacinas múltiplas.

Fita 1 - Lado B
A transferência de tecnologia e desenvolvimento tecnológico; considerações sobre o modelo norte-americano de inovação tecnológica; o governo brasileiro e o financiamento de projetos de pesquisa acadêmicos; a necessidade de integração entre a academia e a indústria; críticas à capacidade gerencial da Fiocruz; o impacto financeiro da Hib em Bio-Manguinhos e o apoio a pesquisas em desenvolvimento tecnológico.

Fita 2 - Lado A
Características dos investimentos em desenvolvimento tecnológico; considerações acerca da gestão de recursos orçamentários governamentais; a negociação de Bio-Manguinhos e GSK para a transferência de tecnologia da Hib; o crescimento da instituição após a transferência de tecnologia da Hib

Fita 2 - Lado B
As dificuldades de Bio-Manguinhos para estruturar os setores de controle e garantia de qualidade; o projeto de instalação de uma planta de protótipos de Bio-Manguinhos; o ingresso em Bio-Manguinhos; considerações sobre a eleição direta do diretor de Bio-Manguinhos; as dificuldades encontradas para gerenciar Bio-Manguinhos.

Fita 3 - Lado A
Considerações sobre a integração entre as unidades da Fiocruz; os atuais entraves ao desenvolvimento de Bio-Manguinhos.

Gastão Wagner de Souza Campos

Entrevista realizada por Tania Fernandes, Otto Santos e Eliene Rodrigues, na Abrasco (Fiocruz/Manguinhos), no Rio de Janeiro, no dia 17 de julho de 2018.

Heloisa Maria Mendonça de Morais

Entrevista realizada por Tania Fernandes e Silvia Santos, no Instituto Aggeu Magalhães, em Recife/PE, no dia 17 de junho de 2019.

Pedro Miguel dos Santos Neto

Entrevista realizada por Tania Fernandes e Silvia Santos, no Instituto Aggeu Magalhães, em Recife/PE, no dia 18 de junho de 2019.

Rita de Cássia Barradas

Entrevista realizada por Tania Fernandes e Otto Santos, na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCM/Santa Casa), na cidade de São Paulo/SP, no dia 16 de agosto de 2018.

Vera Lucia Almeida Formigli

Entrevista realizada por Tania Fernandes e Joel Nolasco, na Faculdade de Medicina, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador/BA, no dia 19 de março de 2016.

Hélio Pereira Dias

Entrevista com Hélio Pereira Dias, realizada por Ediná Alves Costa, Tânia Pimenta e Tânia Fernandes, no dia 6 de outubro de 2005.

Maria Cecília de Souza Minayo

Entrevista realizada por Luís Otávio Ferreira, Nara Azevedo e Daiane Rossi, nos dias 5 e 11 de fevereiro de 2021, por plataforma Zoom, entre Rio de Janeiro e Petrópolis/RJ, tendo como responsável pela gravação Cristiana Grumbach e produzido por Crisis Produtivas.

Herman Lent

Entrevista realizada por Flavio Coelho Edler e Wanda Suzana Hamilton, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 12, 20 e 27 de setembro, 11 e 21 de outubro, 8 e 23 de novembro de 1994.
Sumário
Fita 1 - Lado A
Comparação entre os cientistas da década de 1920 e dos tempos atuais; considerações sobre a trajetória escolar e sua opção pela medicina; alusão ao currículo e aos professores da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (FMRJ), da Universidade do Brasil, no período da graduação no final dos anos 1920; a opção pela carreira científica e o relato da primeira tentativa de ingresso no IOC; a influência de Carlos Chagas em sua matrícula no Curso de Aplicação do IOC.

Fita 1 - Lado B
O ingresso no Curso de Aplicação do IOC, reflexões sobre o ensino neste curso e o perfil de Lauro Travassos; o estágio no Laboratório de Helmintologia, em 1932; breve referência à sua relação com João Ferreira Teixeira de Freitas; o Curso de Aplicação do IOC e seus professores; reflexões sobre o projeto de Oswaldo Cruz para o IOC; a formação em medicina; breve comentário sobre Carlos Chagas Filho, fundador do Instituto de Biofísica, da UFRJ; considerações sobre a FMRJ; o perfil de João Ferreira Teixeira de Freitas; menção às aulas ministradas por Carlos Chagas no anfiteatro da FMRJ.

Fita 2 - Lado A
Comparações entre a FMRJ e o Curso de Aplicação do IOC; a opção pela medicina; o perfil de Haity Moussatché; menção à sua contratação como assistente de Lauro Travassos na cadeira de zoologia da Faculdade de Ciências da UDF, em 1935; comentários acerca da Lei de Desacumulação de Cargos Públicos (1937) e a opção por permanecer no IOC; o perfil do professor Aristides Marques da Cunha, do Curso de Aplicação do IOC; as refeições no IOC; o perfil de Adolpho Lutz, Joaquim Venâncio, Miguel Ozório de Almeida e Carneiro Felipe.

Fita 2 - Lado B
As aulas ministradas por Lauro Travassos no Curso de Aplicação do IOC; considerações sobre o perfil de Lauro Travassos e a influência recebida na opção pela helmintologia; o perfil de Costa Lima; o período em que foi estagiário de Lauro Travassos; o perfil de Carlos Chagas; o trabalho na Seção de Zoologia Médica com Lauro Travassos; referência à importância da Coleção Helmintológica; a evolução da biologia e a influência da tecnologia nas linhas de pesquisa; o perfil de Miguel Ozório de Almeida; a importância da taxonomia para o pesquisador; os tipos conhecidos de helmintos; as excursões de coletas promovidas por Lauro Travassos; comentários sobre a tradição de realizar excursões de coletas de espécies no IOC; breve comentário sobre a doença de Chagas.

Fita 3 - Lado A
A primeira expedição de coleta; breve relato sobre o perfil de M. Cavalcanti Proença; os discípulos de Lauro Travassos no estado de São Paulo; considerações sobre o Boletim Biológico e os procedimentos técnicos após a coleta de material; a importância em publicar a respeito da descoberta de novas espécies; a importância da atualização bibliográfica na pesquisa; o convite de Pedro Wygodzinsky para permanecer em Nova York, com financiamento da Fundação Rockefeller; reflexões sobre o uso da expressão “Escola de Travassos” no IOC; considerações sobre o perfil de Lauro Travassos.

Fita 3 - Lado B
O perfil de Lauro Travassos; as publicações Ciência Médica, Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Memórias do Instituto Butantan e Boletim Biológico, breve relato de sua participação na criação da Revista Brasileira de Biologia, a colaboração como editor da Memórias do Instituto Oswaldo Cruz e Anais da Academia Brasileira de Ciências, o perfil de César Pinto; o convite para participar da Missão Científica Brasileira no Paraguai; considerações sobre o perfil de João Ferreira Teixeira de Freitas, os trabalhos publicados em colaboração com João Ferreira Teixeira de Freitas; a influência de Arthur Neiva no seu interesse pela entomologia; o perfil de Arthur Neiva.

Fita 4 - Lado A
Comentários sobre a helmintologia; o perfil de Gomes de Faria; a personalidade de Adolpho Lutz; as publicações em helmintologia; a importância da Coleção Helmintológica do IOC; as regras de nomenclatura na área de zoologia; as contribuições para a formação das coleções científicas; a importância da Coleção Helmintológica; reflexões sobre o empréstimo e a coleta de espécies; a relação entre o grupo da helmintologia no IOC e o grupo da parasitologia da “Escola do professor Samuel Pessoa”, no estado de São Paulo; a sistemática e a filogenia dos helmintos; comentários sobre o intercâmbio entre helmintologistas.

Fita 4 - Lado B
Os pesquisadores estrangeiros da área de helmintologia; a importância das separatas para a divulgação de trabalhos; a importância da revisão bibliográfica; as publicações internacionais na área de zoologia; a fotografia como novo recurso tecnológico trazido de Hamburgo por Lauro Travassos; críticas ao tratamento dispensado à Coleção Helmintológica do IOC.

Fita 5 - Lado A
A importância das separatas para o pesquisador; os temas publicados na área de helmintologia; comentários sobre os helmintólogos do laboratório de Lauro Travassos e a pesquisa em entomologia; o processo de sua transferência para a entomologia; o período em que chefiou a Seção de Entomologia; o primeiro trabalho em entomologia; o perfil de Arthur Neiva; considerações sobre a transferência para a entomologia e sobre sua contratação pelo IOC; o perfil de Costa Lima; a gestão Vinícius da Fonseca; o contexto da criação da Fiocruz; a definição das linhas de pesquisas prioritárias do IOC; considerações sobre Carlos Alberto Seabra e a formação de coleções entomológicas; o perfil de Fábio Leoni Werneck.

Fita 5 - Lado B
O perfil de Fábio Leoni Werneck; a gestão de Sebastião José de Oliveira como curador da Coleção Entomológica; comentários sobre coleções abertas e fechadas; o processo de aquisição da Coleção Zikán pelo IOC; comentários sobre Carlos Alberto Seabra, Fábio Leoni Wemeck e Hugo de Souza Lopes.

Fita 6 - Lado A
O perfil de Fábio Leoni Werneck e sua coleção depositada no IOC; o momento de ingresso no IOC e a possibilidade de escolha das linhas de pesquisa; considerações sobre Miguel Ozório de Almeida, Lauro Travassos e Costa Lima; comentários sobre troca de espécies e correspondência entre pesquisadores; o perfil de Carlos Alberto Seabra; considerações sobre a Coleção Zikán; o perfil de Costa Lima; comentários sobre a revista Chácaras e Quintais; reflexões sobre o contexto de criação da Fiocruz e o universo de pesquisas; a importância de Manguinhos na formação de profissionais; as Memórias do Instituto Oswaldo Cruz; reflexões sobre as seções científicas do IOC; breve comentário sobre o período inicial do IOC.

Fita 6 - Lado B
Considerações sobre o período inicial do IOC; referência ao projeto de Oswaldo Cruz para Manguinhos; considerações sobre as seções científicas do IOC; os trabalhos publicados com Sebastião José de Oliveira, na Revista Brasileira de Biologia; o processo aberto pelo pesquisador José Jurberg relativo às Memórias do Instituto Oswaldo Cruz; reflexões sobre a passagem por Manguinhos e o envolvimento com a instituição; considerações sobre pesquisadores da área de entomologia; críticas à gestão do IOC no período das cassações; breve análise de sua personalidade; o perfil de Francisco de Paula Rocha Lagoa; comentário sobre sua demissão da Divisão de Entomologia; o perfil de Hugo de Souza Lopes; considerações sobre o Laboratório de Helmintologia e seu papel na assessoria aos pesquisadores de outras instituições.

Fita 7 - Lado A
Menção a Hugo de Souza Lopes e a homenagem recebida por este ao nomear uma espécie com o sobrenome Lent; comentários sobre as atividades na FMRJ.

Fita 8 - Lado A
A importância das publicações científicas; a diversidade de suas publicações desde o período da faculdade; menção ao perfil dos irmãos Álvaro e Miguel Ozório de Almeida; o financiamento de Guilherme Guinle, nos anos 1940, para a publicação da Revista Brasileira de Biologia, comentários sobre a participação como editor da Revista Brasileira de Biologia, menção à eleição como membro titular da Academia Brasileira de Ciências, em 1968; o convite de Aristides Pacheco Leão para editar os Anais da Academia Brasileira de Ciências, considerações sobre a repercussão da sua cassação na Revista Brasileira de Biologia, os perfis de Tito Cavalcanti e Sebastião José de Oliveira; considerações sobre a “doação” da Revista Brasileira de Biologia à Academia Brasileira de Ciências, na década de 1970; as revistas existentes na época da fundação da Revista Brasileira de Biologia.

Fita 8 - Lado B
As revistas existentes na época da fundação da Revista Brasileira de Biologia, o artigo denunciando plágio na revista O Campo, o conhecimento das publicações de referência na área de zoologia; o desligamento da supervisão das publicações da Academia Brasileira de Medicina, em 1981; a Revista Brasileira de Biologia, a parceria com José Jurberg para publicar trabalhos em colaboração nas Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, descrição dos atributos de um periódico científico ideal; o trabalho publicado no boletim do American Museum of Natural History, de Nova York; menção à falta de financiamento dos periódicos científicos nos anos 1940; as instituições de fomento à pesquisa; o financiamento para a participação em eventos científicos no exterior, na gestão de Amilcar Vianna Martins no IOC; o perfil de Olympio da Fonseca, reflexões sobre as opções dos funcionários no momento da Lei de Desacumulação de Cargos Públicos, de 1937.

Fita 9 - Lado A
Considerações sobre sua relação com Olympio da Fonseca; os trabalhos de helmintologia publicados no Boletim Biológico, dirigido por Lauro Travassos e César Pinto; importância da Sociedade Brasileira de Entomologia; considerações sobre a Revista de Entomologia e a Revista Brasileira de Entomologia, homenagem recebida pela contribuição à pesquisa científica.

Fita 9 - Lado B
A participação como editor das Atas do Simpósio da Biota Amazônica; o perfil de José Cândido de Carvalho, do Museu Nacional; considerações sobre a Revista de Biologia e a Revista Brasileira de Biologia, menção à área de editoração científica; indicação para integrar o corpo editorial das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, comentários sobre os critérios de publicação de algumas revistas estrangeiras; considerações sobre a utilização de “estrangeirismos” nas publicações científicas; comentários sobre os diversos diretores do IOC; a gestão de Gustavo Capanema no Ministério da Educação e Saúde; recebimento da verba originada da vacina da manqueira.

Fita 10 - Lado A
O ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema; os cientistas Alcides Godoy e Astrogildo Machado, criadores da vacina contra a peste da manqueira; a situação do IOC com a perda da verba da vacina da manqueira; o gosto pela pesquisa e o estágio no IOC; o convite de Lauro Travassos para ser seu assistente na cátedra de zoologia da UDF, em 1935; a gestão de Cardoso Fontes em Manguinhos; a influência da política na gestão dos diretores do IOC; os reflexos da instabilidade política em 1960 e 1970 no IOC; a gestão de Henrique Aragão; breve comentário sobre o “Massacre de Manguinhos”, em 1970; a participação como presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Niterói, atual Associação Médica Fluminense de Niterói; a experiência como assistente de Lauro Travassos na UDF e comentários sobre os professores; o perfil de Anísio Teixeira; a conjuntura da Lei de Desacumulação de Cargos Públicos, em 1937; o perfil de Costa Lima.

Fita 10 - Lado B
A presença de profissionais de outros estados no Curso de Aplicação do IOC; reflexões sobre o Curso de Saúde Pública, na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP); o projeto de Oswaldo Cruz e de Carlos Chagas para o IOC; as instituições de pesquisa do Estado de São Paulo; a trajetória profissional de Henrique de Beaurepaire Aragão; considerações sobre as atividades de um cientista; a gestão de Cardoso Fontes no IOC, entre 1934 e 1942; os recursos extras cedidos ao IOC por instituições de fomento à pesquisa; os remédios fabricados pelo IOC; comentário acerca da sua ocupação na gestão de Henrique de Beaurepaire Aragão, entre 1942 e 1944; reflexões sobre as expectativas dos profissionais que frequentavam o Curso de Aplicação do IOC e o Curso de Saúde Pública da ENSP; as aulas que ministrou no Instituto Gonçalo Muniz, na Bahia.

Fita 11 - Lado A
A insatisfação com o tratamento dado, pelo IOC, à Coleção Geral Entomológica; a gestão de Rocha Lagoa no Ministério da Saúde; a mudança da Coleção Entomológica para o Hospital Evandro Chagas e suas consequências; referência a Orlando Vicente Ferreira; comentários sobre o papel de José Jurberg na preservação da Coleção Entomológica; o momento em que a coleção retomou ao Castelo, na gestão de Sérgio Arouca na Fiocruz (1985-1989); reflexões sobre as novas intenções de transferência da Coleção Entomológica; o perfil de Rocha Lagoa; considerações sobre a atuação de Costa Lima na preservação da Coleção Entomológica; o quantitativo de espécies da Coleção Entomológica; os motivos que o levam, até hoje, a proteger as coleções; comparação entre as coleções particulares e as institucionais; considerações sobre Orlando Vicente Ferreira; a organização da Coleção Entomológica; os empréstimos de espécies da coleção que não foram devolvidos ao IOC; o papel das coleções científicas e a postura de alguns dirigentes com a mesma; menção à coleção de barbeiros.

Fita 11 - Lado B
O ciclo evolutivo do barbeiro; o perfil de Dario Mendes; referência ao período em que as coleções eram utilizadas para fins didáticos; a importância da Coleção Entomológica do IOC; comparação entre as coleções do Museu Nacional e as do IOC; explicação sobre os elementos que constituem uma coleção; a preferência em Manguinhos por alguns grupos de espécies; a importância da coleção do pesquisador Costa Lima; reflexões sobre coleções abertas e fechadas; considerações sobre Costa Lima e a diversidade dos temas por ele pesquisados; as espécies estudadas por Costa Lima que estão na Coleção Entomológica; o recebimento do prêmio Costa Lima, da Academia Brasileira de Ciências; o intercâmbio de espécies para identificação; considerações sobre as regras internacionais na Nomenclatura Zoológica; o perfil de Antônio Pugas; considerações sobre o intercâmbio de espécies.

Sebastião de Oliveira

Entrevista realizada por Anna Beatriz de Sá Almeida e Magali Romero Sá, na Fiocruz (RJ), em 08 de novembro de 2000.
Sumário
Fita 1 - Lado A
O primeiro contato com a Coleção de Dípteros, no Laboratório de Lauro Travassos, chefe da Seção de Zoologia do IOC; referência aos trabalhos realizados por Lauro Travassos, Hugo de Souza Lopes e Ferreira de Almeida em entomologia; a opção de trabalhar com mosquitos; as viagens de coleta de parte do acervo da Coleção Entomológica; relato das primeiras excursões à Fazenda Japuíba, de Lauro Travassos, em Angra dos Reis; breve comentário sobre as habilidades de Francisco José Rodrigues Gomes, o Chico Trombone, auxiliar no IOC; os primeiros mosquitos coletados; o início das coleções da entomologia; comparação entre os procedimentos dos atuais coletores de insetos e dos pioneiros do IOC; o caráter multidisciplinar da organização das excursões para coleta realizadas por Lauro Travassos; o momento da consolidação da Coleção Entomológica do IOC e a atuação de Herman Lent; as coleções dos laboratórios do IOC; as coleções da Fiocruz nos dias atuais; considerações acerca da coleção de Adolpho Lutz; a diferença entre coleções fechadas e coleções gerais; alguns exemplos de coleções que tiveram continuidade mesmo após o falecimento do precursor; considerações acerca da interferência das aposentadorias compulsórias, na década de 1970, durante o processo de organização da Coleção Entomológica; os problemas enfrentados por José Jurberg, pesquisador do IOC, para assegurar a conservação da Coleção Entomológica; a transferência da coleção para o Hospital Evandro Chagas (HEC); comentários sobre a falta de incentivo às coleções científicas; referência à formação e atuação de Leonidas Deane.

Fita 1 - Lado B
Considerações acerca da posição de Leonidas Deane diante da Coleção Entomológica; as tentativas de doação das coleções para outras instituições e a resistência de José Jurberg; as dificuldades enfrentadas atualmente para a manutenção e a classificação da Coleção Entomológica; a necessidade de pessoal para trabalhar na organização da coleção; considerações acerca do perfil dos contratados para tal função; o perfil profissional de Wanda Cunha; a importância de um inventário do material da coleção; a aquisição de novos espécimes para a coleção; o perfil dos antigos coletores de espécimes do IOC; a falta de infra-estrutura para incorporação de novos espécimes; considerações sobre as últimas coleções adquiridas; referência à Coleção Zikán, incorporada à Coleção Geral; considerações sobre o entomologista Carlos Alberto Seabra; breve referência ao entusiasmo de Moacyr Alvarenga, coronel da Força Aérea Brasileira (FAB), para a coleta de besouros; os espécimes de moscas cedidos por Moacyr Alvarenga a Hugo de Souza Lopes; considerações acerca da coleção de Aldo Ferreira de Almeida adquirida pelo Museu Nacional e sua trajetória; referência à Coleção de Mosquitos da Fundação Rockefeller; considerações sobre o método utilizado pela Fundação Rockefeller na coleta e organização dos espécimes; comentário sobre o perfil de Lélio Gomes, coletor de espécimes da Fundação Rockefeller incorporado ao IOC; comentários sobre o destino da Coleção de Mosquitos da Fundação Rockefeller, sob a guarda do Centro de Pesquisas René Rachou.

Fita 2 - Lado A
Comentários acerca da Coleção de Flebótomos, sob curadoria de Olga Falcão no CPqRR; novas considerações acerca da coleção de mosquitos da Fundação Rockefeller; referências ao aprendizado com John Lane e Nelson Cerqueira e seus trabalhos desenvolvidos junto à Fundação Rockefeller; considerações acerca da Coleção de Mosquitos da Faculdade de Higiene e Saúde Pública de São Paulo; a proibição do envio de espécimes, sem autorização, para outros países; a situação atual das Coleções Científicas da Fiocruz.

Edmar de Oliveira

Entrevista realizada por Anna Beatriz de Sá Almeida, Laurinda Rosa Maciel e Nathacha R. B. Reis, no Centro Psiquiátrico Pedro II, atual Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira (Imas Nise), Rio de Janeiro (RJ), nos dias 24 e 31 de maio de 2000.
Sumário
Fita 1 – Lado A
Comentários sobre a importância do trabalho de história oral realizado com a pesquisa. A história de sua família, em Palmerais, Piauí; lembranças da infância, o trabalho do pai e o início de sua formação escolar. O curso ginasial no Colégio Americano Batista, em Terezina, Piauí; lembranças e casos, dificuldades e facilidades nos estudos. O ensino médio e a bolsa de estudos no Colégio Diocesano. Sua participação na fundação do jornal cultural Gamma; nomes de alguns colegas que participaram deste jornal como Arnaldo Albuquerque, Francisco Pereira e Paulo José Cunha.

Fita 2 – Lado A
A influência de Torquato Mendes em sua escolha pela área de Psiquiatria. A formação em medicina na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Piauí, em 1977; sua participação como presidente do diretório acadêmico e no jornal da faculdade. A vinda para o Rio de Janeiro para fazer a Residência Médica em Psiquiatria, na UERJ, em 1976. A dificuldade de conciliação de suas atividades neste período; a militância política e os grupos de estudo. O mestrado no Instituto de Medicina Social, da UERJ, em 1984, onde cumpriu todos os créditos, mas não defendeu a dissertação. Suas atividades profissionais, as clínicas particulares em Tanguá, Jacarepaguá e Vilar dos Teles, no Rio de Janeiro. Comentários sobre o professor Robalino Tobodeti. Sua entrada na Colônia Juliano Moreira (CJM) para realizar um censo entre os pacientes.

Fita 2 – Lado B
Continuação dos comentários sobre o censo e os recursos da Campanha Nacional de Saúde Mental. A criação do Hospital Jurandir Manfredini para tratar os doentes agudos e impedir novas internações na CJM. As circunstâncias da contratação dos estagiários que trabalharam no censo. A população de pacientes e moradores que invadiram o terreno da CJM. Os primeiros problemas ocorridos em conseqüência das mudanças implantadas na instituição. Comentários sobre a crise política entre os dirigentes da CJM. Sua nomeação como Diretor do Ambulatório Central, do Centro Psiquiátrico Pedro II (CPP II), em 1984. As internações irregulares nas clínicas privadas. A união dos três hospitais, Colônia Juliano Moreira, Hospital Philip Pinel e Centro Psiquiátrico Pedro II, para a criação dos pólos de internação e emergência psiquiátrica para dificultar as internações, principalmente nas clínicas privadas. O trabalho de Juarez Montenegro Cavalcanti como diretor do CPP II. As circunstâncias de sua nomeação como Coordenador Geral de Saúde do CPP II, em 1986. A intervenção do Ministério da Saúde no CPP II nomeando Dr. Pedro Monteiro como diretor, em 1988.

Fita 3 – Lado A
Comentário sobre o artigo de Jurandir Freire Costa “Faca no peito”, contando a história do suicídio de um paciente do CPP II. Os conflitos causados durante a intervenção na CJM; as transferências de funcionários para outras instituições para minar a resistência. A intervenção na CJM. Sua experiência como Diretor do Instituto Psiquiátrico Adauto Botelho (IPAB), no CPP II. O trabalho de Luis Wanderlei e Nise da Silveira na enfermaria do CPP II, no programa Enfermaria Aberta ao Tempo (EAT). As circunstâncias de sua nomeação como Diretor do CCP II, em 1989. A demissão dos diretores das unidades federais no governo do, então, Presidente da República Fernando Collor de Melo; relato sobre acontecimentos curiosos ocorridos durante seu mandato. A criação do Conselho Diretor no CPP II para democratizar a instituição. A experiência de ensino na UERJ, em diferentes momentos de sua trajetória profissional.

Fita 3 – Lado B
O trabalho em 1991 no EAT usando a Literatura como tratamento terapêutico; o jornal O Grito, criado a partir deste projeto, que contava com a colaboração dos pacientes. A experiência de trabalhar com psicóticos no EAT.

Lia Riedel

Entrevista realizada por Anna Beatriz de Sá Almeida e Ricardo Augusto dos Santos, no Rio de Janeiro (RJ), no dia 17 de abril de 2000. Trata-se de uma entrevista temática sobre a vida de Gustavo Riedel, pai da depoente.
Sumário
Fita 1 – Lado A
Comentários sobre a vida de seu pai, Gustavo Riedel, saída do Rio Grande do Sul para o Rio de Janeiro cursar a graduação em medicina. Sobre o Congresso do Centenário de Pasteur, realizado em Strasburg, em 1922. Comentários sobre o programa de assistência hétero-familiar na Colônia de Alienados do Engenho de Dentro com o intuito de melhorar o tratamento aos pacientes. Observações sobre o delicado estado de saúde de seu pai. Lembranças de atividades terapêuticas cotidianas desempenhadas pelas internas da Colônia do Engenho de Dentro, como horta e trabalhos manuais. Comentários sobre o Congresso de Higiene Mental, realizado em Washington, em 1930. O recebimento de convite do Dr. Pedro Ernesto para trabalhar na Secretaria de Saúde. As circunstâncias da construção do ambulatório Rivadávia Correa, na Colônia do Engenho de Dentro. Comentários sobre a rotina da vida familiar no período de moradia na Colônia. Citação a alguns médicos ligados ao Dr. Riedel, como Oswaldo Cruz, Miguel Couto e Carlos Chagas.

Paulo Duarte de Carvalho Amarante

Entrevista realizada por Anna Beatriz de Sá Almeida e Laurinda Rosa Maciel, na Fiocruz (RJ), nos dias 11 e 16 de fevereiro, 02, 09 e 23 de março de 1998.
Sumário
Fita 1 – Lado A
Comentários sobre a cidade natal, Colatina, no interior do Espírito Santo; incursões à literatura na juventude e o trabalho do pai no primeiro escritório do IAPC (Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários). A convivência familiar, atividades sociais da mãe, lembranças da infância e de amigos.

Fita 1 – Lado B
Lembranças, casos, atividades e interesses na adolescência; a mudança com os pais para a capital, Vitória, aos 16 anos de idade em 1968; a adaptação à nova realidade; vida escolar, formação e o grupo de estudos no colégio Marista.

Fita 2 – Lado A
A opção pela Medicina diante de outras como a música e o jornalismo. A atividade de médico plantonista do Centro Psiquiátrico Pedro II (CPP II) em 1978; as várias denúncias sobre maus tratos aos pacientes e falta de recursos que fez junto de outros estagiários como Leon Chor e José Carlos Souza Lima. Ainda sobre a opção por medicina: o prestígio que o próprio curso teria, a influência do irmão e o gosto pelos cuidados médicos. Formação universitária na Escola de Medicina da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAN), de 1971 a 1976. Como era o curso de medicina entre 1960-1970, a privatização da educação. Sobre o curso em uma instituição particular: a opção pela EMESCAN, alunos, professores e disciplinas. O interesse pela Psiquiatria a partir da Psicanálise, a proximidade com a filosofia e as Ciências Sociais. A expulsão do Serviço Psiquiátrico de Urgência (SPU), da Clínica Mayer Gross, assim como do CPP II e do Instituto de Psiquiatria, da Universidade do Brasil (IPUB). Trabalhos realizados durante a residência no CPP II: vídeo intitulado “Crônicas” e o texto “Pedagogia da loucura”, sobre a internação compulsória e violenta de um pintor homossexual e negro, chamado Alcebíades. Prêmio recebido no I Festival Brasileiro de Vídeo, no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, em 1984. Sua vivência como Acadêmico Plantonista do Hospital Colônia Adauto Botelho, da Fundação Hospitalar do Espírito Santo, em Cariacica, entre outubro de 1974 a junho de 1975, ainda no quarto ano da faculdade. Sobre os plantões realizados e o problema da morte de uma paciente na ausência de um médico–plantonista para o atendimento.

Fita 2 – Lado B
Continua narrativa sobre o problema no plantão no Hospital Adauto Botelho, falta de medicamentos e a repercussão na mídia; afastamento do depoente do plantão pelo Sr. Paulo Bonadis, diretor clínico. Ameaça de processo do hospital que o demitiu por denunciar negligência médica. Retorno ao plantão do hospital Adauto Botelho e a intenção de implantar atividades de musicoterapia naquele hospital e mais tarde no IPUB. A experiência de ter sido aluno do primeiro curso de musicoterapia feito no Rio de Janeiro, com Rolando Beneson, em 1972. Residência no IPUB, a obrigatoriedade do uso de uniforme de acordo com a profissão e pedido dos alunos da UFRJ para que as vagas fossem preenchidas prioritariamente pelos próprios alunos. Referência aos profissionais Renato Veras, Alfredo Schechterman, João Ferreira da Silva Filho e o convívio na Residência. A saída de Vitória e a vinda para o Rio de Janeiro, em 1976, para o sexto ano no Internato em Psiquiatria, no Instituto de Psiquiatria, do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal, da UFRJ. Primeiro emprego como plantonista no Serviço Psiquiátrico de Urgência, clínica particular no Rio de Janeiro. Início da narrativa de um caso do garoto chamado Paulinho e tratado com insulinoterapia, método chamado de Von Meduna, denominado pelo depoente como um método arcaico e radical.

Fita 3 – Lado A
Continuação da narrativa sobre o caso de Paulinho, contato com as drogas e tentativas de fuga. A denúncia no Conselho Regional de Medicina e sua ligação com o governo da ditadura. Sobre os movimentos democráticos que começaram a aparecer a partir de 1976. O Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (CEBES) e o Movimento de Renovação Médica (REME), os inquéritos contra médicos torturadores e cúmplices da ditadura. A tentativa de denúncia sobre o tratamento de insulinoterapia. O encontro com o cartunista Ziraldo e informações sobre o caso Paulinho, que acarretou sua demissão do SPU. O trabalho na clínica Mayer Gross, no Rio de Janeiro, vinculada ao SPU, de onde também foi demitido. Sobre o início do mestrado no Instituto de Medicina Social (IMS), em 1976. A orientação e co-orientação recebidas no mestrado por Madel Luz e Roberto Machado, respectivamente; a importância de Roberto Machado em sua formação e seu papel prático de orientador. Breve comentário sobre a expulsão de Joel Birman e Jurandir Costa Freire. A criação em 1976, de um núcleo de estudos de saúde mental, um espaço para seminários abertos, onde autores como Massimo Canevatti, Claude Lévi-Strauss, Georges Canguilhem, Gaston Bachelard, eram discutidos. A procura dos alunos por esse curso, com uma Psiquiatria mais reflexiva e sua importância para outros colegas como Pedro Gabriel Delgado e Magda Vaisman. A opção por este mestrado naquele momento e sua insatisfação com a prática psiquiátrica, além da oportunidade de estudar com Jurandir Freire Costa e Joel Birman. Sua decepção ao encontrar o CCP II, no Rio de Janeiro, tão ruim no que se refere às práticas psiquiátricas, o abandono aos pacientes e do próprio hospital, tanto quanto o Adauto Botelho, no Espírito Santo. O trabalho de conclusão do curso sobre pedagogia da loucura, que deu origem ao vídeo “Crônicos” e ao texto “Pedagogia da loucura”. Entrada no mestrado com o incentivo de Renato Veras; o trabalho de curso “Política de nutrição no Brasil”, sobre o Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN), que refletia o autoritarismo no Plano Básico de Suplementação Alimentar. A experiência de trabalho no IMS, de 1978 a 1982. Considerações sobre o curso de Medicina do Trabalho em 1980. O curso de música na Escola Villa Lobos e a experiência de tocar na “Banda de Lá”, com músicos como Ricardo Rendt e Fátima Guedes e o interesse pela área da musicoterapia atrelado à preocupação do relacionamento com os pacientes.

Fita 3 – Lado B
Observações sobre uma paciente rica internada pela família; o trabalho no IPUB com terapias mais alternativas, como a musicoterapia, e a aceitação deste tratamento na instituição. Breve referência à definição de recrudescimento neobiológico. A implantação de terapias para elevar o número de pontos dados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o aumento da verba destinada às instituições e hospitais. A experiência como bolsista da Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM), em 1976, no Rio de Janeiro. Comentários sobre as campanhas de saúde pública e o funcionamento do Ministério da Saúde, cuja ação seria mais de normatização. Como eram resolvidos os problemas através de campanhas, como se constituíam e comentário sobre a Campanha de Combate à Lepra e Campanha Nacional de Combate ao Câncer. A criação da Campanha Nacional de Saúde Mental, a partir de 1967 e o Plano de Saúde Mental do governo de John Kennedy, nos Estados Unidos da América em 1963, inspirado no livro de Gerald Kaplan, “Princípios de Psiquiatria Preventiva”.

Fita 4 – Lado A
Sobre a DINSAM e o conceito de saúde mental. A criação do Curso Integrado de Saúde Mental (CISME), oferecido pela Fundação Oswaldo Cruz, e realizado no Hospital Phillip Pinel, na Colônia Juliano Moreira (CJM), no CPP II e no Hospital Custódia de Tratamento Psiquiátrico Heitor Carrilho. Sobre a bolsa de saúde mental, para graduados e graduandos; comentários sobre o colega de graduação, Benilton Bezerra, também bolsista da DINSAM, e a insatisfação com as condições de trabalho, culminadas com a entrega da bolsa em 1976. Retorno por concurso em 1978, com José Carlos Souza Lima e Leon Chor. Crise da Previdência Social desencadeada a partir de 1980. A entrada de Paulo da Costa Mariz para a DINSAM entre 1980 e 1985, para modernizar alguns hospitais públicos. Comentários sobre a co-gestão entre o Ministério da Saúde e a Previdência. Seu afastamento em 1978, juntamente com alguns colegas devido às denúncias. Publicação de um artigo na Revista DEBATE, nº 10, denunciando a política nacional de saúde mental. A demissão de 200 médicos e bolsistas do CPP II, Pinel e IPUB em solidariedade à demissão dos colegas. Sobre a abertura na imprensa para as denúncias no programa da Rede Globo de Televisão, Fantástico, nos jornais Folha de São Paulo e O Globo e as manifestações de apoio às denúncias. O distanciamento da música como opção profissional. Comentários sobre a experiência da criação do Movimento Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental, a nível nacional em 1978, no Congresso Brasileiro de Psiquiatria e sobre o Encontro Nacional do Trabalhador de Saúde Mental, no Instituto Sedes Sapeintiae, São Paulo, em 1979, cujo tema foi: “Por uma sociedade sem manicômios”.

Fita 4 – Lado B
Escolha do tema para a dissertação de mestrado intitulada “Psiquiatria social e colônia de alienados no Brasil” defendida em 1982, no IMS/UERJ. Comentários sobre o artigo escrito em parceria com Jurandir Freire Costa a respeito de psicoterapia em classes populares, publicado em 1984, no Cadernos de Psiquiatria Social, da CJM. A realização da pesquisa “A determinação social dos acidentes do trabalho”, no Instituto de Medicina Social em 1978 e a verba conseguida na Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Sobre o projeto da co-gestão nas instituições Pinel, CCP II e CJM; o tratamento psiquiátrico na CJM e CPP II: a “clientela” de cada instituição e a situação dos presos políticos. O CPP II como principal serviço da DINSAM e seu papel estratégico, porém completamente abandonado; a situação da CJM. O convite através de Paulo Mariz para retornar ao CPP II em 1982, com autonomia para compor equipe que se constituiu de Benilton Bezerra, Renato Veras e Jurandir Freire Costa. A saída do serviço ocupacional da UERJ. O trabalho sobre as colônias de alienados com Magda Vaz e José Carlos Souza Lima. O retorno ao CPP II, o curso integrado de saúde mental, o acesso ao acervo bibliográfico do CPP II que inspirou a questão da história da psiquiatria no Brasil e a biblioteca daquela instituição.

Fita 5 – Lado A
Sobre a contratação de Jurandir Freire Costa para o CPP II, a dissertação de mestrado de Benilton Bezerra e a sua. Comentários sobre a criação do Museu da História da Psiquiatria em 1982 e 1983, no CPP II, as mudanças ocorridas no período e o concurso para a contratação de 460 novos funcionários, entre especialistas e técnicos. A experiência da co-gestão no Instituto Philipe Pinel, inspirada em outros projetos, tais como o Projeto Niterói e o Projeto Montes Claros. Sobre as fraudes na Previdência Social, antecedentes que poderiam explicar a crise na pasta. A implantação de Planos como o Nacional de Reorientação da Assistência Médica, feito pelo CONASP e o Plano de Ações Integradas em Saúde. As mudanças feitas no CPP II e algumas de suas conseqüências, como o livro “Psicanálise e Contexto Cultural”, de Jurandir Freire Costa e a criação do Primeiro Programa de Regionalização.

Fita 5 – Lado B
O início do movimento da Reforma Psiquiátrica em 1978 e a resistência encontrada no CPP II à Reforma, como eram feitas as internações neste estabelecimento e na CJM. Comentários sobre o significado de ‘cronificar o leito’, as divisões das enfermarias do CPP II em ‘agudos’, ‘subagudos’ e ‘crônicos’ e o significado dos sintomas positivos e negativos. Como eram feitas as internações no Hospital Odilon Galote e no Hospital Pinel. O CPP II como hospital de maior peso assistencial no Estado, os encaminhamentos para o setor privado, os diferentes posicionamentos dos médicos em relação ao tratamento dos pacientes, a discussão sobre a psiquiatria clássica, o funcionamento dos hospitais na década de 1970. A descrença e a resistência no CPP II ao movimento de reforma psiquiátrica. O funcionamento do Pinel e seu corpo de funcionários. A escolha de pacientes, com quadros clínicos específicos para serem usados como exemplos nas salas de aulas. Alguns exemplos de quadros clínicos, das aulas na graduação e o que é ‘humor delirante’. A mudança da estrutura do hospital Pinel que deixou de ser um hospital universitário para se adaptar ao Sistema Único de Saúde (SUS). O Sr. Ângelo, um dos pacientes “usados” nas provas práticas da graduação.

Fita 6 – Lado A
Circunstâncias da criação do CEBES a partir de reuniões, no segundo semestre de 1976, discussão sobre sua origem no Partido Comunista Brasileiro e breve comentário sobre David Capistrano. O começo do movimento sindical e a necessidade de sua atuação sindical pela decadência do trabalho médico, com comentários sobre as distinções entre os dois movimentos. Sobre o REME (Movimento de Renovação Médica) e o ECEM (Encontro Científico de Estudantes de Medicina) de realização bianual. As mudanças no mercado com novas turmas de graduados de faculdades de medicina privadas e o aumento da oferta de emprego com novas clínicas particulares. O CEBES, sua divisão em núcleos municipais, estaduais ou regionais. Comentários sobre a APERJ (Associação de Psiquiatria do Estado Rio de Janeiro), AMERJ (Associação Médica do Rio de Janeiro) e seu posicionamento diante da reforma psiquiátrica. As reuniões no Núcleo de Saúde Mental, a convivência com Gentile e outros nomes da medicina brasileira. A importância em manter o movimento de saúde mental como luta ideológica, alinhada ao pensamento de Franco Basaglia. A criação do Instituto Franco Basaglia, no Rio de Janeiro, idealizado pelo jornalista Cláudio Cordovil, como um instituto de defesa de direitos do doente mental. Considerações sobre a influência deste Instituto no movimento de saúde mental do Rio de Janeiro; funcionamento, organização, atuação e localização no Instituto Philipe Pinel.

Fita 6 – Lado B
O surgimento do lema “Por uma sociedade sem manicômios” em reunião paralela à Conferência Nacional de Saúde Mental, no Rio de Janeiro, em 1987, no bojo do Encontro dos Trabalhadores de Saúde Mental. A mudança de denominação de "Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental" para "Movimento social por uma sociedade sem manicômios". Considerações sobre a atuação do Movimento em São Paulo e suas diferenças com o Rio de Janeiro. As expectativas das pessoas em relação à continuidade do movimento de Franco Basaglia, mesmo após sua morte em 1978. Breve comentário sobre as mudanças feitas por Franco Rotelli, como Coordenador de Saúde Mental em Laso, Itália e sobre sua vinda ao Brasil, em 1986. As circunstâncias da criação do Plenário de Trabalhadores de Saúde Mental, rompendo com o movimento anterior e se diferenciando pelo nome. A participação popular no Movimento de Saúde Mental e os projetos de Niterói, de Lages, de Montes Claros e alguns trabalhos ligados aos movimentos eclesiais de base (MEBs). Suposições sobre a forma de participação e busca de reintegração do “louco” à sociedade e do convívio do “manicômio” com a comunidade; observações sobre a reforma psiquiátrica deixando de ser apenas um conjunto de transformações técnicas para englobar um espaço de construção social de maior solidariedade. As possibilidades de ajuda através da musicoterapia e a interação entre o paciente e o terapeuta.

Fita 7 – Lado A
O início da abertura política no Brasil, em 1978, e considerações e avaliação pessoal sobre o I Congresso do Instituto Brasileiro de Psicanálise de Grupos e Instituições. As Sociedades Brasileiras de Psicanálise, sobre seu formato institucional mais tradicional e quais os critérios de filiação. A "Esquerda Freudiana", criadores do Movimento de Trabalhadores de Saúde Mental, na Argentina, e responsáveis pela publicação do livro "Questionamos" que denuncia a participação de psicanalistas em torturas. A trajetória da líder do movimento Mary Lander, perseguida nos EUA, e também na Argentina, em 1974. O critério usado para ser psicanalista e a possibilidade que os participantes do "movimento" perceberam de romper com esta prática psiquiátrica tradicional e institucional. O impacto do discurso de Franco Basaglia no Hotel Copacabana Palace. Sobre a atuação do movimento, a revista "Saúde em debate". A criação do IBRAPS (Instituto Brasileiro de Psicanálise de Grupos e Instituições), críticas a seu funcionamento e a posição de Thomas Tsaz no debate.

Fita 7 – Lado B
Comentários sobre o contexto histórico do 4º Congresso Brasileiro de Psiquiatria, as discussões sobre o modelo de psiquiatria. A importância e a atuação da revista RADIS. Comentários sobre vários momentos em 1978. Considerações sobre a organização e os objetivos do I Encontro Nacional do Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental. As colônias de alienados, tema do livro "Legitimação da loucura no Brasil". A atuação de Luiz Cerqueira, Coordenador de Saúde Mental de São Paulo, no Movimento. O livro "A Indústria da Saúde no Brasil” como um exemplo de crítica à privatização da saúde, mais especificamente na área de saúde mental. As denúncias de Gentile de Mello no Jornal Folha de São Paulo e no Jornal do Brasil, e a importância de uma linguagem de fácil compreensão por todos. O primeiro livro de Basaglia publicado no Brasil, “Psiquiatria alternativa, o otimismo da prática contra o pessimismo da razão”, a partir das conferências proferidas por ele; o segundo livro, “Instituição negada”, publicado em 1985.

Fita 8 – Lado A
Sobre o Congresso da Sociedade de Psiquiatria e a Associação Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Higiene Mental e o uso de financiamento privado para realização de atividades desta natureza. Datas, nomes e finalidades de alguns congressos entre 1979 e 1997. Objetivos do II Encontro Nacional dos Trabalhadores em Saúde Mental, em agosto de 1980, em Salvador. A luta pelas eleições diretas para presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria. Comentários sobre a co-gestão, um convênio entre o Ministério da Saúde e Ministério da Previdência e Assistência Social. A participação do depoente durante a co-gestão, no CPP II.

Fita 8 – Lado B
O que aconteceu com a casa que era residência oficial de Juliano Moreira durante a ditadura. Comentários sobre nova realização da Campanha Nacional de Saúde Mental, motivos e conseqüências. Seu retorno ao CPP II, em 1984. O cargo de Assessor de Saúde Mental, da Superintendência Regional do Rio de Janeiro, do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social, em 1985. Os conflitos internos na CJM e no CPP II e alguns resultados alcançados a partir da co-gestão. Nomes que participaram da equipe da co-gestão, tais como Rosana Kushnir, Francisco Braga e Francisco de Paula. O concurso para técnicos realizado no CPP II, em 1984.

Fita 9 – Lado A
A difícil aceitação das mudanças propostas de fim dos manicômios por aqueles que não participavam do movimento e a importância destas transformações. Como era vista a instituição manicomial e seus pressupostos básicos. O trabalho de reconstrução do conceito de loucura e tratamento pelos novos teóricos da Psiquiatria e forma de realização destas transformações de maneira progressiva. Comentários sobre o atendimento ambulatorial. O projeto de transformações propostas para o CPP II no prazo de 10 anos e as resistências encontradas. Breve comentário sobre a Casa de Engenho e o Espaço Aberto ao Tempo (EAT). O significado das nomeações de Hésio Cordeiro para o INAMPS e Luis Antônio Santini para a UFF. Considerações sobre sua própria nomeação no cargo de Assessor de Saúde Mental, da Superintendência Regional do Rio de Janeiro, do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social, em 1985. Como era desenvolvido o trabalho de Diretor do Centro de Estudos do CPP II durante o mesmo período e as conseqüências do trabalho. A experiência da co-gestão e a reforma no serviço de atendimento; mudanças e a descentralização com divisão por áreas para atendimento de acordo com a localização do hospital. Cursos oferecidos no CPP II e o convênio com outras instituições como a UERJ. As dificuldades encontradas para o movimento de saúde mental, tais como as nomeações de Cláudio Macieira para o cargo de Diretor Nacional de Saúde Mental e Paulo Pavão para diretor do CPP II, respectivamente, com a proposta de acabar com o curso multidisciplinar. A nomeação de Maria Tereza Palácios para o Hospital Pinel. Sua demissão do INAMPS e exoneração do cargo de Diretor do Centro de Estudos do CPP II, num período de muitas transferências, exonerações e mudanças que desarticularam o Movimento. A criação do grupo de pagode “Tem jabuti no pagode” como uma forma de resistência e militância contra as mudanças.

Fita 9 – Lado B
O apoio popular para a nomeação de Hésio Cordeiro como Presidente do INAMPS, o contexto político e atos de seu mandato. Sua nomeação para Coordenador do Grupo de Trabalho para o planejamento e a implantação do Centro Brasileiro de Documentação da Memória da Psiquiatria, com apoio de Maurício Viana, Frank Hobstein, Maria Tereza Palácios, Paulo Pavão e Cláudio Macieira. Breve comentário sobre a invasão militar na CJM e as reuniões na casa de Valnei de Moura. A situação no CPP II após a invasão militar com repressão, provocações e ameaças. A fuga de Luiz Roberto Tenório, caçado pela polícia e acobertado pelo depoente. Seu apoio à nomeação do Diretor Nacional de Saúde Mental, Marcos Ferraz, com o compromisso de efetivar a proposta da Estadualização; definição e função desta. A quebra deste acordo e demissão dos três diretores responsáveis por efetivar a estadualização. Os problemas encontrados quando era Coordenador Estadual de Saúde Mental, da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro. A criação de uma segunda Coordenadoria Estadual de Saúde Mental, da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, pelo, então, Diretor Nacional de Saúde Mental, Marcos Ferraz.

Fita 10 – Lado A
As dificuldades encontradas durante sua gestão na Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, em 1986. O I Encontro de Coordenadores de Saúde Mental da Região Sudeste, realizado em Vitória/ES, em 1985, dificuldades e resultados, como a elaboração de um documento final denominado “Carta de Vitória”. A influência deste Encontro na I Conferência Estadual de Saúde, Rio de Janeiro, em 1987. Breve comentário sobre a desarticulação do movimento de reforma da psiquiatria. A proposta de municipalização e a situação da CJM, do Instituto Phillipe Pinel e do CPP II, atualmente. O contato com Antônio Slavich feito no XVIII Congresso de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental, em Fortaleza, em 1987. Sobre sua ida para a Itália, com bolsa de doutorado sanduíche, onde conheceu Franco Rotelli, Ernesto Venturini e Franca Basaglia. A realização em 1989 do I Encontro Ítalo-Brasileiro de Saúde, em Salvador, com a presença de Franco Rotelli. Os objetivos e a realização do I Encontro do Fórum Internacional de Saúde Mental e de Ciências Sociais (INFORUM), em 1988.

Fita 10 – Lado B
O enfraquecimento do INFORUM. A importância do II Fórum Internazionale de Salute Mentale e Sciencie Sociali, em Genova, Itália, em 1992, um encontro de renovação do movimento da reforma da psiquiatria para os italianos.

Fita 11 – Lado A
Considerações sobre sua permanência no posto de Coordenador Estadual de Saúde Mental e as dificuldades encontradas para a realização da proposta de estadualização dos hospitais. A entrada no NUPES (Núcleo de Pesquisa em Saúde Mental), com o intuito de organizar uma área de pesquisa sobre a reforma psiquiátrica no Brasil. Sobre os problemas existentes no Curso de Especialização em Psiquiatria Social: realização, seminários, aulas expositivas, duração e clientela. As primeiras atividades na linha de pesquisa, memória da psiquiatria, criada pelo depoente dentro do NUPES e a coleta de material para criação de um centro de documentação. Comentários sobre outras pesquisas, tais como “Análises determinantes e estratégias da reforma psiquiátrica no Brasil”. A permanência na Itália e o doutorado, contatos e convênios assinados no período. A criação do Laboratório de Pesquisas em Saúde Mental (LAPS). As mudanças implantadas no Curso de Especialização em Psiquiatria Social após assumir a Coordenação e os professores visitantes para compor o quadro docente, tais como José Delaqua, Antonio Slavit, Ernesto Venturini etc. O convênio com o Instituto Philippe Pinel e o CPP II. A criação, na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, do Curso de Acompanhamento Domiciliar.

Fita 11 – Lado B
As novas propostas de mudança no curso de mestrado em Saúde Pública, na ENSP. Sua saída da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, em 1996. A suspensão da subárea Saúde Mental, do mestrado em Saúde Pública da ENSP. Razões da mudança do Curso de Especialização tornar-se bianual. Sobre a falta de cursos de mestrados em Saúde Mental no país. As atividades do LAPS em 1997 e comentários sobre as disciplinas que ministra no mestrado em Saúde Mental, da ENPS.

Fita 12 – Lado A
A importância da formação teórica para a compreensão do papel da psiquiatria. Considerações sobre as mudanças no convênio do Curso Integrado em Saúde Mental, do CPP II, em 1990. A transformação na concepção do que é a psiquiatria e quais suas bases. A responsabilidade de formar professores sob os pressupostos da reforma psiquiátrica. Como é a atual situação do movimento de reforma psiquiátrica especialmente em Santos e no país, em geral. A distribuição de verba do governo de acordo com a classificação dos hospitais. Comentários sobre a vinculação do movimento às políticas públicas. Desabafo quanto à angústia vivida pelo quadro de retrocesso em relação às conquistas alcançadas durante o Movimento, tais como as eleições para diretor dos hospitais e a contratação através de concurso público.

Fita 12 – Lado B
Sobre a Comissão Nacional de Reforma Psiquiátrica e a eleição de seus representantes. A substituição desta Comissão e do cargo de Coordenador de Saúde Mental por uma Comissão composta pelos diretores das instituições psiquiátricas. A importância do Rio de Janeiro no Movimento de Reforma Psiquiátrica, os problemas políticos e os interesses privados; sobre os trabalhos realizados nas instituições públicas. Comentários sobre o que são e como funcionam os Centro de Atenção Psico-Social (CAPS).

Floroaldo Albano

Entrevista realizada pelos pesquisadores Renato Gama Rosa, Laurinda Rosa Maciel e Renata Silva Borges, e pelos estagiários do projeto Rafael Allam e Luciana Campos, na cidade do Rio de Janeiro, no dia 26 de março de 2010.
Sumário
O min à 6min e 25seg
Identificação do local e data da entrevista; data de nascimento e composição familiar do
entrevistado, assim como a atividade de formação de cada um.
6 min e 25seg a 11 min e 47seg
Descrição do período em que estudou no Colégio Pedro II (São Cristóvão): informações sobre
a turma, os professores e as disciplinas cursadas.
11 min e 47seg a 35 min e 02 seg
Sobre a entrada no curso de Arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes; considerações
sobre a faculdade: professores, perfil dos alunos, disciplinas.
35 min e 47seg à 40min e 11 seg
Sobre o contexto político na época de sua graduação e o impacto causado sobre si.
40min e 11 seg à 57min e 25seg
Descrição sobre seu ingresso na Divisão de Obras, do Ministério da Educação e Saúde como
desenhista; menção ao trabalho na Divisão de Obras e sobre o quadro de funcionários; o ofício
de arquiteto dentro da Divisão, o interesse em projetos de hospitais; menção à criação das
instituições de saúde no governo Vargas.
57min e 25seg à 1h 4min e 53seg
Sobre o fechamento do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) pela
ditadura; considerações sobre a organização do serviço público; as sessões da Divisão de
Obras; sobre a consulta a outros ministérios.
1h 4min e 53seg à 1h 10min e 27seg
A transferência da Divisão de Obras para Brasília e considerações sobre a criação da cidade; a
terceirização do serviço arquitetônico.
1h 10min e 27seg à 1h 17min e 44seg
4
Menção à relação entre engenheiros, arquitetos e médicos na construção dos prédios da
FIOCRUZ e da ENSP; sobre o processo de construção da ENSP; a submissão dos projetos à
autorização do DASP.
1h 17min e 44seg à 1h 20min e 49seg
Referência ao escritório particular em parceria com colega de turma; descrição dos tipos de
projetos realizados.
1h 20 min e 49seg à 1h 39min e 23 seg
Considerações sobre os diretores/presidentes da FIOCRUZ; a nomeação como diretor da
Divisão de Obras; sua participação da obra no Hospital Souza Aguiar; a reforma do cais onde
Oswaldo Cruz desembarcava para chegar a Manguinhos no início do século XX; o prédio da
Expansão da FIOCRUZ, inicialmente construído para a delegacia de saúde no Rio de Janeiro.
1h 39min e 23seg à 1h 43min e 17seg
Menção ao trabalho na construtora Oxford após sua aposentadoria do serviço público;
comparação entre os funcionários dos setores público e privado; sobre o curso realizado no
DASP de Administração de Obras Públicas e o curso no IDORT sobre hospitais.
1h 43min e 17seg à 1h 47min e 42seg
Menção à participação no diretório estudantil na época da graduação; considerações sobre
congressos de arquitetura; sobre sua sociedade no IABE.
1h 47min e 42seg à 1h 58min e 50seg
Considerações sobre a FIOCRUZ e a construção dos prédios atualmente; como era o terreno
de Manguinhos, os salários, narração do caso da pavimentação das vias internas do Instituto
Oswaldo Cruz (IOC); sobre seus filhos.
1h 58min e 50seg à 2h 7min e 55seg.
Sobre a formação profissional de seus filhos; a produção de projetos para o Brasil inteiro;
agradecimentos finais.

Constança Arraes de Alencar

Entrevista realizada por Lúcio Flávio Taveira e Rose Ingrid Goldschmidt, na Fiocruz, no dia 08 de agosto de 1989.
Sumário
Fitas 1 a 3
Origem familiar; a formação profissional dos pais; o pioneirismo do avô imigrante; as atividades profissionais da mãe; o desejo pela experiência da maternidade; a infância em Ipanema; a vida escolar; a descoberta da vocação científica; a opção pelo curso médico e a posterior escolha pela biologia; o curso de biologia da UFRJ; a opção pela especialização em genética; o desprestígio do curso de biologia na década de 1970; o ingresso no Instituto Oswaldo Cruz (IOC) por intermédio de Carlos Morel; o fantasma da mão-de-obra barata presente no estágio da FIOCRUZ; o ingresso no curso de mestrado; as dificuldades do desenvolvimento científico em um país subdesenvolvido; comentários sobre as dificuldades advindas das restrições à contratação de pesquisadores e escassez de recursos materiais; os riscos de contaminação no trabalho diário com Trypanosoma cruzi; a gestão de Carlos Morel como chefe do departamento de bioquímica e Biologia Molecular; os vínculos entre os cursos de pós-graduação da UFRJ e da FIOCRUZ.

Haity Moussatché

Entrevista realizada por Arlindo Fábio Gomez de Souza, Luiz Fernando Ferreira, Paulo Gadelha, Cristina Tavares e Wanda Hamilton, na Fiocruz (Rio de Janeiro/RJ), nos dias 28 de novembro de 1985 e 17 de janeiro de 1986.
Sumário
Fitas 1 a 3
Origem familiar; a influência das condições sanitárias do Rio de Janeiro sobre o fluxo migratório; o curso preparatório no Rio de Janeiro; a influência do professor César Salles na escolha dos estudos em biologia; a faculdade de medicina como instrumento para o estudo da biologia; o interesse pela parasitologia e os primeiros contatos com o IOC; o curso de fisiologia ministrado por Álvaro Osório de Almeida e a decisão de se dedicar à fisiologia; o pedido de Carlos Chagas para trabalhar no IOC; a inexistência de pesquisas em fisiologia no curso de medicina; o laboratório de fisiologia da Álvaro Osório de Almeida na rua Machado de Assis (RJ); a atuação como monitor de Álvaro Osório de Almeida na faculdade de medicina; os estudo de Miguel Osório de Almeida sobre o sinal de Babinsky; perfil dos irmãos Osório de Almeida; o convite de Carlos Chagas a Miguel Osório para instalar o Departamento de Fisiologia no IOC; o desinteresse pelos cursos da faculdade de medicina; a residência médica no Hospital Evandro Chagas; a opção pela fisiologia e o restrito mercado de trabalho; comentários sobre o atual ensino médico; a implantação do laboratório de fisiologia no IOC e as primeiras experiências desenvolvidas por Miguel Osório de Almeida; a saída de Miguel Osório de Almeida do IOC em 1921; o ingresso de Thales Martins no IOC; as pesquisas pioneiras em etologia desenvolvidas por Thales Martins; perfil de Thales Martins; a transferência de Thales Martins para São Paulo em 1934; a participação de Branca Osório de Almeida nos trabalhos do laboratório da rua Machado de Assis; a influência de seu pai e de César Salles na escolha da carreira profissional; o positivismo no Brasil; a precariedade instrumental do laboratório de fisiologia da rua Machado de Assis e do IOC; a habilidade técnica dos irmãos Osório de Almeida; o uso da matemática por Miguel Osório de Almeida em suas pesquisas; o trabalho com cultura de tecidos de febre amarela; o concurso para ingresso no IOC em 1941; as dificuldades de promoção no IOC; crítica aos comentários sobre a decadência de Manguinhos; comentários sobre a qualidade profissional de vários pesquisadores do IOC; a relação entre desenvolvimento socioeconômico e ciência; o movimento pela separação do IOC do Ministério da Saúde; crítica à qualidade dos produtos farmacêuticos produzidos pelo IOC; a participação na discussão sobre o uso da energia nuclear no Brasil; a evasão de pesquisadores do IOC em decorrência das cassações; a desvalorização social da ciência no Brasil; e relação entre desenvolvimento econômico em São Paulo na década de 1930 e o florescimento científico; a falsa distinção entre ciência básica e aplicada; o papel da tecnologia no desenvolvimento da ciência; a luta no IOC pela liberdade de pesquisa.

Fitas 4 a 6
O laboratório de fisiologia do IOC como polo de atração da pesquisa básica; a pesquisa científica e o Instituto de Biofísica da Universidade do Brasil; os estudos realizados no laboratório de fisiologia do IOC por pesquisadores visitantes; o caso Arthur Moses no IOC; as disputas entre os pesquisadores na sucessão de Oswaldo Cruz; o perfil e gestão de Olympio da Fonseca no IOC; a luta pela modernização do IOC nas décadas de 1940 e 1950; a resistência de Henrique Aragão à criação de um conselho auxiliar para a direção do IOC; as diversas concepções no IOC quanto à orientação científica; a dificuldade de obtenção de recursos para a pesquisa básica no IOC; comentários sobre os motivos das cassações; os atuais contatos com o Ministério da Ciência e Tecnologia; a inexistência de investigação nas universidades; o retorno a Manguinhos e a reconstrução do laboratório de fisiologia; a conservação de material e equipamentos de seu laboratório feita por antigos auxiliares desde a cassação; a prisão de Fernando Ubatuba em 1968; os inquéritos policial-militar e administrativo no período pós-1964; as divergências político-ideológicas como explicação para a cassação dos pesquisadores em 1970; o papel de Rocha Lagoa no ato de cassação; a participação na criação da UnB; o exílio e o trabalho desenvolvido na Venezuela; o retorno ao Brasil e as expectativas de trabalho na FIOCRUZ; comentários sobre o atual desenvolvimento do Brasil; a necessidade de relações científicas internacionais para o desenvolvimento socioeconômico da humanidade.

Hugo de Souza Lopes

Entrevista realizada por Paulo Gadelha, Rose Ingrid Goldschmidt e Wanda Hamilton, na Universidade Santa Úrsula (RJ), nos dias 03 e 09 de abril, 23 de maio e 01 de julho de 1986.
Sumário
Fitas 1 e 2
A infância no sítio do pai; o ginásio no Colégio São Bento; o exame de história natural em Campos (RJ); o curso de veterinária na Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária; o contato com Lauro Travassos e o estágio no laboratório de helmintologia em 1931; a relação de liberdade que Lauro Travassos mantinha com seus subordinados; perfil de Oswaldo Cruz; observações sobre Arthur Moses; a entomologia médica; a sucessão de Oswaldo Cruz no IOC; perfil de Arthur Neiva e de Adolpho Lutz; os conflitos entre Lauro Travassos e Carlos Chagas; a nomeação para professor da Escola de Veterinária; o museu de anatomia do IOC; o Instituto de Biologia Vegetal no Jardim Botânico; o laboratório de parasitologia da UFRJ; as pesquisas desenvolvidas por Costa Lima e Frei Borgmeier no Instituto de Biologia Vegetal; a contratação no IOC durante a gestão Olympio da Fonseca.

Fitas 3 e 4
As atividades desenvolvidas no IOC; a divisão do IOC em grupos antagônicos; os assistentes de Lauro Travassos; o carteiro entomologista Ferreira de Almeida; a cassação dos cientistas do IOC; observações sobre Costa Lima; a entomologia agrícola; os arredores de Manguinhos no início do século XX; a arquitetura do castelo mourisco; as pesquisas desenvolvidas na seção de entomologia do IOC; a participação de pesquisadores do IOC nas reuniões da Sociedade Brasileira de Biologia; as coleções entomológicas do IOC; as verbas provenientes da venda da vacina contra a manqueira; a importância do Departamento de Entomologia do IOC; as funções dos auxiliares em Manguinhos; os efeitos negativos da pesquisa dirigida no desenvolvimento científico; o Curso de Aplicação do IOC e a decadência de Manguinhos; o Estado Novo e a organização da ciência médica no Rio de Janeiro; críticas à contratação de funcionários na gestão Olympio da Fonseca; a administração de Carlos Chagas; as expedições científicas dos pesquisadores de Manguinhos.

Fitas 5 e 6
Perfil de Cardoso Fontes; o prestígio internacional de Oswaldo Cruz e de Carlos Chagas; comentários sobre César Pinto; as administrações de Henrique Aragão e de Olympio da Fonseca; comentários sobre as instalações da Fundação Rockefeller no campus de Manguinhos; o telegrama de apoio enviado pelos pesquisadores do IOC a Luís Carlos Prestes em 1946; o abaixo-assinado dos pesquisadores do IOC enviado a Getúlio Vargas pedindo a demissão de Olympio da Fonseca; a gestão Francisco Laranja; o CNPq; a campanha “O Petróleo é Nosso”; o movimento pela criação do Ministério da Ciência e Tecnologia e o apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências; a administração de Joaquim Travassos da Rosa; o governo João Goulart e a reforma de base na área de saúde pública; as delações no IOC após o Golpe de 1964 e o inquérito administrativo do Ministério da Saúde.

Fitas 7 e 8
A nomeação de Joaquim Travassos da Rosa para o cargo de diretor do IOC; comentários sobre as áreas de pesquisa antes do Golpe de 1964; perfil de Olympio da Fonseca; considerações sobre a administração de Rocha Lagoa; o “Massacre de Manguinhos”; concepções sobre ciência, pesquisa e educação; perfil de Lauro Travassos; a zoologia no Brasil; as atividades docentes na USU; a reintegração ao quadro de funcionários de Manguinhos em 1986.

José Cunha

Entrevista realizada por Nara de Azevedo Brito e Wanda Hamilton, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 26 de março e 02 de abril de 1987.
Sumário
Fitas 1 e 2
Origem familiar; o perfil do pai; a formação técnica autodidata no início do século; o emprego do irmão como guarda sanitário; impressões sobre o Rio de Janeiro de sua juventude; a epidemia de gripe espanhola em 1918; a família materna; a formação escolar; a morte do pai e a necessidade prematura de trabalhar; o emprego como encadernador; a evolução nas concepções de educação e saúde ao longo do século; o trabalho do auxiliar de laboratório; o curso de admissão; o ingresso no IOC em 1924; o trabalho no laboratório de bacteriologia de Genésio Pacheco; o interesse dos técnicos pela aprendizagem do serviço de laboratório; o trabalho na seção de protozoologia com Júlio Muniz; o relacionamento entre os técnicos de Manguinhos; o conflito entre auxiliares e cientistas; a contribuição de cientistas e auxiliares na sua formação; os conflitos entre os cientistas do IOC; as pesquisas do IOC na área de protozoologia; as diferenças entre os cargos de chefe de serviço e de laboratório; a viagem ao Pará com Evandro Chagas; as primeiras mulheres funcionárias do IOC e o perfil de Bertha Lutz; o aumento salarial concedido por Carlos Chagas; comparação entre os técnicos da Fundação Rockefeller e os do IOC; comentários sobre a gestão Henrique Aragão; o trabalho nos laboratórios privados dos cientistas de Manguinhos; a equipe de Evandro Chagas no IPEN; as diferenças salariais entre auxiliares e cientistas; as pesquisas de Júlio Muniz em diagnóstico da doença de Chagas; a decadência do IOC na década de 40; a gestão Carlos Chagas; o perfil científico de Carlos Chagas e as oposições à descoberta da doença de Chagas.

Fitas 3 a 5
A excursão a Angra dos Reis com Lauro Travassos; a tradição familiar dos técnicos de Manguinhos; o trabalho do fotógrafo J. Pinto no IOC; comentários sobre os arredores de Manguinhos; o salário dos auxiliares e a falta de mobilização política no IOC; a produção de vacinas no Instituto; o significado social do trabalho de Manguinhos; histórias pitorescas sobre os cientistas; comentários sobre a posição do auxiliar de laboratório na publicação de trabalhos científicos; a versatilidade dos técnicos do IOC; comparação entre os auxiliares do IOC e de outras instituições; a formação atual do técnico; o trabalho na Faculdade de Medicina de Nova Iguaçu; a incorporação da Fundação Rockefeller ao IOC em 1950; os conflitos internos em Manguinhos; a reforma administrativa de 1942; a sucessão de Carlos Chagas na direção do IOC e o perfil de Cardoso Fontes; a rigidez hierárquica entre auxiliares e cientistas; a regulamentação do cartão de ponto durante a gestão Henrique Aragão; a gestão Olympio da Fonseca e a contratação de pessoal; a divisão do IOC em grupos antagônicos; a gestão Francisco Laranja; os grupos de oposição e apoio às gestões Amilcar Vianna Martins e Joaquim Travassos; o perfil científico de Rocha Lagoa e sua gestão; o Curso de Aplicação do IOC; a cassação dos cientistas de Manguinhos; o esvaziamento dos laboratórios na década de 1970; perfil de Walter Oswaldo Cruz e o fechamento da seção de hematologia; a transferência para o laboratório de Bernardo Galvão e a perda das culturas de Júlio Muniz; o trabalho na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com preparação de antígenos; a aposentadoria em 1980; a diferença salarial entre o funcionário estatutário e o celetista; a atividade como professor de prática de laboratório na Faculdade de Medicina de Nova Iguaçu; a decadência do IOC e a renovação após a transformação em fundação; a relação dos antigos funcionários com Manguinhos; a premiação pelos 56 anos de serviços prestados à FIOCRUZ; as facilidades do trabalho técnico provenientes do avanço tecnológico; as semelhanças entre os técnicos antigos e os atuais.

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