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Casa de Oswaldo Cruz Item História oral
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Fernando Braga Ubatuba

Sumário: fitas 1 a 4
Origem familiar; a vocação inventiva e a projeção nacional da família; observações sobre a formação cultural brasileira; a vida escolar em Pelotas; observações sobre a Revolução russa de 1917 e sobre a utilização do método científico nas ciências humanas; a opção pela medicina; considerações sobre o desenvolvimento da ciência no mundo; o papel da mãe na formação intelectual; a transferência para a o Rio de Janeiro e o ingresso no curso pré-médico; a influência da ética protestante na vida profissional; a convivência com um tio oftalmologista; perfil profissional dos filhos; a influência exercida pelo IOC e por seus cientistas em toda a América Latina; a formação profissional na medicina norte-americana; a opção por uma visão de mundo materialista e seu significado moral e ético na vida e na ciência; a importância da tecnologia para o desenvolvimento científico; a importância de um maior contato com a literatura científica na formação dos pesquisadores; o caráter individual do trabalho em ciência; o vestibular prestado para a faculdade de medicina e o ingresso no IOC; o trabalho desenvolvido com Carlos Chagas Filho no estudo da cultura de protozoários; a função de professor catedrático da Escola Nacional de Veterinária; as tendências iniciais do desenvolvimento científico do IOC; impressões sobre o Curso de Aplicação do IOC; os estudos desenvolvidos por Humberto Cardoso com óleo de chalmoga; os serviços prestado pelo IOC no “esforço de guerra” e as dificuldades e subversão de seu status científico; o papel de Thales Martins no desenvolvimento do IOC e da endocrinologia brasileira; a proeminência do IOC sobre as instituições científicas de São Paulo na década de 1940; o perfil profissional de Thales Martins; comentários sobre os ciclos evolutivos das instituições de pesquisa; a importância da literatura científica e da organização bibliográfica para a ciência; crítica a Olympio da Fonseca.

Amilar Tavares

Entrevista realizada por Rose Ingrid Goldschmidt e Wanda Hamilton, na Fiocruz (Rio de Janeiro-RJ), nos dias 23 e 27 de novembro de 1987.

Sumário
1ª Sessão: fitas 1 e 2
Origem familiar; formação escolar; o trabalho na casa comercial do pai durante as férias escolares; o teste para ingressar na Fundação Rockefeller em 1940; o trabalho inicial no biotério; a admiração pela eficácia administrativa dos americanos; o trabalho como contador na Rockefeller; o pânico causado entre os funcionários da Rockefeller pelas demissões sem indenização; a autonomia administrativa exigida ao governo Getúlio Vargas pela Rockefeller; o trabalho realizado pela Rockefeller no combate à febre amarela e à malária a pedido do governo brasileiro; a inexistência de legislação trabalhista para os empregados da Rockefeller; a organização do biotério; as facilidades concedidas pelo governo brasileiro à Rockefeller; comentários sobre Francisco Laranja e Joaquim Travassos da Rosa; a disparidade salarial entre a Rockefeller e outras instituições brasileiras de pesquisa; o controle da malária no Nordeste realizado pela Rockefeller; a transferência dos funcionários da Rockefeller para o IOC em 1950; a dificuldade de entrosamento entre antigos funcionários da Rockefeller e do IOC; a auditoria financeira conduzida por Rocha Lagoa durante a gestão de Oswaldo Cruz Filho no IOC.

2ª Sessão: fitas 3, 4 e 5
As dificuldades de relação entre antigos funcionários da Rockefeller e do IOC; o trabalho como chefe do escritório comercial de Manguinhos e a burocracia existente; a autonomia financeira do IOC garantida pelo Regimento de 1962; os inquéritos policial e administrativo; a implantação do ponto obrigatório de frequência durante o governo Jânio Quadros; a transformação jurídico-administrativa do IOC em Fundação Oswaldo Cruz em 1970; a contratação de estagiários como funcionários efetivos; o trabalho como chefe da seção financeira do IOC; a intervenção do diretor Rocha Lagoa no convênios interinstitucionais realizados pelos chefes de divisão do IOC; o convite de Rocha Lagoa para trabalhar no Ministério de Saúde como diretor do Departamento de Pessoal; comentários sobre os diretores do IOC e suas administrações; a gestão de Olympio da Fonseca no IOC; as dificuldades para a obtenção de verbas para a pesquisa; o crescimento da seção administrativa na gestão Olympio da Fonseca; a exoneração do Ministério da Saúde devido a desentendimentos com Rocha Lagoa; a transferência para a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM) e o trabalho como diretor da Divisão de Segurança e Informação do Ministério da Saúde; as atividades exercidas na Divisão de Segurança e Informação; o trabalho na Escola Superior de Guerra (ESG) e na Delegacia Federal de Saúde; a aposentadoria compulsória devido a problemas de saúde; o IOC durante a gestão de Rocha Lagoa; o desinteresse pela política; opinião sobre os presidentes da República e o regime militar.

Orlando Guerra Junior

Entrevista realizada por Nara de Azevedo Britto, Rose Ingrid Goldschmidt e Wanda Hamilton, na Fiocruz, nos dias 10, 11 e 26 de junho e 03 de julho de 1986.
Sumário
Fita 1 e Fita 2

A família de imigrantes alemães; o perfil aristocrático da família materna; o talento musical da família e a amizade com Villa-Lobos; o autoritarismo e a disciplina educacional das crianças da classe média; a amizade com parentes idosos; a perseguição aos alemães no Estado Novo; a facilidade para aprender idiomas estrangeiros na infância; o caráter filantrópico da atividade médica do pai; o impacto da medicina previdenciária sobre a corporação médica do Rio de Janeiro nos anos 1930; a influência paterna na escolha da profissão; o contato com o professor Mello Leitão no curso de Biologia; a participação nos movimentos estudantis da década de 1960; a experiência política no Centro Popular de Cultura e no Diretório Acadêmico da Faculdade Nacional de Filosofia; a demissão por motivos políticos da função de professor do Colégio de Aplicação da UFRJ em 1966; avaliação dos movimentos políticos dos anos 1960 e o surgimento da guerrilha urbana; a influência do Partido Comunista Brasileiro (PCB) na Faculdade Nacional de Filosofia e a greve estudantil de 1963; o perfil conservador de Sobral Pinto; o cotidiano no curso de Biologia.

Fita 3 a Fita 5 – Lado A

Ausência de pesquisa científica e a formação técnica nas universidades brasileiras; a estagnação das universidades brasileiras decorrente das cátedras vitalícias; argumentos em defesa da liberdade de pesquisa; a criação e a experiência no Curso Alba; a experiência profissional na Universidade Gama Filho; o ingresso no IOC como estagiário em 1959; o perfil do cientista Hugo de Souza Lopes e seu interesse em formar novos pesquisadores; a marginalização das mulheres nas universidades brasileiras; os projetos científicos dos diretores de Manguinhos; a falência da ciência básica em Manguinhos após 1964; a perseguição de Rocha Lagoa a seus adversários; a comissão de inquérito presidida por Olympio da Fonseca em Manguinhos; o corte de verbas para a compra de material científico no exterior durante a gestão Rocha Lagoa no IOC; o método científico e os critérios para o estabelecimento da verdade; os limites da experimentação nas pesquisas científicas; as restrições ao desenvolvimento da pesquisa científica nas universidades brasileiras; a remuneração dos cientistas do IOC antes de 1964 e posterior deterioração desta.

Fita 5 – Lado B a Fita 7

As dúvidas quanto à escolha da carreira profissional; a opção pelo status econômico privilegiado do cientista; o preconceito acadêmico em relação à carreira universitária na década de 1960; o curso de mergulhador na Marinha para desenvolver trabalhos em biologia marinha; a inviabilidade da pesquisa básica no IOC na década de 1970; as dificuldades impostas por Rocha Lagoa para obtenção de recursos externos; as diferentes concepções sobre a atividade científica como origem dos conflitos no IOC; os projetos para o desenvolvimento de um tratado de zoologia no Brasil; a inconveniência de unificar ciência e tecnologia em um mesmo ministério; a incapacidade do poder público em reconhecer a ciência básica como fator de desenvolvimento tecnológico; as dificuldades de afirmação da ciência nacional em um país dependente; a necessidade de reformas político-sociais na liberação de verbas para as pesquisas científicas; a visão sanitarista da administração Sergio Arouca; os perigos decorrentes de se priorizar tecnologia em detrimento da ciência; observações sobe o caráter despersonificado da "big-science"; a necessária utilização dos métodos científicos do século XIX para o desenvolvimento da ciência no Brasil; o processo social brasileiro pós-1964; a perseguição política e a cassação dos cientistas de Manguinhos nos anos 1960; a rapinagem do acervo histórico do IOC nas administrações Rocha Lagoa e Vinícius Fonseca; ausência de zoólogos lato sensu no IOC; o projeto de produção de soros antiofídicos em Manguinhos; o prestígio dos estagiários do IOC no meio acadêmico; críticas à "big-science".

Fita 8 a Fita 10

O aperfeiçoamento profissional; a proibição por motivos políticos de fazer o curso de doutorado em Marselha em 1968; o curso no Museu Britânico em 1972; perfil de Geth Jansen; o caráter solitário da pesquisa científica; o perfil profissional e ideológico de Rudolf Barth; a influência positivista na ciência no início do século XX; o reconhecimento social do cientista brasileiro; a política científica brasileira pós-1964; a visão tecnocrática na seleção do quadro científico do IOC nos anos 1980; a reintegração dos cientistas cassados na FIOCRUZ; a necessidade de elaboração de uma política científica para a área de Biologia.

Wladimir Lobato Paraense

Entrevista realizada por Rose Ingrid Goldschmidt e Wanda Hamilton, na Fiocruz (RJ), entre os dias 14 de março de 1988 a 31 de maio de 1989.
Sumário
Fitas 1 e 2
A infância em Belém; a cidade de Belém no início do século; o incentivo da família aos estudos; a formação escolar; o ingresso na Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará em 1931 e o encontro com Leônidas Deane.

Fitas 2 a 4
A vocação pelo jornalismo e o gosto pela astronomia; o papel científico do IOC no início do século; a decadência de Manguinhos; a opção pela medicina; a bolsa de estudos em anatomia patológica na Faculdade de Medicina de São Paulo em 1938; o curso de malariologia no Instituto Evandro Chagas em 1940.

Fitas 5 a 7
A Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará na década de 1930; as aulas de histologia com Jaime Aben Athar; comentários sobre a expedição de Oswaldo Cruz, Costa Lima e Jaime Aben Athar no Pará no início do século; comentários sobre o Instituto Evandro Chagas; perfil profissional de Jaime Aben Athar; o trabalho no laboratório de histologia da Santa Casa; a viagem para Recife em 1936; o contato com Jorge Lobo e o concurso para o internato no Hospital Oswaldo Cruz em Pernambuco; o ingresso na Faculdade de Medicina de Recife.

Fitas 8 e 9
Comparação entre as faculdades de medicina de Belém e de Recife na década de 1930; a carência de laboratórios de análises clínicas no início do século no Rio de Janeiro; o trabalho no laboratório de anatomia patológica da Faculdade de Recife; as Memórias do IOC; a participação no curso de parasitologia ministrado por Samuel Pessoa na Faculdade de Medicina de Recife em 1936; perfil de Samuel Pessoa; a repercussão do movimento comunista em 1935 entre os estudantes; comentários sobre o trabalho no Hospital Oswaldo Cruz e na Faculdade de Medicina de Pernambuco; as condições sanitárias de Recife no início do século.

Fitas 10 a 12
O método de controle biológico no combate à esquistossomose apresentado no Congresso Nacional de Biologia em 1948; o trabalho com Jorge Lobo e Aggeu Magalhães no Hospital Oswaldo Cruz; a criação da cadeira de medicina tropical por Carlos Chagas; as bolsas de estudo dos Diários Associados concedidas por Assis Chateubriand em 1938; a organização do laboratório de patologia do IOC em 1939; o curso de patologia da malária no Instituto de Patologia Experimental do Norte (IPEN) e a participação no Serviço de Malária do Nordeste em 1940; a contratação pelo IOC em 1941.

Fitas 13 a 15
O retorno ao Rio de Janeiro em 1939 e as pesquisas sobre leishmaniose visceral em Manguinhos; o grupo de pesquisadores do SEGE; a falta de apoio institucional e financeiro da direção do IOC às pesquisas de Evandro Chagas durante a gestão Cardoso Fontes; o financiamento concedido por Guilherme Guinle a Evandro Chagas; o apoio financeiro de Evandro Chagas às pesquisas sobre anemia ancilostomótica desenvolvidas por Walter Oswaldo Cruz e Lauro Travassos; o desligamento de Leônidas Deane do IPEN devido aos conflitos com Evandro Chagas; a morte de Evandro Chagas e o apoio de Carlos Chagas Filho ao SEGE; o concurso do DASP para auxiliar de biologia no IOC em 1941; a reforma administrativa do Ministério da Saúde em 1942 e a criação da Divisão de Estudos de Grandes Endemias no IOC; a decadência de Manguinhos; comentários sobre a criação do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP); o apoio de Getúlio Vargas a Evandro Chagas; a ocupação de seu laboratório por Neri Guimarães quando de sua viagem a Pernambuco em 1941; suas pesquisas sobre pênfigo foliáceo em Minas Gerais entre 1942 e 1944; o retorno ao IOC em 1945; as pesquisas em esquistossomose durante a gestão de Olympio da Fonseca no IOC; a aposentadoria compulsória no IOC; o convite de Vinícius da Fonseca para ocupar a vice-presidência de pesquisa da FIOCRUZ em 1976.

Fitas 16 e 17
Os cientistas de Manguinhos na época de Oswaldo Cruz; a produção de soros e vacinas no IOC; a verba proveniente da venda da vacina contra a manqueira; o papel desempenhado por Oswaldo Cruz no desenvolvimento de Manguinhos; Oswaldo Cruz e o combate à peste bubônica em 1889; a fabricação do soro contra a peste bubônica em Manguinhos; o reconhecimento internacional do IOC durante a gestão Oswaldo Cruz; o desenvolvimento da pesquisa aplicada no IOC no início do século; o Curso de Aplicação do IOC.

Fitas 18 a 20
Avaliação dos primeiros trabalhos publicados nas Memórias do IOC; a produção de vacina antivariólica e do soro antipestoso no Instituto durante a gestão Oswaldo Cruz; os conflitos entre os cientistas de Manguinhos no início do século; o fim da produção da vacina contra a manqueira (carbúnculo sintomático em bovino) e a decadência de Manguinhos; o reconhecimento internacional das Memórias do IOC; as áreas de pesquisa durante a gestão Carlos Chagas; a falta de farmacologistas no Brasil no início do século; a necessidade da ciência aplicada no Brasil; o desenvolvimento da fisiologia no IOC durante a gestão Carlos Chagas; Evandro Chagas e a continuidade ao projeto científico de Oswaldo Cruz; as pesquisas desenvolvidas no IOC e a atuação de Walter Oswaldo Cruz e de Lauro Travassos nas décadas de 1940 e 1950; o DASP e a não-exigência de qualificação profissional para ingressar no IOC.

Fitas 21 a 23
As atividades do Hospital Evandro Chagas entre 1941 e 1945; a participação no curso sobre malária organizado por Evandro Chagas no Pará em 1940; o curso de citologia do sistema nervoso ministrado a convite de Jaime Aben Athar em 1940; a morte de Evandro Chagas e a falta de interesse da gestão Cardoso Fontes pelos trabalhos desenvolvidos no SEGE; os estudos sobre doença de Chagas orientados por Emanuel Dias no IOC; a dependência científico-tecnológica do Brasil; a chefia do serviço clínico do Hospital Evandro Chagas; comentários sobre a patologia no Brasil.

Fitas 24 a 26
As transformações na estrutura administrativa do IOC na década de 1940; as pesquisas sobre brucelose desenvolvidas por Genésio Pacheco; Costa Cruz e as pesquisas com bacteriófagos; comentários sobre a área de bacteriologia do IOC; Olympio da Fonseca e a seção de micologia; a organização da micoteca de Manguinhos; as conseqüências da Lei de Desacumulação de Cargos de 1937 para os cientistas de Manguinhos; o laboratório de vacina antimicótica de Arêa Leão e Genésio Pacheco em Cuba; o pioneirismo do IOC na produção de penicilina; a seção de microbiologia do IOC; comentários sobre os setores de produção e pesquisa do Instituto; a gestão Francisco Laranja e o quadro de decadência na instituição; as verbas governamentais destinadas à área de produção do IOC; a separação entre pesquisa básica e aplicada no IOC na década de 1940; comentários sobre o trabalho desenvolvido atualmente no Hospital Evandro Chagas.

Fitas 26 a 28
A seção de produção de vacinas do IOC; Gilberto Villela e a introdução da bioquímica no Brasil; Baeta Viana e a introdução da eletroforese no Brasil; o padrão internacional da química paulista; Barros Barreto e a criação da Divisão de Higiene no IOC durante a gestão Henrique Aragão; o convite de Otto Bier para trabalhar no Instituto Butantan; as dificuldades de relacionamento com Olympio da Fonseca; os recursos do CNPq para o IOC; a relativa liberdade de pesquisa no Brasil.

Fitas 29 a 31
A experiência como conselheiro da Academia Brasileira de Ciências em 1950; a falta de respaldo e legitimidade da pesquisa científica nos países do Terceiro Mundo; o desinteresse dos cientistas brasileiros em desenvolver tecnologia própria e o uso de técnicas importadas; a mobilização em torno da criação de um ministério de ciência no final da década de 1950; a falta de equipamentos adequados à pesquisa nas universidades e a atual insuficiência de formação acadêmica dos professores; as atividades da Fundação Rockefeller no Brasil; as doações de equipamentos feitas pela Fundação Rockefeller às instituições científicas brasileiras; os estudos sobre leishmaniose visceral de Evandro Chagas baseados em informações coletadas pela Fundação Rockefeller; a incorporação da Fundação Rockefeller ao IOC em 1950.

Fitas 31 a 33
A viagem para Belo Horizonte em 1942 e a avaliação dos trabalhos desenvolvidos nesse período; a comunidade científica de Belo Horizonte; as experiências com penicilina; as pesquisas com cortisona no tratamento do pênfigo foliáceo; a criação do SESP durante a Segunda Guerra Mundial; a viagem para Belo Horizonte e os trabalhos com leishmaniose, malária e esquistossomose.

Fitas 34 a 36
A situação atual da bioquímica no Brasil; a importância do posto de Bambuí na época de Emanuel Dias; a participação no curso de protozoologia do IOC a convite de Olympio da Fonseca; a coordenação do curso de fisiologia na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte em 1950; o trabalho no SESP e as pesquisas sobre esquistossomose na década de 1950.

Fitas 36 a 38
Comentários sobre o ingresso na Fundação SESP; as pesquisas sobre esquistossomose na região de Lagoa Santa em Belo Horizonte em 1954; o trabalho na campanha de controle da esquistossomose na Amazônia a convite de Maia Penido em 1953; o uso de moluscicida no combate aos caramujos transmissores da esquistossomose.

Fitas 39 e 40
O trabalho de classificação de caramujos no SESP; a coleta de moluscos planorbídeos no Peru, na Bolívia, no México, em Cuba e na Venezuela em 1956 com o apoio do CNPq; comentários sobre a Revolução Cubana; a proposta da OMS de criar um centro de referência de identificação de planorbídeos no seu laboratório; o convite para participar do Programa Especial de Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais da OMS.

Fitas 41 a 43
A criação do DNERu na década de 1950; o trabalho com genética de caramujo no Instituto Aggeu Magalhães em 1957; a falta de apoio às pesquisas científicas durante a gestão de Antônio Augusto Xavier no IOC; a decadência de Manguinhos; o cargo de vice-presidente de pesquisa da FIOCRUZ em 1976; a direção do INERu na década de 1960; as pesquisas desenvolvidas em Belo Horizonte e em Pernambuco pelo INERu.

Fitas 43 a 46
Comentários sobre Samuel Pessoa; as instituições de pesquisa que atuam no campo das doenças endêmicas; as pesquisas desenvolvidas pelo INERu no início da década de 1960; comentários sobre Mário Pinotti; as pesquisas sobre planorbídeos americanos em convênio com a OPAS e a OMS entre 1961 e 1976; a criação do centro de referência de identificação de planorbídeos no seu laboratório em Belo Horizonte em 1964.

Fitas 46 a 48
As reuniões no CNPq e a escolha do conselheiro para a área de biologia; as acusações de José Guilherme Lacorte sobre suas ligações com o Partido Comunista; comentários sobre Walter Oswaldo Cruz; a organização do curso de pós-graduação em biologia parasitária na Universidade de Brasília (UnB) em 1968.

Fitas 49 a 51
Observações sobre a nomeação de Rocha Lagoa para a direção do IOC; a participação de José Guilherme Lacorte no “Massacre de Manguinhos”; o convite para a vice-direção do IOC em 1964; a baixa qualidade da produção científica do grupo de Rocha Lagoa na instituição; a legitimidade alcançada pelo IOC devido à produção de terapêuticos; a suspensão de Herman Lent em função de críticas acadêmicas feitas a Rocha Lagoa; os mitos envolvendo a vida e a morte de Walter Oswaldo Cruz; o boicote de Rocha Lagoa ao trabalho realizado pelo INERu; o processo de decadência de Manguinhos a partir de 1940; as ameaças feitas por Rocha Lagoa de colocá-lo em disponibilidade; as perseguições pessoais realizadas por Rocha Lagoa quando Ministro da Saúde; o desenvolvimento técnico-científico do IOC durante a gestão Vinícius da Fonseca; o Plano Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e sua penetração na FIOCRUZ; a defesa das conquistas materiais da FIOCRUZ durante o período desenvolvimentista; as relações entre Vinícius da Fonseca e Reis Veloso; a organização de Bio-Manguinhos feita por Akira Homma e os convênios com o Japão; a priorização dos estudos de endemias brasileiras durante a gestão Vinícius da Fonseca; a tentativa de Vinícius da Fonseca em estabelecer revistas policiais entre os pesquisadores de Manguinhos; o processo de seleção dos pesquisadores durante a atuação como vice-presidente de pesquisa da FIOCRUZ; o desenvolvimento da biologia molecular em Manguinhos durante a gestão Vinícius da Fonseca e o ataque denominado “ciência de ponta”.

Fitas 51 a 53
A participação ativa nas eventuais reuniões da Tropical Disease Research na Suíça; o empenho na renovação do quadro de pesquisadores da FIOCRUZ; o trabalho desenvolvido por Carlos Morel na UnB e sua posterior inserção na FIOCRUZ; a questão da verdade científica; a formação de pesquisadores e sanitaristas na ENSP; o trabalho desenvolvido pelo Centro de Pesquisa René Rachou durante a gestão Guilardo Martins Alves; os convênios estabelecidos entre a FIOCRUZ e os estados da União durante a gestão Vinícius da Fonseca; a tentativa de Vinícius da Fonseca em enfrentar as disputas internas na FIOCRUZ; a resistência dos pesquisadores da FIOCRUZ em aceitar a avaliação de produtividade científica; o trabalho de recuperação financeira e administrativa realizado por Vinícius da Fonseca na FIOCRUZ; a atuação do Ministro Paulo de Almeida Machado durante a presidência Geisel; a direção informal de José Rodrigues Coura durante a gestão Guilardo Martins Alves; o despropósito da campanha de Sergio Arouca contra a administração de Guilardo Martins Alves; a defesa da escolha política do presidente da FIOCRUZ; a priorização das políticas sanitárias durante a administração Arouca na FIOCRUZ; a questão da centralização e da redistribuição de recursos durante a gestão Arouca; críticas aos pesquisadores que assinaram o telegrama de apoio a Luís Carlos Prestes em 1946; a utilização do trabalho científico de Pavlov pelo sistema stalinista; o esforço pessoal para tornar-se um pesquisador exemplar.

Venâncio Bonfim

Entrevista realizada por Flávio Edler, Jaime Benchimol e Rose Ingrid Goldschmidt, na Fiocruz (RJ), nos dias 11 de novembro e 18 de dezembro de 1986.
Sumário
Fitas 1 e 2
A família e a infância em Juiz de Fora; a ligação com a família de Carlos Chagas; o impacto causado pela primeira viagem ao Rio de Janeiro; o trabalho do pai como administrador de fazenda; a mudança definitiva para o Rio de Janeiro e o trabalho com o tio; a moradia dos funcionários em Manguinhos; os estudos no Liceu Comercial da Penha e no Instituto Lacé; o ingresso no IOC como servente em 1937; o trabalho com Genésio Pacheco no laboratório de bacteriologia e imunologia em 1939; perfil de Cardoso Fontes e de Henrique Aragão; a função dos auxiliares nos laboratórios; as diferenças entre a Fundação Rockefeller e o IOC na organização do trabalho; os produtos biológicos de Manguinhos; as pesquisas sobre o soro antigangrenoso desenvolvidas no laboratório de Genésio Pacheco; a produção de soro antigangrenoso no IOC; o impacto da descoberta da penicilina em 1943; a relação de Genésio Pacheco com Henrique Aragão; comentários sobre a produção de penicilina no IOC; a localização dos laboratórios; a repercussão da incorporação da Fundação Rockefeller ao IOC; os empregos em laboratórios particulares.

Fitas 3 e 4
O trabalho no laboratório de Genésio Pacheco e a formação profissional do técnico; a campanha contra a brucelose e a viagem ao Nordeste em 1958; as mudanças no IOC durante as administrações de Henrique Aragão, Francisco Laranja e Antônio Augusto Xavier; comentários sobre o preconceito racial no IOC; relato da viagem ao Nordeste; as diferenças entre as expedições organizadas pela Fundação Rockefeller e pelo IOC; a segunda viagem ao Nordeste em 1959 e o curso sobre brucelose; o convite de Francisco Laranja para trabalhar na instalação de postos de saúde em Brasília; a chefia do Setor de Esterilização e Meios de Cultura em 1962; comentários sobre as administrações de Joaquim Travassos da Rosa e Amilcar Vianna Martins; a administração de Rocha Lagoa; comentários sobre os inquéritos administrativo e militar no IOC; a relação profissional de Genésio Pacheco com José Guilherme Lacorte; a chefia da seção de biologia em 1967; a experiência no Projeto Rondon; a cassação dos cientistas em 1970; a colaboração na produção de vacina anticolérica enviada à Nicarágua em 1971; a participação na inauguração do Pavilhão Joaquim Venâncio.

Herman Lent

Entrevista realizada por Flavio Coelho Edler e Wanda Suzana Hamilton, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 12, 20 e 27 de setembro, 11 e 21 de outubro, 8 e 23 de novembro de 1994.
Sumário
Fita 1 - Lado A
Comparação entre os cientistas da década de 1920 e dos tempos atuais; considerações sobre a trajetória escolar e sua opção pela medicina; alusão ao currículo e aos professores da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (FMRJ), da Universidade do Brasil, no período da graduação no final dos anos 1920; a opção pela carreira científica e o relato da primeira tentativa de ingresso no IOC; a influência de Carlos Chagas em sua matrícula no Curso de Aplicação do IOC.

Fita 1 - Lado B
O ingresso no Curso de Aplicação do IOC, reflexões sobre o ensino neste curso e o perfil de Lauro Travassos; o estágio no Laboratório de Helmintologia, em 1932; breve referência à sua relação com João Ferreira Teixeira de Freitas; o Curso de Aplicação do IOC e seus professores; reflexões sobre o projeto de Oswaldo Cruz para o IOC; a formação em medicina; breve comentário sobre Carlos Chagas Filho, fundador do Instituto de Biofísica, da UFRJ; considerações sobre a FMRJ; o perfil de João Ferreira Teixeira de Freitas; menção às aulas ministradas por Carlos Chagas no anfiteatro da FMRJ.

Fita 2 - Lado A
Comparações entre a FMRJ e o Curso de Aplicação do IOC; a opção pela medicina; o perfil de Haity Moussatché; menção à sua contratação como assistente de Lauro Travassos na cadeira de zoologia da Faculdade de Ciências da UDF, em 1935; comentários acerca da Lei de Desacumulação de Cargos Públicos (1937) e a opção por permanecer no IOC; o perfil do professor Aristides Marques da Cunha, do Curso de Aplicação do IOC; as refeições no IOC; o perfil de Adolpho Lutz, Joaquim Venâncio, Miguel Ozório de Almeida e Carneiro Felipe.

Fita 2 - Lado B
As aulas ministradas por Lauro Travassos no Curso de Aplicação do IOC; considerações sobre o perfil de Lauro Travassos e a influência recebida na opção pela helmintologia; o perfil de Costa Lima; o período em que foi estagiário de Lauro Travassos; o perfil de Carlos Chagas; o trabalho na Seção de Zoologia Médica com Lauro Travassos; referência à importância da Coleção Helmintológica; a evolução da biologia e a influência da tecnologia nas linhas de pesquisa; o perfil de Miguel Ozório de Almeida; a importância da taxonomia para o pesquisador; os tipos conhecidos de helmintos; as excursões de coletas promovidas por Lauro Travassos; comentários sobre a tradição de realizar excursões de coletas de espécies no IOC; breve comentário sobre a doença de Chagas.

Fita 3 - Lado A
A primeira expedição de coleta; breve relato sobre o perfil de M. Cavalcanti Proença; os discípulos de Lauro Travassos no estado de São Paulo; considerações sobre o Boletim Biológico e os procedimentos técnicos após a coleta de material; a importância em publicar a respeito da descoberta de novas espécies; a importância da atualização bibliográfica na pesquisa; o convite de Pedro Wygodzinsky para permanecer em Nova York, com financiamento da Fundação Rockefeller; reflexões sobre o uso da expressão “Escola de Travassos” no IOC; considerações sobre o perfil de Lauro Travassos.

Fita 3 - Lado B
O perfil de Lauro Travassos; as publicações Ciência Médica, Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Memórias do Instituto Butantan e Boletim Biológico, breve relato de sua participação na criação da Revista Brasileira de Biologia, a colaboração como editor da Memórias do Instituto Oswaldo Cruz e Anais da Academia Brasileira de Ciências, o perfil de César Pinto; o convite para participar da Missão Científica Brasileira no Paraguai; considerações sobre o perfil de João Ferreira Teixeira de Freitas, os trabalhos publicados em colaboração com João Ferreira Teixeira de Freitas; a influência de Arthur Neiva no seu interesse pela entomologia; o perfil de Arthur Neiva.

Fita 4 - Lado A
Comentários sobre a helmintologia; o perfil de Gomes de Faria; a personalidade de Adolpho Lutz; as publicações em helmintologia; a importância da Coleção Helmintológica do IOC; as regras de nomenclatura na área de zoologia; as contribuições para a formação das coleções científicas; a importância da Coleção Helmintológica; reflexões sobre o empréstimo e a coleta de espécies; a relação entre o grupo da helmintologia no IOC e o grupo da parasitologia da “Escola do professor Samuel Pessoa”, no estado de São Paulo; a sistemática e a filogenia dos helmintos; comentários sobre o intercâmbio entre helmintologistas.

Fita 4 - Lado B
Os pesquisadores estrangeiros da área de helmintologia; a importância das separatas para a divulgação de trabalhos; a importância da revisão bibliográfica; as publicações internacionais na área de zoologia; a fotografia como novo recurso tecnológico trazido de Hamburgo por Lauro Travassos; críticas ao tratamento dispensado à Coleção Helmintológica do IOC.

Fita 5 - Lado A
A importância das separatas para o pesquisador; os temas publicados na área de helmintologia; comentários sobre os helmintólogos do laboratório de Lauro Travassos e a pesquisa em entomologia; o processo de sua transferência para a entomologia; o período em que chefiou a Seção de Entomologia; o primeiro trabalho em entomologia; o perfil de Arthur Neiva; considerações sobre a transferência para a entomologia e sobre sua contratação pelo IOC; o perfil de Costa Lima; a gestão Vinícius da Fonseca; o contexto da criação da Fiocruz; a definição das linhas de pesquisas prioritárias do IOC; considerações sobre Carlos Alberto Seabra e a formação de coleções entomológicas; o perfil de Fábio Leoni Werneck.

Fita 5 - Lado B
O perfil de Fábio Leoni Werneck; a gestão de Sebastião José de Oliveira como curador da Coleção Entomológica; comentários sobre coleções abertas e fechadas; o processo de aquisição da Coleção Zikán pelo IOC; comentários sobre Carlos Alberto Seabra, Fábio Leoni Wemeck e Hugo de Souza Lopes.

Fita 6 - Lado A
O perfil de Fábio Leoni Werneck e sua coleção depositada no IOC; o momento de ingresso no IOC e a possibilidade de escolha das linhas de pesquisa; considerações sobre Miguel Ozório de Almeida, Lauro Travassos e Costa Lima; comentários sobre troca de espécies e correspondência entre pesquisadores; o perfil de Carlos Alberto Seabra; considerações sobre a Coleção Zikán; o perfil de Costa Lima; comentários sobre a revista Chácaras e Quintais; reflexões sobre o contexto de criação da Fiocruz e o universo de pesquisas; a importância de Manguinhos na formação de profissionais; as Memórias do Instituto Oswaldo Cruz; reflexões sobre as seções científicas do IOC; breve comentário sobre o período inicial do IOC.

Fita 6 - Lado B
Considerações sobre o período inicial do IOC; referência ao projeto de Oswaldo Cruz para Manguinhos; considerações sobre as seções científicas do IOC; os trabalhos publicados com Sebastião José de Oliveira, na Revista Brasileira de Biologia; o processo aberto pelo pesquisador José Jurberg relativo às Memórias do Instituto Oswaldo Cruz; reflexões sobre a passagem por Manguinhos e o envolvimento com a instituição; considerações sobre pesquisadores da área de entomologia; críticas à gestão do IOC no período das cassações; breve análise de sua personalidade; o perfil de Francisco de Paula Rocha Lagoa; comentário sobre sua demissão da Divisão de Entomologia; o perfil de Hugo de Souza Lopes; considerações sobre o Laboratório de Helmintologia e seu papel na assessoria aos pesquisadores de outras instituições.

Fita 7 - Lado A
Menção a Hugo de Souza Lopes e a homenagem recebida por este ao nomear uma espécie com o sobrenome Lent; comentários sobre as atividades na FMRJ.

Fita 8 - Lado A
A importância das publicações científicas; a diversidade de suas publicações desde o período da faculdade; menção ao perfil dos irmãos Álvaro e Miguel Ozório de Almeida; o financiamento de Guilherme Guinle, nos anos 1940, para a publicação da Revista Brasileira de Biologia, comentários sobre a participação como editor da Revista Brasileira de Biologia, menção à eleição como membro titular da Academia Brasileira de Ciências, em 1968; o convite de Aristides Pacheco Leão para editar os Anais da Academia Brasileira de Ciências, considerações sobre a repercussão da sua cassação na Revista Brasileira de Biologia, os perfis de Tito Cavalcanti e Sebastião José de Oliveira; considerações sobre a “doação” da Revista Brasileira de Biologia à Academia Brasileira de Ciências, na década de 1970; as revistas existentes na época da fundação da Revista Brasileira de Biologia.

Fita 8 - Lado B
As revistas existentes na época da fundação da Revista Brasileira de Biologia, o artigo denunciando plágio na revista O Campo, o conhecimento das publicações de referência na área de zoologia; o desligamento da supervisão das publicações da Academia Brasileira de Medicina, em 1981; a Revista Brasileira de Biologia, a parceria com José Jurberg para publicar trabalhos em colaboração nas Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, descrição dos atributos de um periódico científico ideal; o trabalho publicado no boletim do American Museum of Natural History, de Nova York; menção à falta de financiamento dos periódicos científicos nos anos 1940; as instituições de fomento à pesquisa; o financiamento para a participação em eventos científicos no exterior, na gestão de Amilcar Vianna Martins no IOC; o perfil de Olympio da Fonseca, reflexões sobre as opções dos funcionários no momento da Lei de Desacumulação de Cargos Públicos, de 1937.

Fita 9 - Lado A
Considerações sobre sua relação com Olympio da Fonseca; os trabalhos de helmintologia publicados no Boletim Biológico, dirigido por Lauro Travassos e César Pinto; importância da Sociedade Brasileira de Entomologia; considerações sobre a Revista de Entomologia e a Revista Brasileira de Entomologia, homenagem recebida pela contribuição à pesquisa científica.

Fita 9 - Lado B
A participação como editor das Atas do Simpósio da Biota Amazônica; o perfil de José Cândido de Carvalho, do Museu Nacional; considerações sobre a Revista de Biologia e a Revista Brasileira de Biologia, menção à área de editoração científica; indicação para integrar o corpo editorial das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, comentários sobre os critérios de publicação de algumas revistas estrangeiras; considerações sobre a utilização de “estrangeirismos” nas publicações científicas; comentários sobre os diversos diretores do IOC; a gestão de Gustavo Capanema no Ministério da Educação e Saúde; recebimento da verba originada da vacina da manqueira.

Fita 10 - Lado A
O ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema; os cientistas Alcides Godoy e Astrogildo Machado, criadores da vacina contra a peste da manqueira; a situação do IOC com a perda da verba da vacina da manqueira; o gosto pela pesquisa e o estágio no IOC; o convite de Lauro Travassos para ser seu assistente na cátedra de zoologia da UDF, em 1935; a gestão de Cardoso Fontes em Manguinhos; a influência da política na gestão dos diretores do IOC; os reflexos da instabilidade política em 1960 e 1970 no IOC; a gestão de Henrique Aragão; breve comentário sobre o “Massacre de Manguinhos”, em 1970; a participação como presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Niterói, atual Associação Médica Fluminense de Niterói; a experiência como assistente de Lauro Travassos na UDF e comentários sobre os professores; o perfil de Anísio Teixeira; a conjuntura da Lei de Desacumulação de Cargos Públicos, em 1937; o perfil de Costa Lima.

Fita 10 - Lado B
A presença de profissionais de outros estados no Curso de Aplicação do IOC; reflexões sobre o Curso de Saúde Pública, na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP); o projeto de Oswaldo Cruz e de Carlos Chagas para o IOC; as instituições de pesquisa do Estado de São Paulo; a trajetória profissional de Henrique de Beaurepaire Aragão; considerações sobre as atividades de um cientista; a gestão de Cardoso Fontes no IOC, entre 1934 e 1942; os recursos extras cedidos ao IOC por instituições de fomento à pesquisa; os remédios fabricados pelo IOC; comentário acerca da sua ocupação na gestão de Henrique de Beaurepaire Aragão, entre 1942 e 1944; reflexões sobre as expectativas dos profissionais que frequentavam o Curso de Aplicação do IOC e o Curso de Saúde Pública da ENSP; as aulas que ministrou no Instituto Gonçalo Muniz, na Bahia.

Fita 11 - Lado A
A insatisfação com o tratamento dado, pelo IOC, à Coleção Geral Entomológica; a gestão de Rocha Lagoa no Ministério da Saúde; a mudança da Coleção Entomológica para o Hospital Evandro Chagas e suas consequências; referência a Orlando Vicente Ferreira; comentários sobre o papel de José Jurberg na preservação da Coleção Entomológica; o momento em que a coleção retomou ao Castelo, na gestão de Sérgio Arouca na Fiocruz (1985-1989); reflexões sobre as novas intenções de transferência da Coleção Entomológica; o perfil de Rocha Lagoa; considerações sobre a atuação de Costa Lima na preservação da Coleção Entomológica; o quantitativo de espécies da Coleção Entomológica; os motivos que o levam, até hoje, a proteger as coleções; comparação entre as coleções particulares e as institucionais; considerações sobre Orlando Vicente Ferreira; a organização da Coleção Entomológica; os empréstimos de espécies da coleção que não foram devolvidos ao IOC; o papel das coleções científicas e a postura de alguns dirigentes com a mesma; menção à coleção de barbeiros.

Fita 11 - Lado B
O ciclo evolutivo do barbeiro; o perfil de Dario Mendes; referência ao período em que as coleções eram utilizadas para fins didáticos; a importância da Coleção Entomológica do IOC; comparação entre as coleções do Museu Nacional e as do IOC; explicação sobre os elementos que constituem uma coleção; a preferência em Manguinhos por alguns grupos de espécies; a importância da coleção do pesquisador Costa Lima; reflexões sobre coleções abertas e fechadas; considerações sobre Costa Lima e a diversidade dos temas por ele pesquisados; as espécies estudadas por Costa Lima que estão na Coleção Entomológica; o recebimento do prêmio Costa Lima, da Academia Brasileira de Ciências; o intercâmbio de espécies para identificação; considerações sobre as regras internacionais na Nomenclatura Zoológica; o perfil de Antônio Pugas; considerações sobre o intercâmbio de espécies.

Attílio Borriello

Entrevista realizada por Nara Brito e Rose Ingrid Goldschmidt, na Fiocruz, nos dias 13 e 27 de junho de 1986.
Sumário
Fitas 1 e 2
A família de imigrantes italianos e a infância em São Luiz de Paraetinga; a ligação com a família de Oswaldo Cruz; a mudança dos irmãos Borriello para o Rio de Janeiro e o ingresso em Manguinhos; o trabalho na tipografia do IOC em 1921; o trabalho no laboratório de protozoologia em 1924; a moradia dos funcionários de Manguinhos; os riscos do trabalho em laboratório no início do século; perfil de Henrique Aragão; os surtos de febre amarela em 1926 e 1928; a incorporação da Fundação Rockefeller ao IOC; a doação de amostras de culturas de leptospira feita por Noguchi ao IOC; o ingresso de Francisco Gomes ao IOC; comentários sobre os colegas e o cotidiano no laboratório; a localização do laboratório de Adolpho Lutz; o trabalho no laboratório do diretor Carlos Chagas em 1931; o perfil administrativo de Carlos Chagas; o Curso de Aplicação do IOC e os alunos Walter Oswaldo Cruz e Emanuel Dias; a contribuição dos auxiliaras na formação de jovens cientistas; o orçamento do IOC e a verba proveniente da vacina contra a manqueira; a influência política de Carlos Chagas; a incidência de tuberculose no Rio de Janeiro no início do século; observações sobre a Revolução de 1930 e a de São Paulo em 1932; o contato com o prefeito Pedro Ernesto e a adesão ao getulismo; o Boletim Revolucionário feito no IOC em 1932; o apoio dos funcionários de Manguinhos ao prefeito do Distrito Federal, Henrique Dodsworth; os benefícios obtidos com a criação das leis trabalhistas; a hierarquia de funções no IOC; a participação dos auxiliares nas pesquisas dos cientistas; as dificuldades financeiras no IOC; a implantação do ponto freqüência com a criação do Departamento de Administração do Serviço Público (DASP) em 1938; a contratação de mulheres na administração de Olympio da Fonseca.

Fitas 3 a 5
A influência dos cientistas na formação profissional dos auxiliares; a contratação de Walter Oswaldo Cruz e de Emanuel Dias para trabalhar no laboratório de Carlos Chagas; as diferentes áreas de pesquisa do IOC; comentários sobre o Curso de Aplicação do IOC; o namoro e o casamento com Ana da Cunha; as famílias de técnicos e auxiliares do IOC; os empregos em laboratórios particulares; comentários sobre a disparidade entre os salários de auxiliares e cientistas; o ingresso do filho no IOC; a amizade com Rocha Lagoa; o almoço dos auxiliares veteranos com Carlos Chagas Filho; a volta para a seção de protozoologia durante a administração Cardoso Fontes; observações sobre as administrações Carlos Chagas, Cardoso Fontes e Olympio da Fonseca; a insatisfação entre alguns pesquisadores provocada pela nomeação de Carlos Chagas para a direção do IOC; a gestão Cardoso Fontes e a vendetta contra Chagas; a ausência de projetos científicos significativos durante a administração de Cardoso Fontes e a decadência do IOC; descrição da ocupação física do prédio do castelo mourisco e do campus de Manguinhos; perfil de José Guilherme Lacorte.

José Cunha

Entrevista realizada por Nara de Azevedo Brito e Wanda Hamilton, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 26 de março e 02 de abril de 1987.
Sumário
Fitas 1 e 2
Origem familiar; o perfil do pai; a formação técnica autodidata no início do século; o emprego do irmão como guarda sanitário; impressões sobre o Rio de Janeiro de sua juventude; a epidemia de gripe espanhola em 1918; a família materna; a formação escolar; a morte do pai e a necessidade prematura de trabalhar; o emprego como encadernador; a evolução nas concepções de educação e saúde ao longo do século; o trabalho do auxiliar de laboratório; o curso de admissão; o ingresso no IOC em 1924; o trabalho no laboratório de bacteriologia de Genésio Pacheco; o interesse dos técnicos pela aprendizagem do serviço de laboratório; o trabalho na seção de protozoologia com Júlio Muniz; o relacionamento entre os técnicos de Manguinhos; o conflito entre auxiliares e cientistas; a contribuição de cientistas e auxiliares na sua formação; os conflitos entre os cientistas do IOC; as pesquisas do IOC na área de protozoologia; as diferenças entre os cargos de chefe de serviço e de laboratório; a viagem ao Pará com Evandro Chagas; as primeiras mulheres funcionárias do IOC e o perfil de Bertha Lutz; o aumento salarial concedido por Carlos Chagas; comparação entre os técnicos da Fundação Rockefeller e os do IOC; comentários sobre a gestão Henrique Aragão; o trabalho nos laboratórios privados dos cientistas de Manguinhos; a equipe de Evandro Chagas no IPEN; as diferenças salariais entre auxiliares e cientistas; as pesquisas de Júlio Muniz em diagnóstico da doença de Chagas; a decadência do IOC na década de 40; a gestão Carlos Chagas; o perfil científico de Carlos Chagas e as oposições à descoberta da doença de Chagas.

Fitas 3 a 5
A excursão a Angra dos Reis com Lauro Travassos; a tradição familiar dos técnicos de Manguinhos; o trabalho do fotógrafo J. Pinto no IOC; comentários sobre os arredores de Manguinhos; o salário dos auxiliares e a falta de mobilização política no IOC; a produção de vacinas no Instituto; o significado social do trabalho de Manguinhos; histórias pitorescas sobre os cientistas; comentários sobre a posição do auxiliar de laboratório na publicação de trabalhos científicos; a versatilidade dos técnicos do IOC; comparação entre os auxiliares do IOC e de outras instituições; a formação atual do técnico; o trabalho na Faculdade de Medicina de Nova Iguaçu; a incorporação da Fundação Rockefeller ao IOC em 1950; os conflitos internos em Manguinhos; a reforma administrativa de 1942; a sucessão de Carlos Chagas na direção do IOC e o perfil de Cardoso Fontes; a rigidez hierárquica entre auxiliares e cientistas; a regulamentação do cartão de ponto durante a gestão Henrique Aragão; a gestão Olympio da Fonseca e a contratação de pessoal; a divisão do IOC em grupos antagônicos; a gestão Francisco Laranja; os grupos de oposição e apoio às gestões Amilcar Vianna Martins e Joaquim Travassos; o perfil científico de Rocha Lagoa e sua gestão; o Curso de Aplicação do IOC; a cassação dos cientistas de Manguinhos; o esvaziamento dos laboratórios na década de 1970; perfil de Walter Oswaldo Cruz e o fechamento da seção de hematologia; a transferência para o laboratório de Bernardo Galvão e a perda das culturas de Júlio Muniz; o trabalho na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com preparação de antígenos; a aposentadoria em 1980; a diferença salarial entre o funcionário estatutário e o celetista; a atividade como professor de prática de laboratório na Faculdade de Medicina de Nova Iguaçu; a decadência do IOC e a renovação após a transformação em fundação; a relação dos antigos funcionários com Manguinhos; a premiação pelos 56 anos de serviços prestados à FIOCRUZ; as facilidades do trabalho técnico provenientes do avanço tecnológico; as semelhanças entre os técnicos antigos e os atuais.

Maria da Luz Fernandes Leal

Entrevista realizada por Claudia Trindade, Carlos Fidelis Ponte e Wanda Hamilton, em Bio-Manguinhos/Fiocruz (RJ), nos dias 11 e 28 de julho de 2005.
Sumário
Fita 1 - Lado A
A vinda de sua mãe para o Brasil e a sua infância em Portugal; o reencontro com sua mãe e a vinda para o Brasil; as escolas nas quais estudou no Brasil; o choque cultural sofrido quando chegou a São Paulo; a escolha do curso de Farmácia; o ingresso na Universidade Federal do Rio de Janeiro; o curso de Farmácia.

Fita 1 - Lado B
Sobre o mercado de trabalho para Farmácia, no final da década de 1970 e início dos anos 1980; o interesse em fazer pesquisa acadêmica; as atividades desenvolvidas no estágio do Hospital Getúlio Vargas; seu primeiro trabalho ligado à poliomielite; o término da faculdade e a aprovação no mestrado; o ingresso em Bio-Manguinhos para trabalhar no projeto de transferência de tecnologia da vacina contra polio; a ida para o Japão, para trabalhar no controle de qualidade da vacina oral contra a poliomielite; o processo de transferência de tecnologia da vacina contra a poliomielite.

Fita 2 - Lado A
O contrato com a Fiocruz; o trabalho com Akira Homma; panorama do processo de transferência de tecnologia da polio; o início da produção de vacina contra polio por Bio-Manguinhos; as transferências de tecnologia de sarampo e polio no contexto do PASNI (Programa de Nacional de Auto-suficiência em Imunobiológicos).

Fita 2 - Lado B
O surgimento do tipo 3 da poliomielite e a estratégia definida por Bio-Manguinhos para combater a doença; sobre a atual discussão referente à erradicação da poliomielite; do montante produzido por Bio-Manguinhos para atender as campanhas de vacinação contra polio.

Fita 3 - Lado A
Sobre a transferência de tecnologia da vacina contra o sarampo, por Bio-Manguinhos; do interesse de Bio-Manguinhos em fazer transferência de tecnologia da polio e de sarampo; a equipe que foi para o Japão, realizar o processo de transferência da tecnologia; sobre o trabalho do pesquisador Renato Marchevsky; o crescimento de Bio-Manguinhos a partir da vinda das vacinas de polio, sarampo e Hib, e da implantação do PASNI; a importância do PASNI; sobre as negociações para implantação da planta industrial em Bio-Manguinhos.

Fita 3 - Lado B
A inauguração do Centro de Processamento Final, em 1998; a crise pela qual passou Bio-Manguinhos nos anos 1990; a inserção de Bio-Manguinhos na Fiocruz; a recuperação de Bio-Manguinhos; as atividades do Conselho Superior de Administração; a introdução da Hib à pauta de produção; a gestão de Marcos Oliveira em Bio-Manguinhos.

Fita 4 - Lado A
A gestão de Marcos Oliveira; sobre a escolha de Oliveira para diretor da instituição; a interinidade na direção de Bio-Manguinhos, enquanto Marcos Oliveira não assumia o cargo; considerações acerca da importância das questões de gestão, inovação e do controle de qualidade; os eventos adversos ocorridos com a vacina da febre amarela; os cursos de “Boas Práticas de Laboratório” e “Boas Práticas de Fabricação” em Bio-Manguinhos; a administração João Quental; a instalação da Garantia de Qualidade em Bio-Manguinhos; a preocupação com a profissionalização da gestão em Bio-Manguinhos, a partir de 1996; as mudanças implementadas por Marcos Oliveira; a criação da vice-direção de gestão; sobre as propostas de introdução de novos produtos, aceleração do desenvolvimento tecnológico e sustentabilidade, atualmente colocadas em prática pelo diretor Akira Homma

Fita 4 - Lado B
A criação da vice-diretoria de desenvolvimento e dos programas de desenvolvimento de vacinas bacterianas, de vacinas virais e de biofármacos; considerações acerca de questões salariais; da dificuldade de se manter um quadro de funcionários estável em alguns setores de Bio-Manguinhos, devido à concorrência de outras empresas.

5ª Entrevista
O modelo de articulação entre as empresas e a universidade, realizado por países desenvolvidos; as inovações na área de produção de vacinas; o trabalho desenvolvido pelo DEDET – Departamento de Desenvolvimento Tecnológico; considerações sobre os investimentos brasileiros em capacitação de pessoal e desenvolvimento tecnológico; a importância do PDTIS; sobre as discussões estabelecidas no seminário Inovacina; o orçamento de Bio-Manguinhos para desenvolvimento tecnológico; sobre a mudança na forma de gerencia do DEDET; da reorganização dos projetos desenvolvidos em Bio-Manguinhos, a partir da definição de prioridades; da prioridade dada por Bio-Manguinhos à vacina contra Meningite B e a vacina contra Haemophilus influenzae; a transferência de tecnologia da vacina Hib; o impacto que a produção da Hib terá sobre Bio-Manguinhos; sobre a diminuição da apresentação de doses nas vacinas de sarampo, febre amarela e Hib; sobre a entrada da MMR em Bio-Manguinhos; a complexidade de um processo de transferência de tecnologia; o consenso em torno dos objetivos da instituição; suas expectativas em relação à transferência de tecnologia e introdução de biofármacos em Bio-Manguinhos; considerações sobre a articulação entre Bio-Manguinhos e o CDTS; sobre o mestrado profissional de Bio-Manguinhos; a escolha para chefiar a vice-direção de produção; as expectativas para o seu mandato como vice-diretora de produção.

Carlos Chagas Filho

Entrevista realizada por Nara de Azevedo Brito, Paulo Gadelha, Luiz Fernando Ferreira e Rose Ingrid Goldschmidt, no Instituto de Biofísica (UFRJ), entre os dias 18 de fevereiro de 1987 e 30 de setembro de 1988.
Sumário
Fita 1 a Fita 3

O ingresso na faculdade de medicina; o encontro com Walter Oswaldo Cruz e Emanuel Dias no curso médico; a personalidade e inteligência de Walter Oswaldo Cruz; a penetração da literatura francesa no Brasil no início do século; A reforma de ensino Rocha Vaz e as repercussões no curso de medicina; o ingresso em Manguinhos com Walter Oswaldo Cruz e Emanuel Dias; a experiência como adjunto de serviço de autópsia de Magarino Torres no Hospital São Francisco; o método e a dedicação do pai à atividade docente; a boemia nos tempos da juventude com os amigos Walter Oswaldo Cruz e Emanuel Dias; o interesse de Walter Oswaldo Cruz pelo estudo de anemia; a opção pela universidade em detrimento de Manguinhos; a iniciativa da Fundação Ford em estabelecer cursos de pós-graduação no Brasil a partir de 1964; o perfil progressista de Walter Oswaldo Cruz; visão crítica sobre Rocha Lagoa; as gestões Francisco Laranja e Antonio Augusto Xavier no IOC; a decadência de Manguinhos; os conflitos internos gerados com a nomeação de Rocha Lagoa para a direção do IOC; o convite do presidente Castelo Branco para representar o Brasil na UNESCO; a reprovação de Rocha Lagoa no concurso promovido pelo Departamento de Administração do Serviço Público (DASP) para biologista de Manguinhos; a presença de militares no IOC durante a gestão de Rocha Lagoa; o último encontro com Walter Oswaldo Cruz em 1965 e o choque causado por sua morte em 1967; a atual superioridade científica de São Paulo sobre o Rio de Janeiro; o perfil profissional dos filhos de Oswaldo Cruz.

Fita 4 a Fita 5

A infância na rua Paissandú (RJ); os banhos de mar com o pai na Praia do Flamengo (RJ); a admiração de Carlos Chagas por Oswaldo Cruz e o choque provocado por sua morte; a divisão política do IOC depois da morte de Oswaldo Cruz e a luta pela direção de Manguinhos; as dificuldades financeiras do IOC com o fim da verba da vacina contra a manqueira; o esvaziamento do IOC após a criação das universidades e centros de pesquisa a partir da década de 30; comentários sobre as causas da morte de Oswaldo Cruz; a crença positivista da família e o forte sentimento religioso; a educação voltada para as diversas manifestações culturais e artísticas; a influência estrangeira no desenvolvimento científico brasileiro; as leituras preferidas do pai; o questionamento da Academia Nacional de Medicina a respeito da descoberta da doença de Chagas; o desprestígio da carreira universitária no início do século; a fundação de um centro de pesquisa em universidade brasileira; o caráter centralizador da gestão de Carlos Chagas no IOC.

Fita 6 a Fita 7

Os primeiros contatos com Manguinhos e com Joaquim Venâncio; a personalidade de Adolpho Lutz; a amizade com Francisco Gomes no laboratório de Astrogildo Machado; a experiência profissional adquirida no contato com Osvino Pena, Magarino Torres e Burle Figueiredo no Hospital São Francisco de Assis; a vida boêmia de alguns cientistas do IOC; o perfil profissional de Carneiro Felipe; a relação paternalista dos cientistas do IOC com seus estagiários; a personalidade autoritária de Álvaro Osório de Almeida; a forte influência científico-cultural francesa nos fundadores de Manguinhos; comparações entre as questões sociais do início do século e as atuais; o crescimento das favelas do Rio de Janeiro após o Estado Novo; ausência de discriminação racial em Manguinhos; a participação na Aliança Liberal em 1930; o equívoco das políticas de saúde de Getúlio Vargas; resistência do pai à incorporação do IOC pelo Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP); o perfil político de Belisário Pena e sua relação com Carlos Chagas; ausência de grupos de esquerda organizados antes da década de 30; o mecenato de Guilherme Guinle e o financiamento ao SEGE dirigido por Evandro Chagas; o perfil profissional de Felipe Neri Guimarães e a coesão do grupo de cientistas do SEGE; a desvalorização da ciência por parte das autoridades brasileiras; inexistência de um período de decadência na história de Manguinhos; comentários sobre a baixa qualidade da penicilina produzida por Manguinhos na década de 40; a dificuldade da gestão Aragão em visualizar o futuro desenvolvimento do IOC.

Fita 8 a Fita 9

Perfil do professor Pacheco Leão; a experiência profissional na expedição à Lassance e o contato com lepra e malária no interior do país; as condições de vida do povo brasileiro; as qualidades e carências do Curso de aplicação do IOC; a convivência com o arquiteto Luiz de Morais, com o bibliotecário Overmeer e o fotógrafo J. Pinto; as diversas fontes de financiamento do laboratório de biofísica; o nascimento da microscopia eletrônica brasileira; a formação de profissionais competentes no Instituto de Biofísica; os motivos da opção pela universidade em detrimento do IOC; a dificuldade na escolha da banca examinadora do concurso na Universidade do Brasil; o pedido para sua permanência em Manguinhos feito por Evandro Chagas; o desgosto de Evandro Chagas ao ser reprovado no concurso para a cátedra de doenças tropicais da Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil; a nomeação para chefia do SEGE em 1942 após a morte de Evandro Chagas; as diversas origens das verbas do IOC e o incentivo à pesquisa brasileira com a criação do CNPq; o auxílio da fundação Rockefeller para o desenvolvimento da pesquisa em radioisotopia no Instituto de Biofísica; a personalidade de Miguel Osório de Almeida; a prisão de Carlos Chagas na Revolução de 1930; Pedro Ernesto e a tentativa de democratizar o governo Vargas; defesa da formação interdisciplinar do médico e do sanitarista brasileiro.

Fita 10 e Fita 11

A luta pelo progresso da ciência brasileira; a elevação do custo de vida e as dificuldades financeiras durante o Estado Novo; o contato com grandes cientistas europeus na década de 40; a formação inicial do quadro de profissionais do Instituto de Biofísica; as dificuldades do desenvolvimento científico na sociedade brasileira; a tentativa de Barros Barreto de transformar o IOC em uma instituição de saúde pública; a prática de interdisciplina no Instituto de Biofísica; o incentivo do CNPq ao desenvolvimento científico; perfil do Almirante Álvaro Alberto; o desenvolvimento da física brasileira; defesa da autonomia de pesquisa nas universidades; os riscos provenientes da privatização das instituições de pesquisa; considerações sobre a importância da tecnologia no desenvolvimento científico do Terceiro Mundo.

Fita 12 a Fita 14

Os principais problemas do Terceiro Mundo; o caráter colonial do desenvolvimento científico brasileiro; a necessidade de harmonia cultural para o desenvolvimento econômico e social de um país; a valorização da ciência e tecnologia após a Segunda Guerra Mundial; crítica ao comportamento das elites brasileiras; comparação entre o ensino médico do início do século e da década de 60; os obstáculos à pesquisa criados pela Reforma Universitária de 1964; defesa do ensino religioso nas universidades brasileiras.

Fita 15 a Fita 16

A inconveniente privatização da biotecnologia; ausência de políticos voltados para a defesa do desenvolvimento da ciência e tecnologia nacional; a necessidade de diferenciação entre prática médica e atividade científica; histórico da criação do CNPq e o trabalho desenvolvido na Divisão de Ciência e Biologia; o preconceito do CNPq em relação às ciências sociais; comentários sobre a soma de recursos do CNPq investidas em Manguinhos; o aproveitamento de cientistas europeus exilados durante a Segunda Guerra Mundial por instituições de pesquisa de São Paulo; definição de vocação científica e a diferenciação entre cientistas e “empregados da ciência”; comentários sobre a obrigatoriedade de publicação regular de artigos científicos; as disputas internas no CNPq durante o governo Café Filho e a demissão do Almirante Álvaro Alberto; o controle da ciência e da tecnologia pelos militares a partir de 1964.

Fita 17 a Fita 18 - Lado A

O contato com o Instituto Pasteur e com Emile Marchou em 1937; a equiparação tecnológica do IOC com o Instituto Pasteur na década de 30; comentário sobre a atuação de pesquisadores do Instituto Pasteur na Resistência Francesa durante a Segunda Guerra Mundial; perfil de Eráclides de Souza Araújo; Olympio da Fonseca e a tentativa de criar a área de microscopia eletrônica no IOC; o perfil acadêmico das universidades francesas.

Fita 18 - lado B a Fita 19

O trabalho da Academia Brasileira de Ciências na década de 60; as reuniões científicas com Álvaro Alberto e Arthur Moses; a questão da propriedade das patentes de vacina no IOC na década de 30; a supremacia do grupo biomédico na Academia Brasileira de Ciências a partir da década de 40; a valorização da saúde pelas autoridades públicas após a Reforma Carlos Chagas em 1921; a importância das academias científicas no desenvolvimento social e econômico dos países europeus; o trabalho desenvolvido como delegado do Brasil na UNESCO; o trabalho pela paz mundial; a importância de sua atuação como secretário geral da Conferência das Nações Unidas para a Aplicação da Ciência e Tecnologia ao Desenvolvimento realizada em 1962; a nomeação para presidente da Academia Pontifícia de Ciências.

Fita 20 a Fita 21

Perfil da bibliotecária Emília de Bustamante; o distanciamento entre os avanços da ciência nos países desenvolvidos e nos subdesenvolvidos; a necessária priorização da educação pelos futuros governantes brasileiros; o caráter predatório das elites brasileiras; a luta empreendida pela Academia Pontifícia de Ciências contra a guerra nuclear e a destruição da camada de ozônio da atmosfera; a defesa pela Igreja do sistema Ptolomáico ameaçado por Copérnico; as dificuldades financeiras enfrentadas pelo Vaticano; comentários sobre a fé católica brasileira; a singular combinação entre ciência e religião e sua concepção de religiosidade; defesa da origem divina do universo; a forte religiosidade dos cientistas judeus; os méritos e defeitos da “Tecnologia da Libertação”; visão sobre o papel da ciência no desenvolvimento humano.

Manuel Isnard Teixeira

Entrevista realizada por Carlos Roberto Oliveira, Flávio Edler e Rose Ingrid Goldschmidt, na Santa Casa de Misericórdia (RJ), entre os dias 16 de junho e 04 de novembro de 1987.
Sumário
Fitas 1 a 3
A infância no interior do Ceará; o coronelismo e a disputa pelo poder em Itapipoca; o antigo costume da alfabetização doméstica; a formação escolar em Fortaleza; a paixão pelo futebol; o curso preparatório; o apoio familiar na escolha profissional; a participação em movimentos políticos na faculdade; a organização do 1º Congresso Leigo Acadêmico do Brasil realizado na Bahia em 1933; a formação político-ideológica; a participação no movimento Ala Médica Reivindicadora organizado em 1934; impressões sobre a Revolução de 1930; a atuação na Juventude Comunista da Bahia; a penetração da ideologia comunista na classe operária baiana; a participação do PCB na Revolução de 1930 e o posicionamento teórico de seus dirigentes; observações sobre a prisão de Luís Carlos Prestes em 1936 e a posterior perseguição aos comunistas; a passagem pela Aliança Nacional Libertadora (ANL) em 1935; as influências francesa e inglesa no curso médico; referência à reforma de Rocha Vaz; avaliação das reformas curriculares do curso de medicina; o perfil acadêmico da Faculdade de Medicina da Bahia; a influência do jornal Gazeta de Notícias em sua saída da prisão; a indicação para o cargo de chefe de laboratório de Inspetoria de Defesa Sanitária Animal de Fortaleza em 1936; impressões sobre a Constituinte de 1934; a experiência como preso político e a candidatura a deputado federal pela União Sindical da Bahia; defesa da medicina previdenciária.

Fitas 4 e 5
O ingresso no Curso de Aplicação do IOC; impressões sobre o curso de medicina tropical ministrado por Carlos Chagas; a fragilidade dos movimentos sociais na década de 30; a participação no Socorro Vermelho antes do ingresso no PCB; o aperfeiçoamento em bacteriologia no IOC; a pesquisa em leishmaniose realizada na Fundação Gonçalo Moniz; o desenvolvimento da medicina legal na Bahia; a baixa frequência feminina no curso médico nas décadas de 1930 e 1940; o difícil acesso a Manguinhos; comentários sobre a rotina de trabalho de um estagiário no IOC.

Fitas 6 a 8
O ingresso no IOC; a projeção internacional do IOC na primeira metade do século XX; a perda de autonomia científica do IOC com a reforma administrativa do ministro Gustavo Capanema; as diferenças pessoais e ideológicas entre Carlos Chagas e Cardoso Fontes; o perfil de alguns cientistas mineiros do IOC; a administração Carlos Chagas e sua relação com a comunidade científica de Manguinhos; o acelerado ritmo de trabalho dos cientistas do IOC até os anos 1950; o processo de especialização do trabalho técnico nos laboratórios do IOC; as dificuldades financeiras do IOC com o fim da verba da vacina contra a manqueira na década de 1930; a alienação da ciência pura e o processo de aristocratização da ciência no IOC; a influência americana nas medidas sanitárias implantadas por João Barros Barreto; os interesses econômicos da Fundação Rockefeller no Brasil; a reprovação no concurso promovido pelo Departamento de Administração do Serviço Público (DASP) por motivos políticos; a experiência como aluno do Curso de Aplicação do IOC e o aproveitamento dos alunos desse curso por organismos públicos e privados; o perfil profissional de Genésio Pacheco; o trabalho do DNSP nos anos 1940; a importância de Barros Barreto na formação dos profissionais da área de saúde pública; o perfil político e profissional de Mário Magalhães.

Fitas 9 a 11
O perfil profissional de Evandro Chagas e o desenvolvimento do Serviço de Estudos de Grandes Endemias (SEGE) com o apoio financeiro de empresas privadas; o vandalismo cultural do poder público denunciado pela destruição de prédios públicos; a desistência do exercício da medicina liberal; a expulsão de Carlos Lacerda da Juventude Comunista; a participação na Comissão Jurídica e Popular responsável pela apuração de crimes políticos; o alto índice de tuberculose no Brasil desde o início do século XX; a relação entre a Ordem dos Médicos e o Sindicato dos Médicos; a receptividade às ideias fascistas no meio intelectual e em Manguinhos; a alienação política dos cientistas do IOC; a separação entre ciência pura e ciência aplicada e o consequente declínio de Manguinhos; o fracasso acadêmico da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP); o encontro com a futura esposa em Manguinhos e seu perfil profissional; avaliação da experiência na School of Higiene of Johns Hopkins University como bolsista do Institute of American Affairs; a participação no manifesto pela legalização do PCB em 1945; o convite para dirigir o Instituto Evandro Chagas em Belém; o ingresso no Instituto de Nutrição e a nomeação para assistente de microbiologia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1944; o trabalho em saúde pública no Nordeste; o trabalho no laboratório Eduardo Bezerra S.A.; a bolsa de estudos para os Estados Unidos; a arcaica tecnologia na preparação da vacina contra a febre aftosa; a supremacia de São Paulo no desenvolvimento da saúde pública brasileira; o contato com Amilcar Vianna Martins e Otávio Magalhães no Instituto Biológico de São Paulo; a nomeação para chefe de laboratório do Serviço Nacional de Tuberculose em 1961; comentários sobre o modelo de pesquisa do Instituto Biológico em São Paulo e do Instituto Ezequiel Dias em Minas Gerais; a influência científico-tecnológica europeia e norte-americana sobre o IOC.

Fitas 12 a 14
A rotina de trabalho na Inspetoria Sanitária de Defesa Animal de Fortaleza; o contato com Raimundo Arraes em Crato (CE) em 1932; observações sobre o clima de guerra fomentado pelo interventor do Ceará durante o Estado Novo; a identificação política do ministro Gustavo Capanema sobre questões sanitárias; perfil de Gustavo Capanema e o brilho intelectual de seus assessores; a diferença entre as atuações de Gustavo Capanema e Barros Barreto; observações sobre a conjuntura política brasileira no pós-64; a convivência com o imperialismo nos anos 1940; Barros Barreto e o projeto de formação de enfermeiras especialistas em saúde pública; o interrogatório sofrido no Departamento de Imigração em sua viagem aos Estados Unidos.

Fita 15
O perfil político do PC americano; o papel desempenhado pelo Institute of Interamerican Affairs durante a Segunda Guerra Mundial; a experiência adquirida na visita a diferentes laboratórios e cursos nos Estados Unidos; a utilização inicial da penicilina no combate ao pneumococo; observações sobre a divisão técnica do trabalho nos laboratórios norte-americanos na década de 1940; o perfil profissional dos professores Adauto Botelho e Jorge Bandeira e Mello.

Fitas 16 e 17
O trabalho no instituto Evandro Chagas nos anos 1940; o programa de combate à malária desenvolvido pelo Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) no Norte do Brasil e a utilização do DDT no combate aos focos da malária no fim da década de 1940; o caráter imperialista do SESP no Brasil; o perfil profissional dos funcionários do SESP; o interesse americano pela borracha brasileira durante a Segunda Guerra Mundial; a descontinuidade entre o trabalho sanitário desenvolvido pelo IOC no início do século e o programa do SESP nos anos 1940; o trabalho no Instituto Nacional de Nutrição com Josué de Castro.

Fitas 18 e 19
O perfil profissional de Marcolino Gomes Candau e Ernani Braga; os acordos políticos na obtenção de recursos para o desenvolvimento de programas de saúde pública; o oportunismo político do SESP; críticas às reformas empreendidas por Miguel Couto Filho nos cargos de direção da área de saúde; a atuação de Roberval Cordeiro de Farias na Secretaria Nacional de Fiscalização da Medicina; a candidatura a deputado federal na Assembléia Constituinte de 1946 e a atuação da corporação médica na defesa dos interesses da saúde; o discurso de Alcedo Coutinho na Assembléia Constituinte sobre a organização da saúde pública; a alienação política das associações médicas brasileiras; o estoicismo dos comunistas brasileiros; a grande aceitação popular do movimento comunista brasileiro após a Segunda Guerra Mundial; o trabalho como professor assistente da cadeira de microbiologia da Faculdade Nacional de Medicina.

Fitas 20 e 21
A atuação na campanha de helmintoses dirigida pela Divisão de Organização Sanitária de 1947 a 1954; o levantamento epidemiológico de helmintoses nas escolas nordestinas; o impacto do desenvolvimento da indústria farmacêutica sobre a saúde pública na década de 1940; a formação de quadros na área de saúde pública como obstáculo à burocratização dos serviços; a defesa da medicina liberal pelos médicos conservadores; a criação da AMDF, em 1950, com a participação de comunistas e previdenciários.

Fitas 22 e 23
A constituição dos institutos de aposentadoria e pensões nos anos 1930; Castelo Branco e a unificação da assistência médico-previdenciária com a criação do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS); o perfil profissional de Erlindo Salsano na direção do DNSP; a importância social do Serviço Nacional de Lepra; a falta de especialização do corpo profissional da Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM); a experiência como chefe de laboratório do Serviço Nacional de Tuberculose; o perfil profissional de Bichat de Almeida Rodrigues; a tese do professor José Oliveira Coutinho sobre a semelhança entre malária e esquistossomose; o trabalho de Mário Pinotti no Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERu); os gastos do Serviço Nacional de Tuberculose; a renúncia de Jânio Quadros.

Fitas 24 e 25
Os vínculos com a OMS e as viagens ao Canadá, Estados Unidos e México para estudar a técnica de produção de vacina BCG; o contato com a China maoísta como representante da OMS; a importância da medicina popular para o desenvolvimento das instituições médicas da China comunista; o posicionamento do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) quanto às políticas de saúde pública; o perfil profissional de Carlos Gentile de Mello; o golpe militar de 1964; o aparecimento do Movimento Médico Renovador em 1968; a impossibilidade ideológica e prática de trabalhar em Manguinhos; a constante alienação política do pesquisadores do IOC em função da total dedicação ao trabalho; a influência norte-americana na ENSP; o inquérito administrativo do Ministério da Saúde em 1964; a aposentadoria compulsória por motivos políticos; avaliação de sua trajetória de vida; perspectivas em relação ao futuro do país.

Mariza Lima

Entrevista realizada por Claudia Trindade e Wanda Hamilton, em Bio-Manguinhos/Fiocruz (RJ), no dia 15 de agosto de 2005.
Sumário
Origem familiar; escolaridade; sobre a opção pela biologia; o curso de biologia na Universidade Gama Filho; o trabalho como estagiária no Hospital Geral de Bonsucesso; o estágio no Hospital Pedro Ernesto, da UERJ; das pesquisas realizadas pelos grupos do Hospital Pedro Ernesto; a entrada na Fiocruz para trabalhar no projeto de transferência de vacina contra o sarampo; o trabalho que realizou em sarampo nos primeiros anos em Bio-Manguinhos; sobre ter sido chefe do infectório; a participação no laboratório chefiado pelo pesquisador José Roberto Chaves, visando fazer vacina anti-rábica em célula de embrião de galinha; a chefia do laboratório de sarampo; considerações sobre a perda de lotes de vacina contra o sarampo, nos anos 1990, e a estratégia utilizada para combater a crise daí decorrente; a implantação de BPF e dos POPs em Bio-Manguinhos; da reforma nos laboratórios e a troca dos equipamentos, visando a melhora da qualidade dos produtos de Bio-Manguinhos; comparação entre as gestões de Akira Homma e Otávio Oliva; do incentivo dado por Oliva à área de pesquisa e desenvolvimento; a implantação da Garantia de Qualidade, por João Quental; o impacto da crise de Bio-Manguinhos nos anos 1990 sobre os funcionários; considerações sobre a falta de unidade verificada em Bio-Manguinhos durante a crise; a importância da gestão Marcos Oliveira para a reestruturação de Bio-Manguinhos; sobre a queda da procura por vacinas de sarampo, depois do surgimento da vacina tríplice; sobre o intercambio e a reciclagem das equipes da produção; da coesão verificada entre a equipe do sarampo; os passos da produção de vacina contra o sarampo; a construção da planta industrial; o processo de transferência de tecnologia da vacina tríplice viral (TVV); o convite para que assumir a Gerência de Produção de Vacinas Virais; o prêmio por ter colocado a máquina de DTP em funcionamento; de suas expectativas enquanto gerente de vacinas virais; o mestrado profissional realizado em Bio-Manguinhos; sobre a necessidade de Bio-Manguinhos continuar a produção de pólio; sobre as estratégias utilizadas para aumentar a fabricação da vacina contra febre amarela; explicação sobre o PROQUAL; o perfil dos integrantes do departamento de produção de vacinas virais.

Nádia Maria Batoréu

Entrevista realizada por Carlos Fidelis Ponte, Claudia Trindade e Wanda Hamilton, em Bio-Manguinhos/Fiocruz (RJ), entre os dias 15 de junho e 08 de julho de 2005.
Sumário
Fita 1 - Lado A
Origem familiar; escolaridade; primeiras experiências de trabalho; a escolha da carreira profissional.

Fita 1 - Lado B
O ingresso na Fiocruz em 1981; a estratégia utilizada para conciliar a vida profissional e o exercício da maternidade; a entrada em Bio-Manguinhos, em 1982; o trabalho com anticorpos monoclonais; a montagem do Laboratório de Anticorpos Monoclonais (Latam); considerações sobre Bio-Manguinhos quando de seu ingresso na instituição.

Fita 2 - Lado A
Os projetos realizados pelo Latam; a chefia do Latam; os primeiros trabalhos com HIV, realizados por Bio-Manguinhos; as atividades atualmente desenvolvidas por Bio-Manguinhos para atender os programas de Aids; o crescimento do Latam e sua equipe.

Fita 2 - Lado B
A entrada da Fiocruz no campo dos biofármacos; a especialização em Biologia Médica na UFRJ; o mestrado no IOC; o projeto de desenvolvimento da vacina contra a meningite B; as pesquisas realizadas para sua dissertação.

Fita 3 - Lado A
Os testes clínicos da vacina contra meningite B; a bolsa na Universidad de Biologia Molecular de La Plata, na Argentina; a necessidade de conciliar o mestrado com suas atividades profissionais e domésticas.

Fita 3 - Lado B
O apoio do marido; considerações acerca das diferenças entre a pesquisa acadêmica e de desenvolvimento tecnológico; sobre a implantação de normas de BPL (Boas Práticas de Laboratório).

Fita 4 - Lado A
Criação do Setor de Hibridomas em 1983; produção e importância dos anticorpos monoclonais; humanização de anticorpos monoclonais e os biofármacos; papel de Otávio Oliva na criação do Setor de Hibridomas; a montagem e os trabalhos desenvolvidos pelo Setor de Hibridomas.

Fita 4 - Lado B
O trabalho desenvolvido em Caxambu, em 1998, para implementar a saúde básica do município; as atribuições como chefe do Setor de Hibridomas de Bio-Manguinhos; as expectativas da Fiocruz sobre os biofármacos; os motivos da ida a Caxambu; o retorno para Bio-Manguinhos, em 2003.

Fita 5 - Lado A
O trabalho desenvolvido em Caxambu; o retorno a Bio-Manguinhos, em 2003; o convite de Akira Homma para implantar a produção de biofármacos em Bio-Manguinhos.

Fita 5 - Lado B
O acordo Brasil-Cuba de transferência de tecnologia de eritropoetina e interferon; sobre a construção da planta de biofármacos de Bio-Manguinhos; os usos terapêuticos da eritropoetina e do interferon; considerações acerca da demanda nacional por esses produtos; a diferença entre o interferon clássico e o interferon peguilado.

Fita 6 - Lado A
As pesquisas sobre interferon peguilado de Bio-Manguinhos e a relação com os laboratórios farmacêuticos; descrição das diferentes fases dos testes clínicos, realizados com o objetivo de verificar a eficácia de um produto; as parcerias realizadas para a realização dos testes clínicos; sobre o trabalho do médico Paulo Picon, consultor de biofármacos de Bio-Manguinhos; a relação de Bio-Manguinhos com o INCQS; considerações acerca das normas de qualidade; implantação dos Procedimentos Operacionais Padrão (POP) em Bio-Manguinhos.

Fita 6 - Lado B
O custo financeiro da planta para produção de biofármacos; a estrutura da planta e sua utilidade para a Fiocruz; sobre o financiamento para a construção da planta; o surgimento e expansão do controle e da garantia de qualidade em Bio-Manguinhos ao longo dos anos; sobre a reestruturação de Bio-Manguinhos, no início da década de 2000.

Fita 7 - Lado A
Sobre a reestruturação de Bio-Manguinhos, no início da década; sobre o andamento do projeto referente ao interferon; considerações acerca da estrutura “matricial” de projetos; a questão da propriedade intelectual em Bio-Manguinhos; relação do IOC com Bio-Manguinhos no campo da biologia molecular; as parcerias de Bio-Manguinhos com outras unidades da Fiocruz.

Fita 7 - Lado B
A questão do patenteamento em Bio-Manguinhos; os projetos atuais do setor de biofármacos; os parâmetros utilizados para definir projetos prioritários em biofármacos; as novas descobertas científicas no campo da engenharia genética e o impacto sobre Bio-Manguinhos; considerações sobre os transgênicos.

Fita 8 - Lado A
As dificuldades envolvidas no investimento em transgênicos; a expectativa de produção da planta de biofármacos.

Otávio Oliva

Entrevista realizada por Carlos Fidelis Ponte e Wanda Hamilton, em Bio-Manguinhos/Fiocruz, nos dias 25 e 28 de novembro de 2005.
Sumário
Fita 1 - Lado A
Formação acadêmica; o convite para trabalhar na Fiocruz e o ingresso em Bio-Manguinhos; o processo de transferência de tecnologia realizado entre Bio-Manguinhos e a Jica, agência japonesa; sobre suas atividades de coordenação do processo de transferência entre Brasil e Japão; a crise ocorrida com a vacina anti-rábica, em 1980; a montagem do Laboratório Central de Controle de Drogas e Medicamentos (LCCDR), atual INCQS; sobre as atividades do Centro Nacional de Referência para a Raiva (CNRR).

Fita 1 - Lado B
A necessidade de Bio-Manguinhos investir no desenvolvimento de reagentes; o estudo sobre o tempo de duração da imunidade da vacina contra a febre amarela, produzida pela Fiocruz; o surgimento da notícia da Aids no Brasil e o início das políticas de saúde pública voltadas para o combate à doença; a implantação do diagnóstico de Aids, pela Fiocruz; o trabalho realizado pela Fiocruz no âmbito da política nacional contra a Aids.

Fita 2 - Lado A
A preocupação com o controle de qualidade de sangue e hemoderivados, em decorrência do surgimento da Aids; a equipe do Programa de Aids; o papel de Bio-Manguinhos nas políticas de saúde e a relação com o Ministério da Saúde.

Fita 2 - Lado B
O período como diretor de Bio-Manguinhos; o projeto de construção da planta industrial de Bio-Manguinhos; considerações sobre a necessidade de Bio-Manguinhos em transformar o conhecimento científico em produto; a dificuldade de Bio-Manguinhos competir com indústrias privadas; da necessidade de os laboratórios brasileiros gerarem suas próprias tecnologias.

Fita 3 - Lado A
Considerações sobre o projeto do Centro de Biotecnologia na Fiocruz; comentários sobre o CDTS; a importância de a Fiocruz estar inserida nas metas no Ministério da Saúde; a renda gerada pela venda da vacina de febre amarela; sobre as atividades de pesquisa e desenvolvimento priorizadas em Bio-Manguinhos durante sua gestão; a eleição para diretor de Bio-Manguinhos; as dificuldades enfrentadas enquanto diretor da instituição; as prioridades de sua gestão; a implantação da garantia de qualidade em Bio-Manguinhos; a certificação da vacina de febre amarela produzida em Bio-Manguinhos pela OMS; a importância das Boas Práticas de Fabricação para a produção de vacinas; sobre sua ida para a OPAS e o trabalho que desenvolveu na entidade.

Fita 3 - Lado B
Considerações sobre a necessidade de promover a integração de diversos institutos produtores de vacinas brasileiros; comentários sobre as dificuldades de cooperação entre a Fiocruz e o Instituto Butantan; o investimento em o desenvolvimento tecnológico, durante sua gestão como diretor de Bio-Manguinhos; considerações sobre a necessidade de se gerir Bio-Manguinhos como uma instituição peculiar dentro da Fiocruz.

Fita 4 - Lado A
Comentário sobre a importância de a Fiocruz estar intrinsecamente ligada à área da saúde; sobre a impossibilidade de sucesso de Bio-Manguinhos como órgão independente da Fiocruz; sobre a ideia de promover a integração entre laboratórios produtores da América Latina; as funções que assumiu após deixar o cargo de diretor de Bio-Manguinhos; a preparação do plano de combate à influenza, desenvolvido pelo Brasil e outros países da América Latina; sobre o papel fundamental de Bio-Manguinhos no desenvolvimento do citado plano.

Fita 4 - Lado B
Sua visão sobre o processo de modernização pelo qual vem passando Bio-Manguinhos; considerações sobre a inexistência de normas boas práticas de produção nas plantas produtoras de vacinas que visitou na China; a decepção com a atual crise pela qual passa o PT; sobre sua preocupação em sempre agir com transparência, em defesa dos interesses nacionais.

Ricardo Galler

Entrevista realizada por Nara Azevedo e Wanda Hamilton, em Bio-Manguinhos/Fiocruz (RJ), nos dias 13 de julho e 04 de agosto de 2005.
Sumário
Fita 1
Origem familiar; a ida para Brasília; a opção pelas ciências biológicas; a influência do professor Carlos Morel na escolha da especialização em biologia molecular; sobre o talento dos profissionais da ciência com quem conviveu na UnB; a vinda para o Rio a convite de Carlos Morel; o mestrado no Instituto de Biofísica; a ida para a Alemanha, onde fez doutorado; o trabalho realizado no laboratório do pesquisador Hans Küpper, na Universidade de Heidelberg; a transferência para o Laboratório Europeu de Biologia Molecular, no qual trabalhou com o Jan-Erik Edström; dos procedimentos laboratoriais, até então realizados sem auxílio do computador; a utilização da tecnologia atual nos procedimentos científicos; a necessidade de associação entre os pesquisadores; a importância atual da pesquisa na área de imunologia; o ingresso na Fiocruz, em 1985; o trabalho em virologia com Oscar Souza Lopes; a matrícula no pós-doutorado, visando uma especialização em virologia; o curso de Biologia Molecular realizado na Grécia, em 1983, ministrado pelo pesquisador Richard Palmiter; a importância dos cinco anos que passou na Alemanha para sua carreira; a pesquisa científica realizada em Bio-Manguinhos em 1985; comentários sobre o Centro de Biotecnologia; as atividades de administração que hoje desenvolve em Bio-Manguinhos; sobre o projeto de desenvolvimento de uma vacina para dengue; sobre ter sequenciado o primeiro vírus de dengue, na Califórnia; sobre querer manter a ligação com o Departamento de Biologia Molecular do Instituto Oswaldo Cruz.

Fita 2
O crescimento das atividades de biotecnologia no Brasil; os grupos de pesquisa que desenvolvem projetos de desenvolvimento tecnológico em parceria com Bio-Manguinhos; as instituições que financiam parte do trabalho realizado em Bio-Manguinhos; comparação entre o investimento financeiro em desenvolvimento no Brasil e nas empresas multinacionais que desenvolvem biotecnologia; sobre a terceirização de pessoal em Bio-Manguinhos; a patente conseguida pela Fiocruz em 2005 com a modificação genética de um vírus de febre amarela; a importância da concessão de uma patente para uma instituição de pesquisa científica; as prioridades estabelecidas pela Vice-Presidência de Desenvolvimento Tecnológico em relação aos projetos de desenvolvimento tecnológico; comentários sobre os diversos projetos de desenvolvimento tecnológico da instituição.

Fita 3
Sua indicação para assumir o cargo de Vice-Presidente de Desenvolvimento Tecnológico; o enquadramento como tecnologista; a admiração pelo trabalho de Akira Homma e Carlos Morel; comentários sobre o Centro de Biotecnologia; o apoio dado por Otávio Oliva, à época diretor de Bio-Manguinhos, ao desenvolvimento tecnológico; a criação do DEDET; comentários sobre o Centro de Biotecnologia da Fiocruz; considerações sobre o modelo americano de integração entre empresa e universidade; a dificuldade de Bio-Manguinhos em concorrer com multinacionais de biotecnologia; o investimento realizado por Bio-Manguinhos em comércio, mercado e marketing, a partir de última sua reforma institucional; a dificuldade de se credenciar uma vacina no exterior; o orçamento de Bio-Manguinhos; a necessidade de se aliar desenvolvimento tecnológico à produção; os funcionários terceirizados na Fiocruz e em Bio-Manguinhos; a dificuldade de lidar com recursos humanos na instituição; a aposta de Bio-Manguinhos nos biofármacos; as prioridades de Bio-Manguinhos em desenvolvimento tecnológico; comentários sobre o CDTS; comentários sobre as vantagens da associação de Bio-Manguinhos com empresas de biotecnologia; os projetos de produção de vacinas desenvolvidos pela instituição; a relação com as políticas do Ministério da Saúde; comentários sobre a autonomia de Bio-Manguinhos; a competição entre o Instituto Butantan e Bio-Manguinhos; a ameaça que a vinda da GSK para o Brasil representa para Bio-Manguinhos; a produção de energia a partir de biomassa, como alternativa para expansão de Bio-Manguinhos; sobre a possibilidade de transformar parte de Bio-Manguinhos numa empresa; o avanço da área de Garantia de Qualidade da instituição; as perspectivas da Vice-Diretoria de Desenvolvimento Tecnológico para os próximos anos.

Antônio Jorge Abunahman

Entrevista realizada por André de Faria Pereira Neto, Érika Gemino Mendes e Sérgio Luiz Alves da Rocha, em Niterói (RJ), nos dias 31 de maio, 06, 13 e 21 de junho de 1995.
Sumário
Fita 1 - Lado A
A chegada dos pais, imigrantes libaneses, ao Rio de Janeiro em 1907; a instalação da família em Neves (São Gonçalo); a mudança para Cachoeiras de Macacu; sua infância e vida escolar em Cachoeiras de Macacu; o período no colégio interno, em Petrópolis, e no ginásio, em Niterói; o vestibular para medicina; a vida de estudante de medicina; a influência de Almir Madeira na opção pela medicina; a atividade de comerciante do pai; o reencontro com Almir Madeira como aluno da faculdade; seu irmão, Emílio Abunahmam; a morte de dois de seus irmãos; as condições de saúde de Cachoeiras no período da infância; a família; o regime disciplinar do colégio em Petrópolis; a fundação da Academia Literária e do jornal O Acadêmico; sua experiência de vida fora de casa; o relacionamento com o pai; o desejo de participar da Revolução de 1930; a simpatia inicial por Getúlio Vargas e a posterior decepção; a política em Cachoeiras de Macacu em 1930; o início da faculdade de medicina em 1932; o entusiasmo pela medicina; as transformações ocorridas na medicina durante seu período na faculdade; a visão da época sobre a tuberculose; o tratamento de ricos e pobres; as terapias utilizadas na época; a aplicação do pneumotórax nas mulheres.

Fita 1 - Lado B
O prestígio da carreira de médico; a influência exercida por Almir Madeira; as faculdades de medicina do Rio de Janeiro e de Niterói; sua opção pela faculdade em Niterói; como era realizado um exame de coração; a importância do exame clínico na "medicina sacrificada" de seu tempo; os raios X, um dos poucos recursos tecnológicos da época; o paralelo entre o diagnóstico feito hoje e o do tempo em que atuava como médico; o relacionamento do médico com seus pacientes; o número de formandos em medicina e sua péssima formação; o excesso de faculdades de medicina no Brasil; a origem social de seus colegas de faculdade; como sobrevivia durante o período da faculdade; as experiências na faculdade; sua opção pela tisiologia, influenciado pelo professor Mazine Bueno; o debate entre comunistas e integralistas na Faculdade; a recusa em participar da política partidária; sua opinião sobre o período do Estado Novo.

Fita 2 - Lado A
Mazine Bueno e sua influência sobre a opção de Abunahmam pela tisiologia; o trabalho como interno no Hospital de Isolamento do Barreto; os métodos para tratar os casos mais graves; o aparecimento dos quimioterápicos; a preocupação com o contágio pela tuberculose; as precauções tomadas; as outras doenças dos pulmões; a mortalidade dentro do hospital; sua participação, como estudante, no primeiro curso de especialização em tuberculose do país (1937); sua dedicação aos pacientes tuberculosos (incuráveis); o surgimento do remédio contra a tuberculose em 1947; as consequências do abandono do tratamento antes da cura da doença; a satisfação por ter a certeza de ter cumprido o dever de médico; a monitoria na cadeira de tisiologia; como conseguiu um lugar no hospital público Ary Parreiras; o Hospital Ary Parreiras: o regime de trabalho, a localização, a clientela, as especialidades e o espaço físico; como encarava o risco de vida no trato cotidiano com a tuberculose; o sanatório montado em sociedade com outros dois colegas em Nova Friburgo; o período como interno do Hospital Escola São João Batista.

Fita 2 - Lado B
A organização do horário entre as aulas na faculdade, o internato no Hospital Escola e no Ary Parreiras; os colegas de faculdade e a vida de estudante; a atuação como diretor do Hospital Ary Parreiras e as dificuldades que teve que enfrentar; o período em que dirigiu o dispensário de tuberculose no Centro de Saúde São Lourenço; o cadastro dos doentes e a carteira de saúde; como dividia o tempo entre o dispensário, a atividade docente e o consultório; a sublocação de seu primeiro consultório; as primeiras aquisições para o consultório; a sua organização física; o medo dos pacientes em permanecer próximos uns dos outros; as 140 mil fichas deixadas quando se aposentou; algumas considerações sobre Jorge Eduardo Manhães de Carvalho, seu substituto na clínica; como adquiriu o consultório e o aparelho de raios X; a clientela de classe média e a diferença dos pacientes do dispensário; a relação entre a clientela do hospital e a do consultório; a cobrança de honorários.

Fita 3 - Lado A
A clientela do interior e os tipos de pagamento; o relato de um caso curioso; a difícil vida de médico; seu constrangimento em receber os honorários diretamente das mãos dos clientes; o serviço público coma fonte de aprendizagem e experiência profissional; a importância da consideração pelos pacientes; os atendimentos gratuitos que realizava; as transformações tecnológicas na ciência médica; um histórico dos. tratamentos contra a tuberculose; a reação dos médicos à vacina BCG; a aplicação do pneumotórax e seu efeito no tratamento da tuberculose; Mazine Bueno: um dos maiores especialistas em tuberculose do Brasil; referências às suas amizades com Aloysio de Paula, José Rosemberg, Germano Gerardt Filho e Nilton Bethlem; sua amizade com Manoel de Abreu; a cultura humanista dos médicos de sua época; a situação do tratamento da tuberculose no Brasil e no exterior; a ação do governo com relação ao combate à tuberculose.

Fita 3 - Lado B
A ação do governo com relação ao combate à tuberculose nas décadas de 1930/1940; a utilidade dos sanatórios no combate à tuberculose; a introdução dos quimioterápicos no tratamento da tuberculose; os avanços do tratamento e as modificações na relação entre o médico e seu paciente; o que eram as hemoptises.

Fita 4 - Lado A
As especialidades na década de 1940 e a comparação com a situação atual; algumas considerações sobre o número de formandos das faculdades de medicina em 1937; a limitação do número de vagas pelo governo em 1932; a importância atual do Sindicato dos Médicos; o Primeiro Conselho Federal de Medicina (1944/45); sua atuação como presidente do Conselho Regional de Medicina de Estado do Rio de Janeiro (1956); o Código de 1945 e a proibição à "concorrência desleal" e aos anúncios de curas milagrosas; a importância das conferências médicas; as associações médicas e sua importância para o aprendizado do médico; o papel do médico perito; o relacionamento entre médicos e farmacêuticos; a fiscalização do charlatanismo ontem e hoje; as práticas utilizadas pelos curandeiros e o relacionamento entre médicos alopatas e homeopatas; o segredo médico.

Fita 4 - Lado B
A indústria dos agradecimentos; seu posicionamento diante do assalariamento; o salário dos médicos nas décadas de 1940 e hoje; as consultas gratuitas; a atuação do Conselho depois de 1956, as normas para os anúncios médicos estabelecidas pelo Conselho; a entrada de jovens médicos no mercado de trabalho e a introdução de novos métodos; as modificações na medicina a partir de 1950; sua atuação à frente do Conselho filiando os médicos; o período em que foi presidente da Associação Médica Fluminense (AMF); o receio dos médicos se filiarem ao Conselho; a criação da Associação de Medicina e Cirurgia de Niterói (1920); como se tornou presidente da AMF em 1956; seu desinteresse pela política partidária; o status do cargo de presidente da AME.

Fita 5 - Lado A
O movimento da "Letra O" em Niterói, sua atuação à frente do Conselho; o processo de escolha dos primeiros presidentes dos conselhos regionais; as obrigações dos médicos para com o Conselho; a imagem do Conselho como um órgão apenas punitivo; as estratégias de convencimento utilizadas por ele para filiar os médicos ao Conselho; o desconhecimento do Código de Ética de 1957; João Gomes da Silva: seu sucessor no Conselho.

Fita 5 - Lado B
A sua participação em congressos internacionais; as relações entre os médicos clínicos e os sanitaristas; como conciliava as atividades do consultório, da docência e do Hospital São Lourenço; a importância do trabalho desenvolvido lá; o prestígio do professor universitário; o receio dos médicos de optarem pela tisiologia; a relação entre a cátedra e o consultório particular; o risco de o médico contrair a tuberculose e os cuidados que ele tomava para evitar a doença; a aplicação de pneumotórax; o relacionamento entre médico e enfermeira.

Fita 6 - Lado A
O comportamento dos doentes de diferentes classes sociais diante das determinações médicas; o pavor das famílias e dos pacientes diante da hemoptise; como tratava hemorragia, como identificava o pulmão afetado sem dispor de qualquer tipo de equipamento; o relacionamento do médico com o doente e sua família; a gratidão dos doentes; o exame dos pacientes hoje, a evolução da medicina nos últimos 50 anos; sua crítica à utilização, sem critérios, da tecnologia médica; a dedicação ao estudo e a formação humanista dos médicos de seu tempo; as razões de ter participado da vida associativa; o status conferido às lideranças médicas; as razões de seu sucesso como médico tisiologista em Niterói; a participação dos médicos comunistas na Associação Médica Fluminense; sua indicação para a presidência do Conselho Regional; sua atuação à frente do Conselho; a indicação de seu sucessor; a disputa pela presidência da Associação Médica.

Fita 6 - Lado B
O medo dos médicos de que o Conselho fosse apenas um órgão punitivo; o aumento de sua popularidade depois de ter sido presidente do Conselho; sua falta de conhecimento do texto do Código de 1957; o relacionamento entre os médicos em Niterói; os anúncios de curas milagrosas para doenças incuráveis; as razões de seu sucesso profissional; sua emoção como médico diante da vida e da morte; os remédios que curam a tuberculose; a ação dos curandeiros hoje; a ação do Conselho com relação aos curandeiros durante a sua gestão; as razões para a diminuição do mercado de trabalho para o tisiólogo; um paralelo entre a formação dos médicos em seu tempo de estudante e de hoje; o relacionamento médico/ paciente hoje; sua opinião sobre o paciente ideal ontem e hoje; o segredo profissional; a liberdade do paciente em escolher o médico; a autonomia do médico.

Fita 7 - Lado A
O pudor em receber os seus honorários das mãos dos pacientes; o estímulo dado a sua carreira pelo Dr. Mazine Bueno; Dr. Jorge Eduardo Manhães de Carvalho: o continuador de sua clínica e de seu consultório.

Carlos Renato Grey

Entrevista realizada por André de Faria Pereira Neto e Sérgio Luiz da Rocha, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 18, 24 e 31 de outubro e 6, 14 e 28 de novembro de 1994.
Sumário
Fita 1 - Lado A
As influências para a escolha da carreira de médico; a atuação de seu pai durante a gripe espanhola; a formação do pai; o curso primário com a tia Josefina Calvet; a organização do sistema de ensino na época; a atuação do pai como professor substituto na cadeira de ginecologia da Faculdade do Paraná; a influência do primo Jorge de Moraes Grey; o convívio com os colegas da faculdade em sua casa; o serviço de Jorge Soares de Gouvêa no Hospital São Francisco de Assis: a grande escola cirúrgica do Rio de Janeiro; a Santa Casa da Misericórdia: a primeira escola cirúrgica do Brasil; a importância do Rio de Janeiro como centro de formação de médicos; como foi sua entrada para o serviço de Jorge Gouvêa; a situação da cirurgia de crânio no Brasil no início do século e o pioneirismo de Alfredo Monteiro.

Fita 1 - Lado B
Alfredo Monteiro: um pioneiro da cirurgia de crânio no Brasil; a morte de seus irmãos; alguns fatos sobre a família; as relações com o primo Jorge de Moraes Grey; o período como interno no Hospital São Francisco; a condição sócio-econômica de sua família; os centros de formação em medicina, engenharia e direito no país; a Lei Rocha Vaz: a estrutura do ensino e a dinâmica dos exames; a volta de sua família do Paraná em 1926 e a mudança para o Flamengo (RJ); a situação da cirurgia de úlcera ontem e hoje; seu pai: sua formação e a área de atuação.

Fita 2 - Lado A
A formação de seu pai no Instituto Pasteur; suas lembranças sobre a gripe espanhola; a atuação de seu pai neste período na Tijuca, Andaraí e Vila Isabel (RJ); as dificuldades iniciais de inserção no mercado depois de formado; seu trabalho no consultório do primo Jorge de Moraes; referências a Evandro Chagas, seu professor na cadeira de medicina tropical; seu trabalho no Nordeste (1940-1942), no Centro de Estudos da Malária (convênio com a Fundação Rockefeller); o sucesso de seu trabalho no Nordeste; sua trajetória associativa no Ginásio Paraense; seus pais; a concorrência como exercício permanente rumo à perfeição; o ingresso na faculdade de medicina; a relação entre a generalidade e a particularidade na medicina; sua participação na fundação da Sociedade Brasileira de Urologia.

Fita 2 - Lado B
Sua formação na faculdade: a ênfase na embriologia e na anatomia; a relação entre a generalidade e a especialidade; a fundação da Faculdade de Medicina de São Paulo pela Fundação Rockefeller; a evolução da cirurgia no Rio de Janeiro; o 'feudo' na cirurgia carioca do período; os institutos como instrumentos de democratização do acesso ao mercado de trabalho médico; o governo Getúlio Vargas e algumas de suas realizações; sua opinião sobre como deveria ser a organização dos serviços de saúde no Brasil de hoje; o prestígio da profissão médica no início do século; a importância da hierarquia salarial no hospital; o vestibular para medicina na década de 1930: o grau de dificuldade, o número de vagas, o sistema de avaliação.

Fita 3 - Lado A
As lembranças de seus colegas de turma na faculdade; a estrutura curricular do curso de medicina; algumas das técnicas utilizadas na cirurgia na época; referências aos chamados médicos medalhões e a convivência destes com os médicos mais novos; o cotidiano das aulas na faculdade; seu período como monitor na faculdade de medicina; o processo de avaliação na faculdade; os amigos de faculdade.

Fita 3 - Lado B
A experiência associativa na época do Ginásio Paranaense e depois na faculdade de medicina; como se tornou líder no período da faculdade; a França: centro médico e filosófico mundial da época; referências ao Bloco Operário Camponês; sua posição crítica diante dos regimes totalitários durante a Segunda Guerra Mundial; as relações internacionais no pós-Segunda Guerra; sua participação política na época da faculdade; a situação política brasileira: a Aliança Nacional Libertadora e o Partido Integralista Brasileiro de Plínio Salgado; a hegemonia dos integralistas na faculdade e a sua posição destoante; sua escolha para orador na formatura de 1937; as polêmicas no movimento estudantil no período na faculdade; sua participação na Revolução Constitucionalista de 1932.

Fita 4 - Lado A
Sua participação no Movimento de 1932; os objetivos do Movimento de 1932; o posicionamento de integralistas e comunistas com relação ao Movimento de 1932; a Revolução de 1935; o regime da 'copa e cozinha'; seu trabalho como jornalista da Agência Brasileira; a 'compra' de empregos; a UDN e o PSD; a competição como exercício para o aperfeiçoamento; sua atuação como diretor de intercâmbio do Diretório Central dos Estudantes; as reivindicações do movimento estudantil de sua época; a atuação de Anísio Teixeira na área educacional.

Fita 4 - Lado B
A preocupação, durante a sua formação, com a generalidade; seu período na Cruz Vermelha; o interesse pela microbiologia; seu período como monitor de histologia; as atividades realizadas pelos internos; os recursos da medicina da época; sua atuação, depois de formado, no Hospital São Francisco; o relacionamento do médico assistente com os chamados médicos 'medalhões'; como conciliava os vários trabalhos; a experiência do Hospital do Pronto Socorro na cirurgia de urgência; a vivência no Hospital do Pronto Socorro; o trabalho com seu primo Jorge (1938).

Fita 5 - Lado A
Sua atividade no consultório do primo Jorge; o concurso como possibilidade de 'alçar voo' - autonomia técnica; o concurso dos comerciários como o momento profissional mais importante de sua vida profissional; o processo seletivo do Colégio Brasileiro de Cirurgiões ontem e hoje; o processo de avaliação na faculdade; o professor Evandro Chagas e a proposta de trabalho em medicina tropical; a ida para o serviço de malária do Nordeste (1940-1042); a importância da erradicação do mosquito anofelino no Nordeste; seu trabalho no serviço do primo Jorge de Moraes no Hospital Nossa Senhora do Socorro; seu consultório particular; seu trabalho como médico na Embaixada Americana.

Fita 6 - Lado A
A erradicação do mosquito anofelino e seu trabalho posterior; como foi selecionado para este trabalho no Nordeste; a importância do trabalho nos hospitais públicos: aquisição de experiência; o convite feito a ele por Evandro Chagas para trabalhar no Nordeste, o curso de propedêutica médica com Feijó; a preparação para o concurso do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários; como conciliava suas várias atividades; o seu consultório: a clientela, a constituição física; a aprovação no concurso do Instituto dos Comerciários e as consequências para a sua carreira profissional; o Hospital Nossa Senhora das Vitórias; a amizade com Euclides Figueiredo.

Fita 6 - Lado B
Suas relações com Euclides Figueiredo; os efeitos profissionais de sua aprovação no concurso para o Instituto dos Comerciários; a compra do atual Hospital de Ipanema pelo Instituto dos Comerciários; o movimento para pôr fim ao "regime da copa e cozinha" em 1944; a atuação de Álvaro Tavares de Souza à frente do Sindicato dos Médicos; sua participação no IV Congresso Médico Sindicalista e suas propostas; a briga com os 'senhores feudais da cirurgia' pelo pagamento de seus auxiliares, participação de Getúlio na criação do Conselho e na reformulação do Código; a queda de Getúlio e a ascensão de Dutra; o conflito entre o PSD e a UDN; a composição do Conselho Provisório de Disciplina Profissional; a posição política de Álvaro Tavares de Souza; o relacionamento entre Tavares de Souza e o presidente Getúlio Vargas; as limitações do presidente Dutra.

Fita 7 - Lado A
O atentado da rua Tonelero; Getúlio Vargas e sua compulsão pelo poder; as causas da queda do presidente Getúlio Vargas em 1945; o IV Congresso Médico Sindicalista: perfil de seus participantes e de seus principais temas; a necessidade da reformulação ética e administrativa; a seleção para o internato ontem e hoje.

Fita 7 - Lado B
O processo de seleção de internos para o serviço de Jorge de Gouvêa; o crescimento da medicina em São Paulo com a fundação da faculdade de medicina; os motivos que levavam os médicos a participar do IV Congresso Médico Sindicalista; o Sindicato e suas funções éticas e administrativas; a repercussão das ações do Sindicato entre a categoria médica; os anúncios médicos e a ação do Sindicato; os anúncios médicos hoje; a divisão entre a Academia Nacional de Medicina e o Colégio Brasileiro de Cirurgiões; o processo seletivo para o Colégio na época de seu ingresso; a fundação do Colégio; a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro: suas funções e atuação; sua opinião sobre a maneira pela qual os serviços de saúde deveriam ser organizados.
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Fita 8 - Lado A
As dificuldades de inserção no mercado nas décadas de 1930 e 1940; o aparecimento da residência médica no Brasil; os donos da cirurgia no Rio de Janeiro; o significado da carreira universitária (docência); o serviço do hospital como uma forma de realizar sua formação técnica; a Fundação Rockefeller e a criação do hospital da Faculdade de São Paulo; a Revolução de 1930 e os seus efeitos sobre o mercado de trabalho médico; a criação das Caixas como um novo elemento na reordenação do mercado de trabalho médico; sua ida ao Nordeste a partir de um convênio com a Fundação Rockefeller; as facilidades de inserção no mercado de trabalho para os médicos sanitaristas; o relacionamento entre os médicos 'medalhões' e os médicos assistentes.

Fita 8 - Lado B
As deformações no processo de constituição dos serviços médicos dos institutos; as três fases da cirurgia no Rio de Janeiro: a Santa Casa, o Pronto Socorro e os Institutos; a imprensa médica da época; o serviço dos médicos nas Caixas; seu trabalho no Instituto dos Comerciários; seu Serviço no Board Economic Affairs (Embaixada Americana); o aprendizado no Hospital Nossa Senhora do Socorro; o aspecto caritativo da prática médica do período; o surgimento da Previdência e a diminuição dos pacientes pobres na Santa Casa; a qualidade técnica do corpo de médicos do Instituto dos Industriários e dos Comerciários; a experiência adquirida no estágio no Hospital do Pronto Socorro; a primeira cirurgia de coração no Brasil.

Fita 9 - Lado A
A natureza da prática cirúrgica; o erro médico; os concursos como forma de elevar o nível do serviço; o processo de formação dos residentes; a residência na formação de bons profissionais,. a residência hoje; como o médico conquistava sua clientela; a competição como forma de aperfeiçoamento; o processo de especialização na urologia e na medicina em geral; a relação entre a generalidade e a particularidade; sua opção pela urologia; a formação de seu pai; a concorrência no mercado de trabalho médico.

Fita 9 - Lado B
Sua opção pela urologia; a 'escola' de Jorge de Gouvêa; as principais especializações da medicina no seu período de formado; a insatisfação dos médicos recém formados com as limitações do mercado de trabalho; sua preparação para o primeiro concurso público; a tentativa de ir aos Estados Unidos como bolsista; a abertura dos concursos; sua entrada no Sindicato juntamente com outros médicos recém-formados; os objetivos do IV Congresso Médico Sindicalista; seu atrito com Álvaro Cumplido Sant'Anna em relação ao valor do salário mínimo.

Fita 10 - Lado A
A reunião com o presidente Getúlio Vargas para expor as deliberações do IV Congresso Médico Sindicalista; as sugestões do presidente em relação à criação do Conselho de Medicina; os membros do Conselho Provisório de 1945; a importância do IV Congresso Médico Sindicalista; sua atuação neste Congresso; sua explicação para a queda de Getúlio Vargas.

Fita 11 - Lado A
O horário do consultório; o significado profissional da aprovação no concurso para o Instituto dos Comerciários; o concurso: número de vagas, candidatos, estrutura das provas; a relação entre o concurso para os Comerciários e a sua clínica particular; o regime de trabalho no Instituto dos Comerciários: salário, carga horária e o cotidiano de trabalho; a discussão em torno da acumulação de empregos pelos médicos nas décadas de 1930 e 1940; sua crítica à acumulação de empregos pelos médicos; sua participação em associações cientificas; a preocupação em 'fazer clínica'.

Fita 11 - Lado B
As referências à sua capacidade de estudo e aos motivos que o levavam a participar de associações cientificas; suas críticas ao Código de 1931; as razões que o levaram a participar do Conselho de Medicina; a exploração dos médicos assistentes pelos denominados médicos 'medalhões'; a exploração dos médicos pela Santa Casa; sua posição em relação à ação dos charlatães e curandeiros; sua proposta para a organização dos serviços de saúde; a luta pelo estabelecimento da residência nos moldes americanos; a questão da livre escolha do médico pelo paciente; como atuava o Sindicato com relação à propaganda médica na imprensa leiga; a ação do Colégio Brasileiro de Cirurgiões com relação à propaganda médica na imprensa leiga.

Fita 12 - Lado A
Sua opinião sobre os anúncios médicos na imprensa leiga; o direito dos pacientes em manter a sua privacidade; as opiniões do Conselho sobre a questão dos anúncios; a importância do sigilo médico; a situação da indústria farmacêutica no Brasil nas décadas de 1930 e 1940 e também na atualidade; a utilidade para os serviços de saúde dos consultórios localizados nas farmácias; Pedro Ernesto e a ampliação dos serviços de saúde no Distrito Federal; as conferências médicas: o que eram, como se realizavam; a medicina como ciência conjecturai e sua tendência a tornar-se uma ciência exata; a relação entre o médico generalista e o especialista; o médico assistente (Código de 1931); a tendência da medicina para utilizar o diagnóstico feito pela imagem.

Fita 12 - Lado B
A opinião do Conselho sobre a questão do atendimento gratuito; as discussões sobre o salário mínimo dos médicos; sua opinião sobre o Sistema Único de Saúde; as 'disputas ideológicas' no movimento médico depois de 1964; sua opinião sobre a ação do Estado com relação aos serviços de saúde: como e a quem atender; como deve ser a remuneração do médico; a relação entre o Conselho e os médicos; a conjuntura política nacional na década de 1940; a atuação do Conselho hoje; a representatividade do Conselho nas décadas de 1940 e 1950; as disputas eleitorais para o Conselho hoje; o atual desrespeito ao Código de ética; a greve da letra 'O'.

Fita 13 - Lado A
A ação da Santa Casa revertendo as decisões do IV Congresso Médico Sindicalista; sua fama de comunista; a diferença entre a liberdade e o livre arbítrio; o impacto da Reforma Pedro Ernesto sobre o mercado de trabalho médico; os motivos da prisão de Pedro Ernesto; a queda de Getúlio Vargas em 1945; um balanço de sua vida profissional; a evolução da urologia e da cirurgia no mundo e no Brasil; os efeitos dessa evolução sobre a prática médica; o avanço tecnológico e a desumanização da medicina; a tendência da medicina a tornar-se no futuro uma ciência exata.

Fita 13 - Lado B
Os motivos de sua entrada no Colégio Brasileiro de Cirurgiões; a situação do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e da Academia Nacional de Medicina ontem e hoje; a relação da medicina alopata com as práticas denominadas 'alternativas'; as contribuições da psicanálise à pratica médica; a medicina e sua tendência a tornar-se ciência exata; as relações entre a medicina científica e a medicina popular; a medicina e o espiritismo; os fatores que auxiliaram a sua formação profissional.

Fita 14 - Lado A
As características do paciente ideal; o relacionamento médico/paciente; os princípios básicos do exercício profissional; as dificuldades causadas por seu parentesco com Jorge Moraes Grey; suas relações de trabalho com seu primo Jorge de Moraes Grey.

Fita 15 - Lado A
O Dr. Grey tece alguns comentários sobre uma série de fotografias por ele escolhidas.

Renato Pacheco Filho

Entrevista realizada por André de Faria Pereira Neto e Sérgio Luiz de Alves Rocha, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 25 de novembro, 02, 08, 21 de dezembro de 1994 e 16 de janeiro de 1995.
Sumário
Fita 1 - Lado A
O trabalho de seu pai como médico de família; a morte de sua mãe; as brigas entre seu pai e a família de sua mãe; sua infância; suas experiências na escola Sarmiento; as influências na sua opção pela medicina.

Fita 1 - Lado B
Suas impressões sobre o Rio de Janeiro durante o período de sua infância no Jardim Botânico e Leblon; a atuação de seu pai como médico de família durante a gripe de 1918; referência ao seu pai como um homem preparado tecnicamente, ético e trabalhador; os problemas enfrentados por Renato Pacheco Filho para ingressar na faculdade de medicina; os primeiros anos na faculdade de medicina; o perfil socioeconômico dos estudantes de medicina em fins da década de 1920 e início de 1930; o sistema de aulas; as modificações introduzidas pela Reforma Rocha Vaz; as diferenças entre a Academia Nacional de Medicina e a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro; sua experiência no quarto ano da faculdade como acadêmico vacinador da Saúde Pública; o trabalho no quinto ano como interno "de clínica cirúrgica na faculdade de medicina".

Fita 2 - Lado A
Sua experiência como vacinador da Saúde Pública; a situação da assistência médica no Rio até 1907; os concursos públicos realizados por seu pai; a vida do estudante de medicina; a origem profissional dos pais de seus colegas de faculdade; como eram as aulas na faculdade; o cotidiano de um estudante de medicina (locais de estudo); o grau de dificuldade do curso; sua participação como secretário do Clube Atlético e como diretor da Federação Acadêmica; Santiago Dantas e a solidariedade a Washington Luís; suas relações com pessoas de 'esquerda' e de 'direita'; a Revolução de 1930 e o Movimento Integralista; o debate ideológico no meio estudantil; as atividades por ele desenvolvidas durante o estágio no serviço de Paulino Werneck; o segundo e o terceiro anos de faculdade; o seu primeiro vencimento como acadêmico vacinador da Saúde Pública.

Fita 2 - Lado B
O internato de propedêutica no quarto ano com Rocha Vaz; as diferenças entre os hospitais São Francisco de Paula, São Francisco de Assis e a Santa Casa; suas experiências como 'peru' (aluno que, por decisão pessoal, desenvolve trabalho com o professor sem ter vínculo institucional ou remuneração) na Santa Casa com Augusto Paulino; sua primeira experiência na sala cirúrgica como estudante; a personalidade do professor Rocha Vaz (1929); as modificações introduzidas no ensino após a reforma Rocha Vaz; a dinâmica das aulas; o número de internos por professor e o valor que recebiam; os internos e os internos voluntários.

Fita 3 - Lado A
Sua experiência como interno de clínica cirúrgica (1930/1934) com o Professor Figueiredo Baena; a personalidade deste professor e como ele atingiu a cátedra; sua experiência como 'peru' de Aldair C. Figueiredo; o trabalho com o Professor Figueiredo Baena: a remuneração e as atividades desempenhadas; como conciliava as atividades na profilaxia, na faculdade e no internato; a organização do ensino nas várias clínicas; o perfil profissional dos médicos que participavam da Academia Nacional de Medicina e do Sindicato dos Médicos; as diferenças entre estas duas instituições; a atuação de seu pai no SMB e na Confederação Brasileira de Desportos; o surgimento do Colégio Brasileiro de Cirurgiões; as instituições médicas dos anos 1920: a Academia Nacional de Medicina, a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, o Sindicato Médico Brasileiro e o Colégio Brasileiro de Cirurgiões; as faculdades de medicina existentes quando de sua formatura; sua explicação para a existência de várias entidades representativas dos médicos; como ocorreu sua filiação ao SMB; algumas considerações sobre a representatividade do SMB; a visão do SMB sobre o processo de assalariamento.

Fita 3 - Lado B
As obrigações do médico assistente; seu desinteresse pela carreira do magistério; como conciliava o trabalho na faculdade e na Santa Casa (1931-1934); o trabalho com Figueiredo Baena em sua clínica privada; o funcionamento do serviço social da Santa Casa; sua opção pela cirurgia; os pré-requisitos, na época, para o trabalho do cirurgião (técnica versus habilidade); a delimitação da competência entre clínicos e cirurgiões; o conflito entre os cirurgiões e os leigos; o SMB e o combate às práticas médicas condenadas; sua nomeação (1933) para o cargo de cirurgião auxiliar da Prefeitura do Distrito Federal (Hospital do Pronto Socorro); a Reforma Pedro Ernesto e a carreira médica da Assistência; a situação dos hospitais antes da reforma; as diferenças entre os cargos de cirurgião auxiliar, adjunto, assistente e chefe de serviço; como os médicos conciliavam suas atividades na Assistência com sua clínica privada; como conseguiu montar o seu consultório particular e a constituição de sua clientela.

Fita 4 - Lado A
O consultório no Hospital São Francisco de Assis; seu tempo de trabalho no consultório; o trabalho com seu pai; a formação de sua clientela; o relacionamento com seus clientes; as características de sua clientela; seu período livre; a diferença entre o trabalho no hospital e na clinica privada; sua atuação no Souza Aguiar (1933); as origens do Souza Aguiar; a organização de seu espaço físico; sua importância para o atendimento de urgência na época; a organização dos seus serviços médicos (equipes ou serviços); a organização do trabalho dos acadêmicos neste hospital; a remuneração paga pelo paciente; o salário; a carga horária do hospital; a relação entre os médicos auxiliares e os assistentes; a sua ascensão dentro da Assistência; a perseguição da "cúpula" da Assistência a Dr Aldair Figueiredo; a volta dos 'carcomidos' depois da prisão de Pedro Ernesto; a comissão do Departamento Geral da Assistência; a prisão de Aldair Figueiredo.

Fita 4 - Lado B
A prisão de Aldair Figueiredo e a perseguição da 'cúpula' da Assistência; a participação na Comissão Organizadora do Formulário da Secretária Geral da Assistência (1938); a amizade com Pedro Nava; a obtenção do prêmio "Doutorandos de 1900" promovido pela ANM; a competição no meio médico da época; a atuação de Aldair Figueiredo na Revolução Constitucionalista de 1932; suas críticas ao então secretário da Assistência Publica, Irineu Malagueta, e a Monteiro Autran, seu chefe de gabinete; os motivos que levaram Getúlio Vargas a perseguir Pedro Ernesto.

Fita 5 - Lado A
A popularidade de Pedro Ernesto depois da Reforma; a eleição de Pedro Ernesto para a Prefeitura do Distrito Federal em 1934; a origem do dinheiro utilizado nas obras da Reforma Pedro Ernesto; as críticas feitas a Pedro Ernesto; o contato de Pedro Ernesto com Luiz Carlos Prestes; a Intentona Comunista (1935) e a participação de alguns auxiliares de Pedro Ernesto; Carlos Lacerda e a queda de Getúlio Vargas em 1955; a prisão de Pedro Ernesto; sua saída da prisão; o Dispensário Rocha Faria em Campo Grande: sua organização física e a composição das equipes; sua ida para Campo Grande e o acesso até lá naquela época; a clientela atendida; o tempo de serviço; sua transferência para o Paulino Werneck na Ilha do Governador; a inauguração dos hospitais construídos por Pedro Ernesto; a localização do Hospital Rocha Faria; o Hospital Paulino Werneck: a organização interna técnica do espaço; as especialidades existentes; o acesso ate lá; o número de leitos; o serviço; sua convivência com Pedro Nava; porque Pedro Ernesto fez os hospitais em locais onde não havia pacientes.

Fita 5 - Lado B
Sua convivência com Pedro Nava; a experiência no Hospital Carlos Chagas como chefe de clínica; os motivos de sua saída.

Fita 6 - Lado A
O Hospital Souza Aguiar (1933): as ocorrências, as especialidades e a organização dos serviços (equipes); as modificações introduzidas pela Reforma Pedro Ernesto; o critério de nomeação dos chefes de serviço; as ampliações no Hospital Souza Aguiar depois da Reforma Pedro Ernesto; as atribuições dos chefes de serviço,. o relacionamento entre clínicos e cirurgiões no Souza Aguiar; a clientela atendida; a remuneração paga pelo paciente; a Assistência Médica antes da Reforma Pedro Ernesto; a reação popular ao funcionamento do Pronto Socorro quando de sua inauguração; a faixa etária de seus colegas de trabalho; o Souza Aguiar como uma grande escola; como compatibilizava o seu horário no Souza Aguiar com o de seu consultório; a clientela de seu consultório; as diferenças entre a clínica privada ontem e hoje; as razões de sua saída do Souza Aguiar; as referências a Aldair Figueiredo; sua opinião sobre a Revolução de 1930.

Fita 6 - Lado B
Seu relacionamento com Pedro Ernesto; o serviço no Hospital Rocha Faria: o espaço físico, o número de equipes, sua constituição e clientela; sua ascensão de cirurgião assistente a chefe de serviço no Carlos Chagas; o serviço no Paulino Werneck; a comparação entre as clientelas do Souza Aguiar, do Paulino Werneck e do Rocha Faria; o motivo de sua saída do Paulino Werneck; como se tornou chefe de clínica do Carlos Chagas; quando começaram a ser construídos os hospitais Paulino Werneck, Carlos Chagas e Getúlio Vargas; a administração posterior à de Pedro Ernesto; o posto de afogados do Lido: os motivos para a sua fundação; a visão do SMB sobre a Reforma Pedro Ernesto; a atuação de Pedro Ernesto como interventor do Distrito Federal.

Fita 7 - Lado A
O posicionamento do Sindicato diante das reformas promovidas por Pedro Ernesto; a Faculdade de Ciências Médicas fundada por Rolando Monteiro; o relacionamento entre as faculdades e o SMB; o impacto das idéias de Pedro Ernesto sobre a assistência pública e sobre o mercado de trabalho médico; a posição do Sindicato com relação à criação do Conselho de Medicina; a proposta de fundação da Ordem dos Médicos; a reação da opinião pública à Reforma Pedro Ernesto; a saída de Pedro Ernesto da prisão; os motivos da popularidade de Pedro Ernesto; a posição de Pedro Ernesto em relação ao integralismo e ao comunismo; o trabalho na Ilha do Governador; os médicos da Assistência e seus consultórios particulares; o desvio de clientes para o consultório particular ontem e hoje; o status alcançado pelo trabalho na Assistência; sua nomeação para chefe de clínica do Hospital Carlos Chagas; o espaço físico do hospital; a organização das equipes.

Fita 7 - Lado B
O Hospital Carlos Chagas: a organização técnica do espaço, o número de leitos, a clientela, o número de médicos; a transfusão de sangue neste período; referências a Aldair Figueiredo e a sua saída e posterior reintegração na Assistência; o seu salário na assistência; a sua dedicação à profissão como exemplo herdado de seu pai; a atitude mercenária dos médicos de sua época; seu retorno ao Souza Aguiar e as diferenças em relação ao período anterior; seus atritos com os diretores do Hospitais Souza Aguiar e Carlos Chagas; sua transferência para o Méier.

Fita 8 - Lado A
Seu período como médico da Beneficência Portuguesa (1937-1941); o trabalho no ambulatório; o relacionamento entre diretor e médico do ponto de vista da determinação do número de clientes a serem atendidas; sua atuação na Revista Médica Municipal; as revistas médicas existentes no início da década de 1940; o Hospital Getúlio Vargas, o espaço físico e sua organização técnica, as especialidades, a constituição das equipes, o número de leitos e o sistema de trabalho; a criação da Associação Médica Brasileira; a fundação da AMDF.

Fita 8 - Lado B
As disputas entre a AMB e a AMDF; a origem do Conselho de Medicina e o concomitante refluxo do SMB; a AMB e a defesa dos interesses dos médicos paulistas; as relações entre a AMB, a AMDF e o Sindicato dos Médicos; sua candidatura à presidência da AMDF (1955); sua atuação como presidente da AMDF; suas relações com o presidente Juscelino Kubitschek; sua indicação para a comissão de estudos para a confecção do decreto presidencial que reconhecia o risco de vida para os médicos; a censura da AMB às iniciativas tomadas pela AMDF.

Fita 9 - Lado A
O pedido de prisão contra ele e os demais membros da AMDF sob a acusação de serem todos comunistas (1964); as disputas entre a AMDF, a AMB e a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro; de que maneira a SMCRJ tornou-se representante da AMB no Rio de Janeiro; os motivos da proliferação institucional no movimento médico; o SMB e a oposição à criação do Conselho de Medicina; a proposta de criação da Ordem dos Médicos; o achatamento salarial dos médicos de 1940 a 1952; a AMB e a palavra de ordem: "emprego único para os médicos"; as distorções do comportamento médico como efeito da baixa remuneração; os cargos que ocupou no Colégio Brasileiro de Cirurgiões; como se tornou presidente do CBC; a relação entre a participação em associações médicas e o status; sua atuação como presidente do CBC e suas principais contribuições ao CBC; o CBC hoje; a sua atuação no movimento da greve da letra 'O'.

Fita 10 - Lado A
A participação em entidades médicas; sua entrada para o Colégio Brasileiro de Cirurgiões (1932); o Colégio Brasileiro de Cirurgiões neste período; sua atuação como relator nas reformas estatutárias do Colégio; as diferenças entre o Colégio e a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro; o Colégio de Cirurgiões hoje; as diferenças entre o Colégio e as demais instituições médicas do período; os benefícios; por que não participou de maneira ativa do Sindicato; a clientela do Sindicato; como se tornou sócio do Sindicato; que tipo de relacionamento seu pai tinha com Álvaro Tavares; a atuação de Álvaro Tavares à frente do Sindicato; a posição do Sindicato com relação à entrada do Estado na Assistência Médica; as relações do Colégio com os professores das faculdades de medicina; sua participação em entidades médicas internacionais.

Fita 10 - Lado B
O perfil da profissão na década de 1940; as relações entre os médicos; as estratégias para angariar clientes; a importância do trabalho no serviço público; o seguro saúde e o credenciamento dos médicos como solução para os médicos; as relações entre a prática médica e a política; a constituinte de 1933 e a eleição do candidato dos médicos: Cumplido Sant'Anna; onde se formavam os médicos que atuavam no RJ; como eram as relações entre alopatas e homeopatas na década de 1940; a origem social de seus colegas de turma na década de 1930; a presença da medicina na imprensa leiga - os anúncios médicos; a posição contrária do SMB à criação do Conselho em 1945; as razões da demora da tramitação do Projeto 7.955 na Câmara; o Código de Ética de 1945.

Fita 11 - Lado A
O Código de 1945; as funções de um código de ética; como eram as relações entre os médicos na década de 1940; as conferências médicas: o que eram e como eram realizadas; a especialização da medicina e os dilemas éticos; as diferenças entre o médico assistente e o médico perito (1945); as relações entre os médicos e os farmacêuticos na década de 1940; a mercantilização da farmácia depois da Segunda Grande Guerra; os tipos de charlatanismo; o relacionamento do doente com o charlatão; a posição do Colégio Brasileiro de Cirurgiões em relação ao charlatanismo; os avanços técnicos na medicina; o desenvolvimento das lentes de contato depois da grande guerra; a posição do Conselho com relação ao charlatanismo; o segredo médico; os anúncios médicos e a indústria dos agradecimentos; o seguro saúde e a proletarização dos médicos; as consultas pelo rádio e pelos jornais; a entrada do Estado na Assistência Médica e as suas consequências para a prática médica.

Fita 11 - Lado B
A criação do seguro saúde no Brasil, na França, nos Estados Unidos e na Inglaterra; o funcionamento do seguro saúde no Brasil; sua relação com a autonomia profissional e com o mercado de trabalho médico; o trabalho gratuito; a transferência de pacientes da clínica pública para a clinica privada; o caso do "Dr. Pulha".

Fita 12 - Lado A
O perfil profissional do médico na década de 1950; a atuação do médico de família no início do século; as modificações no ensino prático da medicina na década de 1940; os limites de atuação do SMB; a atuação de Álvaro à frente do Sindicato; como o Sindicato via a opção dos médicos pelo serviço público; as faculdades existentes na época em que se formou; as razões para o declínio da clínica privada; sua opinião sobre o assalariamento e sobre a autonomia; o Sindicato e a crítica à Reforma Pedro Ernesto; a Reforma Pedro Ernesto e a ampliação do mercado de trabalho do médico carioca; a relação ambígua do Sindicato com relação a Pedro Ernesto; a verificação da indigência nos Hospitais da Assistência; as diferenças entre o Hospital do Pronto Socorro e o Dispensário do Méier.

Fita 12 - Lado B
O movimento de criação da AMDF; o perfil dos médicos participantes da AMB; a proposta de fundação de uma associação de bases nacionais; a criação da AMDF; a discriminação aos médicos cariocas da AMDF pela AMB; a participação dos médicos 'comunistas' na AMDF; as relações entre a AMDF e a greve da letra 'O'; os motivos da greve da letra 'O'; o veto ao projeto que criava a letra 'O' e a reação da AMDF; como foi obtido o aumento dos médicos pela AMDF; a repercussão da greve na imprensa.

Alexandre do Valle

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquieu e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 27 de abril, 04 e 18 de maio de 1998.
Sumário
1ª Sessão: 27 de abril
Fita 1 – Lado A
Aspectos de sua vida pessoal: a infância; a família; a situação financeira da família; a separação dos pais; o distanciamento do pai; o novo casamento da mãe; a relação com o padrasto. A opção profissional pela psicologia; o ingresso na PUC-Rio; as possibilidades oferecidas pelo curso de graduação e as dúvidas quanto à linha terapêutica a seguir; considerações sobre a psicoterapia existencialista; o interesse pela psicanálise e pelos textos de Gilles Deleuze e Félix Gattari. O início da vida sexual, o uso de preservativo como método anticoncepcional; o impacto limitado das informações sobre Aids em sua vida sexual.

Fita 1 – Lado B
Rápida menção as campanhas de prevenção. Os primeiros contatos com a Aids; as leituras de Michel Foucault e a influência profissional do psicanalista Jurandir Freire Costa. Menção ao engajamento no curso de graduação e à participação na organização de eventos na universidade. As primeiras informações sobre o Grupo pela Vidda, ainda durante a faculdade; o interesse “teórico” pela Aids; o impacto dos textos de Herbert Daniel. A relação entre seu comportamento “marginal” e o interesse pela temática da Aids; o sofrimento causado por seu comportamento “fora dos padrões”; as inquietações de ordem social; a identificação com as questões ideológicas ligadas às minorias. A monografia sobre Aids; a ida ao Grupo pela Vidda no final de 1992; o impacto da reunião de recepção e o ingresso definitivo no grupo; o desconforto inicial; o processo de integração; o convite para auxiliar na “recepção” do Grupo.

Fita 2 – Lado A
Breve histórico da “recepção” do Grupo pela Vidda e de seus objetivos; a composição dos voluntários; a integração no grupo. Ressalta a experiência pessoal adquirida durante os três anos na coordenação da reunião de recepção do Grupo Pela Vidda; as distinções entre a intervenção clínica e a proposta “política” da recepção, com o seu estímulo à uma maior interação comunitária. Os objetivos do Pela Vidda, a luta coletiva contra o isolamento, a opção de seus gestores por atividades de integração que não se assemelham aos serviços de assistência; o ingresso de novos voluntários para ajudar na recepção. Considerações sobre as múltiplas representações da Aids; o interesse profissional por questões relacionadas à construção de identidade. Relembra a ruptura brutal imposta aos soropositivos e o peso da identidade de “aidético” à época de seu ingresso no grupo. Define a “recepção” como um espaço de estímulo à pluralidade e a diversidade no que se refere à relação com a Aids.

Fita 2 – Lado B
O objetivo das reuniões de recepção, dinâmica, respeito às particularidades, o estímulo à multiplicidade na convivência com a doença; alusão à um episódio que ilustra a diversidade presente em todas as reuniões. Menção às suas atividades profissionais anteriores ao Grupo; as dificuldades financeiras; a primeira remuneração como coordenador da reunião de recepção; o envolvimento em outras atividades internas; a especialização profissional em temas ligados à Aids e à sexualidade; o trabalho voluntário no Disque-Aids. A participação num projeto coordenado pelo pesquisador Richard Parker da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA). Comenta a tensão entre a ABIA e o Grupo pela Vidda, ressaltando as dificuldades em estar trabalhando nas duas instituições. Histórico do Grupo Pela Vidda: a origem como projeto da ABIA; a dependência financeira da ABIA; as relações entre as duas instituições sob a liderança de Herbert Daniel; a morte de Herbert Daniel e o início da incompatibilidade de interesses; as tensões referentes ao financiamento do projeto HSH (Homens que fazem sexo com homens); os desentendimentos que resultaram na ruptura final. Alusão ao seu desinteresse profissional pela área acadêmica e a clara opção pelas atividades do Grupo Pela Vidda. O ingresso no projeto HSH. Menção às duas coisas que marcaram profundamente sua trajetória profissional em 1994: a vitória no concurso financiado pela USAID, permitindo-lhe a ida para o curso de capacitação sobre “elaboração e implementação de projetos na área de Aids” na Califórnia e a participação, como representante do Pela Vidda, no Congresso de Yokohama, no Japão.

2ª Sessão: 04 de maio
Fita 3 – Lado A
Longas considerações sobre Aids e o uso de drogas; a participação num curso sobre redução de danos para os usuários de drogas; a proposta do curso. Alusão à realidade carioca e à difícil penetração no universo dos usuários de drogas injetáveis na cidade do Rio de Janeiro. Menção às experiências bem sucedidas da Austrália e da Holanda; as especificidades da realidade brasileira e dificuldades em se implantar um programa deste tipo no Brasil. Rápidos comentários sobre o grupo de convivência criado para usuário de drogas contaminados pelo HIV no Pela Vidda. Referência ao forte “tabu” que cerca o uso de drogas no Brasil, dificultando o seu enfrentamento. O distanciamento atual do Pela Vidda com questões relacionadas às drogas. O desinteresse profissional pela questão das drogas; a falta de estímulo diante dos baixos índices de sucesso no tratamento clínico com usuários de drogas; o desinteresse do Pela Vidda em atuar junto aos usuários de drogas. Comenta o contato com o trabalho desenvolvido em Osasco/SP. O impacto, em sua vida pessoal, da aproximação com as questões relacionadas à Aids. A percepção da sexualidade como uma construção social. Considerações sobre o processo de construção de identidade. Os aspectos culturais que envolvem as atividades de prevenção. A sua relação pessoal com a sexualidade: as inquietações da adolescência; a opção sexual pelas mulheres, a despeito de suas características pouco máculas; a sua relação afetiva com os homens. Ressalta os aspectos interessantes de sua “ambiguidade”. Discussão sobre a origem da homossexualidade; rechaço à ideia da predisposição genética. Enfatiza os aspectos culturais e históricos que fazem com que os significados da homossexualidade se transformem no tempo e no espaço. Volta a falar da experiência adquirida no curso de capacitação financiado pela USAID na Califórnia.

Fita 3 – Lado B
A experiência cultural proporcionada pelo curso; a convivência com o grupo de africanos que compunha a turma; a realidade sexual africana e a forma como a luta contra a Aids se organiza naquele continente. A organização comunitária contra a Aids em São Francisco. Os desdobramentos do curso no Brasil. As especificidades das organizações comunitárias americanas. A tensão crescente entre a ABIA e o Grupo pela Vidda; os privilégios garantidos à ABIA em função de sua organização e do prestígio acadêmico dos seus integrantes. A secundarização e a falta de autonomia do “staff” do Pela Vidda na execução do projeto HSH; o fim da participação do Pela Vidda na execução do projeto HSH; a mudança de sede, em 1995. Menção às suas próprias dificuldades financeiras. As propostas de Herbert Daniel; o seu papel, fundamental, de liderança junto às duas instituições. A morte, em 1992, de Herbert Daniel e o início das tensões institucionais entre os dois Grupos, que culminariam numa ruptura final em 1995. A mudança de sede do Pela Vidda. As diferenças institucionais entre a ABIA e o Grupo pela Vidda: o perfil “tradicional” da ABIA, com ênfase na formação técnico-profissional de seus funcionários; em oposição ao perfil engajado, mantido por um grande número de voluntários, do Grupo pela Vidda. Menção à participação do Betinho na ABIA e do Herbert Daniel e no Grupo pela Vidda. A ida à Conferência Internacional de Aids no Japão, em 1994; suas impressões sobre a Conferência.

Fita 4 – Lado A
Características culturais do Japão, a forte repressão sexual e a desinformação sobre Aids. A ênfase do Encontro nas discussões sobre sexualidade. A participação, como coordenador, do projeto “Banco de Horas”; o convite, recusado, para trabalhar como coordenador de aconselhamento do programa de Aids do Ministério da Saúde. Longa exposição sobre a história do projeto “Banco de Horas”, cujo objetivo é, através de uma rede de profissionais, oferecer psicoterapia gratuita para soropositivos. A participação na organização do show “Questão de Honra”, cujo objetivo era mobilizar a classe artística na luta contra a Aids. As atividades e os financiadores atuais do projeto; o alto nível do material de apoio produzido; o perfil socioeconômico da clientela atendida; a distribuição regional dos profissionais filiados ao projeto; as áreas de concentração de interesse do projeto. A atuação como coordenador de projetos do Pela Vidda.

Fita 4 – Lado B
Menção à sobrecarga de trabalho; o prazeroso papel de gestor do grupo. A organização institucional do Grupo, as coordenações de projeto, os financiamentos; referência ao projeto “Buddy”, que se propõe fazer acompanhamento domiciliar aos doentes de Aids; o contato com os financiadores. Considerações sobre a tensão existente entre soropositivos e soronegativos no interior do grupo; o efeito do empobrecimento da epidemia sobre o perfil dos participantes do grupo. A visibilidade alcançada pelo Grupo. Menção a episódios que ilustram essa tensão no dia-a-dia do grupo, as tentativas, ainda frustradas, de superação dos conflitos.

3ª Sessão: 18 de maio
Fita 5 – Lado A
O papel das Ongs/Aids no cenário público brasileiro; a herança do movimento gay; as semelhanças com as organizações comunitárias europeias e americanas; o impacto político de sua luta por direitos de cidadania e contra o avanço da epidemia. Traça a trajetória das Ongs/Aids no Brasil, dividindo-as em duas gerações: a primeira, onde estariam incluídos os GAPAS e a ABIA, de perfil mais intelectualizado e voltadas para uma política de monitoramento das ações governamentais; e a segunda, onde estariam os Grupos pela Vidda e o GIVE-SP, instituições que se propuseram, deste sua fundação, a criar um espaço de voz e atuação política dos doentes. A fragmentação dos objetivos das Ongs atualmente; as iniciativas de integração através dos fóruns regionais. O papel das Ongs como um espaço de referência fundamental para as pessoas que vivem com Aids, diante da contínua fragilização dos serviços oferecidos pelo governo. Os efeitos da parceria com o governo; o processo de institucionalização do Grupo e de legitimação das Ongs no mundo. Considerações sobre o arrefecimento das críticas às ações governamentais na luta contra a epidemia no Brasil; o avanço das políticas públicas de combate à epidemia. Avaliação positiva dos serviços de saúde oferecidos no Rio de Janeiro. Crítica à postura política descompromissada do governo do estado do Rio de Janeiro e da administração municipal da cidade do Rio de Janeiro para com as Ongs. Os limites e as possibilidades das negociações com os canais oficiais; a pouca receptividade do ativismo político atualmente e a necessidade de reinvenção contínua de canais de negociação. Menção ao papel do Encontro Anual de Pessoas Vivendo Com Aids (Vivendo), organizado em parceria entre o Grupo e pelo Grupo pela Vidda- Niterói; o processo de organização do evento; o impacto do evento, a mobilização desencadeada por ele e seus desdobramentos.

Fita 5 – Lado B
Rápida avaliação dos Encontros anuais promovidos pelo Grupo: preocupação com o crescimento contínuo do evento; a participação maciça de representantes de Ongs de outros estados; o perfil do voluntariado; os financiadores. Avaliação das campanhas oficiais de prevenção à Aids; a sua pouca eficácia; as limitações das estratégias adotadas; o equívoco das campanhas centradas no carnaval e no dia 1º de dezembro (Dia Mundial de Luta contra Aids); o alcance limitado das campanhas de televisão; o difícil caminho da inovação no âmbito da transmissão de informação e da mudança de comportamento; a burocracia e as disputas políticas que acompanham todo o processo de elaboração das campanhas. O equívoco e a inutilidade da rígida categorização dos grupos de risco; ressaltando os complexos específicos aspectos culturais e identitários que envolvem a questão.

Ana Maria Bontempo Dias

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquieu e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), no dia 20 de março de 1998.
Sumário
Fita 1 – Lado A
O início do envolvimento com a questão da Aids; o desinteresse da equipe de trabalho de sua empresa (SESI) pelo assunto. As leituras sobre o tema; o contato com dados epidemiológicos que indicavam o aumento no número de mulheres infectadas; a percepção da sua própria condição de risco. O interesse pelas atividades desenvolvidas pelas Ongs-Aids; o contato com a ABIA e o Grupo Pela Vidda; o evento organizado no SESI em parceria com o Grupo Sim a Vida, grupo voltado para um trabalho terapêutico junto aos soropositivos; o interesse pela linha de prevenção desenvolvida pelo Grupo Pela Vidda, que não discrimina a condição sorológica de seus voluntários; o contato com o trabalho do GAPA, que desenvolve trabalhos na linha de visita domiciliar e hospitalar. A sua opção por trabalhos preventivos em consequência do seu despreparo emocional em lidar com doenças e com espaços hospitalares. Comenta a sua curiosidade, durante os primeiros contatos com estas organizações, em distinguir os soropositivos. A mudança na percepção das pessoas que vivem com a Aids, após o ingresso no Grupo Pela Vidda. Ao comentar a forma natural como encara as questões relacionadas à sexualidade, cita um episódio de preconceito contra dois homossexuais. Condena a postura preconceituosa contra os homossexuais, afirmando acreditar que, em alguns anos, os tabus relacionados à opção sexual estejam superados. Discute as suas restrições à bissexualidade manifestada por homens casados. Fala da relação com a homossexualidade de seu primeiro marido. Menciona sua experiência como plantonista do Disque-Aids, citando casos de homens casados bissexuais que ligam, buscando auxílio. Ressalta a ausência de preconceito em suas relações sociais com homossexuais e travestis. Menciona a sua intenção de voltar sua linha de trabalho para a prevenção entre soropositivos. O impacto dos medicamentos na garantia de uma maior sobrevida do doente de Aids. Aponta a necessidade de esclarecer a população sobre os efeitos colaterais dos remédios, para desmistificar a ideia de que o coquetel representa a cura da doença. Comenta sua preocupação com a palestra do Grupo na Fetransporte, organizada por ela, ressaltando a importante transformação na postura dos donos de empresa com relação à prevenção da Aids entre seus empregados.

Fita 1 – Lado B
Menciona, a partir de dados estatísticos, as mudanças no padrão epidemiológico da doença, apontando para o crescimento no número de casos entre os heterossexuais. Cita alguns dos meios usados para convencer os empresários do setor rodoviário sobre a importância e as vantagens das campanhas de prevenção junto aos seus funcionários; as estratégias de abordagem junto aos trabalhadores; a proposta de levar as palestras para o próprio local de trabalho; ressalta as vantagens desse tipo de estratégia; menciona uma experiência junto aos funcionários de um salão de beleza. Considerações sobre as dificuldades em abordar questões relacionadas à Aids e à sexualidade; a ausência de discussões sobre o assunto entre os casais; a resistência masculina ao preservativo; menciona, chocada, o relato de um médico ginecologista que, para evitar conflitos familiares, afirma não notificar suas pacientes sobre o aparecimento clínico de DSTs. O impacto das campanhas no nível de informação sobre a Aids; a contradição entre o acúmulo de informações e a resistência em adotar comportamentos mais seguros; o comportamento, segundo suas próprias observações, de mulheres jovens e solteiras que optaram por abrir mão da vida sexual; as limitações intrínsecas às campanhas de massas, tendo em vista toda a complexidade que envolve o processo de mudança comportamental; menciona a experiência frustrada de uma empresa de transportes que distribuía preservativos junto com o salário mensal dos funcionários, sem nenhum esclarecimento sobre a doença e sobre o uso do preservativo. Finaliza o assunto, ressaltando que as palestras informam sobre a Aids, mas que só a dinâmica das oficinas é eficaz no processo de mudança de comportamento. O impacto das palestras ministradas por soropositivos; cita a experiência de uma palestra, quando o seu acompanhante precisou interromper sua fala para tomar o coquetel Anti-Aids. Explica, rapidamente, a dinâmica das oficinas de prevenção. Explica a origem de seu interesse pelo trabalho técnico de prevenção à Aids junto às empresas, surgido ainda quando funcionária do SESI. Relembra o seu projeto de treinamento de agentes multiplicadores, voltado para os funcionários das empresas filiadas ao SESI, numa parceria entre a instituição e a Secretaria de Estado de Saúde; as estratégias para atrair o interesse dos funcionários; a recusa da direção do SESI em autorizar os treinamentos para os seus próprios funcionários; rápida avaliação dos resultados; a elaboração de um manual, logo publicado pelo SESI, contendo as técnicas de dinâmicas de grupo e informações básicas sobre Aids. O otimismo diante do ingresso de outros técnicos no Grupo Pela Vidda, interessados em desenvolver oficinas de prevenção junto às empresas. Ressalta a importância das oficinas no processo de interiorização das noções de prevenção à Aids. Comenta o desafio de fazer uma oficina com um grupo de travestis. Suas atividades no Grupo como palestrante, atendente no Disque-Aids e voluntária esporádica do Grupo de Mulheres. Enfatiza a importância do Grupo de Mulheres.

Fita 2 – Lado A
Considerações sobre o Grupo de Mulheres, ressalta o seu interesse pelas experiências das voluntárias do Grupo; a sua opção por uma postura menos interativa nas reuniões do Grupo; a sugestão, dada à coordenadora, de criar um momento, dentro da reunião, para falar sobre prevenção. Os objetivos da “Tribuna Livre”. A eficácia dos meios informais criados pelo Grupo Pela Vidda para divulgar informações sobre a doença. Menciona suas atuais atribuições no Disque-Aids, no Grupo de Mulheres e na área de prevenção à Aids no local de trabalho. O interesse do Ministério de Saúde em incentivar a organização de oficinas para treinamento de agentes multiplicadores nas empresas; cita o documento “Aids-2” enviado pelo Ministério e explica, em detalhes, a proposta voltada para prevenção no local de trabalho. A flexibilidade do Grupo ao negociar com as empresas as formas de pagamento das palestras; cita algumas experiências de negociações anteriores. A percepção das ONGs como empresas e a sua preocupação com a qualidade do trabalho prestado, principalmente, à comunidade empresarial e escolar. O aprendizado adquirido durante as oficinas. Reitera seu esforço pessoal em investigar a fundo as questões relacionadas à Aids. Sua percepção pessoal sobre os riscos de contaminação pelo vírus HIV. Reflete sobre as motivações que à levaram a trabalhar com Aids; a opção de não usar preservativo no relacionamento conjugal; o diálogo com o marido sobre fidelidade e uso de preservativo. A proximidade com as questões relacionadas à Aids proporcionada pelo trabalho; a ideia do “viver com Aids”, defendida pelo Grupo; cita uma experiência surpreendente e gratificante vivida junto à um soropositivo solitário. Menciona um episódio doloroso, envolvendo uma funcionária soropositiva do SESI que a procurou para pedir informações sobre Aids e, três dias depois, jogou-se da Ponte Rio Niterói; a culpa diante de sua insensibilidade em não perceber e se disponibilizar diante do estado de angústia da funcionária.

Fita 2 – Lado B
Ressalta a importância das ONGs que atuam com seriedade na luta contra Aids, citando como exemplo os grupos Pela Vidda e o Sim a Vida; o papel destas instituições no processo de mudança na percepção da doença. A visibilidade do Pela Vidda e o reconhecimento público do seu trabalho; o crescente interesse das empresas; elogia a seriedade de seu trabalho institucional. Finaliza, apontando à necessidade de relações mais solidárias entre as pessoas; rejeita veementemente o comportamento preconceituoso e intolerante dos que categorizam os soropositivos através da forma de contágio, rejeitando os homossexuais e vitimizando os hemofílicos e os demais transfundidos.

Angela Maria Cunha Furtado

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquier e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 24 e 31 de março de 1998.
Sumário
1ª Sessão: 24 de março
Fita 1 - Lado A
Inicia relatando lembranças da infância. O nascimento em São Paulo, durante uma viagem dos pais; a convivência com a constante ausência paterna, que era jogador de futebol profissional; a separação dos pais e o afastamento definitivo do pai; o ingresso da mãe no mercado de trabalho; a convivência na casa dos tios. Ressalta as constantes transferências de casa; a descoberta, tardia, da morte do pai. Destaca a assistência concedida pela família materna, após o abandono paterno. Detalha a composição familiar; o comportamento da mãe, a sua opção por relacionamento informais, com exceção do relacionamento com seu pai, com o qual houve oficialização do casamento. Relembra a dificuldade, em princípio, de compreender o comportamento materno. A instabilidade da vida escolar; o comportamento rebelde. O afastamento do irmão mais velho, que optou em morar com o pai. A convivência mais próxima com o irmão do meio, com quem partilhava o comportamento rebelde; a internação num colégio de correção. A compreensão, a posteriori, da revolta que motivava o mau comportamento. As mudanças frequentes de escola e o desinteresse pelos estudos. Relaciona seu comportamento, entendido por ela como desviante, com as atitudes apreendidas da mãe. A participação restrita da mãe em sua educação, a dispersão entre os irmãos, que foram espalhados entre as casas dos parentes; a proximidade com o irmão do meio. A reaproximação da família, que passa a morar em apartamento cedido por um primo. A pouca convivência com o irmão mais velho, que nesta época também volta a morar com a mãe. O casamento aos 18 anos e o grande número de namorados na adolescência, ressaltando a inexistência de contatos sexuais mais íntimos; a proteção dos amigos homens; a irritação diante do controle exercido pelos irmãos mais velhos e a opção pela obediência; desentendimentos com a mãe, que insistia em controlar seu comportamento. As expectativas da mãe em vê-la casada na igreja; o hábito de exteriorizar uma imagem negativa de seu comportamento; as estratégias para tentar conquistar a confiança materna; os constantes desentendimentos entre ambas; o desejo da mãe de torná-la uma mulher ajustada aos padrões da família. A discrição da mãe, que não permitia contato entre os filhos e os seus namorados. A contradição entre o desejo de ser diferente da mãe e a exteriorização de um comportamento reprovável aos olhos da família. Relembra um antigo namorado, por quem se apaixonou e o fim do namoro. Narra longamente o primeiro encontro com o ex-marido e o início do namoro. Destaca a sua própria beleza e o seu temperamento cativante durante a juventude. O noivado e a decisão de assumir um comportamento mais sério. A pressão exercida pela mãe e a opção, a contragosto, pelo casamento. A descrença da mãe em sua virgindade. O comportamento destoante de suas contemporâneas.

Fita 1 – Lado B
A forte afinidade com os homens, contrapondo-se às dificuldades de relacionamento com mulheres. Considerações sobre a atitude opressiva da mãe, avaliando negativamente sua decisão de forçá-la ao casamento. O nascimento do primeiro filho e a opção precoce pelo casamento e maternidade. O término do curso de formação de professor; as dificuldades em conciliar os cuidados com o bebê e o cumprimento das exigências do curso. A experiência profissional com o magistério. A melhora no padrão de vida da família. A transferência do marido para Salvador (BA). O delicado estado de saúde da mãe, a dificuldade em aceitar sua mudança para Salvador e seu falecimento anos depois. Relembra o entusiasmo com o emprego de professora e a frustração de ter que abandoná-lo. Razões que a fizeram acompanhar o marido em sua mudança para Salvador. A dificuldade de engravidar e a decisão, depois da experiência da primeira gravidez, de não ter outros filhos. A opção por interromper uma gravidez tempos depois do nascimento do primeiro filho. A nova gravidez, descoberta durante a mudança para Salvador; o entusiasmo com a chegada da criança, seguida da decepção com o aborto espontâneo. A nova gravidez e a resistência em reconhecê-la; o nascimento do segundo filho, seguido de outra gravidez, quando nasce uma menina. A decisão de pegar a sobrinha para criar; a preocupação de recebê-la de forma calorosa, evitando repetir o descaso que vivera na casa dos tios durante a infância. O cuidado em garantir para a sobrinha o mesmo conforto dado ao filho. O incômodo diante do comportamento sem limites e arrogante da sobrinha, o descaso de seus pais naturais; a dificuldade de aprendizagem e as diferenças no desempenho escolar entre a sobrinha e o filho mais velho; a decisão de transferi-la para um colégio menos exigente.

Fita 2 – Lado A
A sensível melhora no desempenho da sobrinha no novo colégio; a descoberta da figura do pai e o agravamento das tensões entre a sobrinha e o tio; a decisão de levá-la ao psicólogo; a descoberta da origem de seus problemas com o tio; a irritação com as chantagens da menina; a decisão final da sobrinha em ir morar com a família de seu pai natural em outro estado. Ressalta a omissão e a falta de afeto de seu irmão em relação à filha; o difícil processo de separação da sobrinha; os problemas iniciais de adaptação da sobrinha na nova casa; o casamento e o nascimento de seu primeiro bebê. Retoma o nascimento de seu segundo filho. Destaca seu desprendimento das coisas materiais. O efeito da mudança para Salvador em seu comportamento; a obesidade em decorrência do nascimento seguido dos dois últimos filhos. A insatisfação com um cotidiano restrito aos cuidados com a família e a decisão, repentina, de transformar seu cotidiano. A preocupação com o corpo e a recuperação da beleza e da autoestima; os ciúmes do marido e sua mágoa por ele não valorizar sua vaidade. Menciona o relacionamento com uma amiga que foi morar em Salvador e comenta sobre as traições das amigas, destacando sua opção pela fidelidade. A insistência da amiga em apresentá-la ao seu irmão; o desinteresse inicial pelo garoto de 18 anos que, ao contrário, tinha se apaixonado por ela. Relembra as estratégias para estar sempre próximo, ressaltando sua ingenuidade em relação aos interesses dele. O desagrado do marido que, desconfiado, proibiu a ida do rapaz à sua casa durante sua ausência. Conta, em detalhes, o momento em que o rapaz declarou sua paixão por ela.

Fita 2 – Lado B
Descreve sua reação de repúdio diante da declaração do rapaz e o envaidecimento posterior ao se sentir desejada e o desejo, reprimido em princípio, de se envolver com o rapaz. O falecimento repentino da mãe, no Rio de Janeiro; a vinda para o enterro e o reencontro com os irmãos; a mágoa pelo marido tê-la deixado viajar sozinha para assistir ao enterro da mãe; a decisão de traí-lo, em represália por tê-la deixado sozinha. A volta para Salvador, a atitude calorosa do rapaz, contrapondo-se à indiferença do marido. Conta, em detalhes, o processo que os levou a tornarem-se amantes e as motivações para manter um relacionamento paralelo ao casamento durante 15 anos. Comenta a decisão dos dois de manterem vidas independentes. A mudança para Minas Gerais e o afastamento compulsório entre eles; a alegria dos encontros de férias; o amor dividido entre o marido e o amante. Nova mudança, agora para São Paulo; a vinda do amante para o Rio de Janeiro e a perda de contato entre os dois. As constantes ausências do marido; o reencontro com o amante; a descoberta da contaminação pelo vírus HIV.

2ª Sessão: 31 de março
Fita 3 – Lado A
O reencontro com o amante, no Rio de Janeiro; os encontros frequentes entre os dois; a inadaptação em São Paulo e as constantes vindas para o Rio de Janeiro. Destaca que, mesmo sabendo das trocas constantes de parceiras do amante, não se imaginava em risco. Os primeiros sintomas da doença, uma pneumonia e o receio de ele estar com a Aids. A ida, de férias, para Salvador e a decisão de fazerem juntos o teste Elisa. Considerações sobre a sua incredulidade num diagnóstico positivo. Descreve o momento do diagnóstico; a clareza sobre os caminhos que a levaram à doença; o medo de ter contaminado o marido; os receios diante dos possíveis desdobramentos da revelação de sua soropositividade; a solidariedade dos amigos que estavam com ela em Salvador; a dificuldade em tratar o assunto na família. Considerações sobre sua percepção do risco em se contaminar com a doença; a experiência de se ver contaminada pelo vírus. A volta para São Paulo e a decisão de esconder do marido a verdade; as estratégias para evitar contatos sexuais com o marido. Tece explicações sobre as motivações que a levaram a manter dois relacionamentos por 15 anos. O medo de ser tocada pelo marido. Volta a mencionar as estratégias usadas para evitar ficar a sós com o marido; o constrangimento durante a noite, diante de sua insistência em tocá-la. A consulta com o médico da família; a conversa sincera com o médico e a decisão fazer o exame Western Blot, para confirmar o diagnóstico. A confirmação do diagnóstico e a decisão, sugerida pelo médico, de contar a verdade para o marido. As dúvidas sobre como contar a verdade para o marido e o receio em comprometer os amigos que sabiam do seu relacionamento. Comenta a preocupação da família em vê-la emocionalmente abalada. A decisão de contar a verdade para o marido. Descreve os momentos de expectativa e de medo que antecederam o encontro; a reação de incredulidade do marido. Fala sobre sua reação e da decisão, impulsiva, de fantasiar relacionamentos extraconjugais que não aconteceram. Faz algumas considerações sobre o adultério. Cita as motivações que a levaram ao adultério, destacando os elementos que diferenciam a sua experiência extraconjugal de um adultério comum.

Fita 3 – Lado B
Reproduz parte do diálogo com o marido; a sua reação de perplexidade e decepção; a decisão de apoiá-la e de manter, formalmente, o casamento; a preocupação em manter o diagnóstico em segredo. O cotidiano de angústia e solidão; a reação dos filhos diante de seu comportamento; o sentimento de alívio com o resultado negativo do exame do marido. A insatisfação com o casamento, a percepção dos filhos. A aproximação do amante; a angústia diante do afastamento do marido; os sinais de desgaste no relacionamento entre os dois e a reação dos filhos. Relembra a insatisfação com o seu alto padrão de vida, proporcionado pelo marido; os diálogos com os filhos sobre a insatisfação com a casa de São Paulo e o desejo de mudar para um apartamento no Rio de Janeiro. Descreve as características do condomínio onde morava em São Paulo. O desejo inicial dos filhos em morar com ela. A percepção das mudanças no comportamento do marido e o desejo crescente de sair de casa. A mudança para o Rio de Janeiro e a publicização do novo relacionamento do ex-marido. Considera a possibilidade de ter sido traída por ele; avalia positivamente a nova fase do relacionamento com o ex-marido. Reflete longamente sobre os motivos que levaram ao fim de seu casamento e sobre a vida de ambos após a separação. Menção aos momentos em que o ex-marido buscou nela a verdade sobre a contaminação, ressaltando sua opção por omitir dele a verdade sobre sua contaminação.

Fita 4 – Lado A
A preocupação em preservar os amigos que sabiam de sua relação extraconjugal. Descreve o período final do processo de separação; a mudança para o Rio de Janeiro sem os filhos e a decisão de vender "cachorro quente" com duas amigas. A inadaptação no trabalho e a opção de viver da mesada dada pelo marido. A mudança para um apartamento pequeno; a insatisfação com a casa e o condomínio em que morava em São Paulo; compara os condomínios de Alphaville, em São Paulo e os condomínios da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Menciona alguns desentendimentos com as sócias. O cuidado em informar a filha adolescente sobre a importância do uso do preservativo nas relações sexuais. A omissão dos filhos sobre sua própria condição sorológica. A abordagem sutil durante os diálogos com a filha sobre as questões relacionadas à Aids e sobre a sua participação no Grupo Pela Vidda. As dificuldades em lidar com a sexualidade da filha; a insistência em entregar-lhe camisinhas, mesmo sem ela ter iniciado sua vida sexual. Avalia negativamente a despreocupação dos amigos de sua filha com a ameaça da Aids, mas vê com otimismo a incorporação gradativa da camisinha no cotidiano dos adolescentes. Ressalta os tabus que cercam a questão do uso da camisinha. Comenta as experiências sexuais do filho mais velho e sua resistência em usar preservativo com a namorada. Menciona os amigos que, mesmo acompanhando o seu sofrimento com a doença, resistem ao uso da camisinha. Avalia a sua própria percepção do risco da doença, durante os anos em que manteve um relacionamento extraconjugal. O lento afastamento do amante; avalia os motivos que levaram ao desinteresse entre ambos.

Fita 4 – Lado B
Avalia positivamente sua atual fase e destaca a estabilidade de seu quadro clínico. Cita a discussão com o seu médico sobre a necessidade do uso de medicamentos em casos assintomáticos e o medo de desenvolver os sintomas da doença. Menciona a questão dos filhos e da necessidade crescente de falar com eles sobre a sua contaminação. Relembra o primeiro contato com o Grupo pela Vidda; a proximidade com uma de suas voluntárias; o ingresso definitivo no Grupo após a mudança para o Rio de Janeiro. Relativiza a convicção, comum entre as mulheres do Grupo, sobre a responsabilidade dos homens na transmissão do vírus. Afirma não ter guardado rancor pelo afastamento do amante. Pondera sobre os efeitos positivos da Aids em sua vida. Menciona o contato com as experiências de outros integrantes do Grupo, enfatizando a importância do apoio e da descrição do marido. Finaliza, ressaltando as mudanças em sua relação com o corpo e com a sua saúde após a descoberta do diagnóstico.

Dráuzio Varella

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquieu e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 02 e 09 de maio de 1998.
Sumário
1ª Sessão: 02 de maio
Fita 1 – Lado A
A infância em um bairro operário em São Paulo; a origem europeia, pais, avós, o cotidiano no cortiço de imigrantes e a morte prematura da mãe; diferenças culturais entre espanhóis e portugueses; dedicação do pai ao trabalho e o esforço que os filhos fossem universitários; ingresso na faculdade de medicina da USP e o trabalho como professor de cursinho pré-vestibular; temperamento autoritário do pai; desempenho 'medíocre' ao longo do curso de medicina e sua conclusão; período de indefinição profissional, encontro com Vicente Amato e a ida para o hospital do Servidor Público; o grande interesse por medicina contrapondo-se ao descaso com o curso médico; contato com a equipe médica do Hospital dos Servidores, interesse por imunologia e a grande virada profissional, no início dos anos 1970; avanços nas pesquisas em imunologia e a aproximação com a oncologia; a pesquisa clínica com o uso de BCG oral em pacientes com Melanoma.

Fita 1 – Lado B
O sucesso e a repercussão das primeiras pesquisas clínicas com BCG oral em doentes com Melanoma; intercâmbio com o hospital Memorial de Nova Iorque, ida para Nova Iorque, em 1983, e o primeiro contato com casos de Sarcoma de Kaposi em doentes de AIDS; o despreparo dos médicos em lidar com a doença, comentário sobre os altos índices de morbi-mortalidade da Síndrome, perfil 'chic' dos primeiros contaminados e o contato com os doentes homossexuais; a 'antevisão' da ampla rede de transmissão heterossexual da doença no Brasil; considerações sobre os mecanismos gerais de transmissão dos agentes infecciosos; ênfase no equívoco científico da apressada associação da AIDS à comunidade homossexual e consequências para o controle futuro; crítica ao preconceito contra os homossexuais; condicionantes genéticos do comportamento sexual; a alta contagiosidade das drogas injetáveis e a ineficácia das campanhas de distribuição de seringas descartáveis; comentário sobre a experiência com uma 'roda de baque' (roda de usuários de cocaína injetável), assistida e gravada em São Paulo, e a descrição do comportamento dos envolvidos; alternativa de prevenção entre os usuários de drogas: substituição da droga injetável pelo 'crack'; a experiência com usuários de drogas no Carandiru (SP).

Fita 2 – Lado A
As diferenças de ação e efeito entre a cocaína injetada, inalada e o crack no organismo humano; a experiência de substituição da droga injetada pelo crack entre os presos do Carandiru; os efeitos nocivos do crack e da cocaína inalada; a pesquisa conduzida entre os presos do Carandiru e o trabalho de intervenção: estratégias de persuasão, atendimento clínico, informações básicas sobre a transmissão da Aids, contaminação via droga injetável; os sinais de sucesso da iniciativa; efeito da proximidade dos presos com a Aids e o medo da morte como uma possível explicação da substituição da droga injetável pelo crack; a subnotificação da doença e seus problemas; a predileção pela oncologia e o fascínio pelo desafio à morte; os avanços da ciência médica e o papel do médico junto ao paciente; relação de complementaridade entre a arte (as relações humanas) e a técnica (o saber científico) no processo de cura; comentários sobre a fundamentação técnico-científica da chamada medicina alternativa.

Fita 2 – Lado B
A interação entre técnica e relações humanas como o caminho para a medicina do futuro e a mudança na relação médico-paciente; episódios de desrespeito no atendimento ao paciente presenciados em seu período de 'interno' no Hospital das Clínicas (SP); a precariedade dos hospitais públicos no Brasil, o equívoco na concepção do Estado como entidade prestadora dos serviços de saúde e a experiência como chefe do serviço de oncologia num hospital do INAMPS; a reação de seus pacientes diante do diagnóstico de AIDS; impacto dos novos tratamentos sobre os soropositivos e mudanças na concepção da doença.

2ª Sessão: 09 de maio
Fita 3 – Lado A
A ascendência europeia, o sentimento de pertencimento à cultura brasileira e a opção por viver no Brasil; exaltação à diversidade cultural do Brasil e comparação entre as características culturais dos brasileiros e dos europeus; seus casamentos; comentários sobre o comportamento contraditório dos detentos do Carandiru diante da morte e do diagnóstico de AIDS; comentários sobre as campanhas de prevenção; o equívoco das iniciativas de distribuição de seringas como meio de prevenção da transmissão da doença; a experiência de substituição da droga injetável pelo crack entre os detentos do Carandiru; as especificidades culturais dos países europeus onde a experiência apresentou resultados significativos; o costume de partilhar a droga como uma característica que inviabiliza a eficácia dos programas de distribuição de seringas individuais; a experiência com campanhas de prevenção em emissoras de rádios paulistas e a eficácia das campanhas voltadas para públicos específicos; comentários sobre a campanha do “Bráulio”; o equívoco das campanhas de carnaval; a questão dos preservativos e a reduzida oferta no mercado brasileiro; a importância de campanhas objetivas e tecnicamente engajadas.

Fita 3 – Lado B
A intervenção da Igreja e a influência de interesses políticos no processo de elaboração das campanhas; defesa por campanhas menos políticas e mais técnicas; avaliação positiva da atuação das ONG's/Aids no Brasil; as condições que propiciaram a proliferação do vírus HIV nas comunidades homossexuais; o pioneirismo das ONG's/Aids; participação na Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo no início dos anos 1990; o projeto de prevenção às DST's; os resultados práticos durante sua participação no governo; a burocracia e irracionalidade dos meios adotados pelos técnicos do governo de São Paulo para a gestão do empréstimo do BIRD destinado ao controle e prevenção da Aids no Brasil, no início dos anos 1990; avaliação dos resultados destes empréstimos; descrição dos avanços gradativos no tratamento clínico da doença e as dificuldades iniciais em diagnosticar as doenças oportunistas; os efeitos limitados dos primeiros medicamentos disponíveis para o controle clínico da doença; o impacto de sua entrevista num programa de TV sobre estes medicamentos e a rápida liberação de novos medicamentos; a divulgação impactante dos avanços da medicina sobre a comunidade médica como estratégia para os médicos se atualizarem; o grande avanço clínico representado pelos 'inibidores de protease'.

Fita 4 – Lado A
Razões que permitem que doentes de AIDS com elevada carga viral e baixíssimo número de CD4 não desenvolvam doenças oportunistas; a formação genética dos vírus, a ação do vírus HIV e possíveis formas de combatê-lo; os possíveis efeitos colaterais, a longo prazo, das novas terapias anti retrovirais; avaliação dos congressos científicos internacionais; crítica ao comportamento dos ativistas europeus e americanos; garantia de uma maior sobrevida proporcionada pelos retrovirais; o alto índice de desistência durante o tratamento e as dificuldades encontradas pelos pacientes em mantê-lo; a convivência com a morte frequente de pacientes; o fascínio pelos desafios da oncologia; a descoberta, depois de anos de medicina, do importante papel do médico nos últimos momentos de vida dos pacientes em fase terminal; a relação com a morte e a Aids: o caso de seu irmão.

Fita 4 – Lado B
A serenidade do irmão durante o tratamento; sobre a sua relação pessoal com a morte; a AIDS como um dos resultados do processo liberação sexual dos anos 1960; o impacto da AIDS sobre o comportamento sexual da juventude.

Conceição Lemes

Entrevista realizada por Dilene Raimundo Nascimento e Marcos Roma Santa, em São Paulo (SP), nos dias 28 e 29 de novembro de 1996.
Sumário
1ª Sessão: 28 de novembro
Fita 1 – Lado A
Inicia relatando a infância, composição familiar, influência do caráter solidário do pai, as cobranças dos pais, a precocidade, o impacto da morte repentina do pai e o peso da responsabilidade pelos irmãos menores. O término do ginásio; a escolha pelo curso de formação de professores. As dificuldades financeiras das famílias e a mudança para a escola pública. A decepção com o catolicismo e o descontentamento com o curso de formação de professores. O rompimento com a família de seu pai. A influência intelectual da professora de sociologia durante o curso de formação de professores; o ingresso no curso pré-vestibular; a opção pelo curso de comunicação (jornalismo) na USP. Dificuldades financeiras com a morte do pai e a força da mãe em manter os filhos unidos e estudando. Lamenta o excesso de responsabilidade com a família durante a adolescência. A opção por jornalismo, a seriedade durante a graduação, a despeito das frustrações com a qualidade do curso.

Fita 1 – Lado B
Explica a estrutura do curso de comunicação na USP e o porquê da opção pelo jornalismo. Considerações sobre o papel educativo da informação. Seu compromisso de educar e formar os irmãos. A pouca participação no movimento estudantil de oposição à ditadura militar e menciona um episódio em que, por engano, confundiram-na com uma estudante envolvida com os grupos de resistência à ditadura; o clima de medo que pairava sobre os alunos na época; a ameaça dos agentes da repressão infiltrados na universidade. O momento de hesitação pela carreira acadêmica; as atividades acadêmicas e extra-acadêmicas desenvolvidas no curso de graduação; o ingresso na pós-graduação e o imediato desencanto com as exaustivas teorizações da carreira universitária. O envolvimento profissional com o jornalismo sindical. Ressalta seu compromisso com a transformação; a emoção com o culto ecumênico na Praça da Sé em decorrência do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, em 1975; a indignação com a indiferença da turma de pós-graduação diante dos acontecimentos políticos da época. A criação, junto com o marido, do jornal sindical “Hora” na região do ABC paulista; o convívio com os movimentos sindicais do ABC; a importância dessa experiência profissional; a falência do jornal e a ida para a Rádio Globo; as dificuldades políticas e financeiras para estruturar o jornal.

Fita 2 – Lado A
A proposta de uma linguagem voltada para a classe trabalhadora, as matérias mais marcantes e o aprendizado adquirido com o jornal. O trabalho na Rádio Globo; as dificuldades políticas em se ajustar à uma emissora de rádio notoriamente de direita; as conquistas e a abertura de espaço para discussões políticas na rádio; sua liderança nos movimentos reivindicatórios da categoria; a demissão da Rádio Globo e os dois anos de desemprego. Avaliação sobre a mal sucedida greve dos jornalistas de 1979; a falta de compromisso ideológico e ético das pessoas envolvidas no movimento; o desemprego e os primeiros trabalhos, ainda não especializados, como “freelancer”; as primeiras matérias sobre saúde, na Revista Nova, o ingresso na Revista Capricho e a preocupação, independentemente do perfil do veículo, em usar o espaço jornalístico de forma crítica, competente e comprometida com mudança. Os anos de trabalho como redatora na Revista Saúde da editora Abril.

Fita 2 – Lado B
A mudança de chefia na Revista Saúde e o início do descontentamento, que resultaria em seu pedido de demissão. O seu interesse pela Aids, ainda na Revista Saúde e o acompanhamento da epidemia, desde seu início; o primeiro contato com a doença por meio de revistas estrangeiras; as matérias sobre questões relacionadas à Aids e a entrevista com Herbert Daniel. O contato com Stalin Pedrosa, do Grupo Pela Vidda, e a proposta de uma matéria investigativa sobre os chamados tratamentos alternativos contra a Aids; o prêmio Abril de Jornalismo; a matéria sobre Aids, feita sob encomenda pela revista Playboy; as dificuldades na execução do projeto em função das especificidades do público da revista e as particularidades que diferenciam seu estilo jornalístico.

Fita 3 – Lado A
Ainda sobre a matéria publicada na Playboy e a complexidade que envolve a questão; as especificidades do público alvo; as estratégias de convencimento; seu papel como jornalista; implicações éticas das matérias que tratam de saúde; a falta de compromisso da imprensa com as expectativas das pessoas, ao publicizar informações equivocadas e inconsistentes sobre Aids. O interesse profissional pela doença e seu gradativo envolvimento pessoal na luta contra a doença. Longa discussão sobre o papel da mídia na construção do significado social da Aids; crítica à omissão da sociedade civil diante das informações equivocadas sobre Aids veiculadas pela imprensa; o papel político da imprensa. Ressalta aspectos positivos da imprensa, como o compromisso social e a audácia do editor da Playboy que se dispôs a financiar a matéria sobre Aids; a percepção da imprensa como um espaço de mudança.

2ª Sessão: 29 de novembro
Fita 3 – Lado B
Longas considerações sobre o papel da mídia e as responsabilidades do jornalista; o alto custo das matérias; a própria complexidade das questões que envolvem a Aids e que tornam mais difíceis a produção de matérias sérias sobre o assunto. A Conferência Internacional de Vancouver e os equívocos divulgados pela imprensa sobre a eficácia do “coquetel anti-Aids”. O impacto positivo do lançamento do “Coquetel” durante a Conferência de Vancouver; o clima de otimismo e esperança da Conferência. Sua crença na qualidade da imprensa brasileira; a defesa dos “protocolos científicos”; o compromisso ético e científico dos pesquisadores e as expectativas dos doentes que esperam ansiosos por tratamentos eficazes.

Fita 4 – Lado A
As especificidades da epidemia da Aids; seu impacto político, ao despertar uma série de movimentos reivindicatórios e tornar possível uma reorientação da relação médico/paciente. A preponderância do perfil dos primeiros infectados, a maioria pertencente à uma elite pensante e ativista, na condução diferenciada da luta institucional contra a Aids no mundo; os possíveis desdobramentos do processo de pauperização da epidemia; o modismo em torno das discussões sobre a doença. Sua experiência profissional com o jornalismo e os aspectos subjetivos inerentes à produção jornalística séria. O oportunismo que cerca a doença, o número crescente de profissionais que veem na Aids uma oportunidade de projeção; ou mesmo de pacientes, que usam a doença para fazer “chantagem”. Numa reconsideração, exclui a classe jornalística dessa categoria de profissionais oportunistas. Longa discussão a respeito do papel e dos equívocos da imprensa na construção do significado social da Aids; a assimilação e a divulgação pouco crítica de informações, com grande carga de juízo moral, produzidas pela comunidade científica no início da epidemia; a repercussão destes estereótipos na percepção do risco da doença na sociedade em geral. Considerações em torno da polêmica camiseta produzida pelo Grupo Pela Vidda para marcar o Dia Mundial de Luta Contra a Aids: uma estampa envolvendo o Sagrado Coração de Maria em uma camisinha, despertando a indignação do prefeito da cidade do Rio de Janeiro, César Maia que, como católico, entrou na justiça para proibir a distribuição da camiseta.

Fita 4 – Lado B
Reflete a respeito dos objetivos de uma campanha tão provocativa e, mesmo, agressiva para os católicos; os riscos de campanhas que são elaboradas em cima de símbolos religiosos; os equívocos das campanhas preventivas calcadas no discurso da abstinência sexual e da fidelidade. Considerações sobre o crescente índice de contaminação de mulheres que não apresentam o chamado “comportamento de risco”; as diferenças geracionais na percepção da doença e dos riscos de contaminação. Menciona a pesquisa feita pelo Ibope para dar suporte à matéria da Playboy mostrando que os adolescentes formavam o grupo que mais usava preservativo. Menciona o uso de um broche, que representa a luta contra a Aids, como uma atitude pessoal de desmistificar a doença. Os critérios para a seleção de seus consultores. Sua avaliação sobre a relação entre as Ongs/Aids, os órgãos oficiais e os laboratórios privados.

Fita 5 – Lado A
As implicações, na própria autonomia destas instituições, do maciço financiamento do governo. O financiamento oferecido pelos laboratórios farmacêuticos e exemplo para mostrar os desdobramentos deste tipo de dependência financeira. Menciona sua participação num Comitê Científico do Programa Nacional de DST e Aids; a baixa qualidade de parte dos projetos enviados. Questiona os critérios de avaliação do Ministério da Saúde; seu compromisso pessoal em fazer uma avaliação justa; a interferência dos interesses políticos no processo de distribuição de financiamento.

Dayse de Mello Agra

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquieu e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 24, 30 de outubro, 06 de novembro e 18 de dezembro de 1997.
Sumário
1ª Sessão: 24 de outubro
Fita 1 – Lado A
A composição familiar; a doença do pai; a mudança de São Paulo para o Rio de Janeiro, durante a infância; a mudança para o estado de Minas Gerais, aos 12 anos. A trajetória marcada por problemas de saúde na família e a rejeição a qualquer profissão ligada à área de saúde e educação. O casamento; a boa convivência familiar, a despeito das diferenças pessoais com a irmã; o restrito convívio social da família; as atividades profissionais dos pais; a indefinição profissional e a formação escolar. A volta para o Rio de Janeiro, o abandono da escola e a opção pelo trabalho. As primeiras atividades como comerciária seguida pelo ingresso no serviço público. O ingresso do marido na polícia federal; o casamento no ano de 1955. O nascimento do primeiro filho; as dificuldades em conciliar o trabalho e as atividades domésticas, resultando no pedido de demissão do serviço público. A opção por mais de um filho devido à experiência do marido como filho único. O caráter autoritário e reservado do marido; a origem tradicional de sua família. Considerações sobre a oposição do pai ao seu casamento e as diferenças de valores entre as duas famílias. Os passeios em Paquetá. A transferência do marido para Paquetá e a mudança definitiva para lá com os filhos.

Fita 1 – Lado B
Menciona as funções do marido na ilha, sua autoridade no local, ressaltando sua honestidade no trabalho. Comenta a crise política pela qual estava passando o Brasil, no início dos anos 1960 e a preocupação do marido com uma possível transferência para Brasília. A volta para o apartamento localizado no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Fala longamente sobre o marido; faz referência a seu comportamento, frisando a dificuldade em desobedecer às ordens do pai; sua tensão, diante da possibilidade de uma transferência do Rio de Janeiro; os primeiros sintomas do Mal de Parkinson; o início das dificuldades no trabalho, resultando na aposentadoria por invalidez. As dificuldades no relacionamento com a irmã. A morte da sogra e a mudança para o apartamento do sogro. Relembra as dificuldades em dar assistência à família e cuidar do sogro já idoso e da mãe, devido à negligência da irmã. Sua submissão ao marido, seu temperamento autoritário e as restrições impostas aos filhos. As diferenças de comportamento entre os irmãos: enquanto o mais velho obedecia, sem questionar, às ordens do pai e se dedicava aos estudos, o menor sempre encontrava uma forma de subverter restrições e não demonstrava nenhum interesse pela escola.

Fita 2 – Lado A
O interesse em participar de um trabalho voluntário desenvolvido no posto de saúde do Catete, junto às outras mães do colégio de seus filhos. Volta a mencionar as diferenças de comportamento entre os irmãos. Fala longamente das características do filho mais novo, sua insistência em compará-lo com o irmão e suas iniciativas para estimular o gosto pelos estudos. A opção por trabalhar profissionalmente com barcos no Caribe e reflexão sobre sua postura diante do comportamento dos filhos e da inesperada morte do filho mais velho.

2ª Sessão: 30 de outubro
Fita 3 – Lado A
Longas considerações sobre as diferenças de comportamento entre ela e a irmã; o esforço para obter uma condição de vida mais confortável e a disponibilidade em acompanhar os doentes da família, contrapondo-se ao comportamento omisso e desinteressado da irmã e do cunhado. A mágoa diante do distanciamento da irmã, durante o período de adoecimento do filho. A doença e morte da mãe e sua decisão de não se envolver com os trâmites do enterro. Para explicar a tensão que seguiu o inventário da mãe, volta no tempo para relembrar um episódio, logo após a morte do pai, quando sua irmã se indignou com os termos do testamento deixado pelo pai.

Fita 3 – Lado B
Menciona a restrita composição familiar, ressaltando o comportamento distante da irmã. Longas considerações sobre as diferenças entre os dois filhos; lembranças de episódios da infância de ambos; o comportamento extrovertido e versátil de Anderson e o comportamento sério e estudioso de Jefferson. A trajetória de Jefferson e seu grande interesse por pescaria; o ingresso no curso de Geologia da UFRJ; a viagem a Paris; o desempenho universitário; o estágio na Petrobrás; a mudança para Bahia; a formatura; o ingresso definitivo nos quadros da Petrobrás.

Fita 4 - Lado A
A aprovação do filho para uma pós-graduação em Austin, no Texas, pela Petrobras; a volta para o Brasil depois de dois anos e a decisão de morar sozinho. Os primeiros sinais da doença e a tentativa de omiti-la da família; a negação da doença. A conversa com a médica e a descoberta do verdadeiro diagnóstico do filho; a sua reação e o temor diante da associação Aids/homossexualidade.

3ª Sessão: 06 de novembro
Fita 5 – Lado A
Seu total desconhecimento sobre a doença e ressalta o despreparo médico em lidar com a Aids, durante o tratamento do filho. Longa descrição da fase posterior ao diagnóstico; o início do tratamento, o diálogo com o marido e, em seguida com o filho, sobre seu diagnóstico e a decisão de voltar para a casa dos pais. A maior atenção ao comportamento do filho, o receio de sua possível homossexualidade. A emoção do momento em que o filho voltou para a casa. Considerações sobre a associação Aids/culpa; a opção por não fazer perguntas sobre a forma do contágio. A aproximação entre os dois irmãos. O agravamento do quadro clínico e a internação. Já no hospital, a curiosidade das pessoas em torno do filho, um dos únicos pacientes de Aids; o preconceito dos profissionais do hospital, que decidiu transferi-lo para o isolamento. Referência a associação Aids/culpa, Aids/homossexualidade. Ressalta o exemplo de luta e resignação do filho diante do avanço da doença.

Fita 5 – Lado B
Longos comentários sobre o período da internação do filho na Beneficência Portuguesa e a solidariedade dos amigos da Petrobrás; o comportamento bem humorado; a ausência da tia; o gradativo agravamento de seu quadro clínico; o tratamento carinhoso e alegre de uma das auxiliares de enfermagem; a visita dos amigos de Paquetá; o sofrimento causado pelas fortes dores noturnas; a decisão de sedá-lo; a sua morte. Retoma o momento em que os amigos da Petrobrás, ao tomarem conhecimento da doença, decidiram consultar uma especialista, da qual ela não recorda o nome; a recusa do filho ao tratamento proposto pela médica.

Fita 6 – Lado A
Retorna à fase que antecedeu a internação filho; o primeiro contado com a real gravidade da Aids. Relembra as últimas vontades do filho; a divisão, em vida, dos seus pertences entre os amigos. Algumas considerações sobre o comportamento firme de ambos diante da doença.

4ª Sessão: 18 de dezembro
Fita 7 - Lado A
A dor pela morte do filho; as primeiras iniciativas para superar sua morte. O impacto do depoimento de Herbert Daniel num canal de televisão sobre as atividades do Grupo Pela Vidda. Considerações sobre sua discriminação contra os homossexuais. A recepção no Grupo. Referência à origem do Grupo; seu processo de organização; sua relação com a ABIA. A gradativa integração no Grupo; o medo dos homossexuais; a organização do Grupo de Mulheres. Considerações sobre a Aids: a forte associação Aids/ homossexualidade; o impacto do contato com mulheres infectadas pelo HIV sobre a sua percepção da Aids como doença de homossexuais; o equívoco do médico que afirmava que as mulheres não transmitiam o HIV; a ausência de informações consistentes sobre a doença e de medicamentos adequados; a busca por vacinas; o surgimento do AZT. A inauguração do Grupo; a influência do espírito de luta dos integrantes do Grupo. As especificidades do Grupo pela Vidda; sua autonomia em relação à ABIA. As consequências da insistência do médico Carlos Alberto Moraes e Sá em afirmar que as mulheres não transmitiam o HIV. Cita o caso de três mulheres que, orientando-se pelas afirmações do médico, além de comprometeram seriamente seu estado clínico ao engravidar, expuseram seus parceiros ao risco do contágio. A comercialização do AZT; as representações negativas sobre a droga; o medo dos seus efeitos colaterais; a experiência de Herbert Daniel com o medicamento.

Fita 7 – Lado B
A decisão de conceder entrevista para um programa televisivo; o apoio do filho mais novo, que lhe conta a discriminação sofrida após a morte do irmão. O crescente envolvimento com o Grupo; a coragem de falar publicamente sobre Aids; a importância do Grupo para os soropositivos. A dinâmica do Grupo de Mulheres; o efeito da troca de experiências. A visibilidade dos soropositivos; o impacto dos depoimentos dados por soropositivos no processo de transformação das representações sobre a Aids. Relembra a mobilização do Pela Vidda contra as primeiras campanhas de prevenção à Aids veiculadas pelo governo; a luta contra a associação Aids/morte e contra o preconceito. A primeira participação do Grupo nas campanhas oficiais de prevenção; a concessão de seu depoimento para uma dessas campanhas. A resistência das instituições escolares e das empresas em abrir espaço para as atividades de prevenção propostas pelo Grupo; seu trabalho de prevenção, chamado “sala de espera”, desenvolvido junto às pacientes do posto de saúde do Catete; suas estratégias de convencimento, os resultados.

Fita 8 – Lado A
As dificuldades para ampliar o trabalho de treinamento oferecido pelo Grupo aos voluntários, afim de adequá-los às linhas de atuação seguidas pela instituição. A proposta do Disque-Aids. A importância do Encontro de Pessoas Vivendo com Aids, organizado anualmente pelo Grupo. Relembra sua denúncia, durante um dos primeiros Encontros do grupo, da discriminação de hotéis da Zona Sul carioca contra as comitivas vindas de outros estados para o evento. O impacto da participação do cientista francês Luc Montagnier em um dos Encontros. Cita algumas das instituições financiadores do Encontro. Considerações sobre a parceria entre o governo brasileiro e o Grupo; as mudanças na relação médico- paciente; as restrições impostas pela medicação; as disputas entre os laboratórios; as implicações éticas das pesquisas que utilizam cobaias humanas; os ótimos resultados nos tratamentos para as crianças; a prevenção à Aids vertical; as campanhas de prevenção; o efeito da parceria entre o governo e as ONG's na mudança no perfil das campanhas; as dificuldades relacionadas à mudança de comportamento e às discussões que envolvem sexualidade; a eficácia dos trabalhos comunitários na prevenção à doença; o vídeo de mulheres produzido pelo Grupo.

Euclides Ayres Castilho

Entrevista realizada por Dilene Raimundo do Nascimento e Marcos Roma Santa, em Brasília (DF), no dia 06 de novembro de 1996.
Sumário
Fita 1 – Lado A
Sua formação em medicina preventiva; o trabalho como professor da USP; as funções desempenhadas na Fundação Oswaldo Cruz; a origem de seu interesse profissional pela Aids; o ingresso na Comissão Nacional de Aids, em 1987; a presidência do Comitê Diretivo de Pesquisa do Programa nacional de Aids e do Comitê de Vacinas do Programa Nacional de Aids, ambos em 1993; dificuldades em ajustar o trabalho acadêmico às demandas da área do serviço. Considerações sobre os aspectos técnicos, políticos e institucionais que envolvem o enfrentamento da Aids no Brasil; o processo de incorporação da Aids como uma questão pública, as primeiras iniciativas da comunidade científica, o surgimento das Ongs/Aids. Critica a supervalorização da questão da Aids, diante de outras questões graves de saúde pública no Brasil. Os aspectos burocráticos e administrativos que limitam a implantação e a execução das políticas públicas de combate à epidemia no país; as iniciativas do Programa para assessorar os estados e municípios na captação e administração dos recursos destinados à implantação dos programas regionais de combate à doença. Considerações sobre a imagem que a sociedade tem da Aids. Ressalta seu esforço pessoal em não deixar que seus valores morais interfiram na execução de seu trabalho. As implicações e o inquestionável valor científico do uso da categoria “grupo de risco” na epidemiologia. A redução das atitudes discriminatórias da comunidade médica, principalmente entre os que atuam cotidianamente na área clínica.

Fita 1 – Lado B
Sua relação pessoal com a ameaça da Aids. Considerações sobre as complexas redes de relações sociais que possibilitaram a disseminação da doença no mundo; o crescimento no índice de contaminação através de relações penivaginais. Ressalta o equívoco cometido por alguns colegas ao afirmarem não haver risco de contaminação da mulher para o homem. O medo da contaminação. Aspectos morais que permeiam as considerações técnico-científicas do discurso médico no processo de elaboração das campanhas de prevenção à Aids; destaca toda a complexidade que envolve a produção e a veiculação das campanhas. A polêmica em torno da proposta de “redução de danos” aplicada entre os usuários de drogas injetáveis. Considerações pessoais sobre a relação entre pesquisadores e pacientes; comentários a respeito dos livros de Hervé Guibert, “Ao amigo que não me salvou a vida”, onde o autor expõe sua mágoa diante da postura fria dos pesquisadores diante do drama dos doentes de Aids. Ressalta os aspectos clínicos no uso dos medicamentos anti-Aids e o seu efeito, pelo menos momentâneo, na garantia de uma maior qualidade de vida dos doentes; o impacto do coquetel anti-Aids na sociedade brasileira e as distorções em seu entendimento; a contribuição das atividades comunitárias desenvolvidas pelas ONG's Aids e a preocupação com a pauperização da epidemia no país.

Fita 2 – Lado A
Avaliação positiva da parceria institucional entre o governo e as ONG's-Aids. Considerações sobre uma possível lentidão nas respostas governamentais de combate ao avanço da epidemia; restrições do conhecimento científico sobre o vírus e o pessimismo diante da possibilidade de uma vacina eficaz a curto prazo; os resultados promissores das pesquisas nas áreas clínicas e farmacológicas. O aumento da incidência de Aids entre as mulheres. Comentários sobre o trabalho e o caráter de Lair Guerra, coordenadora do PNDST/AIDS. Sua opinião pessoal sobre a vida em tempos de Aids.

Hibernon Costa Guerreiro

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquieu e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 18 e 27 de março de 1998.
Sumário
1ª Sessão: 18 de março
Fita 1 – Lado A
A infância em Rocha Miranda, origem operária dos pais e o ingresso no mercado de trabalho aos 14 anos; discordâncias com o irmão mais velho e a responsabilidade com o sustento da família. O valor do trabalho para seus pais. O uso recente de drogas. A relação dos pais com sua homossexualidade, a iniciativa atual de se “heterossexualizar” e as poucas experiências sexuais com mulheres. A iniciativa dos pais em levá-lo ao psicólogo aos 10 anos de idade. O escândalo com a descoberta de seu envolvimento sexual com um parente; o relacionamento entre seus pais e sua decisão em não discutir sua homossexualidade com eles. O trabalho operário ainda na adolescência, o ingresso na Marinha aos 18 anos e as dificuldades em viver lá sua homossexualidade; a importância do Grupo Pela Vidda no processo de assumir sua homossexualidade. Ressalta a sua capacidade de separar a sua vida sexual de seu desempenho profissional. A descoberta da contaminação pelo vírus durante um exame periódico na Marinha, em 1990; descreve todo o processo de investigação clínica até o resultado final; o desabafo com um primo na noite de Natal; o choque no momento do diagnóstico definitivo; a postura insensível do médico; o encontro emocionado com o primo no caminho para o hospital; o início do tratamento no hospital Marcílio Dias; a opção de omitir o diagnóstico dos pais. As estratégias usadas para impedir que seus pais soubessem da licença médica concedida pela Marinha. O trabalho como contador e a sociedade em um escritório.

Fita 1 – Lado B
As questões e problemas com a sócia e seus atos de má fé que, sem seu conhecimento, desviava sua parte na divisão dos rendimentos e o fim da sociedade. As maneiras encontradas para passar o tempo, diante da falta de ocupação diária para poder, assim, omitir dos pais o afastamento compulsório da Marinha. O ingresso, em setembro de 1995, no Grupo Pela Vidda. Crítica à falta de plantonistas permanentes no Grupo; a rápida integração na equipe organizadora do Encontro Nacional de Pessoas Vivendo com Aids de 1995. A importância do Grupo Pela Vidda em seu processo de reintegração social; seu sentimento de vergonha e solidão; o medo da rejeição; o afastamento dos amigos da Marinha após aposentadoria compulsória. Rápidos comentários sobre os superfaturamentos nos processos de licitação na Marinha envolvendo os clientes de seu escritório de contabilidade. As consequências da falta de informações sobre a Aids; a associação Aids/morte; a desistência do tratamento médico; o efeito das informações obtidas nas reuniões do Grupo em sua vida social e afetiva; o efeito do contato com soropositivos e soronegativos que não demonstravam preconceito; o fim de seu próprio preconceito e a publicização, para os amigos, de sua opção sexual e de sua soropositividade.

2ª Sessão: 27 de março
Fita 2 – Lado A
A forma como a tia e a mãe tomaram conhecimento de sua soropositividade; a carta anônima enviada à sua mãe e a decisão de contar-lhe a verdade; os cuidados dos pais com a sua saúde; as motivações que o levaram a sair da casa dos pais; a reação dos pais diante de sua revelação e a iniciativa deles em buscar mais informações sobre a doença; sua decisão de contar, de maneira informal, para o restante da família e a atitude receptiva dos familiares que já sabiam de sua contaminação; a atitude tranquila do irmão homossexual que vive nos Estados Unidos ao saber de seu diagnóstico. A profunda reorientação em sua maneira de perceber a Aids e o papel fundamental do Grupo pela Vida em seu processo de reintegração social; a gratificante sensação de poder estar dividindo e transformando junto a outros a convivência com a Aids. Sua vida sexual depois do diagnóstico. Polemiza, ao questionar o uso contínuo da camisinha como método de prevenção à Aids. Menciona seu parceiro sexual, com quem manteve relações sexuais desprotegidas por dois anos sem contaminá-lo. Relativiza as probabilidades de contaminação pelo vírus da Aids por via sexual; afirma praticar sexo oral sem preservativo. Aponta a demagogia das pessoas que defendem o uso de preservativo, mas que, quando indagadas, confessam que não praticam sexo com o uso regular do preservativo. Ressalta sua opção, consciente e sem culpas, de manter relações sexuais sem preservativo; defende a responsabilidade, quanto à prevenção, partilhada entre os parceiros.

Fita 2 – Lado B
Na discussão quanto ao aumento progressivo nos índices de contágio, ressalta a sua adoção do coito interrompido na falta de preservativos disponíveis. Questiona a ideia, divulgada pela comunidade científica, da recontaminação. Afirma abdicar de qualquer método preventivo em relações sexuais com parceiros soropositivos e duvida que soropositivos usem preservativos em relações sexuais com soropositivos. Ressalta a sua preferência pela posição ativa durante a relação sexual. O ingresso no Grupo Pela Vidda; a oportunidade de se expressar e assumir sua homossexualidade e sua soropositividade. Considerações sobre a organização interna do Grupo; sua participação na diretoria oficial do Grupo decisões do Grupo. Ressalta a seriedade dos integrantes do Grupo. Comenta a respeito da nova chapa, da qual faz parte, que concorrerá à direção do Grupo. Critica os soronegativos que ingressam no Grupo com interesses carreiristas e financeiros. Menciona as tensões internas entre soronegativos e soropositivos, ressaltando sua postura contrária aos privilégios concedidos aos soronegativos. Comenta os altos salários pagos a funcionários soronegativos, comparando-os aos baixos rendimentos dos três soropositivos que recebem pelo trabalho desenvolvido no Grupo. Explica a organização orçamentária do Grupo; critica os meios e os critérios de seleção dos participantes dos projetos; a postura oportunista de alguns voluntários. Considerações sobre o processo eleitoral no qual sua chapa está inscrita; a função dos curadores; sua contundente atuação para romper com os grupos de interesse que agem no Grupo; as propostas de sua chapa; mudanças nas funções e na representação da nova diretoria eleita. Tenta definir as razões que o levam a querer transformar as relações dentro do Grupo; o descontentamento generalizado dos voluntários soropositivos. Cita um exemplo do que chama de “panelinha” existente no Grupo: a distribuição de convites doados ao Grupo entre soronegativos, sem que os soropositivos tomem conhecimento dos convites.

Maria Magdalena Lyra Valente

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquieu e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 09, 14 de outubro de 1997 e 19 de maio de 1998.
Sumário
1ª Sessão: 09 de outubro
Fita 1 – Lado A
Relata o trauma de ter sido entregue pelos pais para ser criada pelos avós, sua perplexidade diante da rejeição dos pais e a importância dos avós em sua formação; a morte da mãe e seu ressentimento diante do distanciamento dos irmãos; o envolvimento de toda a família com o magistério; sua formação como professora; as lembranças dos colégios de seu pai; a sua segunda gravidez e a frustração com a notícia da gravidez simultânea de sua mãe; o desejo, realizado, por um filho homem; a insistente comparação de sua mãe entre as duas crianças; a aversão recíproca entre ela e o irmão mais novo e a dedicação exagerada deste aos estudos; a influência dos pais na atitude amedrontada do irmão com ela; o sucesso profissional do irmão e a formalidade no relacionamento entre ambos, mesmo depois de adultos. As afinidades com seu pai; o fascínio pela língua portuguesa e a habilidade na escrita; seu espírito fantasioso e vaidoso. Recorda-se das brincadeiras solitárias no jardim de sua casa e das longas conversas reservadas com sua bisavó, quando as duas fingiam-se de amigas; a relação de cumplicidade com seu avô, os passeios à tarde; as recordações da Praça Saens Pena, dos bailes e das festas.

Fita 1 – Lado B
Relembra o primeiro namorado, enfatizando suas fantasias de encontrar o homem ideal e ressalta sua vaidade. Comenta a insistência do rapaz em reatar o namoro. Relembra as paqueras da juventude, os vários pretendentes; o primeiro contato com o futuro marido e o sentimento de amor à primeira vista; o impacto do temperamento carismático do futuro marido. A vida escolar, formação como professora primária, o gosto pela leitura e a facilidade para escrever; a influência do professor de português sobre sua opção profissional e no método pedagógico que ela utilizava. Ressalta a sua capacidade de se autovalorizar. A origem nordestina das famílias de seus pais; a convivência com os primos educados por seu pai; o interesse de sua avó por política e suas relações com famílias de políticos importantes. Recorda os almoços semanais na casa do sogro do cirurgião plástico Ivo Pitanguy e o convite para que ele fosse, mais tarde, seu padrinho de casamento. Comenta sua identificação com pessoas mais velhas. A frustração com o casamento; a doença do marido, o abandono da família dele e sua dedicação ao tratamento que ele realizava. Recorda os longos períodos passados em hospitais, durante suas internações; o seu prazer em tratar de doentes; o contato recorrente com casos de doença na família. A convivência difícil com o marido, mesmo antes de seu adoecimento; a péssima relação do marido com os filhos, principalmente com a filha.

Fita 2 – Lado A
A relação hostil do marido com os dois filhos; a sugestão, aceita pelo filho, para que entrasse em uma academia militar e a aprovação na Academia da Força Aérea; os preparativos para o processo de seleção. Comenta o constrangimento diante do interesse demonstrado pelo coronel do Exército que à auxiliou durante os treinos de educação física do filho. O agravamento do estado clínico do marido, seus delírios e a perseguição à filha; as mágoas dos filhos. Relaciona a homossexualidade do filho ao comportamento agressivo e indiferente do marido. As qualidades do filho como perfeccionismo, obediência e organização; a relação de amor e cumplicidade entre eles; relembra as noites em que, rezando, pedia a Jesus que o filho não fosse homossexual; as dificuldades do próprio filho em aceitar sua homossexualidade e a tentativa de suicídio, a gravidade de seu estado clínico, o longo tempo de internação, a mudança de hospital e a receptividade dos médicos.

Fita 2 – Lado B
A melhora do estado clínico do filho e a revelação, ainda no hospital, sobre sua homossexualidade. Ressalta sua naturalidade diante da notícia. Relembra o dia em que o filho, pálido, chegou em casa e lhe contou estar com Aids; sua reação segura e solidária. Volta no tempo e relembra da notícia da gravidez inesperada da filha e da alegria, sua e do filho, com a chegada do bebê. O ótimo relacionamento do filho com o sobrinho; a forte reação do neto ao saber da contaminação do tio. Crítica à incompetência da infectologista responsável pelo tratamento inicial do filho.

2ª Sessão: 14 de outubro
Fita 3 – Lado A
Fala longamente sobre seu casamento, a falta de reciprocidade no relacionamento, o distanciamento entre as famílias, o ótimo relacionamento com o sogro, o temperamento autoritário e dissimulado do marido; sua hostilidade com a filha, sua relação doentia com o pai e o consequente desentendimento com o resto da família; a morte do sogro e o agravamento do quadro clínico do marido. Relembra algumas características do caráter do marido; sua rejeição aos filhos, contrapondo-se ao seu desejo de ter muitos filhos. Suas expectativas em relação ao filho e ao casamento; a valorização da virgindade. A mudança para uma quitinete no bairro do Flamengo, ainda solteira, lugar de onde saiu para se casar; o impacto da morte do avô sobre seu padrão de vida, fala sobre o período em que morou com a avó e a tia num dos colégios dos pais; a predileção dos pais pelos outros irmãos; as dificuldades para entender os motivos da rejeição deles; a crença na falta de caráter da mãe e o seu desafeto por ela; o ressentimento, nunca superado, pela decisão dos pais em lhes cobrar aluguel pelos cômodos, em princípio, cedidos a elas.

Fita 3 – Lado B
A decisão da avó de alugar outro apartamento; a falta de recursos; omissão dos outros tios; a decepção, ainda na primeira noite, com o casamento. Os detalhes do casamento: o vestido de noiva, a cerimônia, a recepção, os presentes dos alunos e ressalta sua competência como professora primária e de piano. A expectativa com “lua de mel”; a viagem, ainda na noite do casamento, para Teresópolis; o constrangimento com a vinda inesperada da menstruação; a dificuldade em lidar com a situação, em virtude da educação conservadora que tivera; a frustração da primeira noite; a volta para o Rio de Janeiro, nova frustração com o seu comportamento; a convivência, ao longo de todo o casamento, com o egoísmo e a indiferença sexual do marido. Ressalta a dedicação integral ao marido no período em que este esteve doente; compara sua dedicação à dedicação ao cantor Cazuza, descrita por Lucinha Araújo no livro “Só as mães são felizes”. A reação diante da morte do marido; a preocupação com os detalhes da cerimônia fúnebre; a decisão de oferecer a ele um enterro de luxo, como uma forma de entregar-lhe parte de seu patrimônio; o sentimento de libertação deixado por sua morte, os últimos meses de vida do marido. O impacto da descoberta por meio de uma conhecida, de sua traição, ocorrida alguns anos antes.

Fita 4 – Lado A
A decisão de conversar com o marido sobre sua traição; a reação dos filhos. A insistência do marido em acreditar na recuperação; seu apego às coisas materiais; a opção por contar-lhe a verdade sobre o seu verdadeiro estado clínico e sobre a proximidade da morte. A busca, no espiritismo, de conforto para suportar os seus problemas. A apreensão diante do comportamento desorientado do marido; a hostilidade de sua sogra pelo filho; comparação entre a rejeição de sua mãe e a rejeição de sua sogra pelo filho; a convicção de ter agido corretamente ao contar ao marido sobre o agravamento de seu estado de saúde. O início de uma nova etapa em sua vida. A inesperada gravidez da filha; o relacionamento carinhoso entre o filho e o neto; a afeição aos seus dois netos. Ressalta sua condição de supermãe; a indiferença aos possíveis comentários sobre a gravidez inesperada da filha; o temperamento antipático dos dois filhos em contraste com sua alegria e extroversão; o seu carinho com o neto; o ótimo relacionamento com o genro. A mudança para o Leblon e, logo depois, para Ipanema.

Fita 4 – Lado B
O adoecimento da mãe, novo período envolvida com internações. Descreve, em detalhes, a rotina de acompanhar as internações da mãe na Beneficência Portuguesa. Fala longamente sobre seu romance com o chefe da equipe médica que cuidou de sua mãe; as motivações que a levaram aceitar o relacionamento; o receio de levar o relacionamento adiante. Sua imagem de mulher rica. Ressalta os privilégios obtidos na Beneficência Portuguesa, em decorrência do encanto despertado em alguns presidentes da instituição. O fim do relacionamento com o médico. Início de uma nova etapa e a forma como conheceu Renato, seu namorado à época da entrevista; a forma inusitada do primeiro contato; o primeiro encontro.

3ª Sessão: 19 de maio
Fita 5 – Lado A
A reação de solidariedade diante do diagnóstico do filho, no início dos anos 1990. A primeira consulta médica e a decisão dele participar de um tratamento experimental. Explica, rapidamente, os procedimentos clínicos do tratamento. A demissão do filho da Vale do Rio Doce; a opção por mudar de médica. A primeira doença oportunista do filho, Tuberculose Pulmonar. Menciona algumas acusações contra os procedimentos clínicos da ex-médica de seu filho. A queda no poder aquisitivo da família; as circunstâncias em que ocorreu a demissão do filho. Ressalta a competência profissional do filho e sua decisão de não recorrer contra a demissão. A lenta superação de seu constrangimento em ter que buscar os medicamentos no posto de saúde, graças aos primeiros contatos com outros soropositivos de se nível social. Nova doença oportunista: Hepatite C. A impossibilidade clínica, logo revista em um congresso médico, de conciliar o tratamento das duas doenças. O início do tratamento para a Hepatite C e sua rápida resposta aos medicamentos. Ressalta as considerações da médica, para quem, essa preocupação com a medição da carga viral é um equívoco. Os novos sintomas clínicos de origem neurológica do filho e a indefinição do diagnóstico.

Fita 5 – Lado B
A ineficácia do remédio prescrito pela médica. A decisão de aceitar o pedido do filho para acompanhá-lo à consulta médica. Enfatiza a mudança de comportamento do filho depois que ingressou no Grupo Pela Vidda e passou a evitar sua companhia durante as consultas médicas. O desentendimento com a médica: a firmeza ao expor toda sua insatisfação com o seu comportamento recriminando, especificamente, sua atitude hostil com um paciente, Vanderlei, para quem ela havia lhe indicado seu nome. Comenta um episódio para ilustrar o comportamento da médica; a ligação de Vanderlei que, da emergência de um hospital, lhe pede auxílio; a ida, imediata, para o hospital; a resistência da médica em considerar o desconforto do paciente; sua veemência em fazê-la ver que seu quadro clínico exigia cuidados. Cita outro episódio em que seu filho aponta uma informação equivocada da médica. Avaliação do estado de saúde atual do filho: o diagnóstico de neuropatia aguda; recapitulação das doenças oportunistas que já o acometeram. Comenta a aflição da irmã diante de sua perda de peso. A forma de lidar com tantos casos de doença neurológica na família; o apoio encontrado no espiritismo; a preocupação com o agravamento dos sintomas da neuropatia do filho; a angústia diante da falta de respostas consistentes da medicina para seu caso; os esforços para tentar aliviar o sofrimento do filho; o pessimismo quanto a uma possível melhora de seu estado de saúde. A mágoa com Deus; a incapacidade de entender o porquê de seu filho estar passando por esta situação; o esforço para que ele não perceba sua angústia; sua total disponibilidade a ele. Manifesta compreensão diante de mães que se mantêm indiferentes aos filhos soropositivos, visto que a contaminação poderia ter sido evitada. O sentimento de impotência em não poder ajudá-lo. Lembra-se de um rapaz que não teve coragem de contar para a mãe, posteriormente gravemente adoentada, sobre sua sorologia positiva para o HIV.

Fita 6 – Lado A
Cita o exemplo de outra mãe que responsabiliza o filho pela contaminação. Embora não responsabilize os soropositivos pela contaminação, nem a relacione exclusivamente ao homossexualismo, afirma acreditar que existe uma falta de cuidados com as contaminações. Enfatiza considerar-se uma mãe “homossexualizada”, apontando exemplos que visam comprovar a mudança de atitude diante da homossexualidade do filho. Comenta o desentendimento com um dos integrantes do Grupo Pela Vidda e as repercussões em seu relacionamento com o filho; expõe ao filho as razões que a levaram a romper com o rapaz; o esforço para encerrar os desentendimentos em casa. Encontra no espiritismo a explicação para a sua recorrente proximidade com casos clínicos ligados à neurologia. Responsabiliza este integrante do Grupo Pela Vidda pelos constantes desentendimentos com o filho; o encontro entre os dois, durante um evento promovido pelo Grupo Pela Vidda, na Petrobrás. Narra outro episódio envolvendo o mesmo rapaz, agora, na festa de natal organizada pelo Grupo, quanto ele importunou a médica de seu filho. Ressalta seu descontentamento com a amizade entre os dois. O alívio depois do afastamento entre eles. Crítica ao comportamento promíscuo das pessoas que frequentam o apartamento do rapaz, situado na Zona Sul carioca. A resistência às provocações do filho, que aluga um filme com forte apelo emocional, “A última festa”; detalha a problemática abordada pelo filme.

Fita 6 – Lado B
Dá continuidade a narrativa sobre o filme; enfatiza a beleza do amor entre homossexuais. Longas considerações sobre a origem da homossexualidade de seu filho e sobre o papel dos pais na definição sexual da criança. A atitude mórbida do filho diante da Aids, o deboche em relação à morte. A importância do Grupo Pela Vidda para o filho; cita dois exemplos para ilustrar o trabalho desenvolvido pelo filho no serviço de assessoria jurídica oferecido pelo Grupo. Conta como foi o contato, que ocorreu em momentos diferentes, entre eles e o Grupo Pela Vidda. Fala longamente de suas vivências no Grupo de Mulheres, as experiências de algumas das voluntárias, a forte identificação com duas jovens; críticas à condução das reuniões promovidas pelo Grupo; menciona um desentendimento com uma voluntária, cujo comportamento ela condena; a festa de aniversário organizada por ela. O desejo, logo desestimulado pelo filho, de organizar uma recreação para as crianças que acompanhavam as mães nas reuniões. Ressalta que a origem do desentendimento que gerou o seu afastamento não teve relação direta com o Grupo, mas sim, com um de seus integrantes.

Fita 7 – Lado A
Fala longamente sobre seu tumultuado relacionamento com o integrante do Grupo; dos contínuos desentendimentos entre eles; da disputa com a mãe dele; a crescente antipatia entre os dois; a certeza quanto as intenções nocivas do rapaz e sua influência na deterioração de seu relacionamento com o filho. A veemência em rejeitar qualquer possibilidade de um relacionamento amoroso entre o filho e o rapaz. Reitera a sua completa abertura para aceitar os relacionamentos homossexuais do filho. As responsabilidades inerentes à maternidade; a forte preocupação em proteger os filhos; relembra um episódio em que decidiu trazer a filha para que seu parto fosse feito por um médico de sua confiança aqui no Rio de Janeiro. Volta a ressaltar sua abertura em aceitar a homossexualidade do filho e seus possíveis parceiros. A vergonha inicial do filho em assumir sua homossexualidade; a sua atual procura por um parceiro que apresente uma postura masculina; o sofrimento com suas provocações.

Fita 7 – Lado B
A decisão do filho de usar brinco, a compra de uma aliança. Destaca a postura impassível diante das provocações do filho; cita exemplos. Reitera as qualidades do filho, afirmando compreender seu momento de conflito existencial. Tentativa de finalizar a entrevista; rápidas considerações da pesquisadora sobre o processo de reconstrução da memória; avaliação da depoente sobre sua entrevista; avaliação crítica da eficácia das terapias psicológicas. Ressalta a ausência dos sentimentos de culpa e a certeza do dever cumprido. Faz longa referência ao filme “Sentimentos selvagens”, para discutir o relacionamento com seu filho, ressaltando nunca ter manifestado preferência explícita por ele. O sofrimento causado pela doença do filho; o desejo de manter-se viva para poder acompanhá-lo até sua morte; menções aleatórias às experiências vividas no Grupo.

Maria Terezinha Vilela Duarte

Entrevista realizada por Dilene Raimundo do Nascimento e Ana Paula Zaquieu, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 16 e 28 de abril e 07 de maio de 1998.

Ronaldo Fernandes Espíndola

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquieu e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), no dia 21 de maio de 1998.
Sumário
Fita 1 – Lado A
A formação familiar; a profissão do pai; Corumbá (MT), sua cidade de origem; as viagens do pai, que era ferroviário; a separação dos pais; a ascendência espanhola por parte de pai. Rápidas considerações sobre o caráter dos espanhóis; as lembranças do pai, sua seriedade e rigidez na educação dos filhos. O impacto causado pela descoberta da traição do pai, que constituiu, em segredo, outra família. O retorno do pai e a recusa da mãe em reatar o casamento. A resistência diante da imposição do pai, que queria colocá-lo numa escola agrícola; a melhora na condição financeira do pai; a fragilidade de seu estado de saúde atual; a preocupação dos irmãos com a partilha dos bens adquiridos pelo pai. A sua liderança entre os demais irmãos e a construção da casa de sua mãe em Corumbá; a morte de um dos seus irmãos. Ressalta sua liderança, mesmo que exercida à distância. Relembra outros episódios de desavenças familiares em que ficou marcada sua liderança sobre o restante da família. O impacto da separação dos pais na rotina da família; a morte de uma tia e a atitude de sua mãe que, comovida, acolheu toda a família em casa. O impacto do crescimento repentino da família em seu cotidiano.

Fita 1 – Lado B
Os encontros agradáveis com os primos e as lembranças da infância de dificuldades, vivida junto aos irmãos e aos sete primos. A trajetória escolar: o curso profissionalizante no SENAC e o ingresso na Marinha, como fuzileiro naval, aos 17 anos; a mudança para o Rio de Janeiro. A volta do pai e a recusa da mãe em aceitá-lo; a exclusão do pai das decisões da família; seu apoio à decisão da mãe; o descontentamento inicial com a chegada dos 7 primos pequenos e o posterior aprendizado a partir da convivência com a nova família; a amizade estabelecida entre eles. O ingresso na Marinha, transferência para o Rio de Janeiro, estratégias para conhecer a cidade e sua rápida adaptação; a permanência na Marinha até o afastamento compulsório devido à sua soropositividade. As namoradas; a opção por manter relacionamentos estáveis e duradouros; o relacionamento com a mãe de seu filho; a gravidez inesperada e a decisão de morarem juntos no Rio de Janeiro; o fim do relacionamento. A experiência da paternidade; a resistência da família da namorada em aceitar sua gravidez; as mudanças no relacionamento com o filho; a atual proximidade entre eles. A separação e a decisão de morar com uns amigos do quartel na Ilha do Governador. Problemas com vizinhos e a decisão do grupo de mudar para uma casa, ainda na Ilha do Governador; o ótimo relacionamento com os amigos. O casamento dos amigos. Os relacionamentos: o longo namoro com Hadne; a paixão por Alice e o início deste relacionamento com Alice; o contato com seus pais.

Fita 2 – Lado A
A ida à casa dos pais da nova namorada; sua paciência com a impontualidade dela; o constrangimento diante da naturalidade com que ela o convidou para conversar no quarto; o flagra com outra mulher e o fim do romance; o arrependimento por tê-la traído. A iniciação sexual; os contatos com as primas; o controle da mãe e da avó sobre o comportamento das crianças; os contatos sexuais com as namoradas da escola; os passeios com as meninas; relembra o constrangimento de uma menina ao ficar menstruada durante um dos passeios da escola. A mudança para a escola rural; cita uma festa organizada, sem o consentimento da direção da escola, durante a visita para conhecer a escola. Cita dois momentos em que fez prevalecer seu senso de responsabilidade: a desistência em manter relações sexuais com uma colega de escola ao saber de sua virgindade e, anos depois, quando se recusou a manter relações sexuais sem preservativo, durante o primeiro carnaval depois do diagnóstico. O uso de preservativo apenas como método contraceptivo. Os objetivos e a periodicidade do exame de saúde exigido pela Marinha; a surpresa diante do teste positivo para HIV. A retrospectiva de alguns relacionamentos anteriores; o alívio depois de constatado que suas parceiras não tinham sido contaminadas. A vontade de manter contato com Alice, uma de suas ex-namoradas. A decepção com Hádna, a namorada que ameaçou processá-lo por tê-la exposto ao risco de contaminação. O longo tempo de relacionamento entre os dois, a opção de morarem juntos; o fim do relacionamento.

Fita 2 – Lado B
A opção pela praticidade de morar junto; o desejo de casar oficialmente com a atual mulher. O impacto do diagnóstico; descreve a rotina que antecedeu a notificação de seu diagnóstico; a consulta com o médico da Marinha; a volta para a casa; a surpreendente solidariedade dos amigos do quartel que, apesar da total desinformação sobre a doença, foram com suas famílias visitá-lo. O contato superficial com o médico que iria acompanhar seu tratamento; a certeza da morte imediata e a decisão de abandonar tudo e viajar pelo país. A volta definitiva para o Rio de Janeiro e o início do tratamento no hospital Marcílio Dias.

Rosemere de Souza Moniz

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquieu e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 07 de outubro, 05 e 19 de dezembro de 1997.
Sumário
1ª Sessão: 07 de outubro
Fita 1 – Lado A
Sua família e ressalta sua condição de adotada. Detalha o processo de sua adoção; explica que, na verdade, seu nascimento é fruto de uma relação extraconjugal de seu pai. A verdade sobre sua paternidade, já na adolescência, por intermédio de sua madrinha. Explica detalhadamente a composição de sua família adotiva e a diferença de idade entre ela e os irmãos mais velhos. O casamento dos irmãos mais velhos; a predileção de seu pai; a separação dos pais, seguida da morte violenta do pai. A rejeição das irmãs mais velhas. A educação conservadora; a convivência feliz com o pai e o impacto de sua morte; a convivência com a mãe e a ida para a casa dos padrinhos. Convivência com os primos maiores e as brincadeiras de criança. Os primeiros anos da adolescência; a conversão religiosa da mãe e o início da tensão no relacionamento entre elas. Os bailes e os namoros da adolescência. O rigor materno; as desconfianças da mãe quanto à perda de sua virgindade. O constrangimento durante a consulta ao ginecologista para a confirmação de sua virgindade; o completo desconhecimento sobre seu corpo. Destaca os rigorosos valores morais da mãe. O impacto da primeira menstruação; a surra dada pela mãe ao saber que ela havia contado para a vizinha sobre o que se passara. Enfatiza as diferenças existentes entre elas, principalmente no que refere aos valores morais. As lembranças da proteção paterna. A fuga da casa da mãe aos 13 anos de idade, devido à tentativa de abuso sexual do irmão. A escolaridade; a vida confortável da família; o cotidiano distanciado das atividades domésticas. O temperamento seco e distante da mãe. O ciúme e o ressentimento dos irmãos diante do temperamento violento do pai e de sua predileção por ela. O desconhecimento dos irmãos a respeito da verdade sobre sua adoção. Avalia a boa educação recebida de sua mãe e episódio do impedimento de seu casamento com um namorado. Ressalta o seu comportamento incontrolável durante a adolescência. O conflito com o irmão, que resultou em sua fuga de casa. O primeiro contato com a rua; a escolha aleatória pela Praça Mauá; a perda da virgindade, ainda no primeiro dia de fuga. As estratégias de sobrevivência aprendidas na rua. O emprego como doméstica e as dificuldades iniciais pela sua inexperiência. A boa adaptação no segundo emprego. A iniciativa de provocar a mãe, ligando para contar-lhe sobre o seu desvirginamento. As complicações com o Juizado de Menores, depois que a mãe denunciou sua fuga; a percepção negativa do Juizado de Menores. A convivência harmoniosa com a segunda família que lhe empregou. A gravidez inesperada do primeiro filho e a saída do trabalho. Menciona a dor da primeira relação sexual e as dificuldades iniciais em manter uma vida sexual plena. Os novos relacionamentos e o fim das dificuldades sexuais. Ressalta o desinteresse por relacionamentos afetivos estáveis; a resistência ao uso de bebidas alcoólicas. Os anos de trabalho como doméstica no bairro do Estácio; a boa convivência com a família que lhe empregara. A pequena reaproximação com a mãe e o completo distanciamento dos irmãos. Retorna às brigas entre seus pais, relembrando o comportamento violento e ciumento do pai que, em uma das brigas, resultou num ferimento à bala na empregada da família. Faz uma avaliação positiva do relacionamento dos pais. Cita as atividades profissionais da mãe, comentando que os pais não eram casados legalmente.

Fita 1 – Lado B
As diferenças de idade entre os irmãos. Os momentos de lazer, o relacionamento afetuoso no trabalho; o sentimento de pertencimento à família que lhe empregara. A gravidez inesperada do primeiro filho, o desemprego e a volta para as ruas. O afastamento do pai da criança; os conflitos quanto manter ou não a gravidez. O primeiro marido e a mudança para a Central do Brasil. O casamento sem amor; o nascimento do primeiro filho; a decisão do marido de reconhecer a paternidade da criança. Alusão aos frequentadores de sua casa atrás da Central do Brasil e ao uso indiscriminado de drogas e bebidas alcoólicas pelo grupo. Comenta seu envolvimento com ladrões de residência e a sua participação na guarda dos produtos roubados. O convívio cotidiano com usuários de drogas, destacando a resistência em se drogar. A falta de contato com a mãe. Os constantes conflitos com o marido; a decisão de traí-lo, para, em seguida, contar-lhe sobre a traição. Afirma nunca ter sentido medo durante a adolescência. Comentários sobre um episódio que resultara em problemas com a polícia. A boa convivência com a polícia. Relembra dos amigos. O seu temperamento abusado; a ausência de medo da morte. A separação do marido. A inserção no mundo da prostituição; o trabalho como prostituta na Avenida Atlântica (Rio de Janeiro). Relata, em detalhes, o cotidiano da prostituição, citando algumas dicas sobre a execução do trabalho. A organização, os códigos e as regras da prostituição na orla de Copacabana: a divisão dos espaços, a ausência de “cafetões”, os tipos e os preços dos “programas”, a relação com a polícia, a prostituição infantil, o uso de drogas, a média de ganhos diários, os horários de movimento, a relação com os clientes. Menciona a desilusão com os sonhos de casamento. Fala de seu primeiro casamento, classificando-o como um período de “bagunça”. Relembra as situações de perigo e da constante proximidade com a morte. Frisa a solidariedade existente entre as prostitutas. Menciona episódios que resultaram na morte violenta de alguns de seus amigos. Ao comentar os riscos e as ameaças do universo da prostituição, salienta a sua capacidade de articulação. Ressalta sua lucidez e resistência a qualquer tipo de vício.

Fita 2 – Lado A
O início do trabalho na “pista”, a convivência com um fugitivo da polícia, que seria seu segundo marido. O início do romance; sua recaptura pela polícia. A decisão de não o abandonar na prisão. O fim de sua pena e a decisão de abandonar o trabalho na pista, para viverem juntos em Itaguaí. A infidelidade do marido. Narra uma das brigas do casal por ciúmes. Ressalta a dedicação durante o período em que o marido esteve preso e a sua predileção por ela. A segunda gravidez. Cita as preocupações do grupo de prostitutas com as DST's, com risco constante de uma gravidez indesejada e o sadismo dos clientes. Ressalta seu completo desconhecimento sobre a Aids e a resistência dos clientes em usar preservativo. Menciona algumas experiências com clientes; os momentos divertidos; as situações de perigo; a prostituição infantil; as constantes batidas policiais; o estupro de uma colega; o preço e o pagamento pelos programas. A organização e as regras de convivência entre as prostitutas. O relacionamento com os clientes. Traça um perfil dos clientes, destacando o predomínio de homens casados. A desilusão com o casamento formal e a descrença na fidelidade. A percepção pragmática dos relacionamentos amorosos. Os relacionamentos amorosos das prostitutas; o número reduzido de prostitutas que saem para o casamento; a dificuldade de algumas em abandonar a prostituição; o vínculo corrente com amantes; o zelo com os filhos; a permanente proximidade com o universo da prostituição.

Fita 2 – Lado B
O retorno à Copacabana e a constatação da morte precoce de várias companheiras de sua “época”. As ameaças que cercam a vida nas ruas. A traição, a separação e a morte violenta do segundo marido. Afirma ter “encomendado” no Candomblé a morte do marido. A reaproximação com a mãe; a solidariedade dos amigos. Relembra a desaprovação da família quanto ao seu envolvimento com a prostituição. A volta para a casa da mãe no bairro suburbano de Costa Barros, após a separação do segundo marido; o novo emprego e a decisão de internar o filho em uma instituição para menores. O terceiro marido; relembra um aborto que, supostamente, a teria esterilizado; o temperamento violento do marido. Comenta as circunstâncias em que foi feito o aborto. A primeira pneumonia, a recuperação e a notícia, inesperada, de uma nova gravidez, em 1995. As brigas com o marido; o pré-natal; o intenso mal-estar; o diagnóstico de anemia. O contato com a Aids através da TV; o diagnóstico equivocado. O parto prematuro; o início dos exames; a volta para casa com o bebê.

2ª Sessão: 05 de dezembro
Fita 3 - Lado A
As duras experiências vividas na prostituição em Copacabana; conta sobre a “curra” que sofreu na época, que resultou na saída definitiva das “ruas”. A volta para casa com bebê e os primeiros sintomas da criança; as passagens pelo hospital e o exame para o HIV ainda no ano de 1995; a indignação diante da solicitação do exame pela médica; o resultado positivo, dois meses depois do parto; a incredulidade no diagnóstico; a imprudência do médico ao informar a família sobre o diagnóstico. O choque diante do diagnóstico; a imediata associação Aids/morte. A reação dos amigos e de seu marido; o medo do preconceito dos vizinhos; a surpreendente reação solidária da vizinhança. A postura diante da doença. Relembra momentos difíceis da sua vida, ressaltando sua personalidade “guerreira”. A busca de tratamento; o exame dos filhos e o diagnóstico positivo da filha Tainara. Especula sobre o possível responsável por sua contaminação. Numa retrospecção, cita o romance com Jorge, ocorrido durante a prisão do segundo marido; o abandono da prostituição, aos 19 anos; a ida para Fundação Leão XIII; a mudança para Itaguaí; o fim da pena do marido; o início da fase em que virou “dona de casa” e a gravidez da filha Tainara. Retorna à questão da contaminação e a partir de algumas recordações, afirma ser seu segundo marido o responsável pela contaminação. O início do tratamento no posto de saúde Treze de Maio. O agravamento do quadro clínico do filho; a busca por maiores informações sobre a doença; a indicação, dada por um médico, do Grupo Pela Vidda. Fala longamente sobre o bebê, menciona a fragilidade de seu estado de saúde; o desentendimento com o pediatra, destacando sua relação com a criança.

Fita 3 – Lado B
Retorna comentando a importância do carinho dos amigos de Barros Filho. O fim do terceiro casamento; a contaminação do marido; a sua reação violenta diante do diagnóstico; as brigas do casal. Menciona a surra levada do marido, durante o período de internação do bebê. Ressalta a solidariedade dos vizinhos de Barros Filho. A sua desinformação sobre a doença; a reaproximação da mãe. Cita algumas situações isoladas de preconceito. Volta a comentar o agravamento do estado de saúde do bebê, ressaltando a relação afetiva existente entre eles. Sua última visita ao filho; a morte do bebê aos 9 meses de idade; o ingresso definitivo no Grupo pela Vidda. Fala sobre o medo de perder a filha Tainara. A decepção com a fuga do filho mais velho. Menciona alguns episódios que poderiam explicar o comportamento arredio do filho mais velho: a invasão de sua casa, em Costa Barros; a morte da avó; a mudança para a casa do padrasto, com quem ele não se dava; e a segunda mudança, quando, expulsos de casa pelo ex-marido, ela e os filhos ficaram abrigados numa casa próxima; o medo de perder a família. Enfatiza a postura intransigente em relação a fuga do filho. A doença da filha Tainara; a estabilidade de seu quadro clínico; a confiança em sua médica; a relação dos médicos do Hospital Jesus com sua filha. Menciona a cesta básica recebida pela filha do projeto Renascer; explica as finalidades do projeto, que assiste crianças carentes no Hospital da Lagoa. Elogia o tratamento recebido no hospital dos Servidores do Estado, local onde faz o acompanhamento clínico da doença.

Fita 4 – Lado A
Acentua os benefícios do coquetel de drogas contra Aids, mencionando a redução dos sintomas da doença em seu corpo. Explica em detalhes origem, finalidades, funcionamento e atividades do grupo organizado pelos pacientes do Hospital dos Servidores do Estado, chamado Viva a Vida. Menciona a intenção de criar um grupo de mães no hospital Jesus; dá informações sobre outros projetos e sobre o sistema de distribuição de cestas básicas para soropositivos no Rio de Janeiro e Niterói. O ingresso no grupo pela Vidda, após a morte do filho em 1996; a intenção de ajudar outras mães soropositivas; a solidariedade encontrada junto aos outros voluntários; a frequência no Grupo de Mulheres. Ressalta a importância dos Grupos de apoio aos soropositivos, inclusive o Pela Vidda. Para ilustrar, comenta a experiência com uma mãe soropositiva no Hospital Jesus. Inicia uma longa avaliação sobre as campanhas de prevenção à Aids elaboradas pelo Ministério da Saúde; entre suas críticas, enfatiza a necessidade de campanhas direcionadas para as camadas populares. Comenta a mudança na concepção da doença a partir do lançamento do “coquetel de drogas” e a sua contribuição para uma maior banalização da Aids; a resistência ao uso de preservativo. Critica o desejo de engravidar manifestado por mulheres soropositivas. Fala sobre sua resistência ao uso de preservativo. Destaca a opção pela abstinência sexual, após a separação do terceiro marido. Comenta as especificidades que tornam as mulheres um segmento mais vulnerável à Aids. Ressalta os estereótipos que caracterizam, para as pessoas comuns, os doentes de Aids. Cita as iniciativas frustradas de iniciar um novo relacionamento; critica o descaso dos homens com as mulheres. Tece comentários sobre sua própria condição de soropositiva, a partir de um programa de TV, onde foi abordado o impacto da contaminação e as possíveis formas de lidar com o preconceito contra o soropositivo.

Fita 4 – Lado B
Continuando a discussão sobre preconceito, relembra um dos episódios em que foi vítima de discriminação. Retorna à questão das campanhas, afirmando que elas são ineficazes junto às camadas populares. Fala um pouco de sua experiência como voluntária na luta contra a Aids, do seu contato cotidiano com os vizinhos e dos resultados, percebidos através da mudança no comportamento de amigos. Enfatiza o desejo de desenvolver um trabalho voluntário com mães soropositivas. Explica as razões de a filha Tainara da escola; menciona as dificuldades de cuidar da saúde da menina e a preocupação com o preconceito. Volta a mencionar as campanhas de prevenção do governo, enfatizando a necessidade de campanhas direcionadas para as classes populares. Faz referência às experiências de suas amigas; ao comportamento masculino; à resistência a qualquer tipo de mudança de comportamento; a submissão feminina. Ao falar da omissão da mulher diante da infidelidade masculina, menciona um antigo relacionamento de seis anos com um homem casado. Mais uma vez afirma jamais ter usado preservativo. Fala rapidamente sobre seus últimos amantes e da possibilidade de tê-los contaminado. Menciona as estratégias para não pensar na morte. A doença, o sofrimento causado aos filhos, as restrições impostas à filha hoje. A percepção sobre seu atual estado de saúde. Relaciona a contaminação pelo HIV e sua trajetória de vida. Comenta os sonhos de encontrar um companheiro; o cuidado com sua saúde. Ressalta a responsabilidade com o tratamento da filha e o custo do tratamento de Aids. Destaca a dor pela perda do filho; a morte de todos os parentes próximos e a importância da solidariedade dos amigos. Volta a destacar a necessidade de campanhas preventivas nas favelas. Reafirma a vontade de viver; enfatiza a importância da solidariedade oferecida pelos amigos. O esforço pessoal para se manter bem; o tratamento; a relação estabelecida com o vírus HIV; o convívio cotidiano com a possibilidade da morte; o zelo com a filha.

3ª Sessão: 19 de dezembro
Fita 5 – Lado A
Sua opinião a respeito da eficácia das campanhas de prevenção à Aids, elaboradas pelo ministério da Saúde. Ressalta o distanciamento entre as campanhas e os pobres, propõe como alternativa mais eficiente a adoção de trabalhos de prevenção desenvolvidos diretamente nas comunidades carentes. Comenta o alto custo do tratamento da Aids. Enfatiza a necessidade de aproximar a Aids da realidade cotidiana das pessoas, priorizando jovens e adolescentes. Explica a forma como aborda questões relacionadas ao sexo e à Aids com os filhos. Associa sexo, Aids e a infidelidade masculina com inibição sexual das mulheres casadas. Ressalta a importância do sexo no casamento; sua experiência sexual; o modelo de mulher ideal; a necessidade de conversas diretas sobre sexo durante as oficinas de prevenção à Aids. Relembra o ótimo relacionamento sexual com o segundo marido e os motivos que levaram ao fim do casamento. Defende o retorno à fidelidade conjugal como a melhor forma de prevenir a Aids. Cita um exemplo de traição feminina. Define as diferenças, na prostituição, dos “serviços” oferecidos pela prostituta e pelo travesti.

Fita 5 – Lado B
Menciona o projeto voltado para mães de crianças soropositivas a ser desenvolvido no ambulatório do Hospital Jesus. Destaca o desejo de produzir um vídeo informativo para mães soropositivas. Fala da convivência com a doença; de seu bom estado de saúde; de seus compromissos cotidianos; dos problemas familiares; da luta diária contra a doença; da responsabilidade com os filhos; de suas atividades semanais; da gratificação encontrada na convivência com os integrantes do Grupo pela Vidda. Ressalta o esforço em viver da melhor forma possível com a Aids; os resultados de seus cuidados com a filha e o importante papel da mãe no tratamento de crianças soropositivas. Reafirma a necessidade de um programa informativo voltado para mães soropositivas e a importância da alimentação para os soropositivos. Conclui, destacando a importância da superação do preconceito do próprio soropositivo.

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