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Casa de Oswaldo Cruz Antônio Drauzio Varella História oral
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Dráuzio Varella

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquieu e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 02 e 09 de maio de 1998.
Sumário
1ª Sessão: 02 de maio
Fita 1 – Lado A
A infância em um bairro operário em São Paulo; a origem europeia, pais, avós, o cotidiano no cortiço de imigrantes e a morte prematura da mãe; diferenças culturais entre espanhóis e portugueses; dedicação do pai ao trabalho e o esforço que os filhos fossem universitários; ingresso na faculdade de medicina da USP e o trabalho como professor de cursinho pré-vestibular; temperamento autoritário do pai; desempenho 'medíocre' ao longo do curso de medicina e sua conclusão; período de indefinição profissional, encontro com Vicente Amato e a ida para o hospital do Servidor Público; o grande interesse por medicina contrapondo-se ao descaso com o curso médico; contato com a equipe médica do Hospital dos Servidores, interesse por imunologia e a grande virada profissional, no início dos anos 1970; avanços nas pesquisas em imunologia e a aproximação com a oncologia; a pesquisa clínica com o uso de BCG oral em pacientes com Melanoma.

Fita 1 – Lado B
O sucesso e a repercussão das primeiras pesquisas clínicas com BCG oral em doentes com Melanoma; intercâmbio com o hospital Memorial de Nova Iorque, ida para Nova Iorque, em 1983, e o primeiro contato com casos de Sarcoma de Kaposi em doentes de AIDS; o despreparo dos médicos em lidar com a doença, comentário sobre os altos índices de morbi-mortalidade da Síndrome, perfil 'chic' dos primeiros contaminados e o contato com os doentes homossexuais; a 'antevisão' da ampla rede de transmissão heterossexual da doença no Brasil; considerações sobre os mecanismos gerais de transmissão dos agentes infecciosos; ênfase no equívoco científico da apressada associação da AIDS à comunidade homossexual e consequências para o controle futuro; crítica ao preconceito contra os homossexuais; condicionantes genéticos do comportamento sexual; a alta contagiosidade das drogas injetáveis e a ineficácia das campanhas de distribuição de seringas descartáveis; comentário sobre a experiência com uma 'roda de baque' (roda de usuários de cocaína injetável), assistida e gravada em São Paulo, e a descrição do comportamento dos envolvidos; alternativa de prevenção entre os usuários de drogas: substituição da droga injetável pelo 'crack'; a experiência com usuários de drogas no Carandiru (SP).

Fita 2 – Lado A
As diferenças de ação e efeito entre a cocaína injetada, inalada e o crack no organismo humano; a experiência de substituição da droga injetada pelo crack entre os presos do Carandiru; os efeitos nocivos do crack e da cocaína inalada; a pesquisa conduzida entre os presos do Carandiru e o trabalho de intervenção: estratégias de persuasão, atendimento clínico, informações básicas sobre a transmissão da Aids, contaminação via droga injetável; os sinais de sucesso da iniciativa; efeito da proximidade dos presos com a Aids e o medo da morte como uma possível explicação da substituição da droga injetável pelo crack; a subnotificação da doença e seus problemas; a predileção pela oncologia e o fascínio pelo desafio à morte; os avanços da ciência médica e o papel do médico junto ao paciente; relação de complementaridade entre a arte (as relações humanas) e a técnica (o saber científico) no processo de cura; comentários sobre a fundamentação técnico-científica da chamada medicina alternativa.

Fita 2 – Lado B
A interação entre técnica e relações humanas como o caminho para a medicina do futuro e a mudança na relação médico-paciente; episódios de desrespeito no atendimento ao paciente presenciados em seu período de 'interno' no Hospital das Clínicas (SP); a precariedade dos hospitais públicos no Brasil, o equívoco na concepção do Estado como entidade prestadora dos serviços de saúde e a experiência como chefe do serviço de oncologia num hospital do INAMPS; a reação de seus pacientes diante do diagnóstico de AIDS; impacto dos novos tratamentos sobre os soropositivos e mudanças na concepção da doença.

2ª Sessão: 09 de maio
Fita 3 – Lado A
A ascendência europeia, o sentimento de pertencimento à cultura brasileira e a opção por viver no Brasil; exaltação à diversidade cultural do Brasil e comparação entre as características culturais dos brasileiros e dos europeus; seus casamentos; comentários sobre o comportamento contraditório dos detentos do Carandiru diante da morte e do diagnóstico de AIDS; comentários sobre as campanhas de prevenção; o equívoco das iniciativas de distribuição de seringas como meio de prevenção da transmissão da doença; a experiência de substituição da droga injetável pelo crack entre os detentos do Carandiru; as especificidades culturais dos países europeus onde a experiência apresentou resultados significativos; o costume de partilhar a droga como uma característica que inviabiliza a eficácia dos programas de distribuição de seringas individuais; a experiência com campanhas de prevenção em emissoras de rádios paulistas e a eficácia das campanhas voltadas para públicos específicos; comentários sobre a campanha do “Bráulio”; o equívoco das campanhas de carnaval; a questão dos preservativos e a reduzida oferta no mercado brasileiro; a importância de campanhas objetivas e tecnicamente engajadas.

Fita 3 – Lado B
A intervenção da Igreja e a influência de interesses políticos no processo de elaboração das campanhas; defesa por campanhas menos políticas e mais técnicas; avaliação positiva da atuação das ONG's/Aids no Brasil; as condições que propiciaram a proliferação do vírus HIV nas comunidades homossexuais; o pioneirismo das ONG's/Aids; participação na Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo no início dos anos 1990; o projeto de prevenção às DST's; os resultados práticos durante sua participação no governo; a burocracia e irracionalidade dos meios adotados pelos técnicos do governo de São Paulo para a gestão do empréstimo do BIRD destinado ao controle e prevenção da Aids no Brasil, no início dos anos 1990; avaliação dos resultados destes empréstimos; descrição dos avanços gradativos no tratamento clínico da doença e as dificuldades iniciais em diagnosticar as doenças oportunistas; os efeitos limitados dos primeiros medicamentos disponíveis para o controle clínico da doença; o impacto de sua entrevista num programa de TV sobre estes medicamentos e a rápida liberação de novos medicamentos; a divulgação impactante dos avanços da medicina sobre a comunidade médica como estratégia para os médicos se atualizarem; o grande avanço clínico representado pelos 'inibidores de protease'.

Fita 4 – Lado A
Razões que permitem que doentes de AIDS com elevada carga viral e baixíssimo número de CD4 não desenvolvam doenças oportunistas; a formação genética dos vírus, a ação do vírus HIV e possíveis formas de combatê-lo; os possíveis efeitos colaterais, a longo prazo, das novas terapias anti retrovirais; avaliação dos congressos científicos internacionais; crítica ao comportamento dos ativistas europeus e americanos; garantia de uma maior sobrevida proporcionada pelos retrovirais; o alto índice de desistência durante o tratamento e as dificuldades encontradas pelos pacientes em mantê-lo; a convivência com a morte frequente de pacientes; o fascínio pelos desafios da oncologia; a descoberta, depois de anos de medicina, do importante papel do médico nos últimos momentos de vida dos pacientes em fase terminal; a relação com a morte e a Aids: o caso de seu irmão.

Fita 4 – Lado B
A serenidade do irmão durante o tratamento; sobre a sua relação pessoal com a morte; a AIDS como um dos resultados do processo liberação sexual dos anos 1960; o impacto da AIDS sobre o comportamento sexual da juventude.

A fala dos comprometidos: ONGs e AIDS no Brasil

Reúne 13 entrevistas com pessoas ligadas à organizações não governamentais destinadas à AIDS. O projeto, coordenado por Dilene Raimundo do Nascimento, buscou rastrear os caminhos percorridos por estes grupos, na medida em que a atuação junto aos soropositivos e à sociedade em geral adquiriu crescente relevância, tanto no que diz respeito à contribuição para políticas governamentais voltadas para a AIDS quanto à re-elaboração individual e coletiva da doença.