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Rio de Janeiro (RJ) História oral Com objeto digital
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Wladimir Lobato Paraense

Entrevista realizada por Anna Beatriz de Sá Almeida e Magali Romero Sá, na Fiocruz (RJ), entre os dias 03 de junho e 05 de novembro de 1998.
Sumário
Fita 1 - Lado A
A descoberta de caramujos infectados com esquistossoma em um córrego no IOC e as medidas profiláticas adotadas; considerações acerca dos trabalhos pioneiros de Adolpho Lutz com moluscos no IOC e a introdução desta espécie no IOC; as aulas de histologia ministradas por Jaime Aben Athar na Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará e seu perfil profissional; a experiência no Laboratório de Biologia da Santa Casa da Misericórdia; a aquisição da primeira coleção de lâminas; a viagem a Recife e a procura por emprego; o primeiro contato com a Faculdade de Medicina de Recife.

Fita 1 - Lado B
Os contatos com Aloísio Bezerra Coutinho e Jorge Lobo e o interesse despertado pela Coleção de Lâminas trazidas de Belém do Pará; o concurso para o internato no Hospital Oswaldo Cruz, em Pernambuco; a transferência para a Faculdade de Medicina de Recife; o ingresso no Hospital Oswaldo Cruz; a importância do trabalho realizado no hospital em sua formação profissional; o primeiro contato com Aggeu Magalhães e breve referência ao seu perfil e trajetória profissional; a aquisição de bolsa de estudo em anatomia patológica na USP, concedida por Assis Chateaubriand em 1938; a viagem para São Paulo; breve alusão ao encontro com Assis Chateaubriand, no Rio de Janeiro, e os métodos utilizados por ele para angariar recursos para a concessão de bolsas de estudo.

Fita 2 - Lado A
O trabalho realizado na USP e a orientação de Jorge Queiroz Teles Tibiriça; breve referência ao estudo autodidata sobre o sistema nervoso humano; considerações acerca das precárias condições de vida dos imigrantes nordestinos em São Paulo, tendo como consequência um alto índice de mortalidade; lembrança do transtorno ao diagnosticar casos de esquistossomose e doença de Chagas em autópsias realizadas em corpos de imigrantes e as discussões travadas com Cunha Mota sobre estes diagnósticos; a decisão de escrever uma tese sobre esquistossomose; a continuidade da pesquisa na área de patologia; breve referência aos convites de Evandro Chagas para trabalhar no estado do Pará e no estado de Pernambuco; a opção pelo IOC; o ingresso no laboratório de Evandro Chagas; as pesquisas realizadas sobre leishmaniose visceral; as iniciativas de Evandro Chagas para a criação do Instituto de Patologia Experimental do Norte (IPEN); relato da coleta de material para autópsias no estado do Pará; a decepção dos que voltaram para Recife após o estágio na USP e a decisão de permanecer no Rio de Janeiro.

Fita 2 - Lado B
O convite de Evandro Chagas para participar de um curso de malária no estado do Pará, em 1940; lembranças da morte de Evandro Chagas; a alternativa encontrada por Carlos Chagas Filho para financiar sua permanência no IOC; a necessidade de prestar esclarecimentos a Assis Chateaubriand da sua recusa em retornar a Recife; menção às primeiras publicações sobre leishmaniose visceral; o curso ministrado no Estado do Pará e os primeiros estudos do ciclo da malária; as intenções de Evandro Chagas ao indicar o professor Antônio Emeriano de Souza Castro para a direção do IPEN; a primeira publicação sobre malária; considerações sobre a importância dos desenhistas no trabalho científico; menção ao pioneirismo de seu trabalho sobre o ciclo da malária; comparação entre as condições de trabalho no Brasil e na Alemanha; a sua decisão de reiniciar os estudos de leishmania; a importância do seu estudo sobre a dispersão da Leishmania enriettii em cobaia e o auxílio para a compreensão da leishmaniose humana; a ida para Belo Horizonte; o convite para trabalhar no SESP; breves comentários sobre a criação do SESP; considerações sobre a esquistossomose na região do Vale do Rio Doce.

Fita 3 - Lado A
O convite para trabalhar como pesquisador associado do SESP; as primeiras impressões sobre o trabalho e a resistência inicial em aceitar o convite; breves considerações acerca da participação no Conselho do CNPq; a resolução de aceitar o convite para trabalhar no SESP e a montagem do laboratório em Belo Horizonte, em 1954; o início das investigações sobre os focos de esquistossomose em Belo Horizonte; os problemas relacionados à nomenclatura e à classificação de moluscos; a metodologia utilizada na coleta de moluscos; o trabalho sobre os moluscos encontrados em Belo Horizonte; comparação entre as espécies encontradas em regiões do Estado de Minas Gerais; a necessidade de viajar para Pernambuco à procura de espécimes de moluscos; a decisão do CNPq de encerrar as pesquisas com moluscos; os embates e a solução encontrada para a continuidade da pesquisa; lembranças da emoção da descoberta de caramujos albinos; breves referências às pesquisas genéticas realizadas com os moluscos.

Fita 3 - Lado B
O interesse pela malacologia; o trabalho realizado no Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Belo Horizonte; considerações sobre a organização do SESP e suas prioridades durante a Segunda Grande Guerra Mundial; reflexões sobre a boa qualidade dos serviços oferecidos pelo SESP; a necessidade da realização de trabalhos voltados para a esquistossomose na década de 1950; referências ao convite para investigações voltadas à taxonomia de moluscos; reflexões acerca dos problemas relacionados à sistemática dos moluscos; o trabalho realizado no SESP.

Fita 4 - Lado A
A metodologia utilizada no trabalho com os moluscos; referência à trajetória profissional de Nilton Deslandes e sua aptidão para o trabalho científico; considerações sobre o grupo de trabalho no SESP; referência aos problemas enfrentados na classificação de moluscos; a conservação e catalogação das fontes de pesquisas realizadas com moluscos; os problemas enfrentados na publicação dos resultados destas pesquisas; considerações sobre as dificuldades do SESP no combate a determinadas espécies de moluscos no vale do São Francisco e sua contribuição para solucionar o problema.

Fita 4 - Lado B
O procedimento metodológico utilizado nas pesquisas com moluscos; a publicação em inglês do artigo referente à pesquisa em 1954; referência à decisão de se extinguir os moluscos em Belo Horizonte; as espécies de moluscos encontradas na região de Santa Luzia, Minas Gerais; as investigações genéticas realizadas com caramujos; considerações sobre o seu interesse pelas coleções; o encerramento da pesquisa pelo SESP; o convite para trabalhar no Serviço Nacional de Malária; a vinculação das pesquisas em esquistossomose ao Serviço Nacional de Malária.

Fita 5 - Lado A
Comentário sobre a passagem pelo DNERu a partir de 1959; menção à coleta e pesquisa de moluscos planorbídeos realizadas pelo SESP nas regiões Norte e Nordeste do Brasil e na América Latina nos anos 1950; as técnicas e experiências genéticas realizadas com moluscos; os desafios com as pesquisas de moluscos coletados no Brasil; a necessidade de coletar moluscos em diversos países da América Latina; o financiamento recebido do CNPq para coletar moluscos planorbídeos no Peru, Bolívia, México, Cuba e Venezuela; relato das viagens de coletas realizadas em países da América Latina, em 1956.

Fita 5 - Lado B
Relato das viagens de coleta realizadas na América Latina, em 1956.

Fita 6 - Lado A
A passagem por Cuba para coleta de moluscos; a importância do auxílio de professores locais na coleta do material; a diversidade de moluscos encontrados em Cuba; a necessidade de coletar urna espécie de molusco no lago de Valência, na Venezuela; relato de sua estadia na Venezuela.

Fita 6 - Lado B
Considerações sobre a atividade de coleta realizada na Venezuela; a coleta de um exemplar vivo de molusco planorbídeo; as divergências com pesquisadores sobre a espécie coletada; o convite da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para participar do comitê sobre moluscos e esquistossomose em Washington (EUA); as dificuldades quando da elaboração do guia; a nomeação e gestão na direção do INERu entre 1961 e 1963; o comitê sobre moluscos e esquistossomose em Washington.

Fita 7 - Lado A
Relato da reunião promovida pela OPAS, em Washington; considerações sobre a criação do Centro Nacional de Identificação de Planorbídeos no seu laboratório na década de 1960; as viagens realizadas pela América Latina para identificação de moluscos planorbídeos patrocinadas pela OPAS e Fundação Rockefeller; o estado atual da catalogação do material coletado nesta época; a visita de um pesquisador da Fundação Rockefeller e a oferta para auxilio às pesquisas com moluscos planorbídeos; menção às pesquisas que vem realizando atualmente com pesquisadores norte-americanos; o envio de materiais da coleção para estes pesquisadores; considerações sobre o estado atual da Coleção Malacológica; relato da viagem de coleta feita na cidade de Cochabamba, na Bolívia; a transferência do Centro Nacional de Identificação de Planorbídeos para a Universidade de Brasília (UnB), em 1968.

Fita 7 - Lado B
Considerações sobre a viagem para a Argentina, em 1972, a convite do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET) para auxiliar na elaboração de um livro sobre a fauna local; as coletas de moluscos realizadas na Argentina; considerações sobre o retomo à Fiocruz, em 1976, e a continuidade das pesquisas com moluscos planorbídeos; relato sobre a passagem pela UNB entre 1968 e 1976; o convite do presidente da Fiocruz, Vinícius da Fonseca, para que retornasse à instituição; considerações sobre o estado atual da Coleção Malacológica: o material catalogado e os cuidados e técnicas para conservação e dissecação do acervo.

Fita 8 - Lado A
Relato sobre as técnicas de conservação dos moluscos planorbídeos; a introdução da metodologia de dissecação de moluscos em Cuba, em 1956; as dificuldades na transferência para o Brasil do material coletado em Cuba; considerações sobre a passagem pela Vice-Presidência de Pesquisa da Fiocruz entre 1976 e 1978; a prática das revistas de carros na gestão de Vinícius da Fonseca; comentários sobre a importância das coleções científicas da Fiocruz; considerações sobre sua responsabilidade para com a Coleção Malacológica; o empréstimo de materiais da coleção para pesquisadores nacionais e estrangeiros.

Sylvia Hasselmann

Entrevista realizada por Paulo Gadelha e Ruth B. Martins, no Rio de Janeiro (RJ), no dia 17 de março de 1987.
Sumário
Fitas 1 a 3
Perfil de Walter Oswaldo Cruz; o encontro de Sylvia Hasselmann com Walter Oswaldo Cruz no Curso de Aplicação do IOC; as dificuldades burocráticas enfrentadas por Walter Oswaldo Cruz no IOC para o desenvolvimento de pesquisas; o círculo de amizades de Walter Oswaldo Cruz; a seriedade no relacionamento com os colegas de trabalho; a amizade com Haity Moussatché e Herman Lent; as dificuldades impostas pela gestão Cardoso Fontes às pesquisas de Walter Oswaldo Cruz; a opção de Sylvia Hasselmann pela família em detrimento da carreira científica; o perfil boêmio de Walter Oswaldo Cruz; o apoio na administração do laboratório do marido; a captação de recursos financeiros externos para a pesquisa no IOC; comentários sobre a utilização política do mito Oswaldo Cruz; as relações entre Walter Oswaldo Cruz e o pai; a personalidade competitiva do marido; a vida familiar; o auxílio financeiro de Guilherme Guinle às pesquisas de Walter Oswaldo Cruz; a crítica de Walter Oswaldo Cruz aos diretores do IOC; os motivos que levaram Walter Oswaldo Cruz a assinar o telegrama de apoio a Luís Carlos Prestes; a ligação de Walter Oswaldo Cruz com o Partido Comunista Brasileiro (PCB); a crença de Walter Oswaldo Cruz na libertação nacional através do desenvolvimento tecnológico; o boicote às pesquisas de Walter Oswaldo Cruz em Manguinhos; a defesa da pesquisa básica e direcional; o relacionamento de Walter Oswaldo Cruz com o desenvolvimento tecnológico; o processo de seleção enfrentado pelos estagiários do laboratório de Walter Oswaldo Cruz; a admiração profissional por Walter Oswaldo Cruz dos pesquisadores cassados; os métodos educacionais de Walter Oswaldo Cruz; o processo de perseguição a Walter Oswaldo Cruz no IOC e o boicote às suas pesquisas após 1964.
Nota: A entrevista de Sylvia Hasselmann é sobre Walter Oswaldo Cruz e contou com a participação de sua filha Vera.

Simone Maria Borges Lira Bezerra

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquieu e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 22, 27 de janeiro e 08 de fevereiro de 1998.
Sumário
1ª Sessão: 22 de janeiro
Fita 1 – Lado A
A composição familiar, separação dos pais e a ida para Recife com a mãe; o segundo casamento da mãe e sua morte; a volta para o Rio de Janeiro, os amigos; a forte ligação afetiva com uma das irmãs. A volta para o Rio de Janeiro, a vida mais independente do meio familiar; a diferença de idade e o distanciamento dos outros irmãos; as escolas que frequentou no Rio e Recife; a escola de freiras em Recife; a intensa participação nas atividades propostas pelo colégio; o engajamento político e a importância da escola pernambucana. O ingresso na faculdade de medicina veterinária; a morte da mãe.

Fita 1 – Lado B
A volta para o Rio de Janeiro; a interrupção da faculdade; os irmãos; a opção pelo trabalho; longos comentários sobre o emprego atual, a função exercida, o ambiente de trabalho, a relação de prazer com suas atividades. O HIV e a percepção da morte, a vontade de viver bem. Cita livros e filmes que impactaram sua vida afetiva, a busca por uma maior valorização do outro. A relação com o HIV.

Fita 2 – Lado A
Sua condição clínica anterior, a Diabetes descoberta no final da adolescência; a descoberta do HIV; a crença na impossibilidade da contaminação; a relação com os membros do Grupo pela Vidda, o preconceito. Considerações sobre seu distanciamento das questões relacionadas à doença antes do diagnóstico, o descuido com a prevenção, o entendimento da Aids como doença do outro, a dificuldade da sociedade em tratar questões relacionadas à Aids e à sexualidade. O desespero do momento do diagnóstico agravado pela falta de informação sobre a doença, pela omissão da sociedade diante da doença e pelos tabus que cercam a Aids. A imagem do Cazuza como representação do doente de Aids. O doloroso processo até a confirmação do diagnóstico, a solidariedade de uma colega de trabalho. Menção às diferenças individuais no momento do diagnóstico de Aids e às especificidades do significado da doença entre as classes populares. A reação solidária do namorado; as férias na casa da irmã no Recife e o adiamento na confirmação do diagnóstico, vista hoje como uma forma de “fugir” do HIV. A relação distante entre os outros irmãos e a opção em ocultar-lhes o diagnóstico.

Fita 2 – Lado B
Algumas considerações sobre o relacionamento entre os irmãos. O contato com o Grupo Pela Vidda poucos meses depois do diagnóstico; a consulta com um especialista em Aids e a relação de segurança estabelecida com o médico. Considerações sobre as contradições dos relacionamentos amorosos diante da Aids: o silêncio sobre a Aids, o abandono do preservativo a partir do momento em que a relação se torna estável, o uso do preservativo como método anticoncepcional. Comentários sobre a reação do namorado que optou por não fazer o teste anti-Aids. A preocupação em não contaminar o parceiro; crítica aos soropositivos que mantêm relações sexuais sem preservativos. Avaliação da sua vida sexual após o contágio; o medo diante da possibilidade de sexo; menção à um episódio em que a sensação de medo interrompeu um contato mais íntimo com o ex-namorado. Considerações sobre o relacionamento cúmplice e amigo com o ex-namorado. O contato com a experiência individual de outras pessoas e a gradativa superação do bloqueio sexual; a busca por um apoio terapêutico. O impacto do primeiro contato com o Grupo pela Vidda; o diálogo com antigos integrantes do Grupo; a mudança gradativa na relação cotidiana com a doença.

Fita 3 – Lado A
O processo de assumir a doença; a busca do equilíbrio, o gradativo amadurecimento no convívio com a doença e com os outros, o efeito da primeira participação numa manifestação organizada pelo Grupo. O convite de uma revista interessada em depoimentos de mulheres soropositivas para uma entrevista. Parênteses para, contrapondo-se à visão negativa sobre a imprensa, avaliar sua importância estratégica. A elaboração de um texto retratando seus sentimentos em relação à doença. A concessão da entrevista e a publicação do texto. Considerações sobre a repercussão da matéria.

2ª Sessão: 27 de janeiro
Fita 4 – Lado A
O processo de integração no Grupo Pela Vidda, a participação intensa nos debates promovidos pela Tribuna Livre - espaço do Grupo destinado às discussões referentes à Aids. Considerações sobre o que ela chama de “auto-preconceito”, ou seja, a dificuldade do soropositivo em aceitar sua nova condição. A importância da identificação entre os integrantes do Grupo, o despertar de um sentimento de integração e pertencimento. Os receios quanto a um novo relacionamento com um “soronegativo”. A resistência, comum entre as pessoas que, por negarem a doença, não usam preservativo. Comentários sobre os aspectos comportamentais que envolvem a questão do preservativo, tais como: o silêncio, a desinformação que envolve a sexualidade, o amor, a irresponsabilidade, a superficialidade, os tabus sexuais, a pluralidade no processo de assimilação das informações sobre a doença, a percepção do risco. Para ilustrar, cita a participação no evento em comemoração ao dia 1º de dezembro (Dia Mundial de Luta Contra Aids), para avaliar as diferentes reações das pessoas diante da abordagem do Grupo que, na ocasião, distribuía preservativo aos passantes. Questionamento quanto à maneira mais apropriada de estimular a prevenção.

Fita 4 – Lado B
A revelação do diagnóstico entre as amigas. Aponta as fases do processo até a aceitação da doença. A partir de sua experiência pessoal, avalia o importante papel do soropositivo na construção de uma imagem mais positiva da Aids. A falta de autoestima como uma das possíveis explicações para a resistência ao uso do preservativo. Menção a sua experiência pessoal para ilustrar o peso da associação Aids/preservativo; a necessidade afetiva de manter uma relação sexual com um parceiro soropositivo sem preservativo. Considerações sobre a ineficácia das campanhas; longa discussão na busca de caminhos alternativos mais eficazes na luta contra o avanço da doença; menção aos aspectos culturais e identitários que envolvem a percepção do risco da doença.

Fita 5 – Lado A
O efeito exemplar das trajetórias de integrantes do Grupo que aprenderam, ao longo do tempo, a conviver com a doença. O esforço pessoal em tentar viver bem, a despeito da doença; a busca por uma maior autoestima; a vontade de continuar vivendo. A visão do Grupo como um espaço que leva as pessoas a construírem formas mais positivas de conviver com a Aids; ressalta as diferenças individuais na forma de lidar com a doença e na própria convivência no Grupo. Opinião sobre as questões que envolvem a maternidade entre mulheres soropositivas. Considerações gerais sobre o comportamento preconceituoso e radical das pessoas, e de sua busca pessoal por uma vida feliz.

3ª Sessão: 08 de fevereiro
Fita 6 – Lado B
Leitura do texto sobre sua experiência pessoal com o HIV publicado na revista Mulher de Hoje.

Sebastião de Oliveira

Entrevista realizada por Anna Beatriz de Sá Almeida e Magali Romero Sá, na Fiocruz (RJ), em 08 de novembro de 2000.
Sumário
Fita 1 - Lado A
O primeiro contato com a Coleção de Dípteros, no Laboratório de Lauro Travassos, chefe da Seção de Zoologia do IOC; referência aos trabalhos realizados por Lauro Travassos, Hugo de Souza Lopes e Ferreira de Almeida em entomologia; a opção de trabalhar com mosquitos; as viagens de coleta de parte do acervo da Coleção Entomológica; relato das primeiras excursões à Fazenda Japuíba, de Lauro Travassos, em Angra dos Reis; breve comentário sobre as habilidades de Francisco José Rodrigues Gomes, o Chico Trombone, auxiliar no IOC; os primeiros mosquitos coletados; o início das coleções da entomologia; comparação entre os procedimentos dos atuais coletores de insetos e dos pioneiros do IOC; o caráter multidisciplinar da organização das excursões para coleta realizadas por Lauro Travassos; o momento da consolidação da Coleção Entomológica do IOC e a atuação de Herman Lent; as coleções dos laboratórios do IOC; as coleções da Fiocruz nos dias atuais; considerações acerca da coleção de Adolpho Lutz; a diferença entre coleções fechadas e coleções gerais; alguns exemplos de coleções que tiveram continuidade mesmo após o falecimento do precursor; considerações acerca da interferência das aposentadorias compulsórias, na década de 1970, durante o processo de organização da Coleção Entomológica; os problemas enfrentados por José Jurberg, pesquisador do IOC, para assegurar a conservação da Coleção Entomológica; a transferência da coleção para o Hospital Evandro Chagas (HEC); comentários sobre a falta de incentivo às coleções científicas; referência à formação e atuação de Leonidas Deane.

Fita 1 - Lado B
Considerações acerca da posição de Leonidas Deane diante da Coleção Entomológica; as tentativas de doação das coleções para outras instituições e a resistência de José Jurberg; as dificuldades enfrentadas atualmente para a manutenção e a classificação da Coleção Entomológica; a necessidade de pessoal para trabalhar na organização da coleção; considerações acerca do perfil dos contratados para tal função; o perfil profissional de Wanda Cunha; a importância de um inventário do material da coleção; a aquisição de novos espécimes para a coleção; o perfil dos antigos coletores de espécimes do IOC; a falta de infra-estrutura para incorporação de novos espécimes; considerações sobre as últimas coleções adquiridas; referência à Coleção Zikán, incorporada à Coleção Geral; considerações sobre o entomologista Carlos Alberto Seabra; breve referência ao entusiasmo de Moacyr Alvarenga, coronel da Força Aérea Brasileira (FAB), para a coleta de besouros; os espécimes de moscas cedidos por Moacyr Alvarenga a Hugo de Souza Lopes; considerações acerca da coleção de Aldo Ferreira de Almeida adquirida pelo Museu Nacional e sua trajetória; referência à Coleção de Mosquitos da Fundação Rockefeller; considerações sobre o método utilizado pela Fundação Rockefeller na coleta e organização dos espécimes; comentário sobre o perfil de Lélio Gomes, coletor de espécimes da Fundação Rockefeller incorporado ao IOC; comentários sobre o destino da Coleção de Mosquitos da Fundação Rockefeller, sob a guarda do Centro de Pesquisas René Rachou.

Fita 2 - Lado A
Comentários acerca da Coleção de Flebótomos, sob curadoria de Olga Falcão no CPqRR; novas considerações acerca da coleção de mosquitos da Fundação Rockefeller; referências ao aprendizado com John Lane e Nelson Cerqueira e seus trabalhos desenvolvidos junto à Fundação Rockefeller; considerações acerca da Coleção de Mosquitos da Faculdade de Higiene e Saúde Pública de São Paulo; a proibição do envio de espécimes, sem autorização, para outros países; a situação atual das Coleções Científicas da Fiocruz.

Rosemere de Souza Moniz

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquieu e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 07 de outubro, 05 e 19 de dezembro de 1997.
Sumário
1ª Sessão: 07 de outubro
Fita 1 – Lado A
Sua família e ressalta sua condição de adotada. Detalha o processo de sua adoção; explica que, na verdade, seu nascimento é fruto de uma relação extraconjugal de seu pai. A verdade sobre sua paternidade, já na adolescência, por intermédio de sua madrinha. Explica detalhadamente a composição de sua família adotiva e a diferença de idade entre ela e os irmãos mais velhos. O casamento dos irmãos mais velhos; a predileção de seu pai; a separação dos pais, seguida da morte violenta do pai. A rejeição das irmãs mais velhas. A educação conservadora; a convivência feliz com o pai e o impacto de sua morte; a convivência com a mãe e a ida para a casa dos padrinhos. Convivência com os primos maiores e as brincadeiras de criança. Os primeiros anos da adolescência; a conversão religiosa da mãe e o início da tensão no relacionamento entre elas. Os bailes e os namoros da adolescência. O rigor materno; as desconfianças da mãe quanto à perda de sua virgindade. O constrangimento durante a consulta ao ginecologista para a confirmação de sua virgindade; o completo desconhecimento sobre seu corpo. Destaca os rigorosos valores morais da mãe. O impacto da primeira menstruação; a surra dada pela mãe ao saber que ela havia contado para a vizinha sobre o que se passara. Enfatiza as diferenças existentes entre elas, principalmente no que refere aos valores morais. As lembranças da proteção paterna. A fuga da casa da mãe aos 13 anos de idade, devido à tentativa de abuso sexual do irmão. A escolaridade; a vida confortável da família; o cotidiano distanciado das atividades domésticas. O temperamento seco e distante da mãe. O ciúme e o ressentimento dos irmãos diante do temperamento violento do pai e de sua predileção por ela. O desconhecimento dos irmãos a respeito da verdade sobre sua adoção. Avalia a boa educação recebida de sua mãe e episódio do impedimento de seu casamento com um namorado. Ressalta o seu comportamento incontrolável durante a adolescência. O conflito com o irmão, que resultou em sua fuga de casa. O primeiro contato com a rua; a escolha aleatória pela Praça Mauá; a perda da virgindade, ainda no primeiro dia de fuga. As estratégias de sobrevivência aprendidas na rua. O emprego como doméstica e as dificuldades iniciais pela sua inexperiência. A boa adaptação no segundo emprego. A iniciativa de provocar a mãe, ligando para contar-lhe sobre o seu desvirginamento. As complicações com o Juizado de Menores, depois que a mãe denunciou sua fuga; a percepção negativa do Juizado de Menores. A convivência harmoniosa com a segunda família que lhe empregou. A gravidez inesperada do primeiro filho e a saída do trabalho. Menciona a dor da primeira relação sexual e as dificuldades iniciais em manter uma vida sexual plena. Os novos relacionamentos e o fim das dificuldades sexuais. Ressalta o desinteresse por relacionamentos afetivos estáveis; a resistência ao uso de bebidas alcoólicas. Os anos de trabalho como doméstica no bairro do Estácio; a boa convivência com a família que lhe empregara. A pequena reaproximação com a mãe e o completo distanciamento dos irmãos. Retorna às brigas entre seus pais, relembrando o comportamento violento e ciumento do pai que, em uma das brigas, resultou num ferimento à bala na empregada da família. Faz uma avaliação positiva do relacionamento dos pais. Cita as atividades profissionais da mãe, comentando que os pais não eram casados legalmente.

Fita 1 – Lado B
As diferenças de idade entre os irmãos. Os momentos de lazer, o relacionamento afetuoso no trabalho; o sentimento de pertencimento à família que lhe empregara. A gravidez inesperada do primeiro filho, o desemprego e a volta para as ruas. O afastamento do pai da criança; os conflitos quanto manter ou não a gravidez. O primeiro marido e a mudança para a Central do Brasil. O casamento sem amor; o nascimento do primeiro filho; a decisão do marido de reconhecer a paternidade da criança. Alusão aos frequentadores de sua casa atrás da Central do Brasil e ao uso indiscriminado de drogas e bebidas alcoólicas pelo grupo. Comenta seu envolvimento com ladrões de residência e a sua participação na guarda dos produtos roubados. O convívio cotidiano com usuários de drogas, destacando a resistência em se drogar. A falta de contato com a mãe. Os constantes conflitos com o marido; a decisão de traí-lo, para, em seguida, contar-lhe sobre a traição. Afirma nunca ter sentido medo durante a adolescência. Comentários sobre um episódio que resultara em problemas com a polícia. A boa convivência com a polícia. Relembra dos amigos. O seu temperamento abusado; a ausência de medo da morte. A separação do marido. A inserção no mundo da prostituição; o trabalho como prostituta na Avenida Atlântica (Rio de Janeiro). Relata, em detalhes, o cotidiano da prostituição, citando algumas dicas sobre a execução do trabalho. A organização, os códigos e as regras da prostituição na orla de Copacabana: a divisão dos espaços, a ausência de “cafetões”, os tipos e os preços dos “programas”, a relação com a polícia, a prostituição infantil, o uso de drogas, a média de ganhos diários, os horários de movimento, a relação com os clientes. Menciona a desilusão com os sonhos de casamento. Fala de seu primeiro casamento, classificando-o como um período de “bagunça”. Relembra as situações de perigo e da constante proximidade com a morte. Frisa a solidariedade existente entre as prostitutas. Menciona episódios que resultaram na morte violenta de alguns de seus amigos. Ao comentar os riscos e as ameaças do universo da prostituição, salienta a sua capacidade de articulação. Ressalta sua lucidez e resistência a qualquer tipo de vício.

Fita 2 – Lado A
O início do trabalho na “pista”, a convivência com um fugitivo da polícia, que seria seu segundo marido. O início do romance; sua recaptura pela polícia. A decisão de não o abandonar na prisão. O fim de sua pena e a decisão de abandonar o trabalho na pista, para viverem juntos em Itaguaí. A infidelidade do marido. Narra uma das brigas do casal por ciúmes. Ressalta a dedicação durante o período em que o marido esteve preso e a sua predileção por ela. A segunda gravidez. Cita as preocupações do grupo de prostitutas com as DST's, com risco constante de uma gravidez indesejada e o sadismo dos clientes. Ressalta seu completo desconhecimento sobre a Aids e a resistência dos clientes em usar preservativo. Menciona algumas experiências com clientes; os momentos divertidos; as situações de perigo; a prostituição infantil; as constantes batidas policiais; o estupro de uma colega; o preço e o pagamento pelos programas. A organização e as regras de convivência entre as prostitutas. O relacionamento com os clientes. Traça um perfil dos clientes, destacando o predomínio de homens casados. A desilusão com o casamento formal e a descrença na fidelidade. A percepção pragmática dos relacionamentos amorosos. Os relacionamentos amorosos das prostitutas; o número reduzido de prostitutas que saem para o casamento; a dificuldade de algumas em abandonar a prostituição; o vínculo corrente com amantes; o zelo com os filhos; a permanente proximidade com o universo da prostituição.

Fita 2 – Lado B
O retorno à Copacabana e a constatação da morte precoce de várias companheiras de sua “época”. As ameaças que cercam a vida nas ruas. A traição, a separação e a morte violenta do segundo marido. Afirma ter “encomendado” no Candomblé a morte do marido. A reaproximação com a mãe; a solidariedade dos amigos. Relembra a desaprovação da família quanto ao seu envolvimento com a prostituição. A volta para a casa da mãe no bairro suburbano de Costa Barros, após a separação do segundo marido; o novo emprego e a decisão de internar o filho em uma instituição para menores. O terceiro marido; relembra um aborto que, supostamente, a teria esterilizado; o temperamento violento do marido. Comenta as circunstâncias em que foi feito o aborto. A primeira pneumonia, a recuperação e a notícia, inesperada, de uma nova gravidez, em 1995. As brigas com o marido; o pré-natal; o intenso mal-estar; o diagnóstico de anemia. O contato com a Aids através da TV; o diagnóstico equivocado. O parto prematuro; o início dos exames; a volta para casa com o bebê.

2ª Sessão: 05 de dezembro
Fita 3 - Lado A
As duras experiências vividas na prostituição em Copacabana; conta sobre a “curra” que sofreu na época, que resultou na saída definitiva das “ruas”. A volta para casa com bebê e os primeiros sintomas da criança; as passagens pelo hospital e o exame para o HIV ainda no ano de 1995; a indignação diante da solicitação do exame pela médica; o resultado positivo, dois meses depois do parto; a incredulidade no diagnóstico; a imprudência do médico ao informar a família sobre o diagnóstico. O choque diante do diagnóstico; a imediata associação Aids/morte. A reação dos amigos e de seu marido; o medo do preconceito dos vizinhos; a surpreendente reação solidária da vizinhança. A postura diante da doença. Relembra momentos difíceis da sua vida, ressaltando sua personalidade “guerreira”. A busca de tratamento; o exame dos filhos e o diagnóstico positivo da filha Tainara. Especula sobre o possível responsável por sua contaminação. Numa retrospecção, cita o romance com Jorge, ocorrido durante a prisão do segundo marido; o abandono da prostituição, aos 19 anos; a ida para Fundação Leão XIII; a mudança para Itaguaí; o fim da pena do marido; o início da fase em que virou “dona de casa” e a gravidez da filha Tainara. Retorna à questão da contaminação e a partir de algumas recordações, afirma ser seu segundo marido o responsável pela contaminação. O início do tratamento no posto de saúde Treze de Maio. O agravamento do quadro clínico do filho; a busca por maiores informações sobre a doença; a indicação, dada por um médico, do Grupo Pela Vidda. Fala longamente sobre o bebê, menciona a fragilidade de seu estado de saúde; o desentendimento com o pediatra, destacando sua relação com a criança.

Fita 3 – Lado B
Retorna comentando a importância do carinho dos amigos de Barros Filho. O fim do terceiro casamento; a contaminação do marido; a sua reação violenta diante do diagnóstico; as brigas do casal. Menciona a surra levada do marido, durante o período de internação do bebê. Ressalta a solidariedade dos vizinhos de Barros Filho. A sua desinformação sobre a doença; a reaproximação da mãe. Cita algumas situações isoladas de preconceito. Volta a comentar o agravamento do estado de saúde do bebê, ressaltando a relação afetiva existente entre eles. Sua última visita ao filho; a morte do bebê aos 9 meses de idade; o ingresso definitivo no Grupo pela Vidda. Fala sobre o medo de perder a filha Tainara. A decepção com a fuga do filho mais velho. Menciona alguns episódios que poderiam explicar o comportamento arredio do filho mais velho: a invasão de sua casa, em Costa Barros; a morte da avó; a mudança para a casa do padrasto, com quem ele não se dava; e a segunda mudança, quando, expulsos de casa pelo ex-marido, ela e os filhos ficaram abrigados numa casa próxima; o medo de perder a família. Enfatiza a postura intransigente em relação a fuga do filho. A doença da filha Tainara; a estabilidade de seu quadro clínico; a confiança em sua médica; a relação dos médicos do Hospital Jesus com sua filha. Menciona a cesta básica recebida pela filha do projeto Renascer; explica as finalidades do projeto, que assiste crianças carentes no Hospital da Lagoa. Elogia o tratamento recebido no hospital dos Servidores do Estado, local onde faz o acompanhamento clínico da doença.

Fita 4 – Lado A
Acentua os benefícios do coquetel de drogas contra Aids, mencionando a redução dos sintomas da doença em seu corpo. Explica em detalhes origem, finalidades, funcionamento e atividades do grupo organizado pelos pacientes do Hospital dos Servidores do Estado, chamado Viva a Vida. Menciona a intenção de criar um grupo de mães no hospital Jesus; dá informações sobre outros projetos e sobre o sistema de distribuição de cestas básicas para soropositivos no Rio de Janeiro e Niterói. O ingresso no grupo pela Vidda, após a morte do filho em 1996; a intenção de ajudar outras mães soropositivas; a solidariedade encontrada junto aos outros voluntários; a frequência no Grupo de Mulheres. Ressalta a importância dos Grupos de apoio aos soropositivos, inclusive o Pela Vidda. Para ilustrar, comenta a experiência com uma mãe soropositiva no Hospital Jesus. Inicia uma longa avaliação sobre as campanhas de prevenção à Aids elaboradas pelo Ministério da Saúde; entre suas críticas, enfatiza a necessidade de campanhas direcionadas para as camadas populares. Comenta a mudança na concepção da doença a partir do lançamento do “coquetel de drogas” e a sua contribuição para uma maior banalização da Aids; a resistência ao uso de preservativo. Critica o desejo de engravidar manifestado por mulheres soropositivas. Fala sobre sua resistência ao uso de preservativo. Destaca a opção pela abstinência sexual, após a separação do terceiro marido. Comenta as especificidades que tornam as mulheres um segmento mais vulnerável à Aids. Ressalta os estereótipos que caracterizam, para as pessoas comuns, os doentes de Aids. Cita as iniciativas frustradas de iniciar um novo relacionamento; critica o descaso dos homens com as mulheres. Tece comentários sobre sua própria condição de soropositiva, a partir de um programa de TV, onde foi abordado o impacto da contaminação e as possíveis formas de lidar com o preconceito contra o soropositivo.

Fita 4 – Lado B
Continuando a discussão sobre preconceito, relembra um dos episódios em que foi vítima de discriminação. Retorna à questão das campanhas, afirmando que elas são ineficazes junto às camadas populares. Fala um pouco de sua experiência como voluntária na luta contra a Aids, do seu contato cotidiano com os vizinhos e dos resultados, percebidos através da mudança no comportamento de amigos. Enfatiza o desejo de desenvolver um trabalho voluntário com mães soropositivas. Explica as razões de a filha Tainara da escola; menciona as dificuldades de cuidar da saúde da menina e a preocupação com o preconceito. Volta a mencionar as campanhas de prevenção do governo, enfatizando a necessidade de campanhas direcionadas para as classes populares. Faz referência às experiências de suas amigas; ao comportamento masculino; à resistência a qualquer tipo de mudança de comportamento; a submissão feminina. Ao falar da omissão da mulher diante da infidelidade masculina, menciona um antigo relacionamento de seis anos com um homem casado. Mais uma vez afirma jamais ter usado preservativo. Fala rapidamente sobre seus últimos amantes e da possibilidade de tê-los contaminado. Menciona as estratégias para não pensar na morte. A doença, o sofrimento causado aos filhos, as restrições impostas à filha hoje. A percepção sobre seu atual estado de saúde. Relaciona a contaminação pelo HIV e sua trajetória de vida. Comenta os sonhos de encontrar um companheiro; o cuidado com sua saúde. Ressalta a responsabilidade com o tratamento da filha e o custo do tratamento de Aids. Destaca a dor pela perda do filho; a morte de todos os parentes próximos e a importância da solidariedade dos amigos. Volta a destacar a necessidade de campanhas preventivas nas favelas. Reafirma a vontade de viver; enfatiza a importância da solidariedade oferecida pelos amigos. O esforço pessoal para se manter bem; o tratamento; a relação estabelecida com o vírus HIV; o convívio cotidiano com a possibilidade da morte; o zelo com a filha.

3ª Sessão: 19 de dezembro
Fita 5 – Lado A
Sua opinião a respeito da eficácia das campanhas de prevenção à Aids, elaboradas pelo ministério da Saúde. Ressalta o distanciamento entre as campanhas e os pobres, propõe como alternativa mais eficiente a adoção de trabalhos de prevenção desenvolvidos diretamente nas comunidades carentes. Comenta o alto custo do tratamento da Aids. Enfatiza a necessidade de aproximar a Aids da realidade cotidiana das pessoas, priorizando jovens e adolescentes. Explica a forma como aborda questões relacionadas ao sexo e à Aids com os filhos. Associa sexo, Aids e a infidelidade masculina com inibição sexual das mulheres casadas. Ressalta a importância do sexo no casamento; sua experiência sexual; o modelo de mulher ideal; a necessidade de conversas diretas sobre sexo durante as oficinas de prevenção à Aids. Relembra o ótimo relacionamento sexual com o segundo marido e os motivos que levaram ao fim do casamento. Defende o retorno à fidelidade conjugal como a melhor forma de prevenir a Aids. Cita um exemplo de traição feminina. Define as diferenças, na prostituição, dos “serviços” oferecidos pela prostituta e pelo travesti.

Fita 5 – Lado B
Menciona o projeto voltado para mães de crianças soropositivas a ser desenvolvido no ambulatório do Hospital Jesus. Destaca o desejo de produzir um vídeo informativo para mães soropositivas. Fala da convivência com a doença; de seu bom estado de saúde; de seus compromissos cotidianos; dos problemas familiares; da luta diária contra a doença; da responsabilidade com os filhos; de suas atividades semanais; da gratificação encontrada na convivência com os integrantes do Grupo pela Vidda. Ressalta o esforço em viver da melhor forma possível com a Aids; os resultados de seus cuidados com a filha e o importante papel da mãe no tratamento de crianças soropositivas. Reafirma a necessidade de um programa informativo voltado para mães soropositivas e a importância da alimentação para os soropositivos. Conclui, destacando a importância da superação do preconceito do próprio soropositivo.

Ronaldo Fernandes Espíndola

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquieu e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), no dia 21 de maio de 1998.
Sumário
Fita 1 – Lado A
A formação familiar; a profissão do pai; Corumbá (MT), sua cidade de origem; as viagens do pai, que era ferroviário; a separação dos pais; a ascendência espanhola por parte de pai. Rápidas considerações sobre o caráter dos espanhóis; as lembranças do pai, sua seriedade e rigidez na educação dos filhos. O impacto causado pela descoberta da traição do pai, que constituiu, em segredo, outra família. O retorno do pai e a recusa da mãe em reatar o casamento. A resistência diante da imposição do pai, que queria colocá-lo numa escola agrícola; a melhora na condição financeira do pai; a fragilidade de seu estado de saúde atual; a preocupação dos irmãos com a partilha dos bens adquiridos pelo pai. A sua liderança entre os demais irmãos e a construção da casa de sua mãe em Corumbá; a morte de um dos seus irmãos. Ressalta sua liderança, mesmo que exercida à distância. Relembra outros episódios de desavenças familiares em que ficou marcada sua liderança sobre o restante da família. O impacto da separação dos pais na rotina da família; a morte de uma tia e a atitude de sua mãe que, comovida, acolheu toda a família em casa. O impacto do crescimento repentino da família em seu cotidiano.

Fita 1 – Lado B
Os encontros agradáveis com os primos e as lembranças da infância de dificuldades, vivida junto aos irmãos e aos sete primos. A trajetória escolar: o curso profissionalizante no SENAC e o ingresso na Marinha, como fuzileiro naval, aos 17 anos; a mudança para o Rio de Janeiro. A volta do pai e a recusa da mãe em aceitá-lo; a exclusão do pai das decisões da família; seu apoio à decisão da mãe; o descontentamento inicial com a chegada dos 7 primos pequenos e o posterior aprendizado a partir da convivência com a nova família; a amizade estabelecida entre eles. O ingresso na Marinha, transferência para o Rio de Janeiro, estratégias para conhecer a cidade e sua rápida adaptação; a permanência na Marinha até o afastamento compulsório devido à sua soropositividade. As namoradas; a opção por manter relacionamentos estáveis e duradouros; o relacionamento com a mãe de seu filho; a gravidez inesperada e a decisão de morarem juntos no Rio de Janeiro; o fim do relacionamento. A experiência da paternidade; a resistência da família da namorada em aceitar sua gravidez; as mudanças no relacionamento com o filho; a atual proximidade entre eles. A separação e a decisão de morar com uns amigos do quartel na Ilha do Governador. Problemas com vizinhos e a decisão do grupo de mudar para uma casa, ainda na Ilha do Governador; o ótimo relacionamento com os amigos. O casamento dos amigos. Os relacionamentos: o longo namoro com Hadne; a paixão por Alice e o início deste relacionamento com Alice; o contato com seus pais.

Fita 2 – Lado A
A ida à casa dos pais da nova namorada; sua paciência com a impontualidade dela; o constrangimento diante da naturalidade com que ela o convidou para conversar no quarto; o flagra com outra mulher e o fim do romance; o arrependimento por tê-la traído. A iniciação sexual; os contatos com as primas; o controle da mãe e da avó sobre o comportamento das crianças; os contatos sexuais com as namoradas da escola; os passeios com as meninas; relembra o constrangimento de uma menina ao ficar menstruada durante um dos passeios da escola. A mudança para a escola rural; cita uma festa organizada, sem o consentimento da direção da escola, durante a visita para conhecer a escola. Cita dois momentos em que fez prevalecer seu senso de responsabilidade: a desistência em manter relações sexuais com uma colega de escola ao saber de sua virgindade e, anos depois, quando se recusou a manter relações sexuais sem preservativo, durante o primeiro carnaval depois do diagnóstico. O uso de preservativo apenas como método contraceptivo. Os objetivos e a periodicidade do exame de saúde exigido pela Marinha; a surpresa diante do teste positivo para HIV. A retrospectiva de alguns relacionamentos anteriores; o alívio depois de constatado que suas parceiras não tinham sido contaminadas. A vontade de manter contato com Alice, uma de suas ex-namoradas. A decepção com Hádna, a namorada que ameaçou processá-lo por tê-la exposto ao risco de contaminação. O longo tempo de relacionamento entre os dois, a opção de morarem juntos; o fim do relacionamento.

Fita 2 – Lado B
A opção pela praticidade de morar junto; o desejo de casar oficialmente com a atual mulher. O impacto do diagnóstico; descreve a rotina que antecedeu a notificação de seu diagnóstico; a consulta com o médico da Marinha; a volta para a casa; a surpreendente solidariedade dos amigos do quartel que, apesar da total desinformação sobre a doença, foram com suas famílias visitá-lo. O contato superficial com o médico que iria acompanhar seu tratamento; a certeza da morte imediata e a decisão de abandonar tudo e viajar pelo país. A volta definitiva para o Rio de Janeiro e o início do tratamento no hospital Marcílio Dias.

Ricardo Galler

Entrevista realizada por Nara Azevedo e Wanda Hamilton, em Bio-Manguinhos/Fiocruz (RJ), nos dias 13 de julho e 04 de agosto de 2005.
Sumário
Fita 1
Origem familiar; a ida para Brasília; a opção pelas ciências biológicas; a influência do professor Carlos Morel na escolha da especialização em biologia molecular; sobre o talento dos profissionais da ciência com quem conviveu na UnB; a vinda para o Rio a convite de Carlos Morel; o mestrado no Instituto de Biofísica; a ida para a Alemanha, onde fez doutorado; o trabalho realizado no laboratório do pesquisador Hans Küpper, na Universidade de Heidelberg; a transferência para o Laboratório Europeu de Biologia Molecular, no qual trabalhou com o Jan-Erik Edström; dos procedimentos laboratoriais, até então realizados sem auxílio do computador; a utilização da tecnologia atual nos procedimentos científicos; a necessidade de associação entre os pesquisadores; a importância atual da pesquisa na área de imunologia; o ingresso na Fiocruz, em 1985; o trabalho em virologia com Oscar Souza Lopes; a matrícula no pós-doutorado, visando uma especialização em virologia; o curso de Biologia Molecular realizado na Grécia, em 1983, ministrado pelo pesquisador Richard Palmiter; a importância dos cinco anos que passou na Alemanha para sua carreira; a pesquisa científica realizada em Bio-Manguinhos em 1985; comentários sobre o Centro de Biotecnologia; as atividades de administração que hoje desenvolve em Bio-Manguinhos; sobre o projeto de desenvolvimento de uma vacina para dengue; sobre ter sequenciado o primeiro vírus de dengue, na Califórnia; sobre querer manter a ligação com o Departamento de Biologia Molecular do Instituto Oswaldo Cruz.

Fita 2
O crescimento das atividades de biotecnologia no Brasil; os grupos de pesquisa que desenvolvem projetos de desenvolvimento tecnológico em parceria com Bio-Manguinhos; as instituições que financiam parte do trabalho realizado em Bio-Manguinhos; comparação entre o investimento financeiro em desenvolvimento no Brasil e nas empresas multinacionais que desenvolvem biotecnologia; sobre a terceirização de pessoal em Bio-Manguinhos; a patente conseguida pela Fiocruz em 2005 com a modificação genética de um vírus de febre amarela; a importância da concessão de uma patente para uma instituição de pesquisa científica; as prioridades estabelecidas pela Vice-Presidência de Desenvolvimento Tecnológico em relação aos projetos de desenvolvimento tecnológico; comentários sobre os diversos projetos de desenvolvimento tecnológico da instituição.

Fita 3
Sua indicação para assumir o cargo de Vice-Presidente de Desenvolvimento Tecnológico; o enquadramento como tecnologista; a admiração pelo trabalho de Akira Homma e Carlos Morel; comentários sobre o Centro de Biotecnologia; o apoio dado por Otávio Oliva, à época diretor de Bio-Manguinhos, ao desenvolvimento tecnológico; a criação do DEDET; comentários sobre o Centro de Biotecnologia da Fiocruz; considerações sobre o modelo americano de integração entre empresa e universidade; a dificuldade de Bio-Manguinhos em concorrer com multinacionais de biotecnologia; o investimento realizado por Bio-Manguinhos em comércio, mercado e marketing, a partir de última sua reforma institucional; a dificuldade de se credenciar uma vacina no exterior; o orçamento de Bio-Manguinhos; a necessidade de se aliar desenvolvimento tecnológico à produção; os funcionários terceirizados na Fiocruz e em Bio-Manguinhos; a dificuldade de lidar com recursos humanos na instituição; a aposta de Bio-Manguinhos nos biofármacos; as prioridades de Bio-Manguinhos em desenvolvimento tecnológico; comentários sobre o CDTS; comentários sobre as vantagens da associação de Bio-Manguinhos com empresas de biotecnologia; os projetos de produção de vacinas desenvolvidos pela instituição; a relação com as políticas do Ministério da Saúde; comentários sobre a autonomia de Bio-Manguinhos; a competição entre o Instituto Butantan e Bio-Manguinhos; a ameaça que a vinda da GSK para o Brasil representa para Bio-Manguinhos; a produção de energia a partir de biomassa, como alternativa para expansão de Bio-Manguinhos; sobre a possibilidade de transformar parte de Bio-Manguinhos numa empresa; o avanço da área de Garantia de Qualidade da instituição; as perspectivas da Vice-Diretoria de Desenvolvimento Tecnológico para os próximos anos.

Renato Pacheco Filho

Entrevista realizada por André de Faria Pereira Neto e Sérgio Luiz de Alves Rocha, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 25 de novembro, 02, 08, 21 de dezembro de 1994 e 16 de janeiro de 1995.
Sumário
Fita 1 - Lado A
O trabalho de seu pai como médico de família; a morte de sua mãe; as brigas entre seu pai e a família de sua mãe; sua infância; suas experiências na escola Sarmiento; as influências na sua opção pela medicina.

Fita 1 - Lado B
Suas impressões sobre o Rio de Janeiro durante o período de sua infância no Jardim Botânico e Leblon; a atuação de seu pai como médico de família durante a gripe de 1918; referência ao seu pai como um homem preparado tecnicamente, ético e trabalhador; os problemas enfrentados por Renato Pacheco Filho para ingressar na faculdade de medicina; os primeiros anos na faculdade de medicina; o perfil socioeconômico dos estudantes de medicina em fins da década de 1920 e início de 1930; o sistema de aulas; as modificações introduzidas pela Reforma Rocha Vaz; as diferenças entre a Academia Nacional de Medicina e a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro; sua experiência no quarto ano da faculdade como acadêmico vacinador da Saúde Pública; o trabalho no quinto ano como interno "de clínica cirúrgica na faculdade de medicina".

Fita 2 - Lado A
Sua experiência como vacinador da Saúde Pública; a situação da assistência médica no Rio até 1907; os concursos públicos realizados por seu pai; a vida do estudante de medicina; a origem profissional dos pais de seus colegas de faculdade; como eram as aulas na faculdade; o cotidiano de um estudante de medicina (locais de estudo); o grau de dificuldade do curso; sua participação como secretário do Clube Atlético e como diretor da Federação Acadêmica; Santiago Dantas e a solidariedade a Washington Luís; suas relações com pessoas de 'esquerda' e de 'direita'; a Revolução de 1930 e o Movimento Integralista; o debate ideológico no meio estudantil; as atividades por ele desenvolvidas durante o estágio no serviço de Paulino Werneck; o segundo e o terceiro anos de faculdade; o seu primeiro vencimento como acadêmico vacinador da Saúde Pública.

Fita 2 - Lado B
O internato de propedêutica no quarto ano com Rocha Vaz; as diferenças entre os hospitais São Francisco de Paula, São Francisco de Assis e a Santa Casa; suas experiências como 'peru' (aluno que, por decisão pessoal, desenvolve trabalho com o professor sem ter vínculo institucional ou remuneração) na Santa Casa com Augusto Paulino; sua primeira experiência na sala cirúrgica como estudante; a personalidade do professor Rocha Vaz (1929); as modificações introduzidas no ensino após a reforma Rocha Vaz; a dinâmica das aulas; o número de internos por professor e o valor que recebiam; os internos e os internos voluntários.

Fita 3 - Lado A
Sua experiência como interno de clínica cirúrgica (1930/1934) com o Professor Figueiredo Baena; a personalidade deste professor e como ele atingiu a cátedra; sua experiência como 'peru' de Aldair C. Figueiredo; o trabalho com o Professor Figueiredo Baena: a remuneração e as atividades desempenhadas; como conciliava as atividades na profilaxia, na faculdade e no internato; a organização do ensino nas várias clínicas; o perfil profissional dos médicos que participavam da Academia Nacional de Medicina e do Sindicato dos Médicos; as diferenças entre estas duas instituições; a atuação de seu pai no SMB e na Confederação Brasileira de Desportos; o surgimento do Colégio Brasileiro de Cirurgiões; as instituições médicas dos anos 1920: a Academia Nacional de Medicina, a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, o Sindicato Médico Brasileiro e o Colégio Brasileiro de Cirurgiões; as faculdades de medicina existentes quando de sua formatura; sua explicação para a existência de várias entidades representativas dos médicos; como ocorreu sua filiação ao SMB; algumas considerações sobre a representatividade do SMB; a visão do SMB sobre o processo de assalariamento.

Fita 3 - Lado B
As obrigações do médico assistente; seu desinteresse pela carreira do magistério; como conciliava o trabalho na faculdade e na Santa Casa (1931-1934); o trabalho com Figueiredo Baena em sua clínica privada; o funcionamento do serviço social da Santa Casa; sua opção pela cirurgia; os pré-requisitos, na época, para o trabalho do cirurgião (técnica versus habilidade); a delimitação da competência entre clínicos e cirurgiões; o conflito entre os cirurgiões e os leigos; o SMB e o combate às práticas médicas condenadas; sua nomeação (1933) para o cargo de cirurgião auxiliar da Prefeitura do Distrito Federal (Hospital do Pronto Socorro); a Reforma Pedro Ernesto e a carreira médica da Assistência; a situação dos hospitais antes da reforma; as diferenças entre os cargos de cirurgião auxiliar, adjunto, assistente e chefe de serviço; como os médicos conciliavam suas atividades na Assistência com sua clínica privada; como conseguiu montar o seu consultório particular e a constituição de sua clientela.

Fita 4 - Lado A
O consultório no Hospital São Francisco de Assis; seu tempo de trabalho no consultório; o trabalho com seu pai; a formação de sua clientela; o relacionamento com seus clientes; as características de sua clientela; seu período livre; a diferença entre o trabalho no hospital e na clinica privada; sua atuação no Souza Aguiar (1933); as origens do Souza Aguiar; a organização de seu espaço físico; sua importância para o atendimento de urgência na época; a organização dos seus serviços médicos (equipes ou serviços); a organização do trabalho dos acadêmicos neste hospital; a remuneração paga pelo paciente; o salário; a carga horária do hospital; a relação entre os médicos auxiliares e os assistentes; a sua ascensão dentro da Assistência; a perseguição da "cúpula" da Assistência a Dr Aldair Figueiredo; a volta dos 'carcomidos' depois da prisão de Pedro Ernesto; a comissão do Departamento Geral da Assistência; a prisão de Aldair Figueiredo.

Fita 4 - Lado B
A prisão de Aldair Figueiredo e a perseguição da 'cúpula' da Assistência; a participação na Comissão Organizadora do Formulário da Secretária Geral da Assistência (1938); a amizade com Pedro Nava; a obtenção do prêmio "Doutorandos de 1900" promovido pela ANM; a competição no meio médico da época; a atuação de Aldair Figueiredo na Revolução Constitucionalista de 1932; suas críticas ao então secretário da Assistência Publica, Irineu Malagueta, e a Monteiro Autran, seu chefe de gabinete; os motivos que levaram Getúlio Vargas a perseguir Pedro Ernesto.

Fita 5 - Lado A
A popularidade de Pedro Ernesto depois da Reforma; a eleição de Pedro Ernesto para a Prefeitura do Distrito Federal em 1934; a origem do dinheiro utilizado nas obras da Reforma Pedro Ernesto; as críticas feitas a Pedro Ernesto; o contato de Pedro Ernesto com Luiz Carlos Prestes; a Intentona Comunista (1935) e a participação de alguns auxiliares de Pedro Ernesto; Carlos Lacerda e a queda de Getúlio Vargas em 1955; a prisão de Pedro Ernesto; sua saída da prisão; o Dispensário Rocha Faria em Campo Grande: sua organização física e a composição das equipes; sua ida para Campo Grande e o acesso até lá naquela época; a clientela atendida; o tempo de serviço; sua transferência para o Paulino Werneck na Ilha do Governador; a inauguração dos hospitais construídos por Pedro Ernesto; a localização do Hospital Rocha Faria; o Hospital Paulino Werneck: a organização interna técnica do espaço; as especialidades existentes; o acesso ate lá; o número de leitos; o serviço; sua convivência com Pedro Nava; porque Pedro Ernesto fez os hospitais em locais onde não havia pacientes.

Fita 5 - Lado B
Sua convivência com Pedro Nava; a experiência no Hospital Carlos Chagas como chefe de clínica; os motivos de sua saída.

Fita 6 - Lado A
O Hospital Souza Aguiar (1933): as ocorrências, as especialidades e a organização dos serviços (equipes); as modificações introduzidas pela Reforma Pedro Ernesto; o critério de nomeação dos chefes de serviço; as ampliações no Hospital Souza Aguiar depois da Reforma Pedro Ernesto; as atribuições dos chefes de serviço,. o relacionamento entre clínicos e cirurgiões no Souza Aguiar; a clientela atendida; a remuneração paga pelo paciente; a Assistência Médica antes da Reforma Pedro Ernesto; a reação popular ao funcionamento do Pronto Socorro quando de sua inauguração; a faixa etária de seus colegas de trabalho; o Souza Aguiar como uma grande escola; como compatibilizava o seu horário no Souza Aguiar com o de seu consultório; a clientela de seu consultório; as diferenças entre a clínica privada ontem e hoje; as razões de sua saída do Souza Aguiar; as referências a Aldair Figueiredo; sua opinião sobre a Revolução de 1930.

Fita 6 - Lado B
Seu relacionamento com Pedro Ernesto; o serviço no Hospital Rocha Faria: o espaço físico, o número de equipes, sua constituição e clientela; sua ascensão de cirurgião assistente a chefe de serviço no Carlos Chagas; o serviço no Paulino Werneck; a comparação entre as clientelas do Souza Aguiar, do Paulino Werneck e do Rocha Faria; o motivo de sua saída do Paulino Werneck; como se tornou chefe de clínica do Carlos Chagas; quando começaram a ser construídos os hospitais Paulino Werneck, Carlos Chagas e Getúlio Vargas; a administração posterior à de Pedro Ernesto; o posto de afogados do Lido: os motivos para a sua fundação; a visão do SMB sobre a Reforma Pedro Ernesto; a atuação de Pedro Ernesto como interventor do Distrito Federal.

Fita 7 - Lado A
O posicionamento do Sindicato diante das reformas promovidas por Pedro Ernesto; a Faculdade de Ciências Médicas fundada por Rolando Monteiro; o relacionamento entre as faculdades e o SMB; o impacto das idéias de Pedro Ernesto sobre a assistência pública e sobre o mercado de trabalho médico; a posição do Sindicato com relação à criação do Conselho de Medicina; a proposta de fundação da Ordem dos Médicos; a reação da opinião pública à Reforma Pedro Ernesto; a saída de Pedro Ernesto da prisão; os motivos da popularidade de Pedro Ernesto; a posição de Pedro Ernesto em relação ao integralismo e ao comunismo; o trabalho na Ilha do Governador; os médicos da Assistência e seus consultórios particulares; o desvio de clientes para o consultório particular ontem e hoje; o status alcançado pelo trabalho na Assistência; sua nomeação para chefe de clínica do Hospital Carlos Chagas; o espaço físico do hospital; a organização das equipes.

Fita 7 - Lado B
O Hospital Carlos Chagas: a organização técnica do espaço, o número de leitos, a clientela, o número de médicos; a transfusão de sangue neste período; referências a Aldair Figueiredo e a sua saída e posterior reintegração na Assistência; o seu salário na assistência; a sua dedicação à profissão como exemplo herdado de seu pai; a atitude mercenária dos médicos de sua época; seu retorno ao Souza Aguiar e as diferenças em relação ao período anterior; seus atritos com os diretores do Hospitais Souza Aguiar e Carlos Chagas; sua transferência para o Méier.

Fita 8 - Lado A
Seu período como médico da Beneficência Portuguesa (1937-1941); o trabalho no ambulatório; o relacionamento entre diretor e médico do ponto de vista da determinação do número de clientes a serem atendidas; sua atuação na Revista Médica Municipal; as revistas médicas existentes no início da década de 1940; o Hospital Getúlio Vargas, o espaço físico e sua organização técnica, as especialidades, a constituição das equipes, o número de leitos e o sistema de trabalho; a criação da Associação Médica Brasileira; a fundação da AMDF.

Fita 8 - Lado B
As disputas entre a AMB e a AMDF; a origem do Conselho de Medicina e o concomitante refluxo do SMB; a AMB e a defesa dos interesses dos médicos paulistas; as relações entre a AMB, a AMDF e o Sindicato dos Médicos; sua candidatura à presidência da AMDF (1955); sua atuação como presidente da AMDF; suas relações com o presidente Juscelino Kubitschek; sua indicação para a comissão de estudos para a confecção do decreto presidencial que reconhecia o risco de vida para os médicos; a censura da AMB às iniciativas tomadas pela AMDF.

Fita 9 - Lado A
O pedido de prisão contra ele e os demais membros da AMDF sob a acusação de serem todos comunistas (1964); as disputas entre a AMDF, a AMB e a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro; de que maneira a SMCRJ tornou-se representante da AMB no Rio de Janeiro; os motivos da proliferação institucional no movimento médico; o SMB e a oposição à criação do Conselho de Medicina; a proposta de criação da Ordem dos Médicos; o achatamento salarial dos médicos de 1940 a 1952; a AMB e a palavra de ordem: "emprego único para os médicos"; as distorções do comportamento médico como efeito da baixa remuneração; os cargos que ocupou no Colégio Brasileiro de Cirurgiões; como se tornou presidente do CBC; a relação entre a participação em associações médicas e o status; sua atuação como presidente do CBC e suas principais contribuições ao CBC; o CBC hoje; a sua atuação no movimento da greve da letra 'O'.

Fita 10 - Lado A
A participação em entidades médicas; sua entrada para o Colégio Brasileiro de Cirurgiões (1932); o Colégio Brasileiro de Cirurgiões neste período; sua atuação como relator nas reformas estatutárias do Colégio; as diferenças entre o Colégio e a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro; o Colégio de Cirurgiões hoje; as diferenças entre o Colégio e as demais instituições médicas do período; os benefícios; por que não participou de maneira ativa do Sindicato; a clientela do Sindicato; como se tornou sócio do Sindicato; que tipo de relacionamento seu pai tinha com Álvaro Tavares; a atuação de Álvaro Tavares à frente do Sindicato; a posição do Sindicato com relação à entrada do Estado na Assistência Médica; as relações do Colégio com os professores das faculdades de medicina; sua participação em entidades médicas internacionais.

Fita 10 - Lado B
O perfil da profissão na década de 1940; as relações entre os médicos; as estratégias para angariar clientes; a importância do trabalho no serviço público; o seguro saúde e o credenciamento dos médicos como solução para os médicos; as relações entre a prática médica e a política; a constituinte de 1933 e a eleição do candidato dos médicos: Cumplido Sant'Anna; onde se formavam os médicos que atuavam no RJ; como eram as relações entre alopatas e homeopatas na década de 1940; a origem social de seus colegas de turma na década de 1930; a presença da medicina na imprensa leiga - os anúncios médicos; a posição contrária do SMB à criação do Conselho em 1945; as razões da demora da tramitação do Projeto 7.955 na Câmara; o Código de Ética de 1945.

Fita 11 - Lado A
O Código de 1945; as funções de um código de ética; como eram as relações entre os médicos na década de 1940; as conferências médicas: o que eram e como eram realizadas; a especialização da medicina e os dilemas éticos; as diferenças entre o médico assistente e o médico perito (1945); as relações entre os médicos e os farmacêuticos na década de 1940; a mercantilização da farmácia depois da Segunda Grande Guerra; os tipos de charlatanismo; o relacionamento do doente com o charlatão; a posição do Colégio Brasileiro de Cirurgiões em relação ao charlatanismo; os avanços técnicos na medicina; o desenvolvimento das lentes de contato depois da grande guerra; a posição do Conselho com relação ao charlatanismo; o segredo médico; os anúncios médicos e a indústria dos agradecimentos; o seguro saúde e a proletarização dos médicos; as consultas pelo rádio e pelos jornais; a entrada do Estado na Assistência Médica e as suas consequências para a prática médica.

Fita 11 - Lado B
A criação do seguro saúde no Brasil, na França, nos Estados Unidos e na Inglaterra; o funcionamento do seguro saúde no Brasil; sua relação com a autonomia profissional e com o mercado de trabalho médico; o trabalho gratuito; a transferência de pacientes da clínica pública para a clinica privada; o caso do "Dr. Pulha".

Fita 12 - Lado A
O perfil profissional do médico na década de 1950; a atuação do médico de família no início do século; as modificações no ensino prático da medicina na década de 1940; os limites de atuação do SMB; a atuação de Álvaro à frente do Sindicato; como o Sindicato via a opção dos médicos pelo serviço público; as faculdades existentes na época em que se formou; as razões para o declínio da clínica privada; sua opinião sobre o assalariamento e sobre a autonomia; o Sindicato e a crítica à Reforma Pedro Ernesto; a Reforma Pedro Ernesto e a ampliação do mercado de trabalho do médico carioca; a relação ambígua do Sindicato com relação a Pedro Ernesto; a verificação da indigência nos Hospitais da Assistência; as diferenças entre o Hospital do Pronto Socorro e o Dispensário do Méier.

Fita 12 - Lado B
O movimento de criação da AMDF; o perfil dos médicos participantes da AMB; a proposta de fundação de uma associação de bases nacionais; a criação da AMDF; a discriminação aos médicos cariocas da AMDF pela AMB; a participação dos médicos 'comunistas' na AMDF; as relações entre a AMDF e a greve da letra 'O'; os motivos da greve da letra 'O'; o veto ao projeto que criava a letra 'O' e a reação da AMDF; como foi obtido o aumento dos médicos pela AMDF; a repercussão da greve na imprensa.

Pedrina Cunha de Oliveira

Entrevista realizada por Lúcio Flávio Taveira e Rose Ingrid Goldschmidt, na Fiocruz (RJ), no dia 06 de junho de 1989.
Sumário
Fitas 1 a 3
Origem familiar; o perfil do pai; a infância em uma fazenda em Goiás; a personalidade da mãe; as dificuldades de comunicação no interior do Brasil na década de 1940; a educação familiar voltada para o trabalho; a ausência de preconceito na educação informal; a igualdade no trato com os trabalhadores da fazenda; os papéis sociais do homem e da mulher no interior brasileiro em meados do século XIX; o espaço doméstico como locus feminino; a profissionalização como caminho para a emancipação; a generosidade característica da educação materna; os papéis familiares: a mãe educadora e pai provedor; a população “encardida” de Goiás; os primeiros estudos realizados na comunidade local; o ingresso no colégio interno feminino; a rígida disciplina de uma instituição religiosa; o cotidiano no internato; a “disciplinarização” do diálogo e a preocupação com a higiene na escola; a vigilância do corpo nos banhos no internato; a preocupação das freiras com a educação humanitária; a censura à literatura; o ingresso em colégio leigo de Goiânia; a liberdade na escolha profissional; a opção pelo curso de farmácia; o desejo inicial de retornar a Goiás após a graduação; a fascinação pelo trabalho laboratorial; o curso de farmácia da UFRJ na década de 1950; a ausência de preconceito sexual na faculdade; as qualidades da Faculdade de Farmácia da UFRJ; a opção por não retornar a Goiás e o primeiro contato com o IOC; o ingresso em Manguinhos como estagiária e o trabalho desenvolvido com Oswaldo Lazzarini Peckolt no Departamento de Química; a rápida efetivação no IOC; os trabalhos realizados com Fernando Ubatuba nos laboratórios das Pioneiras Sociais e o seu abandono devido ao trabalho no IOC em tempo integral; o preconceito em Manguinhos pelo trabalho feminino; a admiração por Bertha Lutz; a mudança para o Departamento de Micologia; o Curso de Aplicação do IOC; o corpo de pesquisadores do Departamento de Micologia na década de 1960; a qualificação profissional de Adolpho Furtado e sua marginalização em Manguinhos; as dificuldades dos pesquisadores do IOC em optarem pelo regime celetista na década de 70; o casamento em 1970 e a experiência da maternidade; a opção pela família no momento de crise do IOC; as dificuldades em conciliar vida privada e vida profissional; o intercâmbio com o Instituto de Biologia de São Paulo; histórico do desenvolvimento da micologia no Brasil desde a década de 50; a demanda de conhecimento da micologia provocada pelo desenvolvimento tecnológico dos últimos anos; a trajetória profissional no Departamento de Micologia; a situação da mulher nas instituições científicas internacionais; a experiência adquirida no mestrado realizado na Universidade de Sheffield; a conscientização feminina na Inglaterra; os grandes nomes da micologia brasileira: Antônio Arêa-Leão e Adolpho Furtado; a organização do Departamento de Micologia a partir da gestão Coura e a demanda de conhecimento dos setores agrícola e industrial do Brasil.

Otávio Oliva

Entrevista realizada por Carlos Fidelis Ponte e Wanda Hamilton, em Bio-Manguinhos/Fiocruz, nos dias 25 e 28 de novembro de 2005.
Sumário
Fita 1 - Lado A
Formação acadêmica; o convite para trabalhar na Fiocruz e o ingresso em Bio-Manguinhos; o processo de transferência de tecnologia realizado entre Bio-Manguinhos e a Jica, agência japonesa; sobre suas atividades de coordenação do processo de transferência entre Brasil e Japão; a crise ocorrida com a vacina anti-rábica, em 1980; a montagem do Laboratório Central de Controle de Drogas e Medicamentos (LCCDR), atual INCQS; sobre as atividades do Centro Nacional de Referência para a Raiva (CNRR).

Fita 1 - Lado B
A necessidade de Bio-Manguinhos investir no desenvolvimento de reagentes; o estudo sobre o tempo de duração da imunidade da vacina contra a febre amarela, produzida pela Fiocruz; o surgimento da notícia da Aids no Brasil e o início das políticas de saúde pública voltadas para o combate à doença; a implantação do diagnóstico de Aids, pela Fiocruz; o trabalho realizado pela Fiocruz no âmbito da política nacional contra a Aids.

Fita 2 - Lado A
A preocupação com o controle de qualidade de sangue e hemoderivados, em decorrência do surgimento da Aids; a equipe do Programa de Aids; o papel de Bio-Manguinhos nas políticas de saúde e a relação com o Ministério da Saúde.

Fita 2 - Lado B
O período como diretor de Bio-Manguinhos; o projeto de construção da planta industrial de Bio-Manguinhos; considerações sobre a necessidade de Bio-Manguinhos em transformar o conhecimento científico em produto; a dificuldade de Bio-Manguinhos competir com indústrias privadas; da necessidade de os laboratórios brasileiros gerarem suas próprias tecnologias.

Fita 3 - Lado A
Considerações sobre o projeto do Centro de Biotecnologia na Fiocruz; comentários sobre o CDTS; a importância de a Fiocruz estar inserida nas metas no Ministério da Saúde; a renda gerada pela venda da vacina de febre amarela; sobre as atividades de pesquisa e desenvolvimento priorizadas em Bio-Manguinhos durante sua gestão; a eleição para diretor de Bio-Manguinhos; as dificuldades enfrentadas enquanto diretor da instituição; as prioridades de sua gestão; a implantação da garantia de qualidade em Bio-Manguinhos; a certificação da vacina de febre amarela produzida em Bio-Manguinhos pela OMS; a importância das Boas Práticas de Fabricação para a produção de vacinas; sobre sua ida para a OPAS e o trabalho que desenvolveu na entidade.

Fita 3 - Lado B
Considerações sobre a necessidade de promover a integração de diversos institutos produtores de vacinas brasileiros; comentários sobre as dificuldades de cooperação entre a Fiocruz e o Instituto Butantan; o investimento em o desenvolvimento tecnológico, durante sua gestão como diretor de Bio-Manguinhos; considerações sobre a necessidade de se gerir Bio-Manguinhos como uma instituição peculiar dentro da Fiocruz.

Fita 4 - Lado A
Comentário sobre a importância de a Fiocruz estar intrinsecamente ligada à área da saúde; sobre a impossibilidade de sucesso de Bio-Manguinhos como órgão independente da Fiocruz; sobre a ideia de promover a integração entre laboratórios produtores da América Latina; as funções que assumiu após deixar o cargo de diretor de Bio-Manguinhos; a preparação do plano de combate à influenza, desenvolvido pelo Brasil e outros países da América Latina; sobre o papel fundamental de Bio-Manguinhos no desenvolvimento do citado plano.

Fita 4 - Lado B
Sua visão sobre o processo de modernização pelo qual vem passando Bio-Manguinhos; considerações sobre a inexistência de normas boas práticas de produção nas plantas produtoras de vacinas que visitou na China; a decepção com a atual crise pela qual passa o PT; sobre sua preocupação em sempre agir com transparência, em defesa dos interesses nacionais.

Orlando Vicente Ferreira

Entrevista realizada por Anna Beatriz de Sá Almeida e Magali Romero Sá, no Rio de Janeiro (RJ), em 21 de fevereiro de 2001.
Sumário
Fita 1 - Lado A
O perfil de Fred Soper, dirigente da Fundação Rockefeller no Brasil; comentários a respeito da participação como assistente-técnico e desenhista na Fundação Rockefeller entre 1940 e 1946; a organização do Setor de Entomologia da Fundação Rockefeller e a rotina de trabalho; o destino das coleções científicas da Fundação Rockefeller após a saída da instituição do Brasil; considerações acerca de sua especialização e a necessidade de reconhecer as várias espécies de mosquitos para a realização do trabalho de taxonomia; a participação na coleta de mosquitos em Teresópolis (RJ); considerações sobre as várias espécies coletadas por profissionais da Fundação Rockefeller e levadas para os Estados Unidos; as excursões de coletas organizadas pela Fundação Rockefeller e sua participação nestas; os vários espécimes de mosquitos e larvas coletados nas excursões organizadas pela Fundação Rockefeller; a catalogação e o armazenamento do material coletado pelo Laboratório de Entomologia da Fundação Rockefeller.

Fita 1 - Lado B
O perfil de Nelson Cerqueira e suas funções na Fundação Rockefeller, assim como aquelas exercidas pelos desenhistas contratados; a transferência para o Serviço Nacional de Febre Amarela (SNFA), como auxiliar de entomologia, após a saída da Fundação Rockefeller do Brasil; o destino das coleções de mosquitos organizadas pela Fundação Rockefeller; os atuais curadores de parte das coleções de mosquitos da Fundação Rockefeller, catalogadas no Centro de Pesquisas René Rachou; comparação entre os curadores das coleções científicas atuais e os do passado; o processo de transferência da Fundação Rockefeller para o SNFA; breve comentário sobre as rivalidades entre os funcionários da Fundação Rockefeller e os do IOC; o ingresso no setor de desenhos da Seção de Zoologia Médica na década de 1950 no IOC; referência à formação de grupos na Seção de Entomologia; o perfil profissional de Edith da Fonseca e de Antônio Pugas, desenhistas da Seção de Zoologia Médica do IOC; a formação profissional e os primeiros trabalhos como desenhista.

Fita 2 - Lado A
O investimento profissional na área de desenho científico; o trabalho com a Coleção Entomológica de Costa Lima, pesquisador do IOC; a formação da coleção do professor Costa Lima; os critérios para a incorporação de novos espécimes coletados por pesquisadores do IOC na coleção organizada por Costa Lima; referência à Bertha Lutz; as coleções deixadas por Adolpho Lutz; o perfil profissional de Adolpho Lutz e de Costa Lima; a formação da coleção organizada por Costa Lima; o relacionamento profissional entre os pesquisadores Lauro Travassos e Costa Lima; a formação da Coleção Geral de Entomologia; referência aos
roubos de espécimes das coleções científicas; considerações acerca de sua participação na organização da Coleção Geral de Entomologia; as coletas realizadas pelo coronel Moacyr Alvarenga; a falta de apoio institucional do IOC para a coleta, catalogação e organização das coleções científicas; a idealização de um prédio para armazenar as coleções na Fiocruz; a necessidade de curadores para as coleções científicas; o envolvimento dos pesquisadores na organização das coleções no passado; o perfil profissional de Hugo de Souza Lopes.

Fita 2 - Lado B
Comparações entre os colecionadores do passado e do presente; a necessidade de organizar as coleções científicas da Fiocruz para facilitar o acesso dos pesquisadores de outras instituições; relato das atividades realizadas quando exerceu a curadoria da Coleção Entomológica; reflexão sobre as implicações do "Massacre de Manguinhos" na trajetória de alguns pesquisadores do IOC; comparações entre os curadores de coleções científicas na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil; o perfil profissional de Herman Lent e José Jurberg; a transferência das coleções científicas para o Hospital Evandro Chagas (HEC) na Fiocruz; as questões políticas envolvidas na transferência das coleções científicas para o HEC; a contribuição para organização das coleções científicas da Fiocruz; os prejuízos causados às coleções científicas devido a transferência para o HEC; reflexões acerca do futuro das coleções científicas da Fiocruz.

Nádia Maria Batoréu

Entrevista realizada por Carlos Fidelis Ponte, Claudia Trindade e Wanda Hamilton, em Bio-Manguinhos/Fiocruz (RJ), entre os dias 15 de junho e 08 de julho de 2005.
Sumário
Fita 1 - Lado A
Origem familiar; escolaridade; primeiras experiências de trabalho; a escolha da carreira profissional.

Fita 1 - Lado B
O ingresso na Fiocruz em 1981; a estratégia utilizada para conciliar a vida profissional e o exercício da maternidade; a entrada em Bio-Manguinhos, em 1982; o trabalho com anticorpos monoclonais; a montagem do Laboratório de Anticorpos Monoclonais (Latam); considerações sobre Bio-Manguinhos quando de seu ingresso na instituição.

Fita 2 - Lado A
Os projetos realizados pelo Latam; a chefia do Latam; os primeiros trabalhos com HIV, realizados por Bio-Manguinhos; as atividades atualmente desenvolvidas por Bio-Manguinhos para atender os programas de Aids; o crescimento do Latam e sua equipe.

Fita 2 - Lado B
A entrada da Fiocruz no campo dos biofármacos; a especialização em Biologia Médica na UFRJ; o mestrado no IOC; o projeto de desenvolvimento da vacina contra a meningite B; as pesquisas realizadas para sua dissertação.

Fita 3 - Lado A
Os testes clínicos da vacina contra meningite B; a bolsa na Universidad de Biologia Molecular de La Plata, na Argentina; a necessidade de conciliar o mestrado com suas atividades profissionais e domésticas.

Fita 3 - Lado B
O apoio do marido; considerações acerca das diferenças entre a pesquisa acadêmica e de desenvolvimento tecnológico; sobre a implantação de normas de BPL (Boas Práticas de Laboratório).

Fita 4 - Lado A
Criação do Setor de Hibridomas em 1983; produção e importância dos anticorpos monoclonais; humanização de anticorpos monoclonais e os biofármacos; papel de Otávio Oliva na criação do Setor de Hibridomas; a montagem e os trabalhos desenvolvidos pelo Setor de Hibridomas.

Fita 4 - Lado B
O trabalho desenvolvido em Caxambu, em 1998, para implementar a saúde básica do município; as atribuições como chefe do Setor de Hibridomas de Bio-Manguinhos; as expectativas da Fiocruz sobre os biofármacos; os motivos da ida a Caxambu; o retorno para Bio-Manguinhos, em 2003.

Fita 5 - Lado A
O trabalho desenvolvido em Caxambu; o retorno a Bio-Manguinhos, em 2003; o convite de Akira Homma para implantar a produção de biofármacos em Bio-Manguinhos.

Fita 5 - Lado B
O acordo Brasil-Cuba de transferência de tecnologia de eritropoetina e interferon; sobre a construção da planta de biofármacos de Bio-Manguinhos; os usos terapêuticos da eritropoetina e do interferon; considerações acerca da demanda nacional por esses produtos; a diferença entre o interferon clássico e o interferon peguilado.

Fita 6 - Lado A
As pesquisas sobre interferon peguilado de Bio-Manguinhos e a relação com os laboratórios farmacêuticos; descrição das diferentes fases dos testes clínicos, realizados com o objetivo de verificar a eficácia de um produto; as parcerias realizadas para a realização dos testes clínicos; sobre o trabalho do médico Paulo Picon, consultor de biofármacos de Bio-Manguinhos; a relação de Bio-Manguinhos com o INCQS; considerações acerca das normas de qualidade; implantação dos Procedimentos Operacionais Padrão (POP) em Bio-Manguinhos.

Fita 6 - Lado B
O custo financeiro da planta para produção de biofármacos; a estrutura da planta e sua utilidade para a Fiocruz; sobre o financiamento para a construção da planta; o surgimento e expansão do controle e da garantia de qualidade em Bio-Manguinhos ao longo dos anos; sobre a reestruturação de Bio-Manguinhos, no início da década de 2000.

Fita 7 - Lado A
Sobre a reestruturação de Bio-Manguinhos, no início da década; sobre o andamento do projeto referente ao interferon; considerações acerca da estrutura “matricial” de projetos; a questão da propriedade intelectual em Bio-Manguinhos; relação do IOC com Bio-Manguinhos no campo da biologia molecular; as parcerias de Bio-Manguinhos com outras unidades da Fiocruz.

Fita 7 - Lado B
A questão do patenteamento em Bio-Manguinhos; os projetos atuais do setor de biofármacos; os parâmetros utilizados para definir projetos prioritários em biofármacos; as novas descobertas científicas no campo da engenharia genética e o impacto sobre Bio-Manguinhos; considerações sobre os transgênicos.

Fita 8 - Lado A
As dificuldades envolvidas no investimento em transgênicos; a expectativa de produção da planta de biofármacos.

Moacyr Velloso Cardoso de Oliveira

Entrevista realizada por Luiz Octávio Coimbra e Marcos Chor Maio, no Rio de Janeiro (RJ) e em Brasília (DF), entre os dias 18 de outubro de 1986 a 2 de janeiro de 1987.

Resenha biográfica:
Moacyr Velloso Cardoso de Oliveira nasceu em Vitória, Espírito Santo, a 25 de julho de 1913, filho de Arthur Cardoso de Oliveira e Teresa Velloso de Oliveira, ambos baianos e de famílias de profissionais liberais.
Realizou o curso primário na Escola Olavo Bilac e no Externato Pitanga, no Rio de Janeiro, e o secundário no Externato Santo Inácio, na mesma cidade. Em 1933, bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, doutorando-se em direito público pela mesma faculdade, em 1935. Católico por formação, foi fundador da Ação Universitária Católica, em 1934, e sócio do Centro D. Vital.
Em 1937, ingressou na Previdência Social como assistente-técnico da comissão organizadora do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI), participando, entre outras atividades, da elaboração do primeiro concurso público para o ingresso nos quadros técnicos do IAPI, e do seu primeiro regulamento.
Procurador do IAPI a partir de 1938, ocupou entre 1941 e 1948 os seguintes cargos: diretor de Previdência Social do Conselho Nacional do Trabalho (CNT), diretor-geral do Departamento de Previdência Social (DPS) e diretor-geral do Departamento de Previdência Social (DNPS). Além dessas ocupações, participou da elaboração do decreto que extinguiu a administração das Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs) e da organização e regulamentação da Justiça do Trabalho, em 1941. Também fez parte da comissão que elaborou e regulamentou a Lei de Acidentes do Trabalho e assinou o decreto que criou o Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência (SAMDU). Em 1945, chefiou a delegação brasileira no I Congresso Pan-Americano de Serviço Social no Chile.
Após o fim do Estado Novo, assessorou diversos projetos de Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), desde a primeira versão apresentada ao Congresso Nacional, em 1947, até a versão definitiva, aprovada em 1960, além de participar de sua regulamentação. Em 1950, tornou-se membro da Comissão Permanente de Direito Social do Ministério do Trabalho.
Em 1955, foi nomeado chefe de gabinete do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC) e, de 1958 a 1959, foi assistente-técnico desse Ministério.
Após o movimento político-militar de março de 1964, foi designado chefe de gabinete do Ministro do Trabalho Arnaldo Sussekind, assumindo interinamente a pasta em duas ocasiões. No governo Castelo Branco, participou da formulação do projeto de unificação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) e assessorou o Ministro do Planejamento Roberto Campos, na instituição do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Aposentado do cargo de procurador do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), em 1977, voltou à Previdência Social a convite do Ministro Hélio Beltrão, 1982, afastando-se em 1988, quando já ocupava a Secretaria da Previdência Social do Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS).
Ao longo de sua carreira pública, participou de diversas comissões e assessorias, tanto na área do trabalho como na Previdência Social, além de congressos internacionais promovidos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e instituições de Previdência Social.
Foi professor titular de Direito do Trabalho e Previdência Social, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, diretor da Escola de Serviço Social e decano do Centro de Ciências Sociais da mesma universidade.
Além de artigos técnicos sobre trabalho e Previdência Social, publicou diversas obras, entre elas: Noções de Legislação de Previdência e do Trabalho (1937) e A Previdência Social Brasileira e a Nova Lei Orgânica (1961).

Sumário
1ª entrevista
Data: 18 de outubro de 1986

Fita 1
Origem familiar; posição do pai; a morte dos irmãos; os tratamentos homeopáticos na infância; lembranças da infância em vitória; as razões da mudança para o Rio de Janeiro; referência ao pai; lembranças do curso primário; o Colégio Santo Inácio; influência da formação jesuítica; os votos de fé católica; comentário sobre o ensino no Colégio Santo Inácio; influências literárias; referência ao romance A Cidadela, de A. J. Cronin; a situação financeira da família.

Fita 2
Lembranças de disputas políticas na República Velha; referência a Wilson Pinto Ribeiro; comentários sobre a Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários da Companhia Paulista; a mudança para o bairro de Copacabana (RJ); a Ação Universitária Católica; influência política da Liga Católica; comentários sobre os intelectuais católicos ligados ao Centro Dom Vital; a simpatia pela doutrina integralista; as ações da Ação Universitária Católica; o movimento estudantil de orientação católica na faculdade de direito; a inscrição nos movimentos de renovação litúrgica; a disputa entre Dom Sebastião Leme e Anísio Teixeira; a participação nos movimentos e grupos católicos; referência aos professores da faculdade de direito; a reforma Francisco Campos na faculdade de direito; referência aos professores da faculdade de direito; a obtenção do título universitário; as atividades como advogado recém-formado; o interesse pelo estudo de direito; o interesse pelo direito do trabalho; atividade como procurador da Confederação Nacional dos Trabalhadores Católicos.

Fita 3
Comentário sobre as Juntas de Conciliação e Julgamento (JCJ) do MTIC; atividade como advogado de Alceu de Amoroso Lima; a participação na Semana de Ação Social; atividade como advogado junto ao Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (IAPC); comentário sobre as ideias de Antonio Gramsci; comentário sobre as ideias de Oliveira Viana.

2ª entrevista
Data: 22 de outubro de 1986

Fita 3 (continuação)
O motivo do interesse pela Previdência Social; o surgimento do IAPI; referência aos membros da comissão organizadora do IAPI; a indicação feita por Rubens Porto para assessorar Joaquim Borges de Medeiros; a distribuição das tarefas na comissão organizadora do IAPI; as fontes obtidas para a pesquisa da legislação previdenciária; as atividades na comissão organizadora do IAPI; o recenseamentos dos industriários; referência a João Carlos Vital; a Lei nº 367 que originou o IAPI; características da categoria industriária.

Fita 4
As dúvidas em torno da filiação de categorias aos IAPs; os motivos para a criação das CAPs para os ferroviários; influências internacionais na Previdência brasileira; comentário sobre a comissão organizadora do IAPI; a participação de Murilo Braga na comissão organizadora do IAPI; influência internacional nos estudos de atuária; influência inglesa na organização administrativa das primeiras CAPs; avaliação da legislação previdenciária nos anos 1930; a supressão das juntas e conselhos administrativos das CAPs e IAPs; a regulamentação da administração colegiada na LOPS; a opção política parlamentarista; referência aos concursos públicos; o empreguismo nos IAPs; comentário sobre o recenseamento dos industriários; as tabelas atuariais; o concurso de 1934 para o Ministério do Trabalho; referência aos antigos atuários; o preconceito contra a assistência médica no IAPI; a defesa da assistência médica na Previdência Social; comentário sobre as leis e normas do IAPI; a perda de documentos referentes à comissão organizadora; aspectos do concurso do IAPI em 1937; referência à publicação de Noções de Legislação de Previdência e do Trabalho.

3ª entrevista
Data: 23 de outubro de 1986

Fita 5
Justificativa para a obrigatoriedade da filiação ao seguro social; a função das tábuas bioestatísticas; distinção entre previdência e assistência social; posicionamento a favor dos sindicatos livres: conceito de seguridade social; comentário sobre o Plano da Caixa Geral do Estado (1931); referência ao conceito de seguridade social; o Plano da Caixa Geral do Estado (Plano Coutinho); a comissão organizadora do IAPI; atuação de Getúlio Vargas pelo trabalhismo previdenciário; a participação de João Carlos Vital e Plínio Cantanhede na criação do IAPI; aspectos do primeiro concurso público para o IAPI; a conversa de Getúlio Vargas com João Carlos Vital sobre a nomeação de Hélio Beltrão para chefe de gabinete do presidente do IAPI; a criação do “espírito de corpo” entre os funcionários do IAPI; o sistema de mérito; as nomeações por influência política na década de 1950; a juventude como característica dos dirigentes da Previdência Social nos anos 1930.

4ª entrevista
Data: 24 de outubro de 1986

Fita 6
O primeiro regulamento do IAPI; a comissão organizadora do IAPI; o dia da inauguração do IAPI; o concurso de 1937; o exame médico no concurso de 1937; versão para a ascensão de Plínio Cantanhede à presidência do IAPI; as primeiras instruções de serviço do IAPI; os jurista e técnicos pioneiros da Previdência Social brasileira; o primeiro regulamento do IAPI; referência a João Carlos Vital; aspectos do regulamento do IAPI; referência a Geraldo Baptista; a prova de habilitação para admissão como procurador do IAPI; o concurso de Alceu de Amoroso Lima para a Faculdade de Direito; a prova de habilitação para admissão como procurador do IAPI; comentário sobre a Divisão Jurídica do IAPI; posição em relação ao Estado Novo de Getúlio Vargas.

Fita 7
Posição em relação ao Estado Novo; o conselho de Alceu de Amoroso Lima; comentário sobre as manifestações populares no Estado Novo; influência do elemento técnico no Estado Novo; comentário sobre a equipe de juristas ligada ao Ministro do Trabalho, Marcondes Filho; origens do Departamento de Administração do Serviço Público (DASP); referência a Murilo Braga; o convênio entre o IAPI e o DASP; referência aos antigos técnicos do MTIC; aproximação entre os procuradores e os atuários.

5ª entrevista
25 de outubro de 1986

Fita 7 (continuação)
As primeiras tarefas no IAPI; os conflitos entre os fiscais de cobranças dos IAP's; a comissão de procuradores dos IAP's para dirimir dúvidas sobre filiação de empresas; o Boletim da Divisão Jurídica do IAPI; aspectos da organização da Justiça do Trabalho no MTIC.

Fita 8
A instalação da Justiça do Trabalho; aspectos originais da Justiça do Trabalho ocasionada pela Constituição de 1946; o convite para a direção do DPS do CNT; o relatório de Oswaldo Soares sobre as CAPs; comentário sobre a reorganização do CNT, em 1941; nomeação para a direção do DPS; a participação em manifestações públicas no Estado Novo; formação religiosa; atuação como diretor do DPS; a segunda reforma do CNT, em 1941; comentário sobre a fusão das primeiras CAP's; a participação do CNT na administração das CAP's; a situação financeira das instituições de Previdência Social; a suspensão das aposentadorias ordinárias, em 1930; a situação financeira dos IAP's na década de 1930.

Fita 9
Comparação entre IAP's e CAP's por número de segurados; a estrutura do pessoal do DPS; os métodos administrativos aplicados no DPS; resistência às tentativas de modernização administrativa; o controle dos inspetores de Previdência Social; o rigor no controle dos horários; a preservação dos funcionários do DPS nas CAP's; avaliação do quadro de pessoal no Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM); comentário sobre os benefícios das CAP's; a instituição da assistência médica para os aposentados; referência à assistência médica nos IAPs e CAPs; características da assistência médica nas CAP's; o comprometimento do DPS com a assistência médica; o plano de seguridade na Nova Zelândia; a extinção da administração colegiada das CAP's, em 1941; a criação da Consultoria Médica da Previdência Médica da Previdência Social (CMPS); referência aos serviços de utilização comum às CAP's e aos IAP's; a criação do SAMDU; o reconhecimento da importância dos colegiados das CAP's.

Fita 9 (continuação)
A Conferência Interamericana de Seguridade Social (CISS) no Chile, em 1942; o Brasil deixa a CISS, em 1970; comentário sobre a Ata de Chapultepec; a Declaração de Filadélfia; relação entre o Instituto de Serviços Sociais do Brasil (ISSB) e a Ata de Chapultepec; influência da Segunda Guerra Mundial; o desenvolvimento do conceito de seguridade social; referência a Levi Xavier de Souza; referência a Celso Barroso Leite; referência a Francisco Luiz Torres de Oliveira; comentário sobre o Centro de Estudos da Previdência Social; o Instituto de Direito Social.

Fita 10
Referência a Afonso Cesarino Jr.; referência a Rudolf Alladar Mettall; a 1ª Semana de Trabalho e Previdência Social (SP); referência ao Instituto Brasileiro do Trabalho e Previdência Social; o Instituto de Direito Social e a revista Arquivos de Direito Social; definição de serviço social; referência a Luiz Carlos Mansini; referência à Zeni Miranda; aspectos do serviço social nos conjuntos habitacionais; origem do serviço social; referência a Filinto Müller; a instituição do serviço social nos IAP's e nas CAP's; a criação de escolas para assistentes sociais; o serviço social da PUC-Rio; os objetivos do serviço social; os centos sociais; referência à esposa Anita; o serviço nos conjuntos habitacionais.

6ª entrevista
Data: 26 de outubro de 1986

Fita 10 (continuação)
Conceito de reabilitação profissional; referência a Fioravanti di Piero; origens e importância da reabilitação profissional na Previdência Social; referência a Rita de Cássia Revoredo; a tentativa de implantação da Comissão da Reabilitação Profissional no IAPI; os conceitos de readaptação e reeducação profissional; cooperação técnica com países estrangeiros; concessão de abono de Natal aos Pensionistas da Previdência Social; a conversa com Filinto Müller sobre assistência médica aos aposentados; referência a Filinto Müller; a Comissão para a Consolidação das Leis da Previdência Social, em 1943.

Fita 11
A proposta do DASP para unificação da Previdência Social, em 1944; origem da Lei de Serviços Sociais do Brasil; as tarefas junto à Comissão do ISSB; defesa do ISSB; resistência ao projeto do ISSB; as campanhas das companhias seguradoras privadas; defesa da unificação da Previdência Social; os relatórios da Comissão do ISSB; resistência ao projeto do ISSB; apoio do Ministro do Trabalho, Marcondes Filho ao ISSB; as razões do apoio de Vargas ao ISSB; os motivos da não implantação do ISSB; os aspectos legais da revogação do ISSB; a descentralização administrativa do ISSB; o esvaziamento da Comissão do ISSB; defesa do municipalismo; os atritos com Plínio Cantanhede; o apoio de Geraldo Baptista para a sua permanência no DPS; a concepção de Previdência dos colegas do IAPI nos anos 1940.

7ª entrevista
26 de dezembro de 1986

Fita 12
A proposta de regionalização das instituições de Previdência nos anos 1930; influência do Relatório Beveridge; o Conselho Atuarial do Ministério do Trabalho e as propostas de unificação da Previdência nos anos 1940; os presidentes dos IAPs frente às propostas de unificação; comentário sobre o projeto de Lei Orgânica do Conselho Atuarial; as condições de surgimento do Relatório Beveridge; a 1ª Conferência Pan-Americana de Serviço Social no Chile, em 1945; os objetivos do ISSB; comentário sobre o regime de contribuição previsto para o ISSB; oposição empresarial à Lei de Serviços Sociais do Brasil; referência a Plínio Cantanhede; referência a Celso Barroso Leite; conceito de segurança social; a elaboração do primeiro projeto da LOPS apresentado por Aluízio Alves; aspectos da primeira versão da LOPS apresentada ao Parlamento; comentário sobre a origem do SAMDU; o auxílio-desemprego na LOPS; avaliação do empenho da União Democrática Nacional (UDN) e de Aluízio Alves em defesa da LOPS.

Fita 13
O estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre a Previdência Social; as modificações no projeto de LOPS; a subcomissão de Previdência Social da Comissão Nacional do Bem-Estar Social (CNBES); as restrições do auxílio-matrimônio; comentário sobre a autorização de Vargas para que a LOPS permanecesse com o deputado Aluízio Alves; a participação de atuários na LOPS; referência a Aluízio Alves e à UDN; o novo projeto de LOPS na gestão do Ministro do Trabalho Parsifal Barroso; a participação do presidente da Associação Nacional de Medicina, Hilton Rocha, no projeto de LOPS; comentário sobre a estatização do seguro por acidente de trabalho; crítica à versão final da LOPS; a elaboração da primeira versão da LOPS; críticas aos partidos políticos; as nomeações de médicos por determinação do Presidente Dutra; as pressões políticas após a redemocratização de 1946; posição frente às pressões políticas; o contato com líderes trabalhistas e comunistas; a participação de Homero Senna nos estudos para a LOPS; comentário sobre o relacionamento com Aluízio Alves; as atividades profissionais exercidas entre 1948 e 1955; o convite de Batista Ramos para o MTIC; assessoria na fase final de aprovação da LOPS; a participação no regulamento da LOPS;

8ª entrevista
Data: 28 de dezembro de 1986

Fita 13 (continuação)
Comentário sobre a subcomissão de Previdência Social da CNBES; referência a Josué de Castro; autorização de Vargas para devolver o projeto de LOPS ao deputado Aluízio Alves; comentário sobre o custeio da LOPS; aspectos principais do projeto LOPS; comentário sobre o projeto do Serviço de Assistência Médica da Previdência Social (SAMPS); o projeto elaborado junto com Rafael Paula Souza, em 1947.

Fita 14
O projeto para a unificação dos serviços médicos; comentário sobre o SAMDU; o projeto de ambulatórios pré-fabricados; assistência à unificação; o Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário; os debates sobre Previdência Social; as razões da sua saída do DNPS; a conversa com o Ministro do Trabalho Morvan Dias de Figueiredo; comentários sobre as pressões políticas; o pedido de exoneração do DNPS; a compra irregular de imóvel; comentário sobre a aplicação das reservas dos institutos; comentários sobre as compras de imóveis pelas CAP's e pelo IAPM; a Comissão para Estudo da Reestruturação da Previdência Social, em 1956; resistência ao projeto de criação de um ministério da Previdência; referência a Geraldo Baptista; posição a favor do sistema presidencialista na Previdência Social; referência às JJR; o Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS); o contencioso administrativo da Previdência Social; a contribuição de Hilton Rocha na defesa da livre escolha do médico na Previdência Social; resistência à implantação do sistema de livre escolha; comentário sobre a utilização dos serviços médicos existentes na comunidade.

Fita 15
A Fundação da Casa Popular no projeto de reestruturação da Previdência Social; comentário sobre o regime de capitalização; as construções dos IAP's e CAP's em Brasília; o encontro com o deputado Baptista Ramos; a LOPS no Senado; a passagem pelo Ministério da Agricultura; atuação como assistente-técnico do Ministro do Trabalho Baptista Ramos; a rejeição da emenda que previa a estatização do seguro por acidente de trabalho; a LOPS na Comissão de Redação da Câmara; resistência da União Democrática Nacional (UDN); as tentativas veto à LOPS; a reunião com o Presidente Juscelino Kubitschek sobre a LOPS; a pressão dos sindicatos pela aprovação da LOPS; o interesse do Presidente Kubitschek em nomear livremente os funcionários; referência a Ari Campista; as lideranças sindicais que se mobilizaram pela LOPS; o trabalhador rural na LOPS; a participação de técnicos de Previdência na LOPS; o auxílio-reclusão; aprovação final da LOPS no Congresso; a mobilização sindical em defesa da LOPS;

9ª entrevista
30 de dezembro de 1986

Fita 15 (continuação)
A Comissão para a Regularização da LOPS; a elaboração do Regulamento Geral da Previdência Social; indicação dos representantes do governo para as instituições previdenciárias; o veto às indicações do Ministro Baptista Ramos.

Fita 16 (Não há transcrição)
A exoneração do Ministro Baptista Ramos; o convite para a Procuradoria-Geral do IAPI; a criação do Departamento de Reabilitação Profissional e Serviço Social; as contribuições na regulamentação da LOPS; comentário sobre a direção colegiada; resistência dos técnicos do IAPI; comentário sobre o colegiado como opção administrativa; o Conselho Técnico Consultivo no DNPS; defesa da participação do governo; defesa dos colegiados administrativos; o trabalhador rural no regulamento da LOPS; a suspensão do limite de idade para aposentadoria; a contribuição do governo conforme o regulamento da LOPS; a uniformização dos regimes de Previdência; os efeitos negativos da inflação; a prestação de assistência médica conforme a LOPS; os convênios para assistência médica; o Regulamento Geral da Previdência Social, 1954.

Fita 17 (Não há transcrição)
A instituição do Regulamento Geral da Previdência, em 1954; avaliação do segundo governo Vargas; referência a Dante Pelacani; referência a Furquim Werneck; referência a Almino Afonso; referência a Amauri de Souza; comentário sobre o DNPS; os contatos com Dante Pelacani; a elaboração do projeto de lei do salário-família; o Projeto de Estatuto do Trabalhador Rural; referência a Roberto Morena e Oswaldo Pacheco; referência a Clodsmidth Riani; opinião sobre os comunistas; comentários sobre o golpe militar de 1964; o convite de Arnaldo Sussekind para a chefia de gabinete do MTPS; a chefia de gabinete dos ministros Nelson Omegna e Fernando Nóbrega.

10ª entrevista
Data: 31 de dezembro de 1986

Fita 17 (continuação)
As mudanças na Previdência após o golpe de 1964; aliança administrativa entre empregadores e empregados; a substituição dos representantes do governo por determinação do Presidente Jânio Quadros; as modificações na representação classista após 1964; as razões da liderança exercida por técnicos do IAPI; referência a José Dias Corrêa Sobrinho.

Fita 18
A administração de José Dias Corrêa Sobrinho; críticas ao governo João Goulart; referência ao Ministro Arnaldo Sussekind (MTPS); defesa das opções técnicas em detrimento das opções políticas; histórico da situação financeira dos IAPs e das Caixas; avaliação da qualidade técnica do quadro de pessoal dos IAPs; queixas contra a predominância do IAPI; a intervenção militar nos órgãos de Previdência; os entendimento com o Ministro Sussekind sobre a reformulação da Previdência; a Comissão de Reformulação da Previdência; a proposta de criação do MPAS; os debates sobre a proposta de reformulação da Previdência; referência aos bancários; comentário sobre a proposta de levar a assistência médica previdenciária para o Ministério da Saúde; referência a Murilo Vilela Bastos; os casos de aposentadorias especiais; Plano Geral e Plano Básico de Previdência Social.

Fita 19
O Plano Básico da Previdência Social; os atuários que contribuíram na elaboração do Plano; as causas de extinção do SAPS; a participação dos trabalhadores na Previdência pós-1964; comparação entre o regime militar e o Estado Novo; referência ao Presidente Castelo Branco; o convite do Ministro Roberto Campos; entrega do Projeto de Reformulação da Previdência ao Presidente Castelo Branco; resistência ao Projeto de Reformulação da Previdência; influência de Marcelo Pimentel sobre o Ministro Perachi Barcelos; a participação nos decretos que reformaram a LOPS e unificaram os IAPs; as relações com o Presidente Castelo Branco; os trabalhadores da Comissão de Reforma da Previdência; a participação das entidades privadas na prestação de assistência médica; referência a José Dias Corrêa Sobrinho; a OIT; comentários sobre o cumprimento às determinações da OIT.

11ª entrevista
Data: 02 de janeiro de 1987

Fita 19 (continuação)
A unificação da Previdência; referência a José Nazaré Dias; referência a Francisco Luiz Torres de Oliveira; comentário sobre a Organização internacional do Trabalho (OIT); a reunião no Canadá com a presença de William Beveridge.

Fita 20
A participação em reunião da OIT no Canadá; comentário sobre a seguridade social na Nova Zelândia; comentário sobre a medicina social inglesa; crítica à mercantilização da medicina; medicina privada versus socialização da medicina; a medicina social no Québec (Canadá); comentário sobre a Previdência Social frente à medicina privada no Brasil; críticas aos movimentos dos trabalhadores anestesistas na Previdência; recusa de atendimento ao trabalhador rural; a importância do médico generalista; assessoria jurídica ao Ministro Roberto Campos; as justificativas para a criação do FGTS.

Fita 21
A elaboração de projetos para a criação do FGTS; comentário sobre o FGTS; os trabalhos no Ministério do Planejamento; a Subsecretaria de Justiça do Estado do Rio de Janeiro; o seguro de acidentes de trabalho para os presidiários; aposentadoria do serviço público; o convite para a Secretaria de Previdência Social; comentário sobre a crise financeira da Previdência; os trabalhos do MPAS; a Comissão de Reforma de Previdência, em 1986; comentário sobre a exoneração do Ministro Hélio Beltrão do MPAS; referência aos Ministros Jarbas Passarinho, Waldir Pires e Raphael de Almeida Magalhães; a contribuição do empregador rural; a conferência sobre Previdência Social na Constituição (1965); o livro sobre a história da Previdência Social brasileira; a Comissão de Reforma da Previdência em 1986; comentário sobre o Estatuto do Trabalhador Rural (1963); a evolução da Previdência brasileira; o domínio de línguas estrangeiras; as perspectivas frente ao quadro de inflação e dívida externa.

Fita 22
Abordagem do curso de política social na PUC-Rio; o aumento da contribuição das empresas; a necessidade de formação de recursos humanos para a Previdência Social; o dia da Previdência Social.

Moacyr Vaz de Andrade

Entrevista realizada por Rose Ingrid Goldschmidt e Wanda Hamilton, na Fiocruz, nos dias 14 e 16 de dezembro de 1987, 29 de janeiro e 05 de fevereiro de 1988.
Sumário
Fita 1 e Fita 2 – Lado A

Origem familiar; a importância do meio universitário na formação do indivíduo; a influência do Colégio Batista em sua vida; formação religiosa; o interesse pela leitura; a atividade do pai como líder sindical; o clima de diálogo na família; a descoberta do marxismo; o rompimento com o Partido Comunista Brasileiro (PCB); a militância política no PCB; o ingresso no PCB em 1945; a célula do PCB no IOC; o desligamento do Partido na época da ilegalidade; a preparação para o vestibular de medicina no Colégio Universitário; a reprovação no exame de física; o vestibular para química na Universidade do Distrito Federal (UDF); a encampação da UDF pela Faculdade Nacional de Filosofia em 1937; o interesse pela ciência através do contato com o professor Victor Strawinsky; comentários sobre a UDF; a Segunda Guerra Mundial e o retorno dos professores estrangeiros à Europa; o ingresso na seção de ensaios biológicos e controle do IOC; as dificuldades para se tornar pesquisador; o incentivo do professor Hasselmann e o concurso de Manguinhos; a orientação do curso de química voltada para a formação de professores do segundo grau; os vínculos entre Brasil e Estados Unidos na área de química; o mercado de trabalho na área de química; a convocação para a guerra e o adiamento da contratação no IOC.

Fita 2 – Lado B a Fita 4 – Lado A

O trabalho desenvolvido na seção de ensaios biológicos e controle; a química no IOC; a implantação do ponto obrigatório no IOC; o papel de Gilberto Villela no desenvolvimento da bioquímica no Brasil; a produção de plasma seco durante a guerra; a relação dos pesquisadores do IOC com a Sociedade de Biologia do Rio de Janeiro; o trabalho de controle de produtos farmacêuticos no IOC; a escassez de mercado de trabalho na área de pesquisa; a produção de penicilina no IOC; a produção de vacinas no IOC; a gestão Henrique Aragão no IOC; o prestígio pessoal como elemento fundamental na distribuição de verbas para o IOC; as irregularidades na administração do IOC; os inquéritos militares e administrativos no IOC e as perseguições aos pesquisadores; o Congresso de Microbiologia realizado em 1950; os desníveis salariais entre funcionários do IOC; o Curso de Aplicação do IOC; a transferência para a seção de micologia a convite de Arêa Leão; as disputas entre os pesquisadores pelo uso de equipamentos científicos.

Fita 4 – Lado B a Fita 6 – Lado A

A amizade com Masao Goto; o trabalho na seção de micologia; a interrupção da pesquisa em conseqüência da cassação e os planos para continuá-la ao retornar a Manguinhos; as pesquisas sobre câncer desenvolvidas por Arêa Leão; a atividade política e comercial da fabricação de vacinas; o perfil de Arêa Leão; a realização profissional na micologia; o veto de Rocha Lagoa à homenagem a Arêa Leão; o afastamento de Olympio da Fonseca do IOC e sua volta como diretor em 1950; a falta de incentivo à pesquisa no Brasil; o desenvolvimento da micologia no IOC; o desenvolvimento da micoteca; os cursos de Manguinhos na área de micologia; as dificuldades profissionais em conseqüência da cassação; o trabalho como professor de fisiologia e bioquímica de fungos; a importância da criação de um conselho administrativo no IOC; opinião sobre a administração de Sérgio Arouca; a ilegalidade do PCB e a apreensão de seus arquivos em 1964; o retorno a Manguinhos depois da cassação.

Fita 6 – Lado B e Fita 7

As aulas de micologia no Curso de Aplicação do IOC; o aproveitamento de alunos do curso como estagiários; a crise do IOC durante a gestão Olympio da Fonseca; a gestão Travassos da Rosa e a exoneração de funcionários; o trabalho desenvolvido na administração do IOC; os conflitos entre os setores de pesquisa e de produção; as dificuldades em conciliar pesquisa e administração; a surpresa pela cassação; o grupo de cassados e o entusiasmo pelo trabalho; a administração de Olympio da Fonseca; a produção de vacinas no IOC; o perfil de José Fonseca da Cunha e seu relacionamento com os pesquisadores; o interesse político-governamental na área de produção; as dificuldades para a realização de pesquisas no Brasil.

Mariza Lima

Entrevista realizada por Claudia Trindade e Wanda Hamilton, em Bio-Manguinhos/Fiocruz (RJ), no dia 15 de agosto de 2005.
Sumário
Origem familiar; escolaridade; sobre a opção pela biologia; o curso de biologia na Universidade Gama Filho; o trabalho como estagiária no Hospital Geral de Bonsucesso; o estágio no Hospital Pedro Ernesto, da UERJ; das pesquisas realizadas pelos grupos do Hospital Pedro Ernesto; a entrada na Fiocruz para trabalhar no projeto de transferência de vacina contra o sarampo; o trabalho que realizou em sarampo nos primeiros anos em Bio-Manguinhos; sobre ter sido chefe do infectório; a participação no laboratório chefiado pelo pesquisador José Roberto Chaves, visando fazer vacina anti-rábica em célula de embrião de galinha; a chefia do laboratório de sarampo; considerações sobre a perda de lotes de vacina contra o sarampo, nos anos 1990, e a estratégia utilizada para combater a crise daí decorrente; a implantação de BPF e dos POPs em Bio-Manguinhos; da reforma nos laboratórios e a troca dos equipamentos, visando a melhora da qualidade dos produtos de Bio-Manguinhos; comparação entre as gestões de Akira Homma e Otávio Oliva; do incentivo dado por Oliva à área de pesquisa e desenvolvimento; a implantação da Garantia de Qualidade, por João Quental; o impacto da crise de Bio-Manguinhos nos anos 1990 sobre os funcionários; considerações sobre a falta de unidade verificada em Bio-Manguinhos durante a crise; a importância da gestão Marcos Oliveira para a reestruturação de Bio-Manguinhos; sobre a queda da procura por vacinas de sarampo, depois do surgimento da vacina tríplice; sobre o intercambio e a reciclagem das equipes da produção; da coesão verificada entre a equipe do sarampo; os passos da produção de vacina contra o sarampo; a construção da planta industrial; o processo de transferência de tecnologia da vacina tríplice viral (TVV); o convite para que assumir a Gerência de Produção de Vacinas Virais; o prêmio por ter colocado a máquina de DTP em funcionamento; de suas expectativas enquanto gerente de vacinas virais; o mestrado profissional realizado em Bio-Manguinhos; sobre a necessidade de Bio-Manguinhos continuar a produção de pólio; sobre as estratégias utilizadas para aumentar a fabricação da vacina contra febre amarela; explicação sobre o PROQUAL; o perfil dos integrantes do departamento de produção de vacinas virais.

Maria Magdalena Lyra Valente

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquieu e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 09, 14 de outubro de 1997 e 19 de maio de 1998.
Sumário
1ª Sessão: 09 de outubro
Fita 1 – Lado A
Relata o trauma de ter sido entregue pelos pais para ser criada pelos avós, sua perplexidade diante da rejeição dos pais e a importância dos avós em sua formação; a morte da mãe e seu ressentimento diante do distanciamento dos irmãos; o envolvimento de toda a família com o magistério; sua formação como professora; as lembranças dos colégios de seu pai; a sua segunda gravidez e a frustração com a notícia da gravidez simultânea de sua mãe; o desejo, realizado, por um filho homem; a insistente comparação de sua mãe entre as duas crianças; a aversão recíproca entre ela e o irmão mais novo e a dedicação exagerada deste aos estudos; a influência dos pais na atitude amedrontada do irmão com ela; o sucesso profissional do irmão e a formalidade no relacionamento entre ambos, mesmo depois de adultos. As afinidades com seu pai; o fascínio pela língua portuguesa e a habilidade na escrita; seu espírito fantasioso e vaidoso. Recorda-se das brincadeiras solitárias no jardim de sua casa e das longas conversas reservadas com sua bisavó, quando as duas fingiam-se de amigas; a relação de cumplicidade com seu avô, os passeios à tarde; as recordações da Praça Saens Pena, dos bailes e das festas.

Fita 1 – Lado B
Relembra o primeiro namorado, enfatizando suas fantasias de encontrar o homem ideal e ressalta sua vaidade. Comenta a insistência do rapaz em reatar o namoro. Relembra as paqueras da juventude, os vários pretendentes; o primeiro contato com o futuro marido e o sentimento de amor à primeira vista; o impacto do temperamento carismático do futuro marido. A vida escolar, formação como professora primária, o gosto pela leitura e a facilidade para escrever; a influência do professor de português sobre sua opção profissional e no método pedagógico que ela utilizava. Ressalta a sua capacidade de se autovalorizar. A origem nordestina das famílias de seus pais; a convivência com os primos educados por seu pai; o interesse de sua avó por política e suas relações com famílias de políticos importantes. Recorda os almoços semanais na casa do sogro do cirurgião plástico Ivo Pitanguy e o convite para que ele fosse, mais tarde, seu padrinho de casamento. Comenta sua identificação com pessoas mais velhas. A frustração com o casamento; a doença do marido, o abandono da família dele e sua dedicação ao tratamento que ele realizava. Recorda os longos períodos passados em hospitais, durante suas internações; o seu prazer em tratar de doentes; o contato recorrente com casos de doença na família. A convivência difícil com o marido, mesmo antes de seu adoecimento; a péssima relação do marido com os filhos, principalmente com a filha.

Fita 2 – Lado A
A relação hostil do marido com os dois filhos; a sugestão, aceita pelo filho, para que entrasse em uma academia militar e a aprovação na Academia da Força Aérea; os preparativos para o processo de seleção. Comenta o constrangimento diante do interesse demonstrado pelo coronel do Exército que à auxiliou durante os treinos de educação física do filho. O agravamento do estado clínico do marido, seus delírios e a perseguição à filha; as mágoas dos filhos. Relaciona a homossexualidade do filho ao comportamento agressivo e indiferente do marido. As qualidades do filho como perfeccionismo, obediência e organização; a relação de amor e cumplicidade entre eles; relembra as noites em que, rezando, pedia a Jesus que o filho não fosse homossexual; as dificuldades do próprio filho em aceitar sua homossexualidade e a tentativa de suicídio, a gravidade de seu estado clínico, o longo tempo de internação, a mudança de hospital e a receptividade dos médicos.

Fita 2 – Lado B
A melhora do estado clínico do filho e a revelação, ainda no hospital, sobre sua homossexualidade. Ressalta sua naturalidade diante da notícia. Relembra o dia em que o filho, pálido, chegou em casa e lhe contou estar com Aids; sua reação segura e solidária. Volta no tempo e relembra da notícia da gravidez inesperada da filha e da alegria, sua e do filho, com a chegada do bebê. O ótimo relacionamento do filho com o sobrinho; a forte reação do neto ao saber da contaminação do tio. Crítica à incompetência da infectologista responsável pelo tratamento inicial do filho.

2ª Sessão: 14 de outubro
Fita 3 – Lado A
Fala longamente sobre seu casamento, a falta de reciprocidade no relacionamento, o distanciamento entre as famílias, o ótimo relacionamento com o sogro, o temperamento autoritário e dissimulado do marido; sua hostilidade com a filha, sua relação doentia com o pai e o consequente desentendimento com o resto da família; a morte do sogro e o agravamento do quadro clínico do marido. Relembra algumas características do caráter do marido; sua rejeição aos filhos, contrapondo-se ao seu desejo de ter muitos filhos. Suas expectativas em relação ao filho e ao casamento; a valorização da virgindade. A mudança para uma quitinete no bairro do Flamengo, ainda solteira, lugar de onde saiu para se casar; o impacto da morte do avô sobre seu padrão de vida, fala sobre o período em que morou com a avó e a tia num dos colégios dos pais; a predileção dos pais pelos outros irmãos; as dificuldades para entender os motivos da rejeição deles; a crença na falta de caráter da mãe e o seu desafeto por ela; o ressentimento, nunca superado, pela decisão dos pais em lhes cobrar aluguel pelos cômodos, em princípio, cedidos a elas.

Fita 3 – Lado B
A decisão da avó de alugar outro apartamento; a falta de recursos; omissão dos outros tios; a decepção, ainda na primeira noite, com o casamento. Os detalhes do casamento: o vestido de noiva, a cerimônia, a recepção, os presentes dos alunos e ressalta sua competência como professora primária e de piano. A expectativa com “lua de mel”; a viagem, ainda na noite do casamento, para Teresópolis; o constrangimento com a vinda inesperada da menstruação; a dificuldade em lidar com a situação, em virtude da educação conservadora que tivera; a frustração da primeira noite; a volta para o Rio de Janeiro, nova frustração com o seu comportamento; a convivência, ao longo de todo o casamento, com o egoísmo e a indiferença sexual do marido. Ressalta a dedicação integral ao marido no período em que este esteve doente; compara sua dedicação à dedicação ao cantor Cazuza, descrita por Lucinha Araújo no livro “Só as mães são felizes”. A reação diante da morte do marido; a preocupação com os detalhes da cerimônia fúnebre; a decisão de oferecer a ele um enterro de luxo, como uma forma de entregar-lhe parte de seu patrimônio; o sentimento de libertação deixado por sua morte, os últimos meses de vida do marido. O impacto da descoberta por meio de uma conhecida, de sua traição, ocorrida alguns anos antes.

Fita 4 – Lado A
A decisão de conversar com o marido sobre sua traição; a reação dos filhos. A insistência do marido em acreditar na recuperação; seu apego às coisas materiais; a opção por contar-lhe a verdade sobre o seu verdadeiro estado clínico e sobre a proximidade da morte. A busca, no espiritismo, de conforto para suportar os seus problemas. A apreensão diante do comportamento desorientado do marido; a hostilidade de sua sogra pelo filho; comparação entre a rejeição de sua mãe e a rejeição de sua sogra pelo filho; a convicção de ter agido corretamente ao contar ao marido sobre o agravamento de seu estado de saúde. O início de uma nova etapa em sua vida. A inesperada gravidez da filha; o relacionamento carinhoso entre o filho e o neto; a afeição aos seus dois netos. Ressalta sua condição de supermãe; a indiferença aos possíveis comentários sobre a gravidez inesperada da filha; o temperamento antipático dos dois filhos em contraste com sua alegria e extroversão; o seu carinho com o neto; o ótimo relacionamento com o genro. A mudança para o Leblon e, logo depois, para Ipanema.

Fita 4 – Lado B
O adoecimento da mãe, novo período envolvida com internações. Descreve, em detalhes, a rotina de acompanhar as internações da mãe na Beneficência Portuguesa. Fala longamente sobre seu romance com o chefe da equipe médica que cuidou de sua mãe; as motivações que a levaram aceitar o relacionamento; o receio de levar o relacionamento adiante. Sua imagem de mulher rica. Ressalta os privilégios obtidos na Beneficência Portuguesa, em decorrência do encanto despertado em alguns presidentes da instituição. O fim do relacionamento com o médico. Início de uma nova etapa e a forma como conheceu Renato, seu namorado à época da entrevista; a forma inusitada do primeiro contato; o primeiro encontro.

3ª Sessão: 19 de maio
Fita 5 – Lado A
A reação de solidariedade diante do diagnóstico do filho, no início dos anos 1990. A primeira consulta médica e a decisão dele participar de um tratamento experimental. Explica, rapidamente, os procedimentos clínicos do tratamento. A demissão do filho da Vale do Rio Doce; a opção por mudar de médica. A primeira doença oportunista do filho, Tuberculose Pulmonar. Menciona algumas acusações contra os procedimentos clínicos da ex-médica de seu filho. A queda no poder aquisitivo da família; as circunstâncias em que ocorreu a demissão do filho. Ressalta a competência profissional do filho e sua decisão de não recorrer contra a demissão. A lenta superação de seu constrangimento em ter que buscar os medicamentos no posto de saúde, graças aos primeiros contatos com outros soropositivos de se nível social. Nova doença oportunista: Hepatite C. A impossibilidade clínica, logo revista em um congresso médico, de conciliar o tratamento das duas doenças. O início do tratamento para a Hepatite C e sua rápida resposta aos medicamentos. Ressalta as considerações da médica, para quem, essa preocupação com a medição da carga viral é um equívoco. Os novos sintomas clínicos de origem neurológica do filho e a indefinição do diagnóstico.

Fita 5 – Lado B
A ineficácia do remédio prescrito pela médica. A decisão de aceitar o pedido do filho para acompanhá-lo à consulta médica. Enfatiza a mudança de comportamento do filho depois que ingressou no Grupo Pela Vidda e passou a evitar sua companhia durante as consultas médicas. O desentendimento com a médica: a firmeza ao expor toda sua insatisfação com o seu comportamento recriminando, especificamente, sua atitude hostil com um paciente, Vanderlei, para quem ela havia lhe indicado seu nome. Comenta um episódio para ilustrar o comportamento da médica; a ligação de Vanderlei que, da emergência de um hospital, lhe pede auxílio; a ida, imediata, para o hospital; a resistência da médica em considerar o desconforto do paciente; sua veemência em fazê-la ver que seu quadro clínico exigia cuidados. Cita outro episódio em que seu filho aponta uma informação equivocada da médica. Avaliação do estado de saúde atual do filho: o diagnóstico de neuropatia aguda; recapitulação das doenças oportunistas que já o acometeram. Comenta a aflição da irmã diante de sua perda de peso. A forma de lidar com tantos casos de doença neurológica na família; o apoio encontrado no espiritismo; a preocupação com o agravamento dos sintomas da neuropatia do filho; a angústia diante da falta de respostas consistentes da medicina para seu caso; os esforços para tentar aliviar o sofrimento do filho; o pessimismo quanto a uma possível melhora de seu estado de saúde. A mágoa com Deus; a incapacidade de entender o porquê de seu filho estar passando por esta situação; o esforço para que ele não perceba sua angústia; sua total disponibilidade a ele. Manifesta compreensão diante de mães que se mantêm indiferentes aos filhos soropositivos, visto que a contaminação poderia ter sido evitada. O sentimento de impotência em não poder ajudá-lo. Lembra-se de um rapaz que não teve coragem de contar para a mãe, posteriormente gravemente adoentada, sobre sua sorologia positiva para o HIV.

Fita 6 – Lado A
Cita o exemplo de outra mãe que responsabiliza o filho pela contaminação. Embora não responsabilize os soropositivos pela contaminação, nem a relacione exclusivamente ao homossexualismo, afirma acreditar que existe uma falta de cuidados com as contaminações. Enfatiza considerar-se uma mãe “homossexualizada”, apontando exemplos que visam comprovar a mudança de atitude diante da homossexualidade do filho. Comenta o desentendimento com um dos integrantes do Grupo Pela Vidda e as repercussões em seu relacionamento com o filho; expõe ao filho as razões que a levaram a romper com o rapaz; o esforço para encerrar os desentendimentos em casa. Encontra no espiritismo a explicação para a sua recorrente proximidade com casos clínicos ligados à neurologia. Responsabiliza este integrante do Grupo Pela Vidda pelos constantes desentendimentos com o filho; o encontro entre os dois, durante um evento promovido pelo Grupo Pela Vidda, na Petrobrás. Narra outro episódio envolvendo o mesmo rapaz, agora, na festa de natal organizada pelo Grupo, quanto ele importunou a médica de seu filho. Ressalta seu descontentamento com a amizade entre os dois. O alívio depois do afastamento entre eles. Crítica ao comportamento promíscuo das pessoas que frequentam o apartamento do rapaz, situado na Zona Sul carioca. A resistência às provocações do filho, que aluga um filme com forte apelo emocional, “A última festa”; detalha a problemática abordada pelo filme.

Fita 6 – Lado B
Dá continuidade a narrativa sobre o filme; enfatiza a beleza do amor entre homossexuais. Longas considerações sobre a origem da homossexualidade de seu filho e sobre o papel dos pais na definição sexual da criança. A atitude mórbida do filho diante da Aids, o deboche em relação à morte. A importância do Grupo Pela Vidda para o filho; cita dois exemplos para ilustrar o trabalho desenvolvido pelo filho no serviço de assessoria jurídica oferecido pelo Grupo. Conta como foi o contato, que ocorreu em momentos diferentes, entre eles e o Grupo Pela Vidda. Fala longamente de suas vivências no Grupo de Mulheres, as experiências de algumas das voluntárias, a forte identificação com duas jovens; críticas à condução das reuniões promovidas pelo Grupo; menciona um desentendimento com uma voluntária, cujo comportamento ela condena; a festa de aniversário organizada por ela. O desejo, logo desestimulado pelo filho, de organizar uma recreação para as crianças que acompanhavam as mães nas reuniões. Ressalta que a origem do desentendimento que gerou o seu afastamento não teve relação direta com o Grupo, mas sim, com um de seus integrantes.

Fita 7 – Lado A
Fala longamente sobre seu tumultuado relacionamento com o integrante do Grupo; dos contínuos desentendimentos entre eles; da disputa com a mãe dele; a crescente antipatia entre os dois; a certeza quanto as intenções nocivas do rapaz e sua influência na deterioração de seu relacionamento com o filho. A veemência em rejeitar qualquer possibilidade de um relacionamento amoroso entre o filho e o rapaz. Reitera a sua completa abertura para aceitar os relacionamentos homossexuais do filho. As responsabilidades inerentes à maternidade; a forte preocupação em proteger os filhos; relembra um episódio em que decidiu trazer a filha para que seu parto fosse feito por um médico de sua confiança aqui no Rio de Janeiro. Volta a ressaltar sua abertura em aceitar a homossexualidade do filho e seus possíveis parceiros. A vergonha inicial do filho em assumir sua homossexualidade; a sua atual procura por um parceiro que apresente uma postura masculina; o sofrimento com suas provocações.

Fita 7 – Lado B
A decisão do filho de usar brinco, a compra de uma aliança. Destaca a postura impassível diante das provocações do filho; cita exemplos. Reitera as qualidades do filho, afirmando compreender seu momento de conflito existencial. Tentativa de finalizar a entrevista; rápidas considerações da pesquisadora sobre o processo de reconstrução da memória; avaliação da depoente sobre sua entrevista; avaliação crítica da eficácia das terapias psicológicas. Ressalta a ausência dos sentimentos de culpa e a certeza do dever cumprido. Faz longa referência ao filme “Sentimentos selvagens”, para discutir o relacionamento com seu filho, ressaltando nunca ter manifestado preferência explícita por ele. O sofrimento causado pela doença do filho; o desejo de manter-se viva para poder acompanhá-lo até sua morte; menções aleatórias às experiências vividas no Grupo.

Marcos da Silva Freire

Entrevista realizada por Carlos Fidelis Ponte, Claudia Trindade e Wanda Hamilton, em Bio-Manguinhos/Fiocruz (RJ), nos dias 03. 17 e 29 de agosto de 2005.
Sumário
CD 1
Origem familiar; as atividades profissionais do pai e da mãe; escolha da carreira; a formação de seus irmãos; o ingresso na UFF em veterinária; a participação nos movimentos estudantis; o estágio no Instituto Vital Brazil, no Departamento de Microbiologia Veterinária; a efetivação no Vital Brazil, em 1982; a crise no Vital Brazil e o ingresso em Bio-Manguinhos em 1984; as atividades no projeto de transferência de tecnologia do sarampo; o contrato como tecnologista de Bio-Manguinhos; a preocupação com o controle de qualidade; as atividades desenvolvidas no infectório; o desenvolvimento de um novo estabilizador para a vacina contra sarampo; o treinamento em Londres; as patentes com os pesquisadores George Mann e Ricardo Galler; o trabalho realizado por George Mann; a tese de doutorado; os estudos com vírus de sarampo e febre amarela; o primeiro trabalho conjunto com Ricardo Galler.

CD 2
O primeiro trabalho de pesquisa realizado com Ricardo Galler; a reestruturação de Bio-Manguinhos, em fins dos anos 1980; considerações sobre disciplina e os problemas administrativos advindos de sua falta; o incentivo dado por João Quental à área de desenvolvimento tecnológico; o trabalho em febre amarela e dengue desenvolvido com Ricardo Galler; sobre a primeira patente obtida com Galler; os casos de reações adversas da vacina de febre amarela; os atuais estudos desenvolvidos por Freire; o ingresso no doutorado do IOC, em 2000; sobre o pouco estímulo de Bio-Manguinhos às tentativas de titulação de seus funcionários, nos anos 1980; a atual preocupação de Bio-Manguinhos com a formação de pessoal; sobre a prioridade dada atualmente ao produto; comentários sobre o PDTIS (Programa de Desenvolvimento Tecnológico em Insumos para Saúde); considerações sobre a necessidade de avaliação dos projetos visando o desenvolvimento de produtos.

CD 3
A crise de Bio-Manguinhos, no fim do período João Quental; a gestão de Marcos Oliveira; as transferências de tecnologia das vacinas MMR e a Hib; o gosto pelo trabalho no laboratório; o papel do gerente de programa de desenvolvimento tecnológico em virais; da necessidade de se trabalhar para obtenção de produtos; os projetos que considera interessantes, atualmente desenvolvidos em Bio-Manguinhos; do atual trabalho desenvolvido com o vírus da caxumba; sobre a ideia de desenvolver uma vacina tríplice em Manguinhos; do seu conhecimento em estabilizadores e em produção de vírus; considerações sobre a necessidade de se construir uma planta de protótipo em Bio-Manguinhos; do surgimento de sua gerência e de como foi chamado para ocupá-la; a criação da Vice-direção de Desenvolvimento Tecnológico; o convite de Akira Homma feito a Ricardo Galler para ocupar a Vice-direção de Desenvolvimento Tecnológico; comentários sobre a necessidade de manter separadas as áreas de desenvolvimento tecnológico, produção e controle de qualidade; sobre o grupo do LATEV e as atividades desenvolvidas nesse laboratório, chefiado por Freire; a criação de uma área de manipulação de vírus no LATEV; a nova reestruturação física pela qual passarão alguns setores de Bio-Manguinhos; considerações sobre a estrutura matricial por programas implantada em Bio-Manguinhos; a questão da propriedade intelectual, em relação à produção de vacinas; da importância de a Fiocruz induzir pesquisas direcionadas para a inovação tecnológica; da política empreendida pelo PDTIS, vinculada à inovação; considerações sobre os recursos financeiros para o desenvolvimento tecnológico; o impacto causado pela produção de biofármacos em Bio-Manguinhos e na Fiocruz; a política de compra de vacinas pelo governo federal; da ideia de transformar o Pavilhão Rocha Lima em um departamento de desenvolvimento tecnológico; a necessidade de diversificar a pauta de produtos para garantir a auto-sustentabilidade de Bio-Manguinhos; considerações sobre o veto ao projeto voltado à obtenção do fator 9 com leite de porcas transgênicas.

Lygia Madeira César de Andrade

Entrevista realizada em duas sessões: 21 de agosto de 2001 e em 29 de abril de 2003; na primeira sessão os entrevistadores foram Laurinda Rosa Maciel, Maria Eugênia Noviski Gallo, Márcio Campista e Vivian Cunha e foram gravadas as fitas 1 e 2 lado A; na segunda sessão, os entrevistadores foram Laurinda Rosa Maciel, Mariana Santos Damasco e Nathacha Regazzini Bianchi Reis e foram gravadas as fitas 2 Lado B e 3.

José Jurberg

Entrevista realizada por Anna Beatriz de Sá Almeida e Magali Romero Sá, na Fiocruz (RJ), em 25 e 31 de maio de 1999.
Sumário
Fita 1 - Lado A
Origem familiar e referência ao irmão Pedro Jurberg, pesquisador do IOC; a trajetória escolar; breve comentário sobre religião e costumes judaicos; o primeiro vestibular para medicina e a influência do pai: o curso ginasial no Instituto Lafayette; a vocação profissional; referência à formação na Faculdade de Farmácia e Odontologia do Estado do Rio de Janeiro, em Niterói; a inscrição no Curso de Entomologia do IOC; o gosto pela fotografia e pelo desenho; menção ao estágio realizado sob a orientação de Herman Lent; o convite para trabalhar com Hugo de Souza Lopes; referência à primeira publicação; o primeiro contato com os triatomíneos e a descoberta de uma nova espécie; menção ao financiamento CAPES para sua manutenção no IOC; referência à contratação como professor da cadeira de higiene e legislação farmacêutica na Faculdade de Farmácia e Odontologia, do Estado do Rio de Janeiro; considerações a respeito da impossibilidade de acumulação de cargos públicos e a opção por permanecer no IOC; a contratação no IOC, em 1963, através de Regime Jurídico Único (RJU); o processo de seleção de pesquisadores no IOC, no passado e no presente; o perfil do professor José Messias do Carmo e o trabalho na Faculdade de Farmácia e Odontologia do Rio de Janeiro; alusão ao período em que foi assistente-estagiário de Hugo de Souza Lopes, na Escola Nacional de Veterinária, da atual UFRRJ; a remuneração no IOC e a necessidade de trabalhar com o pai para se manter; a bolsa do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) na categoria de pesquisador assistente, em 1965; referência ao Curso de Especialização em Saúde Pública para Farmacêuticos da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz); o período como assistente de Herman Lent na cadeira de parasitologia aplicada, no curso da ENSP; breve referência à cassação de 1970; a gestão de Francisco Paulo da Rocha Lagoa como Ministro da Saúde; o ingresso no mestrado do Museu Nacional, em 1970, sob a orientação de José Cândido de Melo Carvalho.

Fita 1 - Lado B
A diversidade de suas publicações e a habilidade para o desenho; comentários sobre o período dos trabalhos de campo e a interrupção em 1970; o perfil profissional de Herman Lent; os pesquisadores do IOC no momento de seu ingresso; comparação entre pesquisadores do passado e presente; o perfil de Costa Lima e Fábio Leoni Werneck; a ética profissional da nova geração de pesquisadores da Fiocruz; o curso de Histologia de Invertebrados do IOC, ministrado pelo professor Rudolf Barth, em 1964; o mestrado no Museu Nacional; a influência da tecnologia na entomologia; reflexões sobre o grau de dificuldade de aperfeiçoamento dos antigos pesquisadores; a gestão de Vinícius da Fonseca na Fiocruz; sobre a coordenação do Projeto dos Programas Prioritários de Pesquisa da Fiocruz e o Programa de Doença de Chagas, em 1976; a transferência da Coleção Entomológica para o prédio do Castelo, na gestão de Vinícius Fonseca; o crescimento do Departamento de Entomologia após o ingresso de novos pesquisadores; o reingresso na gestão de Sergio Arouca dos cientistas cassados Hugo de Souza Lopes e Sebastião José de Oliveira; a participação como membro do Grupo Executivo do Curso de Mestrado em Parasitologia Médica da Fiocruz, em 1979; a mudança da Coleção Entomológica para o Hospital Evandro Chagas (HEC); o retorno da Coleção Entomológica para o prédio do Castelo na gestão de Vinícius da Fonseca e suas consequências; os problemas institucionais vividos por Sebastião José de Oliveira; a importância da Coleção Entomológica; a atuação no Departamento de Entomologia do IOC; alusão à Vice-Presidência de Pesquisa, sob a direção de José Rodrigues Coura; a gestão de Leonidas Deane como chefe do Departamento de Entomologia; o convite de Leonidas Deane para atuar como chefe substituto do Departamento de Entomologia; considerações sobre Leonidas e Maria Deane; o pedido de demissão do cargo de chefe substituto do Departamento de Entomologia; considerações sobre Wladimir Lobato Paraense e a Coleção Entomológica do IOC.

Fita 2 - Lado A
O perfil de Leonidas e Maria Deane; o período como assessor especial da Presidência da Fiocruz, em 1990; o convite do Ministério da Saúde, em 1988, para a implantação do Laboratório Nacional e Internacional de Referência em Taxonomia de Triatomíneos do Departamento de Entomologia do IOC, com o auxílio do BIRD, em convênio com a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA); considerações sobre a administração dos recursos cedidos pelo convênio; comentários sobre os pesquisadores selecionados no primeiro convênio; a importância da Coleção de Triatomíneos para o Departamento de Entomologia: a aquisição da coleção do argentino Rodolfo Carcavalho; menção ao quantitativo atual de exemplares da coleção; a presença de Rodolfo Carcavalho no laboratório de Entomologia; referência à publicação do Atlas dos Vetores da Doença de Chagas nas Américas, reflexões sobre a definição de coleção institucional; breve relato sobre a Coleção de Arthur Neiva; as coleções emprestadas a pesquisadores cassados em 1970; considerações sobre as coleções que se encontram no Museu Nacional desde o período da cassação.

Fita 3 - Lado A
A Biblioteca da Fiocruz e sua importância para as atividades dos pesquisadores; a participação como secretário do Conselho Técnico Científico da Fiocruz; a gestão de Hermann Schatzmayr na Fiocruz e a reforma da biblioteca; a participação como coordenador da comissão designada para realizar o projeto da biblioteca; a importância da biblioteca para os pesquisadores; comentários sobre a European Community Latin America Triatominae Research Network (ECLAT); considerações sobre a viabilidade da profilaxia de alguns insetos; menção às atas das reuniões quando secretariava o Conselho Técnico Científico da Fiocruz; análise sobre a unificação, nos anos 1970, da Coleção Entomológica e das Coleções Laboratoriais; breve referência a Orlando Vicente Ferreira e sua participação na unificação das coleções; a experiência em trabalhar com os pesquisadores Costa Lima e Hugo de Souza Lopes; referência acerca da designação de curadoria para as coleções; considerações sobre a curadoria de parte da coleção; considerações sobre a gestão de Francisco de Paula da Rocha Lagoa; comentários acerca da transferência da Coleção Entomológica para o HEC e suas consequências; alusão à importância de Orlando Vicente Ferreira para a coleção; considerações sobre a gestão de José Guilherme Lacorte; reflexões sobre o período que a Coleção Entomológica ficou no HEC; nova menção à gestão de Vinícius da Fonseca; breve relato sobre a aposentadoria compulsória de Orlando Vicente Ferreira e sua recontratação; reflexões acerca da atual conservação da coleção; novas considerações à gestão de Vinícius da Fonseca; a normatização da Coleção Entomológica; menção ao professor Costa Lima; a aquisição da Coleção Zikán; comentários sobre o desaparecimento do livro de registro; reflexões acerca das avarias sofridas pela coleção; a postura de alguns dirigentes quanto à Coleção Entomológica; a atuação de Wladimir Lobato Paraense como vice-presidente de Pesquisa da Fiocruz.

Fita 3 - Lado B
O perfil de Wladimir Lobato Paraense e sua postura frente à manutenção da Coleção Entomológica; referência ao papel de José Cândido de Melo Carvalho na manutenção da Coleção Entomológica no IOC; a postura de Francisco de Paula da Rocha Lagoa, Wladimir Lobato Paraense, Leonidas Deane e Paulo Gadelha quanto à Coleção Entomológica; a importância da Coleção Entomológica; o perfil de Sebastião José de Oliveira; as gestões de José Rodrigues Coura e Elói Garcia, na Vice-Presidência de Pesquisa; considerações sobre as técnicas de conservação da Coleção Helmintológica; comparação entre o quantitativo da Coleção Helmintológica e Entomológica; opinião acerca da entomologia vinculada à área médica; a implantação de laboratórios como centros de referência; considerações acerca do Laboratório Nacional e Internacional de Referência em Taxonomia de Triatomíneos do Departamento de Entomologia do IOC; a estratégia administrativa para os centros de referência criados na Fiocruz; menção à criação da Câmara Técnica de Implantação dos Centros de Referência e de Institucionalização das Coleções do IOC, em 1997; considerações sobre o processo de formação do centro de referência do Departamento de Entomologia; a importância da coleção de triatomíneos; breve relato sobre o fim do convênio com o BIRD; considerações sobre a manutenção do centro de referência apenas com verbas da FUNASA; considerações sobre a formação de coleções particulares e institucionais e sobre o registro de algumas coleções; breve referência à contratação de Dario Mendes pelo IOC para o registro das coleções; o perfil do pesquisador Leonidas Deane; menção ao estágio no The Natural History Museum para desenvolver projeto sobre morfologia e taxonomia de triatomíneos, em 1992; considerações sobre o Laboratório de Taxonomia e Bioquímica; referência ao número de artigos publicados; a abertura de um processo para publicar nas Memórias do Instituto Oswaldo Cruz em português; comentários sobre o periódico Entomologia y Vetores, criada por Rodolfo U. Carcavallo; a participação como 'referee' e editor no periódico Entomologia y Vetores; considerações sobre o perfil do pesquisador Herman Lent.

Fita 4 - Lado A
O perfil de Herman Lent; referência ao estágio na Divisão de Zoologia do Museu Nacional, com José Lacerda de Araújo Feio; reflexões sobre sua experiência profissional e pessoal.

José Fonseca da Cunha

Entrevista realizada por Jaime Benchimol, Nara de Azevedo Brito e Wanda Hamilton, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 13 de agosto, 03, 10, 17, 24 de setembro, 01 de outubro de 1987, 25 de fevereiro, 03, 16 de março, 31 de agosto, 09 de setembro, 14, 21 e 21 de outubro de 1988.
Sumário
Fitas 1 e 2
Origem familiar; a tradicional família mineira; a infância em Itanhandú (MG); o desejo de ingressar na Marinha quando criança; a opção pelo curso de medicina no Rio de Janeiro; o rigor da educação familiar; os primeiros estudos em Minas Gerais; os hábitos formais da vida universitária nos anos 1930; os trotes na faculdade de medicina; o primeiro contato com a medicina; as aulas de anatomia e histologia; a experiência com o professor de anatomia patológica Leitão da Cunha; a descrença na eficácia da medicina; o estágio com o professor Augusto Paulini na Santa Casa de Misericórdia; comentários sobre as aulas de parasitologia do Professor Olympio da Fonseca; o concurso para estagiário da Assistência Municipal do Rio de Janeiro; os métodos do ensino universitário nos anos 1930; a superficialidade atual da formação médica; o ingresso na Fundação Rockefeller; o trabalho no Serviço Nacional de Febre Amarela na década de 1940.

Fitas 3 e 4
O treinamento profissional na Fundação Rockefeller; as dificuldades de conservação das vacinas no interior do país na década de 1940; os métodos de convencimento da população utilizados nas campanhas de vacinação; os efeitos colaterais da vacina contra a febre amarela; os problemas criados pela prática da vicerotomia no interior do país; a descoberta da hepatite virótica; descrição do processo de preparo da vacina antivariólica com a utilização de animais; a importância do estudo em Londres para a introdução do processo de liofilização na produção de vacinas no Brasil; o avanço tecnológico na produção de vacina antivariólica; histórico da erradicação da varíola no Brasil e no mundo.

Fitas 5 e 6
A estrutura e o funcionamento do Serviço Nacional de Febre Amarela; a contribuição de Magarinos Torres para o estudo da febre amarela; o índice de contaminação na produção de vacina contra a febre amarela; o arcaísmo de terapêutica da sífilis e da bouba antes do aparecimento da penicilina; a utilização eleitoral das campanhas de vacinação pelos políticos do interior; comentários sobre a precariedade do sistema viário do país; o desconhecimento da população interiorana em relação às doenças; a atuação da Fundação Rockefeller no interior do país; a utilização comercial de medicamentos fornecidos gratuitamente pelas campanhas de vacinação.

Fitas 7 e 8
O quadro epidemiológico da Amazônia; o auxílio técnico-financeiro da Fundação Rockefeller ao Serviço de Malária do Nordeste; resistência popular à vacinação e as precárias condições de conservação das vacinas; aspectos e características da febre amarela urbana e silvestre; as dificuldades de erradicação do Aedes aegypti nas grandes cidades; a eficiência administrativa das instituições americanas; perfil de Fred Sopper e de Hugo Schmidt; o descaso das atuais autoridades com relação à saúde pública; a experiência da Ford Corporation na produção da borracha no Norte do país; o trabalho desenvolvido pela Fundação Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) na Amazônia e no Mato Grosso; as dificuldades enfrentadas na campanha de vacinação antiamarílica em Cuiabá.

Fitas 9 a 11 (Lado A)
O auxílio técnico-financeiro prestado pela Fundação Rockefeller ao Serviço Nacional da Malária; o êxito da Fundação Rockefeller devido a rigidez disciplinar do seu trabalho; a descoberta da febre amarela silvestre; a importância científica da captura dos animais portadores do vírus da febre amarela; comentários sobre os integrantes da OPAS; o ingresso no Curso de Aplicação do IOC; influência de Henrique Pena em sua formação profissional; o trabalho desenvolvido na direção do Hospital Evandro Chagas; histórico da atuação da Fundação Rockefeller no Brasil; a admiração por Henrique Aragão; a transferência das instalações da Fundação Rockefeller para o IOC no final dos anos 1940; o descaso do IOC para com as pesquisas em febre amarela.

Fitas 11 (Lado B) a 13
A Revolução de 1930 e a fuga para a fazenda da família Scarpa em Minas Gerais; a vida de estudante no bairro do Catete (RJ); os protestos conta o aumento do preço do bonde; a vida cultural carioca na década de 1930; observações sobre a Revolução de 1932 em São Paulo e o movimento comunista de 1935; a admiração por Juscelino Kubitschek; o choque emocional da população com o suicídio de Vargas; os problemas familiares e o segundo casamento; os métodos de trabalho do administrador financeiro do IOC Teófilo Abreu; a administração da área de produção em Manguinhos e as dificuldades na obtenção de verbas; as condições de vida da população brasileira e sua relação com o quadro sanitário; as dificuldades orçamentárias da gestão Olympio da Fonseca no IOC.

Fitas 14 e 15 (Lado A)
A participação na organização do Simpósio Internacional sobre Febre Amarela realizado no Brasil em 1988; a primazia da FIOCRUZ na produção de vacina antiamarílica; os custos da FIOCRUZ com a produção de vacinas; origem da Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM); o trabalho na Divisão de Virologia do IOC na década de 1950; a questão da incorporação da Fundação Rockefeller ao IOC; o conflito entre pesquisa e produção em Manguinhos.

Fitas 15 (Lado B) a 17
Avaliação da produção de vacinas no IOC a partir de 1950; a impossibilidade de produzir vacina contra a poliomielite na FIOCRUZ; a admiração pela gestão Vinícius da Fonseca e seu caráter centralizador; a bolsa concedida pela OPAS para o aperfeiçoamento das técnicas de produção de vacina antivariólica; comentários sobre as campanhas de vacinação no Brasil; o avanço tecnológico na produção de vacinas no Brasil a partir de 1960; comparação entre a produção de vacinas no Império e na década de 1960; a importação tecnológica para produção de vacinas; a tradição do Curso de Aplicação do IOC; a personalidade de Olympio da Fonseca e a suspeita de desvio de verbas durante a sua gestão; comentários sobre a administração de Francisco Laranja; a gestão Vinícius da Fonseca no IOC.

Fitas 18 e 19
A divisão do IOC em grupos; o cargo de secretário do IOC; as dificuldades orçamentárias na gestão Antonio Augusto Xavier; a distribuição desigual de recursos entre as áreas de produção e pesquisa; a pesquisa no Hospital Evandro Chagas e sua posterior deterioração; a falta de autonomia científica no IOC.

Fitas 20 e 21
A extinção do Conselho Consultivo na gestão Antonio Augusto Xavier; a utilização do Hospital Evandro Chagas pela Legião Brasileira de Assistência (LBA) dirigida por Sarah Kubitschek; a divisão dos pesquisadores de Manguinhos em grupos antagônicos; a "politicagem" nas instituições públicas brasileiras; a campanha de erradicação da varíola na gestão Amilcar Vianna Martins e os recursos procedentes da Fundação SESP para o IOC; ausência de práticas "eleitoreiras" na Campanha Nacional de Erradicação da Varíola; a separação do Ministério da Educação e Saúde Pública em 1953; consideração sobre a atuação do Ministro da Saúde Raimundo de Brito; o prestígio político do IOC decorrente da produção de vacinas; a centralização administrativa do IOC defendida por Rocha Lagoa; as excursões ao Planalto Central em 1964 para o levantamento epidemiológico da região; o incremento da produção de vacinas na gestão Rocha Lagoa; a perseguição política aos funcionários durante a gestão Rocha Lagoa; a falta de reconhecimento social da ciência no Brasil.

Fitas 22 e 23
A liderança da FIOCRUZ na produção de vacinas antiamarílica e antivariólica; a importância da venda de vacinas para a aquisição de equipamentos tecnologicamente avançados; o papel político das campanhas de vacinação nos períodos eleitorais; o crescimento da produção de vacinas no IOC entre 1962 e 1972; o prestígio político e familiar de Rocha Lagoa; a influência da divisão político-partidária na formação de grupos no IOC; a participação compulsória nos inquéritos administrativos do IOC; as motivações de caráter pessoal como causa das perseguições políticas no IOC; o telegrama de apoio a Luís Carlos Prestes enviado por pesquisadores de Manguinhos em 1946 e sua utilização nos inquéritos instaurados no IOC pós-1964; a participação nas investigações contra Walter Oswaldo Cruz.

Fitas 24 e 25
A nomeação de Rocha Lagoa para Ministro da Saúde e o convite para a chefia de gabinete; as preocupações de Rocha Lagoa com o saneamento básico; os inconvenientes decorrentes do aparato de segurança em torno dos funcionários do primeiro escalão do governo; a deficiência orçamentária do Ministério da Saúde na gestão Rocha Lagoa; as prioridades da gestão Rocha Lagoa no Ministério da Saúde; as concessões às multinacionais da área de saúde e sua influência no governo na década de 1970; a tentativa de Rocha Lagoa de unificar o Ministério da Previdência e o da Saúde; as dificuldades enfrentadas pela assistência médica no Brasil; a atuação da Fundação SESP no planejamento sanitário brasileiro; os recursos provenientes do Ministério da Saúde e da OMS nas campanhas de vacinação realizadas no Brasil; as tentativas de controle de natalidade no Brasil no início da década de 70 e a oposição da Igreja; a transformação do IOC em Fundação em 1970; a relativa autonomia da FIOCRUZ; as dificuldades de relacionamento entre o Ministro Rocha Lagoa e o governo militar; a participação no Inquérito Policial-Militar (IPM) em Manguinhos.

Fitas 26 e 27
A invulnerabilidade do laboratório de febre amarela diante das oscilações políticas da instituição; perfil profissional de Osvino Pena; a incorporação da seção de produção de soros e vacinas à FIOCRUZ; a carência de verbas e tecnologia na FIOCRUZ; as atuais perspectivas de construção do laboratório de produção de vacina contra a poliomielite; a dispersão do corpo de pesquisadores durante a gestão Oswaldo Cruz Filho; o projeto de auto-suficiência imunobiológica de Bio-Manguinhos na gestão Vinícius da Fonseca; os problemas administrativos na gestão Oswaldo Cruz Filho; o incentivo de Vinícius da Fonseca à área de produção da FIOCRUZ; o trabalho desenvolvido pela Fundação Ataulfo de Paiva na produção de vacinas; comentários sobre o fortalecimento da assistência médica privada na década de 1970.

Fitas 28 a 30 (Lado A)
A necessidade da realização de pesquisa tecnológica na área de produção de vacinas; o debate sobre pesquisa básica e pesquisa aplicada; as diferenças entre os processos de produção de vacinas bacterianas e virais; a superioridade imunológica da BCG intradérmica em relação à oral; a hegemonia da Fundação Ataulfo de Paiva na produção da BCG; a polêmica interna causada pelo fim da gestão Vinícius da Fonseca; o acordo assinado entre a FIOCRUZ e o governo japonês para a produção de vacina contra sarampo em 1980; as dificuldades burocráticas para receber as gratificações dos cargos de chefia na FIOCRUZ; a presença de militares na FIOCRUZ durante a gestão Guilardo Martins Alves; a polêmica sobre a validade da vacina anti-herpética; as atuais necessidades tecnológicas da área de produção de imunobiológicos da FIOCRUZ.

João Quental

Entrevista realizada por Carlos Fidelis Ponte e Claudia Trindade, em Bio-Manguinhos/Fiocruz (RJ), no dia 21 de setembro de 2005.
Sumário
Fita 1 - Lado A
Origem familiar; a militância política no PCdoB; a influência do professor Sérgio Escarlate, do Colégio Santo Inácio, na escolha da carreira; o desejo de aliar profissionalmente a atividade política e as ciências da natureza; a graduação em farmácia; seu ingresso no curso de saúde pública da ENSP, em 1979; o contrato na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro; a vice-diretoria do Instituto Noel Nutels, em 1983, instituição da qual passaria a ser diretor interino em 1986; as mudanças políticas e o convite para trabalhar em Bio-Manguinhos; o ingresso em Bio-Manguinhos em 1987, no Laboratório de Garantia de Qualidade; considerações sobre a relação de Bio-Manguinhos com a Fiocruz quando de seu ingresso na Unidade; os motivos da crise de Bio-Manguinhos durante a gestão de Otávio Oliva.

Fita 1 - Lado B
A implantação dos Procedimentos Operacionais Padrão (POP); os desafios enfrentados por Bio-Manguinhos em decorrência da construção da planta industrial; a origem dos recursos financeiros para a construção da planta industrial; a proposta do Conselho Deliberativo da Fiocruz de impor sanções a Bio-Manguinhos em função de não atingir suas metas; as discussões em torno do uso dos recursos diretamente arrecadados com a venda de vacinas; as demandas de Bio-Manguinhos no início de sua administração; a crise da meningite; a ideia de Bio-Manguinhos abrir mão de seu orçamento do Tesouro destinado à produção, para usar os recursos diretamente arrecadados; sobre a proposta de substituição do Conselho Deliberativo da Unidade; a criação do Conselho Superior e da decisão de adotar eleições indiretas para diretoria de Bio-Manguinhos; da parceria feita com o IOC através de Ricardo Galler; a organização de Bio-Manguinhos durante sua gestão; o início da discussão do contrato de gestão de Bio-Manguinhos com a Fiocruz.

Fita 2 - Lado A
A pressão sofrida por Bio-Manguinhos pela implementação de novas tecnologias e as estratégias utilizadas pela Unidade para evitar sua decadência; a relação com Isaias Raw, diretor do Instituto Butantan; considerações sobre a inserção de Bio-Manguinhos na Fiocruz; sobre a contribuição do IOC a Bio-Manguinhos; o investimento em biofármacos; a escolha de Marcos Oliveira para dirigir Bio-Manguinhos; o fim de sua gestão; as implementações realizadas em sua administração; considerações sobre o crescimento e o futuro de Bio-Manguinhos.

Hugo de Souza Lopes

Entrevista realizada por Paulo Gadelha, Rose Ingrid Goldschmidt e Wanda Hamilton, na Universidade Santa Úrsula (RJ), nos dias 03 e 09 de abril, 23 de maio e 01 de julho de 1986.
Sumário
Fitas 1 e 2
A infância no sítio do pai; o ginásio no Colégio São Bento; o exame de história natural em Campos (RJ); o curso de veterinária na Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária; o contato com Lauro Travassos e o estágio no laboratório de helmintologia em 1931; a relação de liberdade que Lauro Travassos mantinha com seus subordinados; perfil de Oswaldo Cruz; observações sobre Arthur Moses; a entomologia médica; a sucessão de Oswaldo Cruz no IOC; perfil de Arthur Neiva e de Adolpho Lutz; os conflitos entre Lauro Travassos e Carlos Chagas; a nomeação para professor da Escola de Veterinária; o museu de anatomia do IOC; o Instituto de Biologia Vegetal no Jardim Botânico; o laboratório de parasitologia da UFRJ; as pesquisas desenvolvidas por Costa Lima e Frei Borgmeier no Instituto de Biologia Vegetal; a contratação no IOC durante a gestão Olympio da Fonseca.

Fitas 3 e 4
As atividades desenvolvidas no IOC; a divisão do IOC em grupos antagônicos; os assistentes de Lauro Travassos; o carteiro entomologista Ferreira de Almeida; a cassação dos cientistas do IOC; observações sobre Costa Lima; a entomologia agrícola; os arredores de Manguinhos no início do século XX; a arquitetura do castelo mourisco; as pesquisas desenvolvidas na seção de entomologia do IOC; a participação de pesquisadores do IOC nas reuniões da Sociedade Brasileira de Biologia; as coleções entomológicas do IOC; as verbas provenientes da venda da vacina contra a manqueira; a importância do Departamento de Entomologia do IOC; as funções dos auxiliares em Manguinhos; os efeitos negativos da pesquisa dirigida no desenvolvimento científico; o Curso de Aplicação do IOC e a decadência de Manguinhos; o Estado Novo e a organização da ciência médica no Rio de Janeiro; críticas à contratação de funcionários na gestão Olympio da Fonseca; a administração de Carlos Chagas; as expedições científicas dos pesquisadores de Manguinhos.

Fitas 5 e 6
Perfil de Cardoso Fontes; o prestígio internacional de Oswaldo Cruz e de Carlos Chagas; comentários sobre César Pinto; as administrações de Henrique Aragão e de Olympio da Fonseca; comentários sobre as instalações da Fundação Rockefeller no campus de Manguinhos; o telegrama de apoio enviado pelos pesquisadores do IOC a Luís Carlos Prestes em 1946; o abaixo-assinado dos pesquisadores do IOC enviado a Getúlio Vargas pedindo a demissão de Olympio da Fonseca; a gestão Francisco Laranja; o CNPq; a campanha “O Petróleo é Nosso”; o movimento pela criação do Ministério da Ciência e Tecnologia e o apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências; a administração de Joaquim Travassos da Rosa; o governo João Goulart e a reforma de base na área de saúde pública; as delações no IOC após o Golpe de 1964 e o inquérito administrativo do Ministério da Saúde.

Fitas 7 e 8
A nomeação de Joaquim Travassos da Rosa para o cargo de diretor do IOC; comentários sobre as áreas de pesquisa antes do Golpe de 1964; perfil de Olympio da Fonseca; considerações sobre a administração de Rocha Lagoa; o “Massacre de Manguinhos”; concepções sobre ciência, pesquisa e educação; perfil de Lauro Travassos; a zoologia no Brasil; as atividades docentes na USU; a reintegração ao quadro de funcionários de Manguinhos em 1986.

Hibernon Costa Guerreiro

Entrevista realizada por Ana Paula Zaquieu e Dilene Raimundo do Nascimento, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 18 e 27 de março de 1998.
Sumário
1ª Sessão: 18 de março
Fita 1 – Lado A
A infância em Rocha Miranda, origem operária dos pais e o ingresso no mercado de trabalho aos 14 anos; discordâncias com o irmão mais velho e a responsabilidade com o sustento da família. O valor do trabalho para seus pais. O uso recente de drogas. A relação dos pais com sua homossexualidade, a iniciativa atual de se “heterossexualizar” e as poucas experiências sexuais com mulheres. A iniciativa dos pais em levá-lo ao psicólogo aos 10 anos de idade. O escândalo com a descoberta de seu envolvimento sexual com um parente; o relacionamento entre seus pais e sua decisão em não discutir sua homossexualidade com eles. O trabalho operário ainda na adolescência, o ingresso na Marinha aos 18 anos e as dificuldades em viver lá sua homossexualidade; a importância do Grupo Pela Vidda no processo de assumir sua homossexualidade. Ressalta a sua capacidade de separar a sua vida sexual de seu desempenho profissional. A descoberta da contaminação pelo vírus durante um exame periódico na Marinha, em 1990; descreve todo o processo de investigação clínica até o resultado final; o desabafo com um primo na noite de Natal; o choque no momento do diagnóstico definitivo; a postura insensível do médico; o encontro emocionado com o primo no caminho para o hospital; o início do tratamento no hospital Marcílio Dias; a opção de omitir o diagnóstico dos pais. As estratégias usadas para impedir que seus pais soubessem da licença médica concedida pela Marinha. O trabalho como contador e a sociedade em um escritório.

Fita 1 – Lado B
As questões e problemas com a sócia e seus atos de má fé que, sem seu conhecimento, desviava sua parte na divisão dos rendimentos e o fim da sociedade. As maneiras encontradas para passar o tempo, diante da falta de ocupação diária para poder, assim, omitir dos pais o afastamento compulsório da Marinha. O ingresso, em setembro de 1995, no Grupo Pela Vidda. Crítica à falta de plantonistas permanentes no Grupo; a rápida integração na equipe organizadora do Encontro Nacional de Pessoas Vivendo com Aids de 1995. A importância do Grupo Pela Vidda em seu processo de reintegração social; seu sentimento de vergonha e solidão; o medo da rejeição; o afastamento dos amigos da Marinha após aposentadoria compulsória. Rápidos comentários sobre os superfaturamentos nos processos de licitação na Marinha envolvendo os clientes de seu escritório de contabilidade. As consequências da falta de informações sobre a Aids; a associação Aids/morte; a desistência do tratamento médico; o efeito das informações obtidas nas reuniões do Grupo em sua vida social e afetiva; o efeito do contato com soropositivos e soronegativos que não demonstravam preconceito; o fim de seu próprio preconceito e a publicização, para os amigos, de sua opção sexual e de sua soropositividade.

2ª Sessão: 27 de março
Fita 2 – Lado A
A forma como a tia e a mãe tomaram conhecimento de sua soropositividade; a carta anônima enviada à sua mãe e a decisão de contar-lhe a verdade; os cuidados dos pais com a sua saúde; as motivações que o levaram a sair da casa dos pais; a reação dos pais diante de sua revelação e a iniciativa deles em buscar mais informações sobre a doença; sua decisão de contar, de maneira informal, para o restante da família e a atitude receptiva dos familiares que já sabiam de sua contaminação; a atitude tranquila do irmão homossexual que vive nos Estados Unidos ao saber de seu diagnóstico. A profunda reorientação em sua maneira de perceber a Aids e o papel fundamental do Grupo pela Vida em seu processo de reintegração social; a gratificante sensação de poder estar dividindo e transformando junto a outros a convivência com a Aids. Sua vida sexual depois do diagnóstico. Polemiza, ao questionar o uso contínuo da camisinha como método de prevenção à Aids. Menciona seu parceiro sexual, com quem manteve relações sexuais desprotegidas por dois anos sem contaminá-lo. Relativiza as probabilidades de contaminação pelo vírus da Aids por via sexual; afirma praticar sexo oral sem preservativo. Aponta a demagogia das pessoas que defendem o uso de preservativo, mas que, quando indagadas, confessam que não praticam sexo com o uso regular do preservativo. Ressalta sua opção, consciente e sem culpas, de manter relações sexuais sem preservativo; defende a responsabilidade, quanto à prevenção, partilhada entre os parceiros.

Fita 2 – Lado B
Na discussão quanto ao aumento progressivo nos índices de contágio, ressalta a sua adoção do coito interrompido na falta de preservativos disponíveis. Questiona a ideia, divulgada pela comunidade científica, da recontaminação. Afirma abdicar de qualquer método preventivo em relações sexuais com parceiros soropositivos e duvida que soropositivos usem preservativos em relações sexuais com soropositivos. Ressalta a sua preferência pela posição ativa durante a relação sexual. O ingresso no Grupo Pela Vidda; a oportunidade de se expressar e assumir sua homossexualidade e sua soropositividade. Considerações sobre a organização interna do Grupo; sua participação na diretoria oficial do Grupo decisões do Grupo. Ressalta a seriedade dos integrantes do Grupo. Comenta a respeito da nova chapa, da qual faz parte, que concorrerá à direção do Grupo. Critica os soronegativos que ingressam no Grupo com interesses carreiristas e financeiros. Menciona as tensões internas entre soronegativos e soropositivos, ressaltando sua postura contrária aos privilégios concedidos aos soronegativos. Comenta os altos salários pagos a funcionários soronegativos, comparando-os aos baixos rendimentos dos três soropositivos que recebem pelo trabalho desenvolvido no Grupo. Explica a organização orçamentária do Grupo; critica os meios e os critérios de seleção dos participantes dos projetos; a postura oportunista de alguns voluntários. Considerações sobre o processo eleitoral no qual sua chapa está inscrita; a função dos curadores; sua contundente atuação para romper com os grupos de interesse que agem no Grupo; as propostas de sua chapa; mudanças nas funções e na representação da nova diretoria eleita. Tenta definir as razões que o levam a querer transformar as relações dentro do Grupo; o descontentamento generalizado dos voluntários soropositivos. Cita um exemplo do que chama de “panelinha” existente no Grupo: a distribuição de convites doados ao Grupo entre soronegativos, sem que os soropositivos tomem conhecimento dos convites.

Hamlet William Aor

Entrevista realizada por Jaime Benchimol, Nara Azevedo e Wanda Hamilton, na Fiocruz (Rio de Janeiro/RJ), nos dias 28 de agosto e 04 de setembro de 1986.
Sumário
Fitas 1 a 3
Origem familiar; o trabalho de seu pai nas primeiras edificações do IOC, as primeiras edificações e a mão-de-obra estrangeira especializada; a importação de material de construção; perfil do pai e o ingresso no IOC após sua morte; formação escolar; a profissão de vidreiro; o curso profissionalizante na Faculdade de Farmácia da Universidade do Brasil; o conflito com Fábio Leoni Werneck, do laboratório de entomologia, e sua consequente demissão de Manguinhos; a militância no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e a clandestinidade; a desmobilização política no IOC; defesa da posição de Prestes em 1945; o afastamento do PCB no começo dos anos 1950; a homenagem a Walter Oswaldo Cruz e Ernani Martins; o relacionamento de Oswaldo Cruz e Carlos Chagas com os funcionários; a excelência do trabalho dos auxiliares do IOC; a epidemia de gripe espanhola em 1918 e a atuação dos técnicos de Manguinhos.

Fitas 4 a 6
O trabalho na tipografia; a dificuldade de relacionamento com as chefias devido ao temperamento explosivo; a gestão Rocha Lagoa e as dificuldades de contratação; a formação dos auxiliares de Manguinhos; a remuneração das crianças aprendizes no IOC; a rigidez hierárquica no IOC; as dificuldades de acesso a Manguinhos; a rotina na seção de embalagem; os salários e as acomodações dos auxiliares no IOC em meados do século XX; as primeiras mulheres contratadas pelo IOC; o trabalho numa tipografia da cidade e no laboratório de produtos terapêuticos da prefeitura; o aprendizado profissional; comentários sobre as condições de vida no Rio de Janeiro no início do século; as aulas no Liceu de Artes e Ofícios; os comentários sobre o desenhista Raimundo Honório; as fotomontagens de J. Pinto; a franqueza e o não-convencionalismo de Adolpho Lutz; Miguel Osório de Almeida e os experimentos em fisiologia; o respeito e temor dos auxiliares pelos cientistas; a aprendizagem da fabricação de ampolas de vidro; o retorno a Manguinhos em 1926; a seção de vidraria; a saída do IOC em 1936; o trabalho na colocação de vitrais nas igrejas; a tradição de vidraria em Manguinhos; os auxiliares e o processo de sucessão de Carlos Chagas; as gratificações recebidas por alguns técnicos; perfil de J. Pinto; a descoberta do carteiro especialista em borboletas; a dedicação dos auxiliares ao trabalho; a criação do Centro Espírita Oswaldo Cruz em Bonsucesso; a experiência como professor do curso de vidraria na Universidade do Brasil; o trabalho com Walter Oswaldo Cruz.

Gerson Fernando Mendes Pereira

Entrevista realizada por Laurinda Rosa Maciel e Mariana Santos Damasco, no Rio de Janeiro (RJ), no dia 14 de maio de 2003.

Gerson de Oliveira Penna

Entrevista realizada por Laurinda Rosa Maciel, na Escola Nacional de Saúde Pública/ENSP, da Fiocruz, no Rio de Janeiro (RJ), no dia 24 de março de 2004.

Francisco Laranja

Entrevista realizada por Rose Ingrid Goldschmidt, Jaime Benchimol e Marcos Chor Maio, na Fiocruz, nos dias 26 de novembro, 08, 10 e 17 de dezembro de 1986.
Sumário
Fitas 1 a 3
Origem familiar e a infância no interior do Rio Grande do Sul; formação escolar; o curso ginasial em Porto Alegre; a morte do pai; a experiência como capataz de fazenda na adolescência e as transformações da vida rural; o caráter do homem gaúcho; a influência da migração europeia no Rio Grande do Sul; as personalidades políticas do sul do país; a convivência com personalidades políticas; a Revolução de 1930; a conclusão do ginásio em Porto Alegre; a relação com os pais; o lazer na infância; as relações com a família de Getúlio Vargas; o quadro epidemiológico no interior do Rio Grande do Sul; o interesse pelos estudos e o vestibular para medicina; a cadeira de direito do trabalho criada por Lindolfo Collor; o convívio com os estudantes na pensão em Porto Alegre; o comunismo na década de 1930; o curso médico e o interesse pela psicologia; a primeira viagem ao Rio de Janeiro em busca do melhores condições de trabalho; o concurso para datilógrafo do IAPI; a transferência para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro; o atentado integralista de 1938; o trabalho burocrático no IAPI.

Fitas 4 e 5
O concurso interno do IAPI; as atividades em cardiologia no IAPI; a atividade assistencial do IAPI; comentários sobre as doenças cardíacas no Brasil; a perícia e a consultoria médica do IAPI; a política salarial do IAPI na década de 1930; a questão da saúde pública durante o curso médico; o concurso para cardiologista do IAPI; a relação entre médico e paciente; a organização do posto de Bambuí (MG); a especialidade em cardiologia; o primeiro contato com a doença de Chagas; a profilaxia da doença de Chagas; a divulgação de trabalhos no exterior.

Fitas 6 a 8
O desdobramento do Ministério da Educação e Saúde e a repercussão no IOC; a gestão Olympio da Fonseca no IOC; o ingresso no IOC na gestão Henrique Aragão; críticas à centralização administrativa do IOC; a indicação para a direção do IOC em 1953; as divisões científicas e os pesquisadores do IOC; a descentralização de sua administração no IOC; a produção do IOC; os recursos do IOC; a política científica do IOC; a modificação na estrutura física de Manguinhos; a gestão Antônio Augusto Xavier; o serviço fotográfico do IOC; o Curso de Aplicação do IOC; comentários sobre a sua gestão no IOC; o retorno à pesquisa; comentários sobre o Estado Novo; avaliação da FIOCRUZ; a influência americana e os modelos de pesquisa; saúde pública e educação sanitária.

Fitas 9 a 11
A nomeação para a direção do SAMDU; os vínculos de amizade com João Goulart; a estrutura funcional do SAMDU; o retorno ao IAPI em 1964; referência ao Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS); a padronização dos serviços do SAMDU; definição político-ideológica; adesão ao getulismo e ao juscelinismo; os acordos para as indicações de cargos públicos; a descentralização administrativa de sua gestão no SAMDU; o orçamento do SAMDU; o desligamento do SAMDU no governo Jânio Quadros; a pressão partidária sobre a nomeação nos cargos públicos; o concurso para acadêmico de medicina do SAMDU; o atendimento ambulatorial; a instalação de postos ambulatoriais na região Centro-Oeste no governo Juscelino Kubitschek; a ligação entre o SAMDU e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB); a relação ambulatorial entre médico e paciente; a relação entre saúde pública e política salarial; os critérios adotados para a instalação de postos do SAMDU; a direção do SAMDU no final dos anos 1950; o retorno ao IAPI após o golpe de 1964; a viagem com Jango à URSS e Europa Oriental; o regresso ao IOC e os trabalhos desenvolvidos; comentários sobre a FIOCRUZ; a questão dos relatórios administrativos do IOC; o governo João Goulart; a administração da NOVACAP; o retorno à fazenda de Goiás após o golpe de 1964; o casamento e a vida em Brasília na década de 1970; a “cassação branca”; o concurso para cardiologista no Hospital Distrital; a interferência do Serviço Nacional de Informação (SNI) em sua vida profissional.

Francisco Gomes

Entrevista realizada por Luiz Fernando Ferreira da Silva, Paulo Gadelha, Thereza Cristina Tavares e Wanda Hamilton, na Fiocruz (Rio de Janeiro/RJ), nos dias 09 de dezembro de 1985 e 09 de janeiro de 1986.
Sumário
Fitas 1 e 2
O trabalho aos sete anos com Carlos Chagas em Lassance (MG); o ingresso no IOC em 1925; o estudo e o trabalho com Otávio Magalhães no Instituto Ezequiel Dias (MG); o retorno ao IOC após a morte de Carlos Chagas; o trabalho na seção de fisiologia com Miguel Osório de Almeida; o contato com pesquisadores e moradores locais durante o trabalho de campo; perfil de Carlos Chagas; o entrosamento da equipe de trabalho do IOC e a dedicação às pesquisas; as campanhas no Nordeste com Evandro Chagas, Olympio da Fonseca e Álvaro Lobo; o trabalho com Geth Jansen no combate à esquistossomose; a admiração por Joaquim Venâncio; a descoberta acidental do diagnóstico de gravidez por Joaquim Venâncio; as motivações de caráter pessoal como causa das perseguições de Rocha Lagoa aos pesquisadores; os inquéritos militar e administrativo no IOC e o caso do “vatapá subversivo”; comentários sobre o IOC após 1964; perfil de Walter Oswaldo Cruz, seu trabalho e relacionamento com a administração Rocha Lagoa; a relação do grupo de cassados com outros cientistas do Instituto; os vínculos do IOC com a Fundação Rockefeller durante a gestão Henrique Aragão.

Fitas 3 a 5
A campanha contra a doença de Chagas em Araxá (MG); a relação fraternal entre os pesquisadores do IOC; a experiência de trabalho com Thales Martins; comentários sobre a direção de Cardoso Fontes; a gestão Henrique Aragão; o programa de fabricação de penicilina; a incorporação da Fundação Rockefeller ao IOC; o fim da verba da vacina contra a manqueira; o trabalho com Evandro Chagas; comentários sobre as três primeiras gerações de pesquisadores; a transformação do IOC em Fundação em 1970; os inquéritos militares no IOC após o golpe de 1964; os motivos de caráter pessoal das cassações; a transferência dos pesquisadores não cassados em 1970; a decadência do IOC como consequência das cassações e da transferência de pesquisadores; o pedido de aposentadoria devido às perseguições sofridas; o trabalho voluntário com Gilberto Villela após a aposentadoria; a proibição de entrar no IOC depois de aposentado; opinião sobre a recuperação do Instituto durante a gestão Sérgio Arouca.

Euzenir Nunes Sarno

Entrevista realizada por Laurinda Rosa Maciel e Mariana Santos Damasco, na Vice-Presidência de Pesquisa e Ensino da Fiocruz (Rio de Janeiro/RJ), no dia 16 de fevereiro de 2005.

Ermiro Estevam de Lima

Entrevista realizada por Marcos Chor Maio para o projeto 'Associativismo Médico no Rio de Janeiro'.

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