Mostrando 9386 resultados

registro de autoridade

Hermann Gonçalves Schatzmayr

  • Pessoa
  • 1936-2010

Nasceu em 11 de maio de 1936 no Rio de Janeiro, filho de Otto Schatzmayr, austríaco radicado no Brasil, e Zulmira Gonçalves. Graduou-se em medicina veterinária em 1957, pela Escola Nacional de Veterinária da Universidade Rural, atual Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Após a graduação, ingressou na equipe do professor Paulo de Góes, no Departamento de Virologia da Universidade do Brasil estudando o vírus influenza. Em 1958 realizou o Curso de Especialização em Microbiologia também na Universidade do Brasil. Entre 1960 e 1961 dedicou-se ao estudo do vírus da encefalite do carrapato, na Universidade de Viena, Áustria. Ainda em 1961 começou a trabalhar com o professor Joaquim Travassos da Rosa, que dirigia o IOC, e dedicou-se ao estudo da poliomielite e a resposta à vacina oral. Em 1965 casou-se com Ortrud Monika Barth, pesquisadora do IOC. No mesmo ano obteve uma bolsa da Fundação Humboldt para doutorar-se na Universidade de Giessen, Alemanha, onde permaneceu durante um ano. Ao retornar ao Brasil, no período ditatorial, o presidente da Fiocruz, Vinícius da Fonseca, ofereceu-lhe um laboratório para estudar poliomielite, hepatite e rubéola. Chefiou o Departamento de Virologia do IOC por dois períodos: 1987-1990 e 1993-2005. Em abril de 1986 sua equipe conseguiu isolar o tipo 1 do vírus da dengue pela primeira vez no Brasil e nos anos subsequentes foram isolados os tipos 2 e 3, o que colaborou para que a Fiocruz se tornasse centro de referência no assunto. De 1990 a 1992 exerceu a Presidência da Fiocruz a convite do ministro da Saúde Alceni Guerra, que recusou os nomes indicados por meio de processo eleitoral na instituição. Em sua gestão iniciou-se a obra do prédio da Biblioteca de Manguinhos, ocorreram novas contratações, foram firmados convênios internacionais e adquiridos equipamentos para produção de vacinas. Concretizou-se também um plano de saúde para os servidores da instituição. Fundou a Sociedade Brasileira de Virologia. Foi editor-chefe da Virus Reviews and Research e membro do corpo editorial das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz e da Vaccine (Londres). Presidiu a Comissão Interna de Biossegurança do IOC (CIBio/IOC) e foi membro da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Integrou as Academias Brasileiras de Ciências e de Medicina Veterinária. Recebeu da Sociedade Brasileira de Higiene o título de Honra ao Mérito Nacional de Saúde Pública. Foi assessor da Organização Mundial da Saúde. Suas últimas pesquisas foram dedicadas à infecção por vírus em animais e humanos. Morreu em 21 de junho de 2010, no Rio de Janeiro.

Felipe Nery Guimarães

  • Pessoa
  • 1910-1975

Nasceu em 25 de maio de 1910 na cidade de Belém (PA). Formou-se médico vinte anos depois pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará. Em 1931 fez cursos de especialização no IOC, no Rio de Janeiro. De volta a Belém, criou e dirigiu em 1937 o laboratório de Anatomia Patológica do Instituto de Patologia Experimental do Norte, e no mesmo ano fez parte da Comissão de Estudos sobre Leishmaniose Visceral Americana do IOC, sob a direção de Evandro Chagas. No ano de 1941 regressou ao Rio de Janeiro como médico especializado contratado pelo IOC, realizando inicialmente pesquisas sobre toxoplasmose e a ocorrência dos triatomíneos nas matas da cidade do Rio de Janeiro. Em 1943 cursou nova especialização no IOC, quando realizou os primeiros estudos de penicilina aplicada à bouba. Dois anos mais tarde foi um dos responsáveis pela instalação do Posto de Estudos do IOC na Baixada Fluminense, baseado primeiramente no município de Rio Bonito e depois em Araruama. O posto, transformado em Centro de Estudos da Baixada Fluminense, serviu de base para os primeiros estudos e experimentos sobre penicilina aplicada à bouba. Naquela unidade estudou também a sífilis rural, a blastomicose e a doença de Chagas. Participou de congressos nacionais e internacionais sobre malariologia e sífilis, doenças venéreas e treponematoses. Foi ainda perito para questões relativas à bouba na Organização Mundial da Saúde. Na década de 1940 publicou simultaneamente estudos sobre diversas doenças, tendo se dedicado especialmente à leishmaniose. A partir de 1948 o pesquisador passou a publicar também sínteses sobre o problema social representado pela bouba. Em 1956 tornou-se diretor do Programa de Erradicação da Bouba, criado durante o governo Juscelino Kubitschek (1956-1961), sob a gestão de Mário Pinotti no Departamento Nacional de Endemias Rurais. Em 1959 foi chefe de gabinete do ministro da Saúde Mário Pinotti no período de transferência da pasta para a nova capital federal, Brasília. Em 1960 retornou à Seção de Protozoologia do IOC. Permaneceu nas décadas de 1960 e 1970 em seu laboratório realizando pesquisas principalmente sobre leishmaniose, toxoplasmose e doença de Chagas, tendo também lecionado disciplinas em cursos de aplicação do IOC nos tópicos de bacteriologia e protozoologia. Em abril de 1975 tornou-se diretor do IOC, tendo falecido poucos meses após assumir o cargo ainda naquele ano.

Alina Perlowagora-Szumlewicz

  • BR RJCOC PW
  • Pessoa
  • 1911-1997

Nasceu em 18 de dezembro de 1911, em Jedwabne, Polônia, filha de Herman e Sabina Perlowagora. Formou-se em ciências naturais pela Universidade de Varsóvia, onde obteve o título de doutora em filosofia e trabalhou como pesquisadora associada do Instituto de Fisiologia Aplicada até 1939. Diante da perseguição nazista aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial, transferiu-se para o Brasil em 1942 e ingressou como pesquisadora associada no Serviço de Estudos e Pesquisas sobre a Febre Amarela da Fundação Rockefeller, com sede no Rio de Janeiro. Realizou importantes pesquisas sobre febre amarela, sendo responsável pela implantação do método de fixação do complemento para o diagnóstico dessa doença no Brasil. Em 1949 foi para o Instituto de Malariologia do Serviço Nacional de Malária, incorporado em 1956 ao Instituto Nacional de Endemias Rurais (INERu), para desenvolver pesquisas sobre o controle de moluscos vetores da esquistossomose através do uso de moluscicidas. Naturalizou-se brasileira em 1951. De 1962 a 1963 foi bolsista da União Pan-Americana e pesquisadora visitante do National Institutes of Health, lotada no Laboratório de Doenças Parasitárias do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, em Bethesda, Maryland, Estados Unidos. Trabalhou no INERu até 1970, quando seu laboratório foi anexado à recém-criada Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ainda em 1970 assumiu como pesquisadora titular o Laboratório de Biologia e Controle de Vetores da Doença de Chagas do INERu, localizado no bairro de Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro. Nesse laboratório desenvolveu estudos sobre a importância de parâmetros biológicos para o planejamento de medidas de controle de barbeiros, controle químico desse vetor por meio do uso de inseticidas, controle integrando métodos biológicos, como o lançamento de machos estéreis na natureza, e controle químico no desenvolvimento de inseticidas. Na Fiocruz, entre as décadas de 1980 e 1990, atuou no Laboratório de Vetores da Doença de Chagas do Departamento de Entomologia e no Laboratório/Núcleo de Biologia de Vetores e de Interação Vetor/Parasito do Departamento de Medicina Tropical, ambos do Instituto Oswaldo Cruz. Morreu em 21 de maio de 1997, no Rio de Janeiro.

José de Paula Lopes Pontes

  • Pessoa
  • 1912-1992

Nasceu em 2 de novembro de 1912, em Guaranésia (MG), filho de José Lopes Pontes e Calpúrnia de Paula Pontes. Formou-se em 1933 pela Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro. Iniciou sua trajetória profissional no Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, no qual exerceu atividades docentes na 2ª Cadeira de Clínica Médica (1933-1942) e foi chefe de Clínica da 6ª Enfermaria (1942-1955). Em 1938 obteve o título de livre-docente junto à cátedra de Clínica Médica, quando apresentou a tese Valor semiológico da urobilinúria. Na Faculdade de Ciências Médicas, atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro, atuou como professor assistente de Clínica Médica (1943-1950), catedrático interino (1950-1951) e regente interino da cátedra de Coenças Infecciosas e Parasitárias (1952-1953). Ainda na década de 1950 defendeu na Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), as teses Estudos sobre a hipertensão porta, para a cátedra de Clínica Propedêutica (1955), e Diagnóstico da úlcera gástrica: contribuições endoscópica e citológica, para a cátedra de Clínica Médica (1956), da qual se tornou professor interino e catedrático da 4ª cadeira. Foi diretor da Faculdade de Medicina entre 1970-1974 e 1978-1982 e professor emérito da UFRJ em 1982. No ano seguinte assumiu a direção da 9ª Enfermaria do Hospital da Santa Casa, dando continuidade às suas atividades de ensino. Ingressou na Academia Nacional de Medicina em 1966, sendo seu presidente de 1985 a 1987. Morreu em 1992, no Rio de Janeiro.

Liga das Nações

  • Entidade coletiva
  • 1919-1946

A Liga das Nações ou Sociedade das Nações foi uma organização internacional idealizada durante a Conferência de Paz de Paris (1919-1920), na qual as potências vencedoras da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) negociaram um acordo de paz. Em 28 de junho de 1919 foi assinado o Tratado de Versalhes, que encerrou oficialmente a guerra e também estabeleceu a criação da Liga, cujo papel seria o de resolver as disputas entre os países por meio de negociações, em vez de combates, para assegurar a paz mundial. A Liga era formada por três órgãos principais – Secretariado, Conselho e Assembleia Geral – e inúmeras agências e comissões especializadas, como a Organização Internacional do Trabalho e a Organização de Saúde. Em novembro de 1920 sua sede foi transferida de Paris para Genebra, na Suíça. O fracasso da Liga em evitar a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) revelou seu enfraquecimento em manter a paz perante os interesses isolados de países membros. Em 1946 a instituição autodissolveu-se, passando suas responsabilidades e patrimônio para a Organização das Nações Unidas, criada um ano antes.

Leonídio Ribeiro Filho

  • Pessoa
  • 1893-1976

Nasceu em 4 de novembro de 1893, em São Paulo, filho de Leonídio de Souza Ribeiro e Maria Henriqueta Marcondes Ribeiro. Em 1916 formou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Discípulo de Afrânio Peixoto, tomou conhecimento em 1917 de um concurso para o cargo de legista da Polícia Civil. Inscrito e classificado, passou a exercer ainda naquele ano o cargo de médico legista da Polícia Civil do Distrito Federal. Em 1918, devido a divergências dentro do órgão, solicitou demissão e embarcou para a França, na Missão Médica que o Brasil enviou à Primeira Guerra Mundial. Como tenente-médico dirigiu um hospital em Marselha até 1919, quando foi dispensado e condecorado com a Legião de Honra pelo governo francês. Prosseguiu seus estudos na Europa e especializou-se em Cirurgia e Medicina Legal. Em 1925, no Brasil, tornou-se professor de Criminologia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Com a Revolução de 1930 foi designado para o cargo de diretor do Gabinete de Identificação da Polícia Civil do Distrito Federal, pelo recém-empossado chefe de Polícia do Distrito Federal, seu amigo Baptista Luzardo. No gabinete permaneceu de 1931 a 1935 e promoveu a modernização da polícia, uma das exigências do governo de Getúlio Vargas. Em sua gestão criou o Laboratório de Antropologia Criminal, onde realizou pesquisas médicas sobre os biótipos de negros, criminosos e homossexuais. Esses estudos, ao lado de investigações sobre impressões digitais, causas endócrinas do homossexualismo masculino e biotipologia de criminosos, renderam-lhe em 1933 o prêmio Lombroso da Real Academia de Medicina da Itália. Ainda em 1933 tornou-se professor de Medicina Legal da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro com a tese O direito de curar . Lecionou por 35 anos as cadeiras de Medicina Legal e Criminologia. Entre suas publicações destaca-se o livro Homossexualismo e endocrinologia, de 1935. Foi eleito membro da Academia Nacional de Medicina em 1928 com a memória intitulada Estudo clínico do protóxido de azoto, tendo sido saudado em sua posse pelo acadêmico Augusto Paulino Soares de Souza. Em 1960 tornou-se membro emérito da academia. Morreu no dia 27 de fevereiro de 1976, em Petrópolis (RJ).

Laboratório de Febre Amarela (LAFA)

  • Entidade coletiva
  • 1939-

Quando a primeira epidemia de Febre Amarela ocorreu no Estado do Rio de Janeiro em 1849, alguns surtos da doença já tinham ocorrido no país : Recife (1685) e Salvador (1686 e 1849). De 1850 a 1899 a Febre Amarela propagou-se pelo país, seguindo os caminhos da navegação marítima, o que levou à ocorrência de epidemias em quase todas as províncias do Império. Desde então, a etiologia e a profilaxia da doença passaram a mobilizar a comunidade científica. Em 1881, o médico cubano Carlos Juan Finlay comprovou que o Aedes aegypyti era o transmissor da Febre Amarela. Esta descoberta orientou as ações das primeiras campanhas de combate à doença no Rio de Janeiro e em cidades paulistas ocorridas no início do século passado, inclusive a primeira Campanha contra a Febre Amarela comandada por Emílio Ribas na cidade de Sorocaba (SP) em 1901.
O plano de combate à febre amarela no Rio de Janeiro elaborado por Oswaldo Cruz, foi apresentado ao ministro da Justiça em 1 de abril de 1903. A campanha foi desencadeada dias depois, da criação do Serviço de Profilaxia da Febre Amarela em 1904 pela Diretoria Geral de Saúde Pública (Decreto n. 5.157 de 8 de maio).
Em 1916, a Fundação Rockefeller, através de sua agência, a Internacional Health Board (IHB), chega ao Brasil para iniciar estudos e estabelecer contatos com autoridades nacionais visando sua participação na implementação de ações voltadas para a erradicação da febre amarela no litoral brasileiro. Em 1917, inicia-se a cooperação do IHB com governos estaduais e com o governo federal visando a realização de estudos sobre a profilaxia da ancilostomíase e para a criação de serviços de profilaxia geral. (HOCHMAN, 1998:97).
Após acordo firmado entre o governo federal brasileiro e a Fundação Rockefeller em 1923, as ações voltadas para a profilaxia e para erradicação da febre amarela no país contaram com participação ativa da Fundação até 1946, quando retirou-se do país. Neste período foram criados o Serviço de Profilaxia Rural (Decreto n.13.358 de 9 de abril de 1919); o Departamento Nacional de Saúde Pública (Decreto n. 3.987 de 2 de janeiro de 1920); o Serviço de Febre Amarela ; o Serviço Cooperativo da Febre Amarela, subordinado ao DNSP; o Departamento Nacional de Saúde Pública (Decreto 19444 de 1 de dezembro de 1930) e o Serviço Nacional de Febre Amarela (Decreto n.1.975 de 23 de janeiro de 1940).
Entre 1931 e 1939 a Fundação Rockefeller estreitou sua cooperação com o governo brasileiro, junto primeiramente, ao Serviço Cooperativo da Febre Amarela e posteriormente ao Serviço Nacional de Febre Amarela. Data deste período uma nova visão da etiologia da doença, que admitia sua ocorrência também no meio rural, constatada não só pela presença do mosquito, mas também através de exames post-mortem do tecido hepático. Isto levou a uma mudança nos métodos de combate à febre amarela silvestre, elevando sua eficácia. (COC, 2001, p.87) A partir de 1940, o Serviço Cooperativo de Febre Amarela (SCFA) transfere suas operações ao recém criado Serviço Nacional de Febre Amarela, vinculado ao Ministério da Educação e Saúde (MES) por intermédio de seu Departamento Nacional de Saúde. Segundo depoimento de José Fonseca da Cunha à Casa de Oswaldo Cruz: “A Fundação Rockefeller desenvolvia um trabalho cooperativo com o governo brasileiro. Depois foram para o morro da viúva, enquanto se construía um prédio no campus do Instituto Oswaldo Cruz, que ficou pronto em 1937. Abrigava o Laboratório de Histopatologia de Febre Amarela que fazia todo o trabalho de pesquisa, diagnóstico e produção de vacina contra a Febre Amarela” (HAMILTON,W.;AZEVEDO, N.,1998: p.3).
Ainda segundo este depoimento a sede do Serviço de Febre Amarela localizava-se no palácio da Marquesa de Santos em São Cristóvão.
Até 1934 as amostras de fígado eram enviadas para o Bahia Yellow Fever Laboratory, inaugurado em 1928 em Salvador. Este Laboratório funcionou até 1937, mas em 1934, parte de suas atividades foi transferida para espaço cedido pela Fundação Gaffré Guinle no Hospital da Tijuca. Em 1937 os laboratórios da Bahia e do Rio de janeiro foram unificados no novo prédio construído em Manguinhos (BENCHIMOL, 2001:141). Em 1936 a Rockefeller contrata e supervisiona a confecção dos primeiros mapas aéreos do interior do Brasil com o objetivo de marcar os contornos dos focos da doença que eram complementados com relatos sobre as condições de vida dos habitantes e a ecologia do lugar. (BENCHIMOL, 2001:129). No mesmo ano, Max Theiler e Henry Smith, da Fundação Rockefeller, chegam a cepa 17D da Febre Amarela. Em 1937, a vacina é testada pela primeira vez no Brasil e em 1940, novo estudo é desenvolvido no sul de Minas Gerais, com a imunização de mais de 5000 pessoas, o que permitiu ajustes para a forma final da vacina.
(http://www.bio.fiocruz.br/interna/vacinas_historia.htm em 02.05.2007). Em 1938 é demonstrado que os mosquitos silvestres Haemagogus capricornii e Haemagogus leucocelaenus podem ser transmissores naturais da Febre Amarela. Mais tarde, comprova-se que o Haemagogus spesgazzinii, o Aedes scapularis, o o Aedes fluvialilis e Sabethes cloropterus são também transmissores silvestres. (FUNASAfev/ 2001-p.24) Em 1940 é criado o Serviço Nacional de Febre Amarela (SNFA) pelo decreto nº 1.975 de 23 de janeiro, que determina em seu artigo 5º que a fabricação da vacina e as pesquisas científicas relativas à febre amarela seriam realizadas no Instituto Oswaldo Cruz. O regimento do SNFA (decreto 8.675 de 4 de fevereiro de 1942) incluía entre seus serviços, o de vacinação e de vicerotomia, sem fazer alusão à fabricação da vacina ou às pesquisas sobre febre amarela.
Havia um trabalho cooperativo entre o laboratório da Rockefeller e o SNFA. (HAMILTON, AZEVEDO, 1999) O laboratório fazia o trabalho de pesquisa, diagnóstico e produção da vacina contra a febre amarela e o SNFA fazia o trabalho de vacinação, de viscerotomia, além de fornecer os dados epidemiológicos das regiões. Para isto o SNFA dividia o Brasil em circunscrições e setores cujos chefes se encarregavam de organizar os postos de viscerotomia para a coleta de amostras de fígados dos indivíduos que morriam num prazo de dez dias. O laboratório de histopatologia da Rockefeller analisava e proferia o diagnóstico. Os programas de vacinação eram feitos de acordo com os dados epidemiológicos das regiões, de modo que os médicos faziam um diário de campo que deveria ser remetido para o Rio de Janeiro em duas vias, uma para o laboratório de histopatologia e outra para o SNFA a cada 15 dias.
O Laboratório de Febre Amarela possuía na sua estrutura desde 1939 as seguintes seções: cartografia, laboratório de entomologia, laboratório de histopatologia, laboratório de sorologia e o laboratório de vacina antiamarílica. 2 O laboratório possuía também um serviço de vacinações que foi transferido de Manguinhos para um escritório na rua México até ser desativado em 1943, quando o SNFA criou , no seu edifício central na avenida Pedro II, em são Cristóvão, um posto de vacinação. Até 1946 o Laboratório da Febre Amarela permaneceu sob o controle da Fundação Rockefeller sob a denominação de Serviço de Estudos e Pesquisas sobre Febre Amarela (SEPFA) (BENCHIMOL,2001:216). Quando a Rockefeller se retira do Brasil em janeiro de 1946, a Seção de Vacina do Laboratório passou a fazer parte do Serviço Nacional de Febre Amarela (SNFA), sob o nome de Laboratório de Vacina Antiamarílica, graças às articulações de Waldemar Antunes, então diretor do SNFA e ex-funcionário da Rockefeller, e do Ministro Clemente Mariani, ministro da Educação e Saúde, que consideravam que o laboratório deveria estar vinculado ao Serviço de Vacinação. Em 1949, Henrique Beaurepaire Rohan de Aragão demitiu-se da direção do Instituto Oswaldo Cruz por não aceitar a decisão de submeter os laboratórios ao SNFA. Quando Olympio Oliveira Ribeiro da Fonseca assumiu a direção do IOC, o governo revogou a decisão de passar os Laboratórios para o SNFA e o Laboratório de Vacina Antiamalarílica tornou-se a 2º Seção da Divisão de Vírus do Instituto Oswaldo Cruz em janeiro de 1950. O acervo do Laboratório de Histopatologia de Febre Amarela foi transferido para a Divisão de Patologia do IOC em 1949 e, mais tarde foi incorporado à Coleção de Febre Amarela localizada no Departamento de Patologia (assim denominado a partir de 1970). Em 1952, o laboratório produziu 11 milhões de doses da vacina, uma quantidade, na época, extraordinária para deter uma nova onda de febre amarela silvestre, que se aproximou dos centros urbanos do Sudeste. Durante parte deste período, o laboratório antiamarílico, além de fornecer vacinas ao Serviço de Febre Amarela, manteve em atividade as pesquisas e exames relacionados à doença. A partir de meados dos anos 50, os relatórios do Laboratório de Vacina Antiamarílica deixaram de mencionar as atividades de pesquisa no Pavilhão Rockefeller. A partir de então supomos que as atividades de pesquisa foram absorvidas por outras seções e departamentos do IOC.
Quando houve a separação das pastas da educação e da saúde, o Ministério da Saúde teve seu regulamento aprovado pelo decreto nº 34.595 de 16 de novembro de 1953. Os seguintes órgãos passaram a compor a estrutura do ministério: Conselho Nacional de Saúde, Departamento Nacional de Saúde e Instituto Oswaldo Cruz. Compunham o Departamento Nacional de Saúde, o Serviço de Biometria Médica; o Serviço de Febre Amarela e as Delegacias Federais de Saúde. O Instituto Oswaldo Cruz ficou com a seguinte estrutura: Divisão de Endemias, Divisão de Fisiologia, Divisão de Higiene, Divisão de Microbiologia e Imunologia, Divisão de Patologia, Divisão de Química e Farmacologia e Divisão de Vírus. A Lei nº 2743, de 6 de março de 1956 criou o Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNRu) ao qual competia organizar e executar pesquisas e promover o combate à malária, leishmaniose, doença de Chagas, febre amarela, esquistossomose, peste, brucelose, ancilostomose, filariose, hidatidose, bouba, bócio endêmico, tracoma, e outras endemias existentes no país. Foram incorporados ao Departamento Nacional de Endemias Rurais os Serviços Nacionais de Malária, Peste e Febre Amarela. A Competência de realizar pesquisas e estudos sobre as endemias supracitadas e aperfeiçoar os métodos profiláticos destinados a combatê-las, assim como o estabelecimento das normas para inquéritos sobre as referidas doenças e a sua realização ficou a cargo do Instituto Nacional de Endemias Rurais subordinado ao DNRu. Em 1958, o DNRu considerou erradicado o Aedes Aegypti no Brasil e reduziu a equipe da coordenação da febre amarela mantendo apenas os serviços de vacinação e vicerotomia, o de vigilância dos aeroportos, portos marítimos e fluviais e às localidades situadas nas fronteiras. Em 1960 o Laboratório de Vacina Antiamarílica transferiu-se para o Pavilhão Henrique Aragão no campus de manguinhos onde se encontra até hoje. Em 1970, foi criada a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam) através do Decreto n.º 66623 de 22 de maio, resultado da fusão do DNERu e das Campanhas de Erradicação da Varíola e da Malária. Neste mesmo ano, pelo Decreto n.º 66624, a Fundação de Recursos Humanos para a Saúde foi transformada em Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), e o INERu a ela integrado. Pelo Decreto n.º 67049, de 13 de agosto de 1970, o INERu passou a se chamar Instituto de Endemias Rurais, ficando subordinado à direção do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) como órgão autônomo. Compunham a estrutura do Instituto Oswaldo Cruz no novo regimento os departamentos de Microbiologia e Imunobiologia, Zoologia Médica, Patologia e Doenças Tropicais, Química e Terapêutica Experimental eTecnologia. A Coordenação de Órgãos Autônomos, tinha por atribuição a supervisão das atividades dos Institutos de Endemias Rurais, Leprologia, Fernandes Figueira e Evandro Chagas. Foi também instituído como um dos órgãos centrais da Fiocruz em 1970 o Instituto de Produção de Medicamentos – IPROMED – resultado da fusão do Serviço de Produtos Profiláticos do DNRu com o Departamento de Soros e vacinas do Instituto Oswaldo Cruz. A extinção do IPROMED, em 1976, deu origem ao Laboratório de Tecnologia em Produtos Biológicos de Manguinhos (Bio-Manguinhos) e o Laboratório de Tecnologia em Quimioterápicos de Manguinhos (Far-Manguinhos) De acordo com a norma regulamentar n° 05/78, de 15 de outubro de 1978, o Laboratório de Febre Amarela passou a fazer parte da estrutura organizacional de Bio-Manguinhos. A norma operacional n° 02/78, de 1 de novembro de 1978, detalhou a estrutura de Bio-Manguinhos e discriminou as seguintes atribuições do Laboratório de Febre Amarela:
a) assistir e assessorar o Superintendente de Bio-Manguinhos;
b) produzir vacinas contra a Febre Amarela;
c) dirigir, coordenar e controlar a execução das atividades do processo
produtivo de vacinas contra a Febre Amarela;
d) treinar pessoal técnico;
e) elaborar e apresentar relatório de atividades;
f) manter sistemático relacionamento com as unidades da Fiocruz,
visando a integração das unidades.
Cabia ao Laboratório de Desenvolvimento e Controle de Vacinas e Matérias Primas controlar biológica e fisicoquimicamente as vacinas produzidas por Bio- Manguinhos de acordo com legislação pertinente. Por volta de 1983, o laboratório ficou subordinado a Coordenadoria de Desenvolvimento e Produção de Vacinas Virais, depois a Diretoria de Produção II e, a partir de 1987, passou a fazer parte do Departamento de Produção II (DEPRO II). O DEPRO II tinha as seguintes atribuições: procedimentos e processos de planejamento,
produção, análise, desenvolvimento tecnológico, controle, acompanhamento e bom andamento das atividades ligadas as vacinas contra a Febre Amarela, Sarampo e outras atividades dentro de sua área de atuação. O Laboratório de Febre Amarela era composto pelos setores de Produção de Vírus; de Lavagem e Preparo de Materiais e de Preparo de Vacinas. Desenvolvia as seguintes atividades: planejamento, desenvolvimento de processos e procedimentos de produção de células, vírus-semente, insumos, ajustes de concentração de vírus, estocagem de concentrados virais, titulação durante processo, formulação de vacinas, processos de envasamento, liofilização e recravamento de envasados, e outras atividades típicas de sua área de atuação. Ao Setor de Produção de Vírus cabiam as seguintes atribuições: os processos e procedimentos de produção e processamento de células e vírus necessários à produção de concentrados virais, ajuste e padronização de concentração de vírus, formulação, envase, liofilização, recravação e pré-estocagem da vacina. Ao Setor de Lavagem e Preparo de Materiais caberiam a lavagem e preparo de materiais e equipamentos necessários aos processos e procedimentos de vírus vacinal. Ao Setor de Preparo de Vacinas caberia a produção de vacinas contra a Febre Amarela.
Atualmente, segundo a portaria 006/05 de Bio-Manguinhos, o Laboratório de Febre Amarela (LAFAM) encontra-se subordinado ao Departamento de Vacinas Virais, criado em 2002, que, por sua vez está subordinado à Vice-diretoria de Produção. Ao LAFAM pertencem os seguintes setores:
SEOVO - Setor de Ovoscopia;
SELPM - Setor de Lavagem e Preparo de Materiais;
SEPVI - Setor de Produção de Vírus;
SEFAM - Setor de Formulação da Febre Amarela
Hoje, a Fiocruz é responsável por 80% da produção mundial da vacina antiamarílica.

Lauro Pereira Travassos

  • Pessoa
  • 1890-1970

Nasceu em 2 de julho de 1890, em Angra dos Reis (RJ), filho de João de Mattos Travassos e de Laura Pereira Travassos. Formou-se em 1913 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, apresentando a tese Sobre as espécies brazileiras da subfamília Heterakinae. Três anos antes de sua formatura foi nomeado auxiliar acadêmico do Serviço de Profilaxia da Febre Amarela no Rio de Janeiro. Participou de diversas expedições científicas, a primeira das quais em 1912 à cidade de Botucatu (SP), ao lado de Paulo Parreiras Horta, com o objetivo de estudar as epizootias do gado. Em 1915 acompanhou as primeiras demonstrações da Fundação Rockefeller sobre a profilaxia da ancilostomíase em Minas Gerais, e dois anos depois tomou parte da Comissão Científico-Militar enviada à Ilha de Trindade, no litoral fluminense. Em 1918 mereceu elogios de Carlos Chagas por sua cooperação nos trabalhos de assistência hospitalar e socorros domiciliares durante a epidemia de gripe espanhola que grassou na capital federal. Em 1923 foi nomeado médico auxiliar do Serviço de Saneamento e Profilaxia Rural do Rio de Janeiro. Entre 1922 e 1950 realizou expedições ao Pantanal do Mato Grosso, dirigindo comissões do IOC em trabalhos de campo sobre parasitologia. Em 1929, a convite do Instituto de Medicina Tropical de Hamburgo, ingressou em projeto de intercâmbio intelectual com pesquisadores brasileiros. Suas atividades docentes tiveram início no ano de 1913, quando passou a lecionar no Curso de Aplicação do IOC. Em 1915 tornou-se livre-docente da cátedra de história natural e parasitologia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. De 1926 a 1928 ministrou aulas de parasitologia na Faculdade de Medicina de São Paulo, de cujo corpo docente tornara-se conhecido por seus trabalhos científicos e pela participação em congressos médicos e de higiene. Em 1930 prestou concurso para as áreas de parasitologia e zoologia médica da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, sendo nomeado em seguida. Foi também professor de zoologia da Escola de Ciências da Universidade do Distrito Federal, entre 1935 e 1937. Nesse último ano, em função da lei que impedia a acumulação de empregos públicos, renunciou à carreira no magistério e passou a se dedicar exclusivamente ao IOC, onde exerceu as funções de chefe da Divisão de Zoologia Médica e de professor de helmintologia nos cursos oferecidos pela instituição. Por sua trajetória profissional recebeu os prêmios Desportes, da Academia de Medicina de Paris, em 1944, e Alfred Jurzykowski, da Academia Nacional de Medicina, em 1968, como também a Ordem do Mérito Médico, na classe de comendador, concedida pelo Ministério da Saúde, em 1964. Fundou a Sociedade de Biologia do Rio de Janeiro e foi presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Morreu em 20 de março de 1970, no Rio de Janeiro.

Alfredo Jorge Guimarães Ferreira

  • Pessoa
  • 1913-2007

Nasceu em 26 de outubro de 1913, na cidade de Paris, França, filho de Alfredo Augusto Vaz Ferreira e Ambrosina Guimarães Ferreira. Em 1937 formou-se em arquitetura pela Escola Nacional de Belas Artes da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro, e integrou a equipe liderada pelo arquiteto Atílio Corrêa Lima que venceu o concurso nacional de projetos para a construção da Estação de Hidroaviões do Rio de Janeiro, atual sede do Clube da Aeronáutica. Entre 1942 e 1950 chefiou a Divisão de Obras do Ministério da Educação e Saúde. Projetou a Hospedaria e Estação de Controle de Imigração, na Ilha das Flores (RJ) em 1945, e dois anos depois, o Pavilhão Arthur Neiva do IOC com a colaboração de Roberto Burle Marx. Ainda em 1947 atuou como professor de arquitetura hospitalar de cursos de Administração Hospitalar organizado pela Divisão de Organização Hospitalar do Ministério da Educação e Saúde. Em 1948 projetou o dormitório do internato do Colégio Pedro II, situado no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, e o restaurante dos funcionários do IOC. Em 1949 participou do concurso nacional de projetos para construção do Estádio do Maracanã integrando a equipe composta por Thomaz Estrella, Renato Mesquita dos Santos e Renato Soeiro. No ano seguinte projetou a escola profissionalizante em Teresina (PI) e também foi responsável pelos projetos dos prédios das escolas técnicas de Manaus (AM) e Fortaleza (CE). De 1951 a 1970 atuou como consultor da Universidade Federal do Paraná e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em 1954 projetou a casa modernista de Stanislav Kozlowski no bairro do Leblon e três anos depois a sede do Instituto Nacional do Câncer, situado na Praça da Cruz Vermelha, região central do Rio de Janeiro. Colaborou no projeto de reforma do restaurante da Fiocruz em 1995, mesmo estando aposentado como funcionário público desde 1970. Morreu em 2007, na cidade de Teresópolis (RJ).

Instituto Nacional de Endemias Rurais (INERu)

  • Entidade coletiva
  • 1956-1970

O Instituto Nacional de Endemias Rurais (INERu) originou-se da lei n. 2.743, de 6 de março de 1956, que criou o Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERu) no Ministério da Saúde. Sua estrutura organizacional era constituída pelo Núcleo Central de Pesquisas da Guanabara, Centro de Pesquisa René Rachou (MG), Núcleo de Pesquisas da Bahia e Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (PE). Aos centros e núcleos, por seus laboratórios, competia: realizar estudos e pesquisas sobre o conhecimento de malária, leishmaniose, doença de Chagas, peste, brucelose, febre amarela, esquistossomose, filariose e outras endemias brasileiras, investigando a natureza e o comportamento de seus agentes etiológicos, vetores e hospedeiros, assim como os fatores e modos de transmissão; atuar no aperfeiçoamento das medidas de combate às endemias; participar, com a Divisão de Profilaxia do DNERu, dos inquéritos destinados a determinar o grau de prevalência e de morbidade das referidas doenças e a avaliar os métodos profiláticos empregados, como também estabelecer as normas observadas nesses inquéritos; promover a celebração de convênios, acordos, contratos e ajustes com outros órgãos de pesquisas, governamentais ou não. Durante a década de 1960 o INERu instituiu programas de trabalho visando à intensificação do controle e combate às endemias rurais, tais como: Plano Piloto para Experimentação e Avaliação da Metodologia no Controle da Esquistossomose, Investigações e Estudos sobre Doença de Chagas, Pesquisas sobre Leishmanioses e Projeto Piloto para Pesquisas Aplicadas ao Combate à Peste no Brasil. Em 1970, pelo decreto n. 66.623, de 22 de maio, foi criada a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública, resultado da fusão do DNERu com as Campanhas de Erradicação da Varíola e da Malária. Nessa mesma data, pelo decreto n. 66.624, a Fundação de Recursos Humanos para a Saúde foi transformada em Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o INERu a ela integrado. Pelo decreto n. 67.049, de 13 de agosto de 1970, o INERu passou a denominar-se Instituto de Endemias Rurais, ficando subordinado à direção do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) como órgão autônomo. No primeiro semestre de 1976 foi aprovado pelo ministro da Saúde o Plano de Reorientação Programática da Fiocruz, que integrou as atividades e definiu os objetivos até então dispersos na área de pesquisa. Dessa forma, o INERu foi incorporado à estrutura do IOC, e seus centros e núcleos regionais foram transformados nestas unidades: Centro de Pesquisa René Rachou, Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães e Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz.

Maria José von Paumgartten Deane

  • Pessoa
  • 1916-1995

Nasceu em 24 de julho de 1916, na cidade de Belém (PA), filha de Segismundo von Paumgartten e Adelaide Rodrigues von Paumgartten. Em Belém estudou no Colégio Paumgartten (1921-1925), no Ginásio Paes de Carvalho (1926-1931), tradicional estabelecimento público de ensino secundário da cidade, e na Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará (1932-1937). Durante o curso médico atuou como assistente da Comissão Encarregada dos Estudos da Leishmaniose Visceral Americana e, posteriormente, do Serviço de Estudos das Grandes Endemias, ambas as iniciativas sob o comando de Evandro Chagas, que realizava pesquisas sobre endemias rurais no interior paraense. Em 1939 transferiu-se para o Serviço de Malária do Nordeste e fez parte da vitoriosa campanha contra o mosquito Anopheles gambiae no Ceará e Rio Grande do Norte. No ano seguinte casou-se com Leônidas de Mello Deane, de quem se tornou parceira em importantes estudos sobre parasitologia e entomologia médica. Em 1942 assumiu a função de assistente do Departamento de Parasitologia do Serviço Especial de Saúde Pública, sediado em Belém, e três anos depois foi indicada para comandar a Seção de Parasitologia do Laboratório Central da instituição. De 1944 a 1945 realizou o mestrado em saúde pública na Escola de Higiene e Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, Estados Unidos. Em 1953, juntamente com o marido, ingressou no Departamento de Parasitologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. De 1958 a 1959 chefiou o Laboratório de Entomologia da Campanha de Erradicação da Malária do Ministério da Saúde. Em 1961 foi para o Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, anexo à Faculdade de Medicina paulista. A partir de 1969 esteve na Faculdade de Medicina de Taubaté e na Universidade Federal de Minas Gerais, de 1971 a 1973. Em 1975, devido a questões políticas, profissionais e familiar decorrentes do pós-1964 no Brasil, Maria e o marido exilaram-se voluntariamente em Portugal e na Venezuela. Nesses países trabalharam no Instituto de Higiene e Medicina Tropical de Lisboa (1975-1976) e na Universidade de Carabobo (1976-1979). Em 1980, também com Leônidas Deane, transferiu-se para o IOC, onde inicialmente atuou como chefe pro tempore do Centro de Microscopia Eletrônica. Em seguida exerceu as funções de chefe do Departamento de Protozoologia (1980-1988), vice-diretora (1986-1988) e chefe do Laboratório de Biologia de Tripanossomas (1992-1995). Morreu em 13 de agosto de 1995, no Rio de Janeiro.

Luiz Marino Bechelli

  • Pessoa
  • 1912-2004

Nasceu em 25 de março de 1912, em Piramboia (SP). Descendente de imigrantes italianos, teve forte influência familiar no gosto pela arte europeia, principalmente a italiana. Sempre gostou de praticar esportes, especialmente tênis e basquete. Após concluir o ensino médio, no colégio Anglo Latino, em São Paulo, iniciou a graduação no curso de Medicina em 1928, na Faculdade de Medicina de São Paulo, hoje pertencente à USP. Em 1933, no término da graduação, trabalhou no Posto de Sífilis Arnaldo Vieira de Carvalho, o que lhe despertou o interesse pela área da dermatologia. Em 1934, estagiou no Leprosário Cocais, em Casa Branca, São Paulo, e optou definitivamente pela atuação na área da hanseníase. Entre 1940 e 1942 foi médico-chefe da Inspetoria Regional de Araraquara, São Paulo. Em 1945 ganhou uma bolsa para estudar Dermatologia na Columbia University, em Nova York, nos Estados Unidos, e no ano seguinte esteve em Cleveland para estudar Epidemiologia de Moléstias Infecciosas e Bioestatística, na Case Western Reserve University. Ao retornar dos Estados Unidos foi contratado pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, ao mesmo tempo em que atuava no Departamento de Profilaxia da Lepra (DPL). Em 1957 transferiu-se para Ribeirão Preto a convite do professor Zeferino Vaz para lecionar dermatologia na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto; além disso, assumiu, em agosto de 1957 a responsabilidade por organizar e desenvolver o Departamento de Dermatologia daquela faculdade. Assim, entre 1957 e 1960 atuou como professor e diretor da USP de Ribeirão Preto. O dr. Bechelli foi um dos fundadores da Sociedade Paulista de Leprologia e participou de iniciativas importantes e inovadoras no combate à hanseníase, como, por exemplo, a introdução da Sulfona no tratamento da doença. Juntamente com Abraão Rotberg, Nelson de Souza Campos e Flavio Maurano, disputou os concursos de monografia promovidos pelo Serviço Nacional de Lepra (SNL) em 1942 e 1943. Recebeu prêmios e homenagens pelo seu Tratado de Leprologia obra clássica no campo da Hansenologia que, em conjunto com outras publicações do SNL, foram importantes para subsidiar os estudos na área. De 1959 até 1993 esteve na Organização Mundial de Saúde, como especialista em leprologia, atuando em projetos importantes como a experimentação da vacina BCG na África, e chegou a chefiar o Programa Mundial de Controle da Lepra. Aposentou-se definitivamente em 1996, mas continuou escrevendo e publicando trabalhos para congressos ligados à hanseníase. Faleceu em 16 de agosto de 2004, em Ribeirão Preto, São Paulo.

Ernani Agricola

  • Pessoa
  • 1887-1978

Nasceu em 9 de agosto de 1887, na cidade de Palma (MG), filho de Antonio Agricola dos Passos e Lyra Agricola dos Passos. Obteve os diplomas de cirurgião dentista pela Escola Livre de Odontologia de Belo Horizonte (1912) e o de médico pela Faculdade de Medicina de Belo Horizonte (1919), onde apresentou a tese Da punção ganglionar no mal de Hansen. Em seguida foi designado por Samuel Libânio, diretor de Higiene de Minas Gerais, para atuar em comissões com o objetivo de debelar surtos de febre tifoide, varíola e malária no estado. De 1920 a 1928 esteve no Serviço de Saneamento Rural de Minas Gerais. Durante esse período chefiou postos de saneamento rural e higiene nos municípios de Martinho Campos, Bom Despacho e Queluz. Em 1925 fez o Curso de Malária promovido pela Fundação Rockefeller e o Departamento Nacional de Saúde Pública em Salvador (BA), bem como foi nomeado para organizar os postos de Higiene da Saúde Pública baiana. Entre 1926 e 1927 atuou como diretor estadual da Fundação Rockefeller em Minas Gerais. Nesse estado também exerceu as funções de inspetor dos centros de Saúde e Profilaxia da Diretoria de Saúde Pública e chefe do Centro de Saúde de Belo Horizonte (1928-1930), diretor de Saúde Pública (1931-1933) e chefe do Centro de Estudos e Profilaxia da Malária (1934). Além disso, foi diretor dos Serviços Sanitários nos Estados (1934-1937), quando participou da elaboração do Plano Nacional de Combate à Lepra, em 1935, junto a João de Barros Barreto e Joaquim Motta, diretor da Divisão de Saúde Pública (1938-1941), diretor do Serviço Nacional de Lepra (1941-1954), membro da comissão criada pelo Ministério da Educação e Saúde para elaborar o anteprojeto do Código de Saúde (1945) e membro do Conselho Nacional de Saúde (1954-1978), do qual se tornou vice-presidente a partir de 1971. Integrou a The American Public Health Association (1926), a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro (1933), a Asociación Argentina de Dermatología y Sifilología (1946), a Sociedade Mineira de Leprologia (1947), a Academia Española de Dermatología y Sifiliografía (1947), a Associação Brasileira de Leprologia (1948), a Sociedade Brasileira de Higiene (1949), a Sociedade Paulista de Leprologia (1949), a Sociedad de Dermatología, Sifilología y Leprología del Paraguay (1951), a Associação Médica de Goiás (1951), a Sociedad Cubana de Leprología (1955), a Royal Society of Health (1957), a Academia Mineira de Medicina (1973) e a Academia Nacional de Medicina (1973), entre outras associações médico-científicas dentro e fora do Brasil. Por sua atuação na área da saúde, principalmente no combate à hanseníase, recebeu diversas honrarias, como a Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém, na classe de grande oficial de mérito (1956), a medalha da Ordem de Damião, o Apóstolo dos Leprosos (1958), a Ordem do Mérito Médico, na classe de comendador (1959), a medalha do Saneador do Rio de Janeiro (1972), a Ordem de Rio Branco, na classe de oficial (1977) e a medalha da Inconfidência (1978). Morreu em 14 de julho de 1978, no Rio de Janeiro.

Edmar Morel

  • Pessoa
  • 1912-1989
Exibindo 181-210 de 9386 resultados