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registro de autoridade
Pessoa Povos indígenas

Noel Nutels

  • Pessoa
  • 1913-1973

Nasceu na cidade de Ananiev, atualmente território da Ucrânia, em 24 de abril de 1913, filho de Salomão e Bertha Nutels. Na década de 1920, sua família mudou-se para Pernambuco e, pouco depois, para o interior de Alagoas (São José da Laje), onde o futuro médico concluiu o ensino básico. Retornando para Pernambuco, em Garanhuns, concluiu sua formação escolar em um colégio católico. Em 1936, formou-se em Medicina na cidade de Recife, onde especializou-se em tuberculose, uma das doenças mais mortíferas daquele tempo. Na capital pernambucana, esteve em contato com pessoas de diferentes formações, o que certamente influenciou sua visão de mundo. Nesta época, sua mãe criou na capital pernambucana a Pensão da Dona Bertha, ponto de encontro de intelectuais, onde Nutels conviveu com figuras importantes. Entre os nomes que conheceu estavam os escritores Ariano Suassuna e Rubem Braga e os compositores Fernando Lobo e Capiba. Seguindo o sonho de trabalhar com saúde pública, chegou ao Rio de Janeiro, então capital do Brasil. No entanto, para ingressar no serviço público precisava naturalizar-se brasileiro. O processo demorou alguns anos. Neste período, trabalhou em diferentes empregos e passou por problemas financeiros. Em meio a década de 1940, ingressou na Fundação Brasil Central (FBC), criada pelo governo Getúlio Vargas para desbravar as regiões do Alto Xingu e Alto Araguaia. Este movimento integrou a Marcha para o Oeste. Por meio da Fundação participou de expedições com o Marechal Cândido Rondon e os irmãos Cláudio, Leonardo e Orlando Villas-Boas. A partir dessas experiências, tornou-se defensor do patrimônio cultural das populações indígenas. Para ele, esses grupos viviam em harmonia com a natureza. No plano acadêmico, sua produção lhe rendeu reconhecimento dos pares, dezenas de artigos publicados, participação em diversos congressos sobre tuberculose e saúde pública. Trabalhou no Serviço de Proteção aos Índios e em diversas universidades nacionais e estrangeiras. Toda sua produção profissional reflete uma preocupação com os indígenas, especialmente no combate à tuberculose. Uma das viagens ao interior do país, a Expedição Roncador-Xingu deu origem ao Parque Indígena do Xingu, iniciativa que viria a ser oficializada em 1961. Alguns anos depois da expedição ele ingressaria no Serviço Nacional de Tuberculose (SNT), do Ministério da Saúde, serviço médico que levava atendimento aos povos indígenas e populações isoladas no interior do país. Baseado nessa experiência, ele idealizou e dirigiu dentro do Ministério da Saúde, o Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas (SUSA), que foi responsável por fazer inquéritos cadastrais, testes de tuberculose, vacinas, procedimentos odontológicos e programas de conscientização sobre saúde para as populações isoladas no interior do Brasil, inclusive na selva amazônica. Entre 1963 e 1964, ele ainda acumulou a direção do Serviço de Proteção do Índio. Foi o responsável por elaborar uma campanha de defesa do índio brasileiro contra a tuberculose e um cadastro tuberculínico na área indígena. Morreu em 10 de fevereiro de 1973, no Rio de Janeiro.