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registro de autoridade

Hortênsia Hurpia de Hollanda

  • Pessoa
  • 1917-2011

Nasceu em 26 de maio de 1917, em Corumbá (MS), filha de Horácio Hurpia Filho e Olívia Bacchi Hurpia. Em 1941 iniciou o Curso de Língua e Literatura Anglo-germânicas na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, que somente foi concluído em 1943 no Centro de Cultura Inglesa em Assunção, Paraguai. De 1942 a 1947 foi professora contratada pelo Ministério das Relações Exteriores para integrar a equipe de ensino e intercâmbio cultural nesse país, onde lecionou português e noções de puericultura e higiene em escolas da rede oficial. Em 1950 graduou-se em nutrição pela Universidade do Brasil e, dois anos depois, recebeu o diploma de especialista em educação sanitária pela Faculdade de Biologia e Ciências Médicas da Universidade do Chile. Em 1954 obteve o título de Mestre em Saúde Pública e Educação pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, Estados Unidos. De 1949 a 1955 foi assistente técnica da Divisão de Educação Sanitária do Serviço Especial de Saúde Pública e orientadora de trabalhos de educação sanitária na Campanha de Combate à Esquistossomose do Serviço Nacional de Malária. A partir de 1956 atuou no Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERu), onde inicialmente chefiou a Seção de Educação Sanitária. Na época coordenou em Mandacaru e Varjão, bairros de João Pessoa (PB), ação pioneira que envolveu as populações locais na discussão de projetos de melhoria das condições ambientais relacionadas com a existência da esquistossomose. Em 1958, como bolsista da Organização Mundial da Saúde (OMS), realizou estudos em áreas de esquistossomose e malária na Itália, Sudão, Uganda, Tanzânia e Egito. Em 1960 estudou planejamento e avaliação de material educativo para a saúde em Washington, Atlanta, Chicago e Nova York. Em 1963 foi contratada como consultora de educação em saúde pela Comissão do Pacífico Sul. Nessa função atuou em países e territórios da Melanésia, Polinésia e Micronésia, como Tonga, Papua Nova-Guiné, Nova Caledônia, Taiti e Ilhas Salomão, e teve destacada participação em reuniões técnicas internacionais sobre controle da malária, combate à tuberculose, urbanização e saúde mental em sociedades tradicionais e organização de serviços de saúde em áreas subdesenvolvidas. De volta ao Brasil em 1968, exerceu as funções de assessora técnica do diretor do Instituto Nacional de Endemias Rurais e, entre 1969 e 1970, de assistente técnica da diretoria do DNERu. De 1968 a 1969 também prestou consultorias para a OMS no México, Costa Rica, Honduras, Guatemala, Paraguai e Argentina. Entre 1970 e 1977 foi assessora e diretora da Divisão Nacional de Educação Sanitária do Ministério da Saúde, assim como assessora junto às secretarias estaduais de saúde do Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Bahia e Rio Grande do Sul. Ainda na década de 1970 desenvolveu pesquisas referentes aos problemas de vida, saúde e trabalho em Capim Branco (MG), região endêmica de esquistossomose, e à produção de materiais audiovisuais com a participação dos moradores de Serra Pelada (ES). Aposentou-se em 1987, mas continuou assessorando diversos estados brasileiros nas áreas de educação e saúde pública. Morreu em 5 de maio de 2011, em Votuporanga (SP).

Hildebrando Monteiro Marinho

  • Pessoa
  • 1917-2007

Nasceu em 2 de novembro de 1917, no Rio de Janeiro, filho de Manuel Faustino Vieira Marinho e Ambrozina Monteiro Marinho. Formou-se em 1941 pela Escola de Medicina e Cirurgia do Instituto Hahnemanniano do Brasil, atual Escola de Medicina e Cirurgia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Durante os primeiros anos da graduação frequentou os serviços dos professores Eduardo Rabelo e Motta Maia. Em seguida atuou no Serviço de Clínica Médica do Hospital Miguel Couto, chefiado pelo professor Lourenço Jorge, primeiro como estagiário e, posteriormente, já concursado, como auxiliar acadêmico. Manteve-se neste serviço até o ano de 1945, quando teve início sua atuação profissional. Na qualidade de assistente do professor Luiz Amadeu Capriglione - 5ª cadeira de Clínica Médica, estruturou e desenvolveu a primeira unidade de hematologia da Faculdade Nacional de Medicina (FNM) da Universidade do Brasil, período considerado o mais importante de sua formação profissional, quando se definiu pela hematologia e chefiou, de 1945 a 1954, a Seção de Hematologia da 5ª cadeira, localizada no Hospital Moncorvo Filho. Em 1955, após a morte de Luiz Capriglione, foi incorporado à 3ª cadeira de Clínica Médica da FNM, sob a chefia do professor Luiz Feijó, continuando na direção da Seção de Hematologia até 1958. Nesse ano implantou o Serviço de Hematologia Clínica do Instituto Estadual de Hematologia Arthur Siqueira Cavalcanti, com sede no Hospital Pedro Ernesto. Foi colaborador também da 2ª cadeira de Clínica Médica da FNM, liderada pelo professor Carlos Cruz Lima onde, na condição de pesquisador, procurou estruturar o Centro de Pesquisas Hematológicas da instituição (1964-1967). Em 1969, durante sua gestão como secretário de Saúde do estado da Guanabara (1966-1971), o Serviço de Hematologia foi incorporado à estrutura organizacional do Instituto de Hematologia, que passou a contar com uma nova sede, unindo as áreas de hemoterapia e hematologia clínica que estavam separadas. Por três vezes assumiu a direção do instituto e a chefia do serviço (1959-1983). Ainda na área da saúde estadual exerceu as funções de diretor do Departamento de Assistência Hospitalar (1960-1961), presidente do Conselho Técnico de Saúde (1966-1971) e diretor-presidente da Superintendência de Serviços Médicos (1966-1971). Em 1983 se afastou da instituição para comandar o Serviço de Hematologia - 3ª Enfermaria do Hospital Geral da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, onde continuou exercendo suas atividades de pesquisa e ensino. Atuou também como professor e dirigente da Universidade Gama Filho (1969-1993), Fundação Educacional Souza Marques (1975-1981) e Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1975-1988). Foi membro da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro (1944), da Sociedade Internacional de Hematologia (1948), da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (1950), da Sociedade Internacional de Medicina Interna (1964), do Colégio Brasileiro de Hematologia (1965) e da Academia Nacional de Medicina (1969), entre outras. Em 1971 recebeu o título de benemérito da Assembleia Legislativa do Estado da Guanabara por suas contribuições ao ensino, pesquisa e gestão na área da saúde pública. Morreu em 2 de setembro de 2007, no Rio de Janeiro.

Gustavo Kohler Riedel

  • Pessoa
  • 1887-1934

Nasceu em 14 de agosto de 1887, em Porto Alegre (RS), filho de Henrique Riedel e Hermínia Kohler. Em 1906 iniciou sua graduação na Faculdade de Medicina de Porto Alegre, que foi concluída em 1908 na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro com a apresentação da tese Novas contribuições à patogenia da epilepsia. Em 1907 conquistou o primeiro lugar em concurso para interno na Assistência a Psicopatas. Três anos depois fez concurso para alienista, alcançando voto de louvor. Em 1911 foi nomeado livre-docente da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e diretor interino do Laboratório de Anatomia Patológica do Hospício Nacional de Alienados. Ainda nesse mesmo ano foi promovido a psiquiatra. Em 1918 foi eleito diretor da Colônia de Alienadas do Engenho de Dentro, onde criou o Ambulatório Rivadávia Corrêa com o objetivo de desenvolver ações preventivas em psiquiatria e outras especialidades médicas. Em 1931 assumiu a direção da Assistência Hospitalar do Distrito Federal, e no ano seguinte foi eleito diretor da Assistência a Psicopatas, local onde se aposentou em 1934. Criou a Liga Brasileira de Higiene Mental, da qual foi seu primeiro presidente, de 1923 a 1925. Representou o Brasil em eventos internacionais, como o IV Congresso Médico Latino-Americano (1909), o Centenário de Louis Pasteur (1923), o Congresso Internacional de Higiene Social e Educação Profilática (1923) e o Congresso Internacional de Higiene Mental (1930). Integrou a Academia Nacional de Medicina, onde ocupou a cadeira que pertencerá a Oswaldo Cruz, a Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal e a Associação Real Médico-Pisicológica de Londres. Foi casado com Edith Hasch Riedel, com quem teve dois filhos, Lia e Léo. Morreu em 16 de maio de 1934, no Rio de Janeiro.

Frederico Adolfo Simões Barbosa

  • Pessoa
  • 1916-2004

Nasceu em 27 de julho de 1916, no Recife (PE), filho de Fernando Simões Barbosa e Maria Simões Barbosa. Formou-se em 1938 pela Faculdade de Medicina do Recife. Desde o início da carreira engajou-se tanto na vida acadêmica – onde foi docente das cadeiras de microbiologia, parasitologia, zoologia e medicina preventiva na Universidade do Recife, na Universidade Federal de Pernambuco e na Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco –, quanto no desenvolvimento de pesquisas e políticas voltadas para as condições de saúde de sua região ao longo das décadas de 1940 e 1950. O foco de suas investigações foi a esquistossomose, cujos fatores de desenvolvimento foram seu objeto de estudo. Em 1952 formou-se em história natural pela Faculdade Católica de Pernambuco. Participou da fundação do Instituto Aggeu Magalhães em Pernambuco, atual Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM), que dirigiu por dois períodos (1950-1961 e 1964-1969). Entre as décadas de 1950 e 1970 construiu uma significativa carreira de consultor e perito junto à Organização Mundial da Saúde (OMS), à Organização Pan-Americana da Saúde e à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Entretanto, mantinha intercâmbios internacionais desde a década de 1940, quando realizou o mestrado na Faculdade de Higiene e Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins e outros cursos nos Estados Unidos. Na passagem pela OMS atuou como parasitologista responsável pela avaliação do uso de moluscicidas no combate à esquistossomose em regiões africanas. Participou de pesquisa em Gana refutando relatórios anteriores da instituição que aprovaram o uso de tais produtos no mais importante lago do país. Após retornar ao Brasil, foi coordenador do Programa Internacional Brasil, Egito e Hungria de pesquisa sobre recursos humanos e atenção primária à saúde (1972-1975) e iniciou sua trajetória na Universidade de Brasília. Na Faculdade de Ciências da Saúde, como professor de medicina comunitária (1972-1981) e como diretor (1975-1976), desenvolveu programa de integração docente-assistencial junto às comunidades carentes do Distrito Federal. Esse trabalho pioneiro contribuiu para a formação de recursos humanos em saúde, combinando conceitos das ciências sociais e das ciências médicas para desenvolver nos estudantes pensamento crítico sobre os determinantes da doença e seu componente político/social. Integrou o grupo que participou da fundação da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, da qual foi o primeiro presidente (1979-1981). Na passagem pela Universidade Federal de São Carlos e pela Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação e Cultura (1980-1984) deu continuidade aos estudos realizados em Brasília. Em 1983 ingressou na Escola Nacional de Saúde Pública como professor de epidemiologia. Foi diretor da instituição de 1985 a 1989 e desempenhou papel central na criação do Núcleo de Doenças Endêmicas Samuel Pessoa, transformado em departamento em 1993, que abriu espaço interdisciplinar para as pesquisas sobre os fatores e as estratégias de controle social do processo saúde-doença, em sua dimensão coletiva. Após sua aposentadoria, retornou ao CPqAM e deu continuidade aos estudos que o acompanharam ao longo de sua carreira: epidemiologia e estratégias de controle da esquistossomose. Morreu em 8 de março de 2004, no Recife.

Francisco da Silva Laranja Filho

  • Pessoa
  • 1916-1989

Nasceu em 28 de setembro de 1916, em São Borja (RS). Em 1935 iniciou sua graduação na Faculdade de Medicina de Porto Alegre, que foi concluída em 1940 na Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil. Ainda como estudante atuou na função de eletrocardiografista, auxiliando o professor Edgard Magalhães Gomes, da Santa Casa de Misericórdia, nas perícias médicas que avaliavam a capacidade de trabalho dos operários. Em 1938 foi aprovado em concurso público para a vaga de auxiliar administrativo no Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI), e passou no ano seguinte à função de médico auxiliar. Recém-formado, ocupou o cargo de chefe da eletrografia da Santa Casa, serviço criado por Magalhães Gomes, único lugar na época onde as cardiopatias eram tratadas. Em 1942 foi aprovado em outro concurso público do IAPI e ingressou como médico cardiologista. Dois anos depois recebeu o convite de Emmanuel Dias para integrar a equipe de pesquisadores do IOC que se dedicava às pesquisas clínicas em doença de Chagas realizadas no posto de Bambuí (MG). Em 1948 concluiu os estudos de caracterização da cardiopatia chagásica crônica. Em 1953, com a criação do Ministério da Saúde, tornou-se diretor do IOC, em substituição a Olympio da Fonseca Filho. Após o suicídio do presidente Getúlio Vargas em 1954, apresentou seu pedido de demissão para o presidente Café Filho. Deixou a diretoria do IOC em fevereiro do ano seguinte e retomou as pesquisas sobre a doença de Chagas. Em 1956 publicou um artigo científico no periódico Circulation, da Associação Americana de Cardiologia, divulgando as investigações realizadas sobre cardiopatia chagásica em Bambuí. Um ano depois assumiu a direção do Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência, cargo em que ficou até o final do governo de Juscelino Kubitschek, a pedido de João Goulart, seu amigo. Em 1964 voltou a atuar no IAPI como médico cardiologista. Em 1971 foi aprovado em concurso público para professor titular de cardiologia da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília, mas não foi admitido, pois seu nome fazia parte de uma lista de pessoas que o governo militar afastou de qualquer cargo público de importância. Em 1977 foi convidado pela Fiocruz para desenvolver pesquisas em terapêutica da doença de Chagas, lotado no Departamento de Ciências Biológicas da Escola Nacional de Saúde Pública. Morreu em 7 de setembro de 1989, no Rio de Janeiro.

Miguel Ozório de Almeida

  • Pessoa
  • 1890-1953

Nasceu em 1 de agosto de 1890, no Rio de Janeiro, filho de Gabriel Ozório de Almeida e Carlota Cardoso Ozório de Almeida. Graduou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1911, quando defendeu a tese São os reflexos tendinosos de origem cérebro-espinhal?. Nessa instituição foi interno da cadeira de clínica médica regida por Miguel Couto (1911), preparador interino de fisiologia (1911-1912) e livre-docente de fisiologia (1912), higiene (1915) e física-biológica (1916). Iniciou suas pesquisas científicas com o irmão Álvaro Ozório de Almeida no laboratório de fisiologia por este instalado no porão da casa de seus pais, no bairro do Flamengo, que logo se transformou em um local de reuniões, consultas e estudos para pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Entre 1913 e 1917 atuou como subcomissário de Higiene e Assistência Pública no Rio de Janeiro. Na Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária foi professor de fisiologia (1917-1934), membro fundador da comissão de redação do periódico Archivos da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária (1917) e diretor interino (1924). Em 1919 ingressou no Instituto Oswaldo Cruz, onde atuou como assistente (1919-1921), chefe do Laboratório de Fisiologia (1927-1942), chefe de serviço (1938-1942) e chefe da Divisão de Fisiologia (1942-1953). Ocupou também os cargos de diretor do Instituto de Biologia Animal (1933-1934), de diretor-geral da Diretoria Nacional de Saúde e Assistência Médico-Social (1934-1935) e de reitor da Universidade do Distrito Federal (1935-1936). Integrou a Comissão Brasileira de Cooperação Intelectual, a Comissão Internacional de Cooperação Intelectual da Liga das Nações e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Foi membro e dirigente da Academia Brasileira de Ciências, da Academia Nacional de Medicina, da Academia Brasileira de Letras, da Société de Biologie de Paris, da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, da Sociedade de Biologia do Brasil e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, entre outras dentro e fora do Brasil. Morreu em 2 de dezembro de 1953, no Rio de Janeiro.

Evandro Serafim Lobo Chagas

  • Pessoa
  • 1905-1940

Nasceu em 10 de agosto de 1905, no Rio de Janeiro, filho de Carlos Ribeiro Justiniano Chagas e Íris Lobo Chagas. Realizou os estudos primários no Colégio Rezende e os secundários no Colégio Pedro II. Sendo seu pai diretor do Instituto IOC, teve a infância e a juventude marcadas pela convivência estreita com os principais cientistas e intelectuais brasileiros e estrangeiros da época. Em 1921 ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro e optou por realizar seu internato no Hospital Oswaldo Cruz (HOC), que posteriormente levaria seu nome, e no Hospital São Francisco de Assis, sob a orientação de Carlos Chagas e Eurico Villela, com quem aprofundou seus estudos de cardiologia. No HOC, ainda estudante, foi responsável pelo Serviço de Radiologia e Eletrocardiografia. Ao se formar em 1926 assumiu a chefia do Serviço e de uma enfermaria do HOC. Como conhecedor de radiologia e eletrocardiografia, exerceu a clínica especializada no Rio de Janeiro, onde foi um dos primeiros a fazer o exame complementar eletrocardiográfico. Em 1930 tornou-se livre-docente da cátedra de medicina tropical da Faculdade de Medicina, que era ocupada por seu pai, apresentando tese intitulada Forma cardíaca da tripanossomíase americana. Nesse ano assumiu a chefia de laboratório da Seção de Patologia Humana do HOC. Em 1936 chefiou a Comissão Encarregada dos Estudos da Leishmaniose Visceral Americana (CEELVA), organizada pelo IOC com o objetivo de investigar a doença, cuja nosologia era praticamente desconhecida na América do Sul. Após algumas excursões pelas regiões Norte e Nordeste, descobriu o primeiro caso humano da leishmaniose visceral americana, cabendo à sua equipe a descrição da doença, identificada como autóctone. Ainda em 1936 obteve o apoio do governo do Pará para a criação do Instituto de Patologia Experimental do Norte, com sede em Belém, atual Instituto Evandro Chagas, e foi designado pelo IOC para orientar as suas atividades técnicas e científicas. O instituto tinha como missão estudar os problemas médico-sanitários da região, orientando sua profilaxia e assistência. O alargamento das atividades da CEELVA levou à formação do Serviço de Estudos das Grandes Endemias (SEGE), em 1937, para o qual foi nomeado superintendente. A criação do SEGE correspondeu à necessidade de estender ao interior as atividades do IOC e esclarecer os principais problemas de patologia regional do país. Foram realizadas pesquisas sobre leishmaniose visceral e tegumentar, malária, doença de Chagas, esquistossomose, filariose e bouba. Em 1938 instalou um laboratório em Recife (PE) voltado para o estudo da esquistossomose, cujos trabalhos ficaram a cargo da Comissão de Estudos de Patologia Experimental do Nordeste. Ainda nesse ano instalou um posto de pesquisas em Russas (CE), o qual contribuiu com a campanha de erradicação do vetor da epidemia de malária ocorrida na região, o mosquito Anopheles gambiae, em ação conjunta com o Serviço de Malária do Nordeste e a Fundação Rockefeller. Em 1940, com a cooperação da Delegacia Federal de Saúde da 2ª Região, realizou o levantamento epidemiológico da malária no vale do Amazonas, sobre o qual se apoiaria a campanha federal de saneamento. Morreu em 8 de novembro de 1940, no Rio de Janeiro.

Estácio de Figueiredo Monteiro

  • Pessoa
  • 1915-1994

Nasceu em 11 de abril de 1915, na cidade do Rio de Janeiro, filho de Mario Monteiro e Edith de Figueiredo Monteiro. Em 1937 graduou-se pela Faculdade Fluminense de Medicina, atual Universidade Federal Fluminense, bem como concluiu o Curso de Aplicação do IOC e tornou-se tenente médico da Aeronáutica. Ainda em 1937 iniciou sua trajetória profissional no IOC, onde atuou como estagiário na Seção de Vírus sob a orientação de José Guilherme Lacôrte, assistente técnico, pesquisador, professor, médico, editor das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz e membro da Comissão de Redação das Publicações do instituto. Além disso, exerceu as funções de chefe da Seção de Nutrição da Divisão de Higiene (1956-1962), superintendente dos Serviços Auxiliares de Diagnóstico do Hospital Evandro Chagas, compreendendo o Laboratório de Patologia Clínica e os Gabinetes de Raio X e Eletrocardiografia (1956-1959), chefe da Seção de Físico-Química da Divisão de Química (1962-1964) e chefe da Seção de Vírus da Divisão de Virologia (1964-1971). Aposentou-se em 1971, mas permaneceu em atividade ao longo da década como membro da Comissão Nacional de Controle da Meningite, coordenador do Projeto Prioritário de Produção de Vacina contra o Herpes e membro da missão técnica relacionada à vacina contra o sarampo que visitou o Instituto Mérieux, em Lyon (França). Morreu em 3 de julho de 1994, no Rio de Janeiro.

Erney Felício Plessmann de Camargo

  • Pessoa
  • 1935-2023

Nasceu em 20 de abril de 1935, em Campinas (SP), filho de Felicio Edgard de Camargo Cruz e Mary Marcondes Plessmann de Camargo. Formou-se em 1959 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Iniciou-se em ciência ainda no segundo ano do curso médico no Departamento de Parasitologia liderado por Samuel Pessoa. Depois de formado, estagiou por um ano no Instituto Butantan, supervisionado por Sebastião Baeta Henriques, estudando biossíntese de proteínas. Em 1961 foi convidado por Leônidas de Mello Deane, que ocupava a regência do Departamento de Parasitologia, para ingressar como auxiliar de ensino no quadro docente da Faculdade de Medicina. No início de sua carreira foi fortemente influenciado por outros pesquisadores da faculdade, como Luiz Hildebrando Pereira da Silva, Maria Deane, Luis Rey, Victor e Ruth Nussenzweig, Michel Rabinovitch, Olga Castellani e José Ferreira Fernandes. Seus primeiros trabalhos foram sobre a bioquímica de protozoários parasitas em colaboração com Luiz Hildebrando. Em 1964, junto com outros pesquisadores da instituição, foi demitido por razões políticas e emigrou para os Estados Unidos, onde permaneceu por cinco anos na Universidade de Wisconsin, trabalhando com Walter Plaut e D. R. Sonneborn. Retornou ao Brasil em 1969 e obteve o título de doutor pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto ao apresentar a tese Biossíntese de glicogênio em Blastocladiella emersonii, cujo orientador foi José Moura Gonçalves. No ano seguinte, a convite de José Leal Prado de Carvalho, ingressou na Escola Paulista de Medicina, onde atuou como professor e chefe de departamento. Nesse período também realizou a livre docência no Departamento de Bioquímica da USP (1979) e o pós-doutoramento no Instituto Pasteur (1984). Retornou à USP em 1985 como professor titular do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), do qual foi chefe do Departamento de Parasitologia e seu vice-diretor. Ainda na universidade, entre 1988 e 1993, ocupou o cargo de pró-reitor de Pesquisa. De 1986 a 1989 foi membro do Conselho Deliberativo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e seu presidente entre 2003 e 2007. Foi membro da Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento, da Sociedade Brasileira de Parasitologia, da Sociedade Brasileira de Bioquímica, da Sociedade Brasileira de Protozoologia e da Academia Brasileira de Ciências, entre outras. Por sua trajetória científico-acadêmica recebeu diversas honrarias, como o prêmio LAFI de Medicina (1980), a Ordem Nacional do Mérito Científico, nos graus comendador (1996) e Grã-Cruz (2002), a Ordem do Ipiranga, no grau Grã-Cruz (2006), e os títulos de professor emérito do ICB (2005) e da Faculdade de Medicina (2008) da USP. Morreu em 3 de março de 2023, na cidade de São Paulo.

Eduardo de Azeredo Costa

  • Pessoa
  • 1942-

Nasceu em 16 de fevereiro de 1942, em Porto Alegre (RS), filho de Rubens Mena Barreto Costa e Ligia de Azeredo Costa. Em 1966 formou-se pela Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre e, em 1968, tornou-se mestre em saúde pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), defendendo a dissertação O novo profissional de saúde. Em 1970 ingressou profissionalmente na Fiocruz, ao assumir o cargo de assistente de ensino do Departamento de Epidemiologia e Estatística do Instituto Presidente Castelo Branco (IPCB), denominação da ENSP no período. Em 1971 integrou a Comissão de Planejamento dos cursos de saúde pública do instituto. Ainda neste ano, obteve especialização em epidemiologia e estatística médica e, em 1972, aperfeiçoamento em medicina tropical e higiene, ambos pela Universidade de Londres. Em 1973, a convite da Organização Mundial da Saúde, desenvolveu trabalho de consultoria voltado à implementação de vigilância epidemiológica e do programa de erradicação da varíola na Índia. Nesse ano deixou o cargo de auxiliar de ensino para tornar-se professor assistente do Departamento de Epidemiologia e Estatística do IPCB/Fiocruz. Em 1974 realizou as primeiras atividades de planejamento e coordenação de pesquisas sobre a doença meningocócica no Brasil, tendo como foco a resposta imunitária da população após campanha de vacinação realizada pelo Ministério da Saúde. No ano seguinte, tornou-se professor adjunto e, dois anos depois, professor titular da ENSP. Em 1981 obteve o título de doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de Londres, defendendo a tese A cross-sectional survey of blood pressure in Rio Grande do Sul, Brazil. A partir de então, o tema da hipertensão arterial se tornou recorrente em suas atividades de pesquisa acadêmica. Membro do Partido Democrático Trabalhista, durante o governo de Leonel Brizola (1983-1986), foi secretário de Saúde e Higiene do estado do Rio de Janeiro. De 1984 a 1987 ocupou a presidência da Comissão Interinstitucional da Saúde e, entre 1989 e 1992, atuou como consultor do Ministério da Saúde e membro das comissões nacionais de controle da poliomielite, cólera e meningite. Nesta última, desempenhou importante papel junto ao planejamento de aplicação das vacinas de origem cubana utilizadas na campanha vacinal de 1990. De 1991 a 1994, com o retorno de Leonel Brizola ao governo do estado do Rio de Janeiro, foi subsecretário e, posteriormente, secretário de Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia, nos quais se dedicou a questões como leis de patentes, transferências e inovações tecnológicas, entre outras. Em 1993 integrou a Comissão Mista Brasil-Cuba criada para avaliar os efeitos e a eficácia da vacina anti-meningocócica no Brasil. Posteriormente, no ano de 1995, tornou-se diretor do Centro Nacional de Epidemiologia do Ministério da Saúde. Entre 2001 e 2005 exerceu as funções de assessor tecnológico da Presidência da Fiocruz e coordenador-geral do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde, também ligado à instituição. Entre 2006 e 2009 ocupou o cargo de diretor do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos). De 2009 a 2013 foi presidente da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro).

Dyrce Lacombe de Almeida

  • Pessoa
  • 1932-

Nasceu em 16 de março de 1932, no Rio de Janeiro, filha de Luís Lacombe e Maria Franco da Cunha. Em 1955 graduou-se em história natural pela Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi) da Universidade do Brasil. Ainda estudante, trabalhou na faculdade como assistente de Olympio da Fonseca Filho e participou do curso de extensão universitária em zoologia ministrado por Newton Dias dos Santos, do Museu Nacional. Em 1952 fez o Curso de Entomologia Geral do IOC com Rudolf Barth. A partir desse momento, como bolsista da instituição, iniciou uma frutífera carreira de pesquisa junto ao pesquisador, trabalhando com anatomia e histologia de insetos, principalmente barbeiros. Nos anos seguintes, manteve forte vínculo com a atividade docente na FNFi, Universidade do Distrito Federal, Ministério da Educação e IOC. Em 1957 foi aprovada em concurso do Departamento Administrativo do Serviço Público, sendo lotada como zoóloga no Museu Nacional. Afastou-se da instituição em 1960 para ingressar nos quadros do IOC, primeiramente como bolsista do Conselho Nacional de Pesquisas e, depois, biologista e pesquisadora. Ainda nessa data passou a se interessar pela pesquisa com crustáceos, em especial pelas cracas (cirrepédios), iniciando a constituição de uma coleção histológica e sistemática. Em 1967 recebeu convite do Osborn Laboratories of Marine Science, em Nova York, para desenvolver pesquisas sobre cracas e, em 1969, colaborou com a Califórnia Academy of Sciences na confecção de monografia sobre insetos da ordem Embioptera. Aposentou-se em 1991, mas permaneceu no IOC desenvolvendo suas pesquisas sobre cracas, embiópteros e histologia de barbeiros.

Dely Noronha de Bragança Magalhães Pinto

  • Pessoa
  • 1942-

Nasceu em 24 de novembro de 1942, no Rio de Janeiro, filha de Décio Noronha e Ottilia Noronha. Com a morte do pai, foi educada por sua mãe e por Manoel Bragança. Fez o curso primário em três instituições de ensino na cidade do Rio de Janeiro, uma delas o Externato Irmã Paula. O curso ginasial foi concluído no Instituto Roccio e o científico na Escola Municipal Souza Aguiar. No pré-vestibular para medicina, conheceu o professor Fritz de Lauro, médico aposentado e futuro padrinho de formatura do Curso de História Natural, e que teve grande influência em sua trajetória profissional. Foi nas aulas deste professor que desenvolveu seu interesse pela biologia. Em 1963 ingressou no Curso de História Natural da Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil, concluindo-o em 1968. Ainda em 1963, iniciou seu trabalho como estagiária no IOC, graças à influência de Domingos Arthur Machado Filho, que havia sido seu professor no científico. No IOC trabalhou inicialmente na Seção de Bacteriologia e, depois, na Coleção de Diptera, com Lauro Travassos. Em caráter extraoficial, trabalhou também com a Coleção de Lepidoptera da Seção de Helmintologia, atividade que lhe rendeu vários trabalhos científicos como colaboradora de Lauro Travassos. As atividades de campo promovidas pelo IOC foram prejudicadas devido às alergias que desenvolveu em relação aos insetos. Com o agravamento do estado de saúde de Lauro Travassos, no final da década de 1960, passou a ser orientada por João Ferreira Teixeira de Freitas, especializando-se, dentro da helmintologia, no grupo dos acantocéfalos. Em 1970, após a morte de Lauro Travassos, se recusou a acompanhar a Coleção de Lepidoptera que foi transferida para o Museu Nacional. Por esse motivo, permaneceu como estagiária no IOC. A contratação definitiva como pesquisadora do IOC se deu em 1983, quando por um breve período passou a se dedicar ao estudo dos moluscos. À época, foi responsável por amplas modificações nas instalações do Laboratório de Esquistossomose Experimental do Departamento de Helmintologia, como a implantação do sistema de água corrente para os aquários de moluscos. Em seu retorno ao Laboratório de Helmintos Parasitos de Vertebrados, passou a auxiliar Delir Corrêa Gomes Maués da Serra Freire, curadora da Coleção Helmintológica do IOC. Em 1989 assumiu a curadoria da Coleção Helmintológica, cargo que ocupou até 2007, mesmo após a sua aposentadoria em 1996. Ao longo deste período, se dedicou à implantação de novos sistemas para a manutenção da coleção, entre eles, a climatização e a conservação da coleção e do acervo bibliográfico, a organização e informatização das separatas e livros e a catalogação de frascos e lâminas.

Comissão Organizadora da VIII Conferência Nacional de Saúde

  • Entidade coletiva
  • 1986

A VIII Conferência Nacional de Saúde foi inicialmente convocada pelo decreto n. 91.466, de 23 de julho de 1985, que fixou a sua realização entre 2 e 6 de dezembro de 1985, em Brasília, sob o patrocínio do Ministério da Saúde. Entretanto, um novo decreto, n. 91.874, de 4 de dezembro de 1985, revogou o anterior e transferiu o evento para o período de 17 a 21 de março de 1986. Em 19 de agosto de 1985, por meio da portaria n. 595/GM, o ministro da Saúde Carlos Sant'Anna instituiu a Comissão Organizadora da conferência, formada por parlamentares, representantes de entidades sindicais de trabalhadores e empregadores, órgãos de classe dos profissionais de saúde, partidos políticos, instituições públicas envolvidas com a área da saúde e entidades representativas da sociedade civil. A presidência da comissão coube ao médico sanitarista Antônio Sérgio da Silva Arouca, presidente da Fiocruz. O relatório elaborado pela comissão e aprovado pelo ministro Carlos Sant'Anna, em novembro de 1985, estabeleceu que a conferência teria como finalidade propor critérios para a reformulação do Sistema Nacional de Saúde junto à Assembleia Nacional Constituinte. O temário central da conferência apresentou os seguintes tópicos: a saúde como direito inerente à personalidade e à cidadania; a reformulação do Sistema Nacional de Saúde, em consonância com os princípios de integração orgânico-institucional, descentralização, universalização e participação; a redefinição dos papéis institucionais das unidades políticas (União, estados, municípios e territórios) na prestação dos serviços de saúde; e o financiamento setorial. A conferência contou com a participação de mais de quatro mil pessoas, com representantes de quase todas as entidades públicas do setor saúde. A principal conquista da conferência foi a elaboração de um projeto de reforma sanitária defendendo a criação de um sistema único de saúde que centralizasse as políticas governamentais para o setor, desvinculadas da previdência social e que, concomitantemente, regionalizasse a gestão da prestação de serviços, ao privilegiar o setor público e universalizar o atendimento. As propostas aprovadas na conferência foram incluídas na Constituição de 1988 e no texto das leis orgânicas da saúde de 1990. Sua importância na história das conferências também se deve ao fato de que pela primeira vez a população brasileira pode dela participar, inaugurando um processo de debates que teve como origem as pré-conferências preparatórias realizadas nos estados e municípios.

Comissão Organizadora da IX Conferência Nacional de Saúde

  • Entidade coletiva
  • 1992

Após consecutivos processos de convocação e de adiamento (decretos n. 99.045, de 7 de março de 1990, e de 11 de junho de 1991), a IX Conferência Nacional de Saúde foi definitivamente programada para acontecer no período de 9 a 14 de agosto de 1992 (decreto de 23 de junho de 1992), apresentando como tema central "Saúde: municipalização é o caminho". Uma intensa mobilização nacional precedeu o início da conferência. Durante quase dois anos, diferentes segmentos da sociedade brasileira participaram das etapas municipais e estaduais preparatórias do evento, onde puderam se expressar sobre os caminhos que o país deveria percorrer para alcançar melhores condições de saúde e vida, bem como cobrar das autoridades federais sua efetiva realização. Presidida pelo ministro da Saúde Adib Jatene, a conferência reuniu em Brasília mais de quatro mil pessoas, entre delegados, participantes credenciados e observadores nacionais e estrangeiros, que representaram os profissionais da área da saúde, os prestadores públicos e privados de ações de saúde, o governo nos três níveis (federal, estadual e municipal), os poderes Legislativo e Judiciário, o Ministério Público e os usuários dos serviços de saúde. Suas atividades se iniciaram com a mesa redonda "A saúde do Sistema Único de Saúde e o processo das etapas municipais e estaduais da IX Conferência Nacional de Saúde". Em seguida, vieram os painéis gerais e específicos, palestras, grupos de trabalho e plenárias. Nesses grupos, os assuntos abordados foram: sociedade, governo e saúde, seguridade social, implementação do Sistema Único de Saúde (SUS), e controle social. A defesa do preceito constitucional "saúde é direito de todos e dever do Estado" se fez presente em cada uma das fases da conferência, norteando os debates e as tomadas de decisões. Entre suas conquistas, que reafirmaram os compromissos manifestos no documento final da VIII Conferência Nacional de Saúde, destacam-se a necessidade da criação de uma política de recursos humanos para o SUS, que englobaria a formação e a capacitação de seus profissionais; a especificação de fontes e de receitas direcionadas para o pleno funcionamento do sistema; o respeito ao texto sobre seguridade social diante das ameaças de retrocesso que apontavam na direção da privatização da saúde e da previdência; a consolidação do papel estabelecido para o Fundo Nacional de Saúde; e o fortalecimento das prerrogativas e ações dos conselhos e conferências de saúde nos estados e municípios. Além disso, a conferência tornou público seu descontentamento contra a crise política instaurada no governo federal e o modelo de gestão econômica por ele implantado no país, que inviabilizava a concretização dos ganhos sociais obtidos pela área da saúde, conforme determinado na Constituição de 1988. A Comissão Organizadora foi coordenada por José Eri Osório de Medeiros.

Comissão Nacional da Reforma Sanitária

  • Entidade coletiva
  • 1986-1987

Em 20 de agosto de 1986, por intermédio da portaria interministerial MEC/MS/MPAS n. 02/86, os ministros da Educação Jorge Bornhausen, da Saúde Roberto Santos e da Previdência e Assistência Social Raphael de Almeida Magalhães constituíram a Comissão Nacional da Reforma Sanitária (CNRS), uma das principais recomendações aprovadas pela plenária final da VIII Conferência Nacional de Saúde. Coordenada pelo secretário-geral do Ministério da Saúde José Alberto Hermógenes de Souza, a CNRS reuniu em sua estrutura representantes de órgãos governamentais, do Congresso Nacional e da sociedade civil, que pautaram suas atuações com os seguintes objetivos: analisar as dificuldades para o funcionamento dos serviços de saúde no país, bem como sugerir opções para a nova organização estrutural do sistema; examinar os instrumentos de articulação existentes entre as esferas de poder - federal, estadual e municipal - que atuam na área de saúde e assistência médica, com vistas ao seu real aperfeiçoamento; e indicar os mecanismos de planejamento dessa área, ajustando-os às necessidades dos diversos segmentos da população a ser atendida. Os trabalhos da CNRS, desenvolvidos entre agosto de 1986 e maio de 1987, contaram com o apoio e a assessoria de uma secretaria técnica, cuja coordenação geral ficou a cargo de Arlindo Fábio Gómez da Silva, vice-presidente de Desenvolvimento da Fiocruz.

Clementino da Rocha Fraga Júnior

  • BR RJCOC CL
  • Pessoa
  • 1880-1971

Nasceu em 15 de setembro de 1880, em Muritiba (BA), filho de Clementino Rocha Fraga e Córdula Magalhães Fraga. Em 1898 ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, onde se formou em 1903 com a tese A vontade – estudo psicofisiológico. Nos dois anos seguintes atuou como professor assistente nessa faculdade. Em 1906 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como inspetor sanitário na campanha contra a febre amarela empreendida pela Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP), chefiada por Oswaldo G. Cruz. Nesse período clinicou no Hospital da Santa Casa de Misericórdia sob a orientação de Miguel Couto. Retornou à Bahia em 1910 como professor substituto de clínica médica da Faculdade de Medicina, e tornou-se catedrático quatro anos depois. Em 1917 chefiou a Comissão Sanitária Federal do Rio de Janeiro encarregada do combate à febre amarela. Em 1918 trabalhou com Carlos Chagas na DGSP, onde assumiu a direção do Hospital Deodoro e organizou os serviços emergenciais de assistência médica às vítimas da epidemia de gripe espanhola. Em 1921 foi eleito deputado federal pela Bahia, e em 1924 foi reeleito para a mesma cadeira. Em função de suas atividades parlamentares, transferiu-se, em 1925, definitivamente para a capital federal, onde passou a lecionar na cadeira de clínica médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro. Após o encerramento de seu mandato na Câmara Federal, em 1926, assumiu a direção do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), substituindo Carlos Chagas, e destacou-se pelas ações que empreendeu no combate à epidemia de febre amarela que grassou no Rio de Janeiro entre 1928 e 1929. Com a Revolução de 1930 exonerou-se da direção do DNSP e foi substituído por Belisário Penna. Dedicou-se, então, ao estudo da tuberculose: criou e dirigiu por 12 anos um curso de aperfeiçoamento sobre o tema na cadeira de clínica médica da Faculdade de Medicina. Em 1937, atendendo ao convite do prefeito do Rio de Janeiro, Henrique Dodsworth, retornou à administração pública para assumir a Secretaria de Saúde e Assistência, onde permaneceu até 1940. Em 1939 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, na cadeira que pertencera a Afonso Celso. Após sua aposentadoria, em 1942, dedicou-se à clínica e ao magistério, não mais como professor da faculdade e sim na qualidade de conferencista. Morreu em 8 de janeiro de 1971, no Rio de Janeiro.

Cláudio do Amaral Júnior

  • BR RJCOC CA
  • Pessoa
  • 1934-2019

Nasceu em 1934, na cidade de Araraquara (SP). Formou-se em medicina pela Universidade Federal Fluminense em 1967, onde também atuou como militante estudantil pelo movimento Ação Popular. Nesse ano transferiu-se para o Maranhão e trabalhou na estruturação dos serviços de saúde do estado e na Campanha de Erradicação da Varíola (CEV). Em 1969 ingressou na Fundação Serviços de Saúde Pública (FSESP) e um ano depois passou a coordenar a CEV nos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro e Paraná. De 1973 a 1976 atuou na Índia como consultor em doenças transmissíveis da Organização Mundial da Saúde e entre 1976 e 1980 acompanhou na Etiópia os últimos casos de varíola no mundo. Retornou ao Brasil em 1981 como diretor do Departamento de Epidemiologia da FSESP, exercendo atividades de coordenação de campanhas de vacinação contra poliomielite, sarampo e tuberculose. Em 1983 dirigiu o Departamento de Epidemiologia e Controle de Doenças da Secretaria de Saúde durante a gestão de Leonel Brizola no governo do estado do Rio de Janeiro. Em 1988 trabalhou na Secretaria Nacional de Ações Básicas de Saúde (SNABS) como assessor do ministro da Saúde Waldyr Mendes Arcoverde para o Programa Nacional de Imunizações. Com a experiência adquirida com a varíola, colaborou junto à Organização Pan-Americana da Saúde do projeto para a erradicação da poliomielite no Brasil. Morreu em 10 de outubro de 2019, em Niterói (RJ).

Carlos Médicis Morel

  • BR RJCOC CM
  • Pessoa
  • 1943-

Nasceu em 28 de outubro de 1943, no Recife (PE), filho de Sérgio Morel Moreira e Elisa Médicis Morel. Formou-se em 1967 pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco. Em 1968 estagiou no Laboratório de Biologia Molecular do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte do Curso de Pós-Graduação em Ciências. No mesmo ano ingressou na Universidade de Brasília (UnB), onde ocupou os cargos de professor visitante e auxiliar (1968-1972) da Faculdade de Ciências da Saúde e professor assistente e associado no Departamento de Biologia Celular do Instituto de Biologia (1972-1978). Entre 1969 e 1972 realizou cursos e estágios patrocinados por instituições médicas e de pesquisa científica internacionais, tais como o Cold Spring Harbor Laboratory, a Organização Mundial da Saúde e a Organização Europeia de Biologia Molecular. Em 1974, para a obtenção do título de doutor em ciências naturais (biofísica), apresentou a tese Metabolismo de ácido ribonucleico mensageiro em células animais, realizada experimentalmente no Institut Suisse de Recherches Experimentales sur le Cancer, em Lausanne, Suíça, e defendida no Instituto de Biofísica. Participou da organização do Curso de Pós-Graduação em Biologia Molecular da UnB, que coordenou por dois anos. A partir de 1975 enveredou pelo estudo e desenvolvimento de um novo método de caracterização por tipagem bioquímica de tripanossomatídeos, em particular aqueles patogênicos para o homem e de maior importância na América Latina, como o Trypanosoma cruzi. Em 1978 transferiu-se para a Fiocruz, onde ocupou as funções de pesquisador associado e titular do IOC e chefiou o Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular (1980-1985 e 1989-1992). Foi diretor do IOC (1985-1989) e vice-presidente de Pesquisa (1985-1990). De 1993 a 1997 ocupou a Presidência da Fiocruz, nomeado para o cargo com base em lista tríplice indicada pela comunidade de Manguinhos. Em seguida, dirigiu o Programa Especial de Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais da Organização Mundial da Saúde em Genebra, Suíça (1998-2003). Desde 2004 atua como coordenador científico do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fiocruz.

Carlos Ribeiro Justiniano Chagas

  • BR RJCOC CC
  • Pessoa
  • 1878-1934

Nasceu em 9 de julho de 1878, numa fazenda próxima à cidade de Oliveira (MG), filho de José Justiniano das Chagas e Mariana Candida Ribeiro de Castro Chagas. Formou-se em 1903 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Sua tese de doutoramento para conclusão do curso médico, abordando os aspectos hematológicos da malária, foi desenvolvida no Instituto Soroterápico Federal, criado em 1900 e denominado, a partir de 1908, Instituto Oswaldo Cruz (IOC). Em 1904 abriu consultório no centro do Rio de Janeiro e, como médico da Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP), trabalhou no hospital de Jurujuba, Niterói. Em 1905 foi encarregado, por Oswaldo Cruz, de combater uma epidemia de malária em Itatinga (SP) que prejudicava as obras da Companhia Docas de Santos. Dois anos depois, coordenou a profilaxia da malária em Xerém (RJ), onde a Inspetoria Geral de Obras Públicas realizava a captação de águas para a capital federal. Constatando que a transmissão da doença ocorria fundamentalmente no interior dos domicílios, defendeu que os mosquitos deveriam ser combatidos mediante aplicação de substâncias inseticidas, nesses ambientes. A teoria da infecção domiciliária da malária e o método profilático a ela associado seriam reconhecidos como importantes contribuições à malariologia. Em 1907 atuou no combate a epidemia de malária que afetava as obras da Estrada de Ferro Central do Brasil entre Corinto e Pirapora (MG). No povoado de São Gonçalo das Tabocas – que, a partir de 1908, com a inauguração da ferrovia, ganhou o nome de Lassance – improvisou um laboratório num vagão de trem. Por intermédio do chefe dos engenheiros, Cornélio Cantarino Motta, tomou conhecimento da existência de um inseto hematófago que proliferava nas frestas das paredes das casas de pau a pique, conhecido como barbeiro. Examinando-lhes o intestino, identificou uma nova espécie de tripanossoma, que denominou de Trypanosoma cruzi, em homenagem a Oswaldo Cruz. No ano de 1909, em Lassance, identificou o novo parasito no sangue de uma criança de dois anos, chamada Berenice, que seria considerada o primeiro caso de tripanossomíase americana ou doença de Chagas. A descoberta e os estudos sobre a nova doença trouxeram grande prestígio ao cientista, que se tornaria membro de importantes associações médicas e científicas no Brasil e no exterior, e ao IOC, a cuja equipe ele se integrara como pesquisador em 1908. Em 1910 a Academia Nacional de Medicina abriu vaga extraordinária para recebê-lo como membro titular. Em 1912 foi agraciado com o prêmio Schaudinn de protozoologia, concedido pelo Instituto de Doenças Marítimas e Tropicais de Hamburgo. Por duas vezes foi indicado ao prêmio Nobel, em 1913 e 1921. Com a colaboração de outros cientistas do IOC, investigou os vários aspectos da nova doença, como as características biológicas do vetor e do parasito, o quadro clínico e a patogenia da infecção, a transmissão e o diagnóstico. Entre 1912 e 1913 chefiou uma expedição ao vale do rio Amazonas para estudar as condições sanitárias da região. Foi uma das lideranças do movimento sanitarista que, entre 1916 e 1920, reuniu médicos, cientistas e intelectuais em torno da ideia de que o atraso do país era fruto das endemias que assolavam seu interior, e que o combate a tais enfermidades deveria ser prioridade do Estado. Em 1917, por ocasião da morte de Oswaldo Cruz, assumiu a direção do IOC, cargo que ocuparia até o final de sua vida. Em 1918 coordenou o combate à epidemia de gripe espanhola na capital federal. Em 1919 foi nomeado para a DGSP, transformada, em 1920, no Departamento Nacional de Saúde Pública, que dirigiu até 1926. No cenário internacional, destacou-se como membro do Comitê de Higiene da Liga das Nações, a partir de 1922, e idealizador e primeiro diretor do Centro Internacional de Leprologia, instalado em 1934. Foi professor do Curso de Aplicação do IOC e, em 1925, tornou-se o primeiro titular da cadeira de medicina tropical da Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro. Morreu em 8 de novembro de 1934, no Rio de Janeiro.

Gerson Fernando Mendes Pereira

  • Pessoa
  • 1960-2025

Nasceu em 6 de maio de 1960, em Teresina (PI), em uma família de 9 filhos. Desde criança recebeu dos pais o incentivo à prática de esportes, principalmente futebol e basquete. Prestou vestibular para Administração e Odontologia, mas logo optou pela Medicina. Iniciou a graduação na Universidade Federal do Piauí (UFPI) em 1977 e concluiu em 1983. O interesse pela área da Dermatologia se deu através de um tio que o aconselhou a estagiar no Sanatório Aimorés, em Bauru, São Paulo, reconhecidamente uma grande referência em reabilitação de hanseníase. Em 1984 fez residência com os hansenologistas Diltor Opromolla e Aguinaldo Gonçalves, e os cursos de Hansenologia, de Prevenção de Incapacidade e de Reabilitação, no Sanatório Aimorés. Após esse estágio, foi convidado por Aguinaldo Gonçalves, responsável pela Coordenação de Dermatologia Sanitária, para trabalhar no órgão integrante da estrutura do Ministério da Saúde, onde permaneceu até 1990. Nessa atividade participou de projetos importantes no combate à hanseníase, como a introdução efetiva da poliquimioterapia para todo o Brasil a partir de 1985 e início do controle da aids. Em 1987 foi a Manaus fazer um curso de Dermatologia Tropical; no ano seguinte fez Especialização em Epidemiologia de Hanseníase na ENSP/Fiocruz, do Rio de Janeiro. Iniciou o mestrado em 1996, na Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e em 1999 tornou-se Mestre em Epidemiologia. Foi efetivado como servidor do Ministério da Saúde quando exercia o papel de médico da Campanha Nacional de Tuberculose, em 1988. Atuou no Programa Nacional de Controle da Hanseníase entre 1984 e 2003; chefiou a Coordenação Nacional de Dermatologia Sanitária no Centro Nacional de Epidemiologia (Cenepi), da Fundação Nacional de Saúde, em 1994 e 1995, e na Secretaria de Atenção à Saúde, entre 1999 e 2003. Trabalhou na área técnica de Epidemiologia do Programa de DST/Aids do Ministério da Saúde. Morreu em 4 de agosto de 2025.

Carlos Alberto de Medina

  • BR RJCOC MD
  • Pessoa
  • 1931-2010

Nasceu no dia 1° de novembro de 1931, em Recife (PE), filho de Francisco de Medina e Olga da Silva Lima de Medina. Iniciou sua trajetória como sociólogo em 1953 quando assumiu o cargo de assistente da cadeira de Problemas Econômicos e Sociais do Brasil, do curso de Puericultura e Administração do Departamento Nacional da Criança, vinculado ao Ministério da Saúde. Em 1955 ingressou no Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) para atuar na Seção de Pesquisa Social da Divisão de Educação Sanitária, onde permaneceu por mais de uma década realizando levantamentos socioeconômicos em municípios do interior. Ao final da década de 1950 participou, ao lado do sociólogo José Arthur Rios e do arquiteto Hélio Modesto, da pesquisa “Aspectos humanos da favela carioca”, realizada pela Sociedade para Análise Gráfica e Mecanográfica Aplicada aos Complexos Sociais. O estudo é considerado o marco inicial da pesquisa em ciências sociais em favelas brasileiras. Em 1963 foi cedido pela Fundação Serviço Especial de Saúde Pública, nova denominação do SESP, para o Centro Latino-Americano de Pesquisas em Ciências Sociais, órgão criado pela Unesco, onde ocupou os cargos de secretário-geral a partir de 1967 e diretor entre 1974 e 1979. De 1965 a 1992 chefiou o Departamento de Estudos e Pesquisas do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais, filiado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, cuja missão era realizar estudos, planejamento e consultoria para programas de assistência social. No Centro de Estudos da Família, Adolescência e Infância, dirigido por sua mulher, a psicóloga Berenice Fialho Moreira, realizou diversos trabalhos como membro consultor colaborador. A partir da década de 1970 dedicou-se também à docência, tendo atuado como professor e conferencista em várias instituições, entre elas a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, Escola Nacional de Serviços Urbanos e Federação das Indústrias do Amazonas. Autor de livros, artigos, estudos de caso e ensaios que abrangeram variados temas, como política, economia, segurança pública, família e cultura. Morreu em 3 de maio de 2010, no Rio de Janeiro.

Joaquim Alberto Cardoso de Melo

  • BR RJCOC ME
  • Pessoa
  • 1936-1993

Nasceu em 26 de outubro de 1936, em Pirajuí (SP), filho de José Maria Cardoso de Melo e Gelsumina Castiglione Cardoso de Melo. Em 1961 formou-se em odontologia pela Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade de São Paulo (USP), onde também obteve os títulos de dentista sanitarista e de educador de saúde pública pela Faculdade de Saúde Pública em 1966 e 1967, respectivamente. Atuou em consultório odontológico entre 1962 e 1967. Neste último ano ingressou na vida acadêmica como professor de cursos de graduação, pós-graduação e extensão nas seguintes instituições: USP, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Universidade Estadual de Londrina, Escola Paulista de Medicina, Fundação Municipal de Ensino Superior de Marília, Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, Sindicato de Serviço Social de Volta Redonda e Sociedade Brasileira de Pediatria, entre outras. Em 1976 obteve o título de doutor em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, defendendo a tese A prática da saúde e a educação. No ano seguinte ingressou na Fiocruz como professor adjunto do Departamento de Ciências Sociais da Escola Nacional de Saúde Pública. Colaborou significativamente com a formulação do projeto do curso regular de ensino médio da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. Morreu em 27 de junho de 1993, no Rio de Janeiro.

Benjamin Gilbert

  • BR RJCOC BG
  • Pessoa
  • 1929-2024

Nasceu em 27 de setembro de 1929, em Felixstowe, litoral do condado de Suffolk, Inglaterra, filho de William Richard Gilbert e Dorothy Oxley Gilbert. Em 1950 graduou-se em química pela Universidade de Bristol e obteve o título de doutor em química orgânica pela mesma universidade em 1954. Nesse período dedicou-se à química de produtos naturais estudando estruturas de vários flavonóides, especialmente as isoflavonas. Entre 1957 e 1958 realizou pós-doutorado na Universidade de Wayne State, em Detroit, Michigan, Estados Unidos, sob a orientação do professor Carl Djerassi. Na ocasião participou de programa de pesquisa voltado para a determinação da estrutura de um inseticida natural presente em sementes de Mammea americana, conhecida no Brasil como abricó-do-Pará. Em 1958 transferiu-se para o Brasil e trabalhou como pesquisador visitante associado com o professor Walter Mors no Instituto de Química Agrícola do Ministério da Agricultura. Ao deixar o instituto em 1963, participou da fundação do Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde atuou como professor visitante até 1974. Ainda entre as décadas de 1960 e 1970 dedicou-se ao estudo de doenças endêmicas em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais e do Centro de Pesquisas René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). De 1972 a 1985 foi chefe do Grupo de Bioquímica do Instituto de Pesquisas da Marinha e de 1985 a 1994, orientador científico da Companhia de Desenvolvimento Tecnológico, entidade privada instalada pela Central de Medicamentos e pela Secretaria de Tecnologia Industrial do Ministério da Indústria e Comércio para desenvolvimento de medicamentos sintéticos e naturais. Em 1986 ingressou na Fiocruz como consultor técnico, função depois alterada para tecnologista sênior do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos). Ali chefiou laboratórios e colocou em prática seus conhecimentos sobre química, com ênfase em química de produtos naturais, nas seguintes ações: padronização química de plantas medicinais, implantação da fitoterapia no Sistema Único de Saúde e produção de monografias sobre plantas medicinais. Aposentou-se em 2002, mas permaneceu à frente de suas atividades em Farmanguinhos. Integrou grupos de trabalho, comissões e comitês da Organização Mundial da Saúde e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, entre outras instituições. Ingressou na Academia Brasileira de Ciências em 1966 e é também membro da Royal Society of Chemistry, American Chemical Society, Associação Brasileira de Química e Sociedade Brasileira de Química. Em 2020 recebeu o título de pesquisador emérito da Fiocruz. Morreu em 9 de fevereiro de 2024, no Rio de Janeiro.

Belisário Augusto de Oliveira Penna

  • BR RJCOC BP
  • Pessoa
  • 1868-1939

Nasceu em 29 de novembro de 1868, em Barbacena (MG), filho de Belisário Augusto de Oliveira Penna e Lina Leopoldina Laje Duque Penna. Iniciou seus estudos na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, graduando-se em 1890 pela Faculdade de Medicina da Bahia. Foi vereador pelo município de Juiz de Fora até 1903, quando se mudou para o Rio de Janeiro para prestar concurso para a Diretoria Geral de Saúde Pública. Foi nomeado inspetor sanitário na 4ª Delegacia de Saúde, atuando no combate à varíola. Em 1905 foi designado para trabalhar na Inspetoria de Profilaxia Rural da Febre Amarela, incorporando-se à campanha chefiada por Oswaldo G. Cruz para a erradicação da doença no Rio de Janeiro. A partir de então e até 1913, dedicou-se ao combate de endemias rurais, como a malária e a ancilostomíase. Em 1914 reassumiu o cargo de inspetor sanitário no Rio de Janeiro, instalando, dois anos depois, o primeiro Posto de Profilaxia Rural do país, no subúrbio carioca de Vigário Geral. Através do jornal Correio da Manhã iniciou uma campanha pelo saneamento físico e moral do país. Em 1918 publicou o livro Saneamento do Brasil, foi nomeado para dirigir o Serviço de Profilaxia Rural e presidiu a Liga Pró-Saneamento do Brasil. Entre 1920 e 1922 foi diretor de Saneamento e Profilaxia Rural do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), instalando em 15 estados os serviços de profilaxia rural. Em 1924, em virtude de seu apoio ao movimento contra o governo do presidente Arthur Bernardes, foi preso e suspenso de suas funções, às quais foi reintegrado apenas em 1927. Um ano depois, ocupou a chefia do Serviço de Propaganda e Educação Sanitária, percorrendo os estados de Minas Gerais, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, até ser requisitado pelo governo do Rio Grande do Sul para estudar as condições sanitárias daquele estado. Em 1930 assumiu a chefia do DNSP, em substituição a Clementino Fraga, que se exonerou em razão da vitória da Revolução de 1930. Durante dois breves períodos, em setembro de 1931 e dezembro de 1932, ocupou interinamente o Ministério de Educação e Saúde. Ao final desse ano deixou o DNSP. Nessa época filiou-se à Ação Integralista Brasileira e tornou-se membro da Câmara dos 40, órgão máximo do integralismo. Morreu em 4 de novembro de 1939, no Rio de Janeiro.

Astrogildo Machado

  • BR RJCOC AM
  • Pessoa
  • 1885-1945

Nasceu em 19 de setembro de 1885, em São José dos Campos (SP), filho de Domingos Machado e Maria Francisca de Paula Machado. Em 1911 atuou na Seção de Diagnóstico Bacteriológico e Combate às Epizootias do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, a cargo do IOC. Foi convidado por Carlos Chagas, pesquisador do IOC, para compor a comissão enviada a Lassance para combater uma epidemia de malária, e cujos trabalhos proporcionaram a Chagas a identificação de uma nova espécie de protozoário, o Trypanosoma cruzi, causador da tripanossomíase americana ou doença de Chagas. Entre 1911 e 1912 integrou duas expedições científicas do IOC ao interior do país. A primeira, na companhia de Antônio Martins, percorreu os vales dos rios São Francisco e Tocantins com trabalhadores da Estrada de Ferro Central do Brasil. A segunda, com Adolpho Lutz, desceu o rio São Francisco, de Pirapora a Juazeiro, visitando alguns de seus afluentes. No ano de 1918, juntamente com Alcides Godoy, também pesquisador do IOC, desenvolveu a vacina anticarbunculosa, contra o carbúnculo hemático ou verdadeiro (antraz). Em 1919 foi nomeado para o cargo de assistente efetivo do IOC, onde exerceu também, no período de 1919 a 1926, o cargo de chefe de serviço substituto na ausência de Arthur Neiva e Alcides Godoy. Em 1939, em outra parceria com Alcides Godoy, fundou a empresa Produtos Veterinários Manguinhos Ltda para fabricar e comercializar as vacinas contra a peste da manqueira, o carbúnculo hemático e, posteriormente, a pneumoenterite dos porcos. No ano de 1942 assumiu a chefia da Seção de Bacteriologia da Divisão de Microbiologia e Imunologia do IOC, ficando no exercício da função até setembro de 1944, quando pediu dispensa do mesmo. Morreu em 19 de janeiro de 1945, no Rio de Janeiro.

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