Antonio Jorge Abunahman

Área de identificação

tipo de entidade

Pessoa

Forma autorizada do nome

Antonio Jorge Abunahman

Forma(s) paralela(s) de nome

Formas normalizadas do nome de acordo com outras regras

Outra(s) forma(s) de nome

identificadores para entidades coletivas

Área de descrição

Datas de existência

1913-2001

Histórico

Filho de imigrantes libaneses, nasceu no município de São Gonçalo (RJ), no dia 20 de agosto de 1913. Seu pai era comerciante e, com esta atividade, sustentava uma numerosa família formada pela esposa e mais 13 filhos. Quando tinha apenas dois anos de idade, sua família transferiu-se para Cachoeiras de Macacu, no interior do Estado do Rio de Janeiro. Aí transcorreu toda a sua infância, marcada pela liberdade e pelo contato com a natureza. Iniciou os estudos em uma escola pública de Cachoeiras de Macacu. O curso secundário foi feito em tradicionais instituições de ensino privado de Petrópolis e Niterói. Seu pai, um homem semi-analfabeto, fazia questão de garantir bons estudos aos filhos. Sua opção pela medicina foi influenciada pela única referência médica com que contou na infância: Almir Madeira, que era professor de pediatria em Niterói, membro da Academia Nacional de Medicina e médico dos funcionários da companhia ferroviária e das famílias de Cachoeiras de Macacu, no início do século. Durante o período em que frequentou a Faculdade Fluminense de Medicina (1931/1937), foi monitor de tisiologia do professor Mazine Bueno, clinicou no Hospital Escola São João Batista e no Hospital de Isolamento do Barreto. Neste, a maioria dos pacientes era formada por doentes terminais de tuberculose. Abunahmam separava os doentes menos crônicos e ministrava-lhes o pneumotórax. Com isso, transformava a espera da morte em esperança de vida. A hemoptise - momento em que o doente tuberculoso vomita sangue, podendo morrer asfixiado ou de hemorragia - passou a ser uma cena habitual em sua vida profissional. No Brasil dos anos 1930, a tuberculose tinha se tornado uma doença que não escolhia classe social: atingia toda a população. O perigo de contágio era iminente; o tuberculoso, socialmente estigmatizado. Quando optou pela tisiologia, a tuberculose ainda não tinha cura. A aplicação de sais de ouro, o pneumotórax e o repouso eram alguns dos procedimentos mais adotados. Nem o risco de contágio nem a letalidade da doença fizeram com que, decisivamente influenciado por seu trabalho com Mazine Bueno, desistisse de se tornar tisiologista. Logo depois de sua formatura, em 1938, foi nomeado diretor do Hospital Ary Parreira. Permaneceu no cargo por oito meses, deixando-o para chefiar o Dispensário de Tuberculose no Centro de Saúde São Lourenço, onde atuou durante 20 anos. Lá, tratava de doentes iniciais, que eram mais facilmente curados. Seu primeiro consultório, ainda em 1938, era sublocado de outro médico. Em 1944, comprou seis salas do último andar de um edifício de escritórios em construção, no centro de Niterói. Este consultório transformou-se em uma pequena clínica privada para o atendimento de tuberculosos. Havia uma sala de espera e dois banheiros; em outra sala, instalou o aparelho de raios X; a do lado servia para revelar as chapas; noutra, realizava o pneumotórax; a seguinte servia para repouso do paciente e a sexta era seu gabinete. A afluência de doentes era enorme. Seu fichário chegou a conter 140 mil nomes de pacientes de Niterói, do Rio de Janeiro e até do interior do Estado. Foi professor de tisiologia e radiologia pulmonar na Faculdade Fluminense de Medicina de 1937 a 1967. Muitos de seus alunos, depois de formados, encaminhavam pacientes para seu consultório. Com tantas atividades, dividia seu tempo da seguinte forma: pela manhã trabalhava no Dispensário de Tuberculose e, um dia por semana, dava aula na Faculdade; à tarde, dedicava-se somente ao consultório, sem ter hora certa para acabar. Além disso, atendia no meio da noite ou nos finais de semana a chamados de pacientes em situação mais grave. Apesar de uma vida profissional muito intensa, dedicou-se também à causa associativa. Em 1956, assumiu a presidência da Associação Médica Fluminense (AMF). Essa entidade, de caráter científico, funcionava como um centro de estudos médicos, onde eram apresentadas comunicações. Com a promulgação do Decreto-Lei n° 3.268/1957, o Conselho Federal de Medicina, sediado na cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, convocou as diretorias das associações médicas estaduais a organizarem regionalmente o Conselho de Medicina. Como presidente da Associação Médica Fluminense, foi então nomeado presidente da Diretoria Provisória do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, em 1957. Sua função era instalar efetivamente o Conselho, inscrevendo os médicos do Estado. Visitando os médicos nos municípios de Friburgo, Petrópolis, Cordeiro, Campos, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, percebeu que muitos profissionais tinham receio do controle que o Conselho poderia exercer sobre sua vida profissional. Diante desta evidência, ele implementou uma estratégia ao mesmo tempo persuasiva e coercitiva. Por um lado, mostrava que o Conselho estava sendo organizado para ajudar o médico e defendê-lo do mau profissional. Por outro lado, mostrava que, se o médico não se inscrevesse no Conselho, não poderia emitir atestado de óbito nem de saúde. Dessa forma, conseguiu filiar mais de dois mil médicos em todo o Estado do Rio de Janeiro. Todo este trabalho de construção da entidade foi feito sem que o presidente do Conselho conhecesse o Código de Ética que acabara de ser promulgado e que regia a vida profissional do médico no Brasil. Após esse momento de participação no associativismo médico, voltou à atividade clínica e acadêmica no meio dos tisiólogos. Além das reuniões nacionais sobre tuberculose, esteve presente nos encontros internacionais realizados em Nova Delhi (1957) Toronto (1961), Roma (1963), Nova York (1969), Tóquio (1973), México (1975) e Bruxelas (1978). Graças ao trabalho desenvolvido, chegou a ser presidente da Sociedade Fluminense de Tisiologia e Pneumologia em 1965, continuando a conjugar a atividade clínica no consultório particular e no Dispensário de Tuberculose do Centro de Saúde São Lourenço com a de docente na Faculdade de Medicina, em Niterói. Faleceu em 2 de outubro de 2001

Locais

Estado Legal

Funções, ocupações e atividades

Mandatos/Fontes de autoridade

Estruturas internas/genealogia

Contexto geral

Área de relacionamento

Área de ponto de acesso

Ponto de acesso - assunto

Ponto de acesso - local

Ocupações

Área de controle da descrição

Identificador de autoridade arquivística de documentos

Identificador da instituição

Regras ou convenções utilizadas

ISAAR(CPF): norma internacional de registro de autoridade arquivística para entidades coletivas, pessoas e famílias.

Status da descrição

nível de detalhamento

Datas das descrições (criação, revisão e remoção)

Idioma(s)

Escrita(s)

Fontes utilizadas na descrição

Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro. Fundadores. Disponível em http://acamerj.org/index.php?caminho=academico.php&id=419. Acessado em dezembro de 2020.

Notas de manutenção