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Casa de Oswaldo Cruz Haity Moussatché Item
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Augusto Cid de Mello Perissé

Entrevista realizada por Wanda Hamilton, na Fiocruz/RJ, no dia 27 de fevereiro de 1986.

Resenha biográfica
Augusto Cid de Mello Perissé nasceu a 30 de abril de 1917, em Barbacena, Minas Gerais. Formado em 1938 pela Escola Nacional de Farmácia da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especializou-se em química orgânica e bioquímica no Instituto Oswaldo Cruz (IOC). Além disso, é doutor em ciências pela Universidade de São Paulo (USP).
Em 1943, ingressou no IOC como químico analista. Em Manguinhos, foi tecnologista, professor, pesquisador, e organizou o laboratório de química orgânica. Também lecionou química no Instituto de Tecnologia do Rio de Janeiro e na Universidade Federal da Bahia.
Em 1957, viajou para Frankfurt, Alemanha Ocidental, a fim de realizar um curso de pós-doutorado como bolsista do Serviço Germânico de Intercâmbio Acadêmico. Em seguida, passou dois anos no Collège de France, em Paris. Retornou à França, em 1965, como pesquisador visitante do Instituto de Química de Substâncias Naturais, publicando vários trabalhos com o professor Mester.
Membro da Sociedade Brasileira de Química, da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), das Sociedades de Química de Londres e da Alemanha, além da Sociedade de Biologia do Rio de Janeiro, Augusto Perissé, em 1970, teve seus diretos políticos cassados e foi aposentado compulsoriamente pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5).
Embora tenha sido aprovado em concurso para professor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (SP), foi impedido de ocupar o posto devido a sua cassação. Além disso, foi obrigado a interromper suas pesquisas sobre venenos de Diplopodas (gongolô) brasileiros.
Em 1971, viajou para a França a convite do professor Mester, voltando a trabalhar no Instituto de Química de Substâncias Naturais, onde permaneceu até 1975. Diretor de pesquisa do Instituto de Saúde e Pesquisa Médica de Paris, Augusto Perissé esteve ainda no Instituto Max Planck, de Heidelberg, trabalhando com síntese automática de proteínas, e na Universidade Técnica de Munique.
Em 1976, foi para Moçambique como professor catedrático concursado da Universidade Eduardo Mondlane. Porém, mais tarde, com a esposa gravemente enferma, retornou ao Brasil.
Augusto Perissé recomeçou seu trabalho em Manguinhos, em 1981, como bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), prestando consultoria à Vice-Presidência de Desenvolvimento e retomando suas pesquisas sobre os Diplopodas e sobre química e bioquímica da hanseníase.
Em 1986, foi reintegrado ao quadro de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Devido a problemas de saúde, afastou-se deste cargo em 1994.

Sumário
Fitas 1 a 4
Origem familiar; os problemas financeiros na época em que era estudante de farmácia; a atração pela medicina; o trabalho como tecnologista da Marinha; o emprego numa fábrica de pólvora a convite de um professor; o ingresso no IOC em 1943; considerações sobre o curso de farmácia; o interesse pela botânica e a decisão de permanecer no IOC; o primeiro contato com a química; a proibição de trabalhar com síntese de composto orgânico pelo diretor do IOC, Henrique Aragão; o desenvolvimento da química no IOC e a introdução de novos cursos durante a gestão Olympio da Fonseca; o trabalho no Instituto Nacional de Tecnologia; a transferência para a USP a convite do professor Hauptman e a convivência com químicos alemães; a importância da biblioteca do IOC até 1964; comentários sobre o trabalho do professor Hauptman e de Rheinboldt; crítica à orientação científica do IOC no período pós-1964; comentários sobre o doutorado na USP; o trabalho na Bahia a convite de Edgard Santos; o curso de pós-doutorado na Alemanha; a importância das pesquisas em química experimental na USP; a vida e o trabalho em São Paulo; as dificuldades de desenvolvimento da química no Brasil; o estudo e o trabalho em bioquímica da hanseníase a importância do vínculo entre pesquisa e produção; a interrupção da pesquisa sobre hanseníase em consequência de sua cassação; a reconstrução do laboratório após o regresso a Manguinhos; as atividades profissionais em Paris durante o exílio; o trabalho realizado em Moçambique; a bolsa do CNPq para desenvolver pesquisa em hanseníase; comentários sobre a descoberta da hanseníase; a fase de decadência do IOC após a direção de Carlos Chagas; as atividades exercidas em Manguinhos entre 1943 e 1969; perfil e gestão de Olympio da Fonseca; o incentivo do CNPq à ciência no Brasil; a crença no progresso da humanidade através da ciência; a importância do Ministério da Ciência e Tecnologia para o desenvolvimento científico do país; o impacto das multinacionais sobre o desenvolvimento autônomo da ciência no país; a difícil sobrevivência dos institutos de pesquisa no Brasil; a redemocratização e legalização do Partido Comunista Brasileiro (PCB); a intervenção dos militares na vida política do país; os inquéritos militares e as cassações em Manguinhos; a solidariedade dos colegas do IOC e a repercussão das cassações; o fim do regime militar e a redemocratização na FIOCRUZ durante a gestão Sérgio Arouca; o caráter pessoal das perseguições movidas por Rocha Lagoa; o fechamento do laboratório de química e a perda de seus produtos após a cassação; o conflito ente os pesquisadores de Manguinhos; a paralisação da produção científica no IOC após 1970; o financiamento à pesquisa concedido pela Fundação Ford; a importância da construção de Far-Manguinhos e de Bio-Manguinhos.

Elisaldo Carlini

Entrevista realizada por Tânia Fernandes (TF), Fernando Dumas (FD) e Daiana Crus (DC), em São Paulo (SP), nos dias 16 de abril, 23 de julho, 23 e 24 de agosto de 1999 e 04 de dezembro de 2000.

Sumário
Fita 1 - Lado A
Referência à sua infância em Ribeirão Preto: seus pais e irmãos; a mudança para Pirajá e a vida da família naquele local; o interesse pelas plantas na infância; referência aos irmãos como profissionais na área médica; a morte de seu pai; sua experiência na Escola Rural de Pirajá (escola primária); a mudança da família para José do Rio Preto e a entrada para o ginásio; seu interesse por criação de galinhas no sítio de seu tio e a vida em família; a chegada em São Paulo; seu primeiro emprego; sua experiência no curso científico; o término do científico e o início do curso preparatório para estudar medicina; o desempenho escolar dos irmãos; a Escola Paulista de Medicina; seu emprego como datilógrafo em agencia bancária e, como farmacêutico, no Laboratório Antipiol; sua tentativa de ingressar na Universidade de São Paulo; seu segundo ano de curso preparatório e a entrada para a Escola Paulista de Medicina; o trabalho no Laboratório Geiger; o encanto pela bioquímica e farmacologia e a influência dos professores Ribeiro do Vale e José Leal Prado; suas experiências na Faculdade e considerações sobre a formação do cientista atualmente; referência aos seus primeiros trabalhos publicados; consideração sobre bolsa de estudo da Fundação Rockefeller; comentários sobre a vida profissional de sua esposa e sobre seus casamentos.

Fita 1 - Lado B
Comenta seu trabalho com plantas e sua primeira pesquisa científica na Sociedade Paulista de Biologia; sua ida para a Universidade de Toulaine e seu interesse pela psicofarmacologia; a Universidade de Yale e seu trabalho com o prof. Jack Peter Green; a defasagem do conhecimento científico no Brasil em relação aos Estados Unidos; considerações sobre sua volta para o Brasil na época do golpe de 64 e sobre sua não nomeação para titular na Escola Paulista de Medicina; seu trabalho na universidade como assistente voluntário; sua transferência para o Instituto Biológico e para a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa; seu livro Farmacologia prática sem aparelhagem.

Fita 2 - Lado A
Comenta o período militar no país; sua entrada para a Escola Paulista de Medicina e sua relação com o Partido dos Trabalhadores (PT); sua saída da Santa Casa e seu ingresso na Escola Paulista de Medicina; referência aos investimentos e verbas em pesquisa; seu trabalho com plantas, especialmente a Espinheira Santa, na Escola Paulista de Medicina; os produtos à base de plantas no país, as patentes e os mestrados profissionalizantes no país.

Fita 2 - Lado B
Continua referência aos mestrados profissionalizantes, a política de patentes de produtos naturais e sua relação com a atividade de pesquisa no país.

Fita 3 - Lado A (Making Off)
Comentário sobre sua descendência espanhola, italiana e portuguesa; o processo de miscigenação no país; sua trajetória desde Ribeirão Preto, onde nasceu, até chegar em São Paulo para trabalhar e estudar medicina; a importância da planta para a cura das doenças; as etapas de desenvolvimento de medicamentos; discute a importância do conhecimento popular sobre plantas terapêuticas; comenta o grande potencial de plantas terapêuticas no país; aponta o descaso do governo brasileiro com a atividade científica e o cientista; os convênios da Universidade Paulista de Medicina com laboratórios particulares e as vantagens de se trabalhar com plantas; aborda as plantas que estão sendo patenteadas.

Fita 3 - Lado A
Relaciona o estágio que fez com os professores Ribeiro do Vale e Leal do Prado na Escola Paulista de Medicina a sua formação em metodologia de pesquisa; a Revista Psicofarmacologia e seu interesse pelas plantas medicinais; sua mudança para os Estados Unidos; a Universidade de Yale e Toulaine; o tratamento dispensado pela comunidade científica norte-americana aos latino-americanos; seu retorno ao Brasil, a rotina e o trabalho sobre maconha no Instituto Biológico de São Paulo; o curso de medicina que fundou na Santa Casa de Misericórdia; o golpe militar de 1964 e a liberdade de expressão nos Estados Unidos; a publicação Farmacologia sem a prática, sem a aparelhagem; comenta discussão entre Otto Gottlieb e Luiz Gonzaga Laboriaux; os simpósios que organizou.

Fita 3 - Lado B
Comenta a formação dos participantes dos simpósios sobre plantas medicinais atualmente; a interdisciplinaridade entre botânica, química, medicina e biologia; o grupo de pesquisadores de Ribeirão Preto; referências a Federação da Sociedade Brasileira de Biologia Experimental, a Associação Brasileira para Progresso da Ciência, a Fundação Brasileira de Plantas Medicinais; o Projeto Flora e o sistema americano de informação Napralete; aborda a relação do CNPq com os simpósios que organizou; a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP); projeto que desenvolveu sob a aprovação da Central de Medicamentos (CEME); o PRONEX; a necessidade de financiamento de um banco de insumos para abastecimento de matérias-primas.

Fita 4 - Lado A
Aborda aspectos internacionais e nacionais relacionados a valorização da pesquisa de plantas medicinais no país; a engenharia genética; convênios com instituições de pesquisa estrangeiras; a parceria com o Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais.

Fita 4 - Lado B
Comenta a relação com laboratórios particulares; as universidades em Cuba e na América Latina; discute esquemas de produção de pesquisas em plantas; comenta os costumes e usos populares das plantas; a medicina chinesa.

Fita 5 - Lado A
Aborda a relação entre a fitoterápico e o medicamento; o suporte, investimento e desenvolvimento da pesquisa de fitoterápicos no país; a ação da planta “nó de cachorro”; a quantidade de farmacólogos no país e a organização de grupos de estudos de plantas no Brasil; a relação dos médicos com a fitoterapia; o “Biotônico Fontoura” e os medicamentos genéricos; monopólio do diagnóstico de doenças pelos médicos.

Fita 5 - Lado B
Comentário sobre o screening farmacológico; o biotério e os padrões de comportamento de cobaias; a mixagem higiênica de animais e a produção e utilização das cobaias; seu trabalho de pesquisa atualmente.

Fita 6 - Lado A
Referência as verbas públicas para pagar pessoal da equipe do Grupo Plantas; comenta a formação acadêmica dos integrantes desse grupo de trabalho; sua decisão de se aposentar; os padrões de biotipo e importação de medicamentos; a bioequivalência; o início de sua carreira no Ministério da Saúde: seus projetos e programas.

Fita 6 - Lado B
Sua saída do Ministério da Saúde e os processos judiciais que sofreu; o desaparecimento de portaria que assinou na Vigilância Sanitária; o Instituto Nacional de Controle de Qualidade de Medicamentos (INCQS); a necessidade de um programa nacional de controle de qualidade dos medicamentos.

Fita 7 - Lado A
Aborda o desfecho dos projetos judiciais que sofreu e a perseguição à Haity Moussatché; a relação do Instituto de Biotecnologia da Amazônia com a Agronomia.

Fita 8 - Lado A
Comentários sobre a instituição e regulamentação das pós-graduações na década de 60 e o papel desempenhado pelo CNPq; considerações sobre o 1º Simpósio de Plantas Medicinais; a Fundação Rockefeller e o financiamento em pesquisa na Escola Paulista de Medicina; a CEME e o projeto de financiamento em pesquisa em plantas medicinais e produção de medicamentos; os grupos de pesquisa financiados pela CEME e o trabalho com plantas; o processo de patenteamento do uso terapêutico de plantas e a oposição a Lei de Patentes no Brasil; a discussão no Congresso em Recife em torno da questão de patentes.

Fita 8 - Lado B
Continuação dos comentários sobre o Simpósio em Recife e a discussão das patentes; considerações sobre a ciência no Brasil e a questão da propriedade intelectual; o processo de patentes no exterior e no Brasil; referências ao II Programa Nacional de Desenvolvimento (PND) e o Projeto Flora; considerações sobre o período como assessor do CNPq e o financiamento em ciência; a discussão em torno da Farmacologia acadêmica e a Farmacologia aplicada e as mudanças no status do medicamento de plantas.

Fita 9 - Lado A
A FAPESP e o financiamento de projetos; o trabalho como assessor da FAPESP e a análise de projetos; considerações sobre o convênio universitário do SUS; a pesquisa em Psicobiologia do Sono; a parceria das indústrias com as universidades; o financiamento das indústrias em projetos de pesquisa com plantas medicinais.

Fita 9 - Lado B
Considerações sobre a Associação de Plantas Medicinais; menção a organização dos Simpósios de Plantas Medicinais; considerações sobre a importância da pesquisa em plantas; a SBPC, a FESB e a questão da política em ciência; a formação de uma agregação de indústrias nacionais e o financiamento de laboratórios de pesquisa; associação da indústria com a universidade; ABIFARMA; a Alanac e a defesa dos interesses dos laboratórios nacionais; a questão dos genéricos.

Haity Moussatché

Entrevista realizada por Arlindo Fábio Gomez de Souza, Luiz Fernando Ferreira, Paulo Gadelha, Cristina Tavares e Wanda Hamilton, na Fiocruz (Rio de Janeiro/RJ), nos dias 28 de novembro de 1985 e 17 de janeiro de 1986.
Sumário
Fitas 1 a 3
Origem familiar; a influência das condições sanitárias do Rio de Janeiro sobre o fluxo migratório; o curso preparatório no Rio de Janeiro; a influência do professor César Salles na escolha dos estudos em biologia; a faculdade de medicina como instrumento para o estudo da biologia; o interesse pela parasitologia e os primeiros contatos com o IOC; o curso de fisiologia ministrado por Álvaro Osório de Almeida e a decisão de se dedicar à fisiologia; o pedido de Carlos Chagas para trabalhar no IOC; a inexistência de pesquisas em fisiologia no curso de medicina; o laboratório de fisiologia da Álvaro Osório de Almeida na rua Machado de Assis (RJ); a atuação como monitor de Álvaro Osório de Almeida na faculdade de medicina; os estudo de Miguel Osório de Almeida sobre o sinal de Babinsky; perfil dos irmãos Osório de Almeida; o convite de Carlos Chagas a Miguel Osório para instalar o Departamento de Fisiologia no IOC; o desinteresse pelos cursos da faculdade de medicina; a residência médica no Hospital Evandro Chagas; a opção pela fisiologia e o restrito mercado de trabalho; comentários sobre o atual ensino médico; a implantação do laboratório de fisiologia no IOC e as primeiras experiências desenvolvidas por Miguel Osório de Almeida; a saída de Miguel Osório de Almeida do IOC em 1921; o ingresso de Thales Martins no IOC; as pesquisas pioneiras em etologia desenvolvidas por Thales Martins; perfil de Thales Martins; a transferência de Thales Martins para São Paulo em 1934; a participação de Branca Osório de Almeida nos trabalhos do laboratório da rua Machado de Assis; a influência de seu pai e de César Salles na escolha da carreira profissional; o positivismo no Brasil; a precariedade instrumental do laboratório de fisiologia da rua Machado de Assis e do IOC; a habilidade técnica dos irmãos Osório de Almeida; o uso da matemática por Miguel Osório de Almeida em suas pesquisas; o trabalho com cultura de tecidos de febre amarela; o concurso para ingresso no IOC em 1941; as dificuldades de promoção no IOC; crítica aos comentários sobre a decadência de Manguinhos; comentários sobre a qualidade profissional de vários pesquisadores do IOC; a relação entre desenvolvimento socioeconômico e ciência; o movimento pela separação do IOC do Ministério da Saúde; crítica à qualidade dos produtos farmacêuticos produzidos pelo IOC; a participação na discussão sobre o uso da energia nuclear no Brasil; a evasão de pesquisadores do IOC em decorrência das cassações; a desvalorização social da ciência no Brasil; e relação entre desenvolvimento econômico em São Paulo na década de 1930 e o florescimento científico; a falsa distinção entre ciência básica e aplicada; o papel da tecnologia no desenvolvimento da ciência; a luta no IOC pela liberdade de pesquisa.

Fitas 4 a 6
O laboratório de fisiologia do IOC como polo de atração da pesquisa básica; a pesquisa científica e o Instituto de Biofísica da Universidade do Brasil; os estudos realizados no laboratório de fisiologia do IOC por pesquisadores visitantes; o caso Arthur Moses no IOC; as disputas entre os pesquisadores na sucessão de Oswaldo Cruz; o perfil e gestão de Olympio da Fonseca no IOC; a luta pela modernização do IOC nas décadas de 1940 e 1950; a resistência de Henrique Aragão à criação de um conselho auxiliar para a direção do IOC; as diversas concepções no IOC quanto à orientação científica; a dificuldade de obtenção de recursos para a pesquisa básica no IOC; comentários sobre os motivos das cassações; os atuais contatos com o Ministério da Ciência e Tecnologia; a inexistência de investigação nas universidades; o retorno a Manguinhos e a reconstrução do laboratório de fisiologia; a conservação de material e equipamentos de seu laboratório feita por antigos auxiliares desde a cassação; a prisão de Fernando Ubatuba em 1968; os inquéritos policial-militar e administrativo no período pós-1964; as divergências político-ideológicas como explicação para a cassação dos pesquisadores em 1970; o papel de Rocha Lagoa no ato de cassação; a participação na criação da UnB; o exílio e o trabalho desenvolvido na Venezuela; o retorno ao Brasil e as expectativas de trabalho na FIOCRUZ; comentários sobre o atual desenvolvimento do Brasil; a necessidade de relações científicas internacionais para o desenvolvimento socioeconômico da humanidade.

Leônidas de Mello Deane

Entrevista realizada por Nara de Azevedo Brito, Paulo Gadelha, Rosbinda Nuñes e Rose Ingrid Goldschmidt, na Fiocruz (RJ), nos dias 11 de janeiro de 1987, 20 de janeiro, 02 e 09 de fevereiro, 10 e 17 de março e 17 de junho de 1988.
Sumário
Fita 1
A família e a infância no Pará; a influência da cultura europeia na formação escolar; o curso de desenho; os estudos nos colégios Progresso Paraense e Moderno; a Faculdade de Medicina do Pará; a repercussão da passagem de Oswaldo Cruz por Belém; o contato com Antônio Acatauaçu Nunes Filho e o trabalho no laboratório de análises clínicas da Sana Casa da Misericórdia de Belém em 1930; o contato com Henry Kumm e o interesse pela entomologia.

Fitas 2 e 3
Evandro Chagas e a criação do IPEN; o convite para trabalhar no IPEN; a influência profissional de Antônio Acatauaçu Nunes Filho e de Jaime Aben Athar; a precariedade dos meios de comunicação e transporte no Brasil no início do século; a primeira doença estudada pelo IPEN; a excursão com Evandro Chagas a Abaeté (BA) em 1936 e a pesquisa da leishmaniose visceral americana; a atividade clínica paralela às pesquisas de campo; a liderança de Evandro Chagas; a relação de Evandro Chagas com o IOC; a Fundação Rockefeller e a campanha contra o Anopheles gambiae em 1938 no Nordeste; as conseqüências da morte de Evandro Chagas para continuidade dos trabalhos no IPEN; o apoio de Carlos Chagas Filho à campanha contra o Anopheles gambiae; a chegada de Emanuel Dias a Belém e a formação de um novo grupo de pesquisadores; a contribuição do IPEN para o avanço da ciência; comentários sobre Felipe Neri Guimarães, Leoberto Ferreira e Oliveira Castro; a primeira visita ao IOC.

Fitas 4 a 6
Os resultados das pesquisas em Abaeté; a inoculação voluntária com leishmânia; os diários de campo enviados a Evandro Chagas; a pesquisa sobre o mal de cadeiras em Marajó; a campanha contra o Anopheles gambiae em 1938 e a campanha do Serviço de Malária do Nordeste em 1940; os riscos presentes nas pesquisas de campo; o início dos trabalhos no Serviço de Malária; a participação de Gladstone Deane e de Maria von Paumgartten Deane na campanha; o contato com Marshal Barber e o trabalho no laboratório do Serviço de Malária.

Fitas 7 a 9
A migração do Anopheles gambiae da África para o Brasil em navios franceses durante a Segunda Guerra Mundial; Marshal Barber e o Método do Verde Paris; Carlos Chagas e o combate à epidemia de malária em 1905; a dificuldade na implementação de métodos de erradicação de doenças no início do século; o Serviço de Demarcação de Limites do Anopheles gambiae e o trabalho dos guardas sanitários; comparação entre a atuação da Fundação Rockefeller nos Estados Unidos e no Brasil; Manoel Ferreira e a campanha contra a malária na Baixada Fluminense; considerações sobre as profecias do Padre Cícero e a crendice das populações do Nordeste; comentários sobre Lampião; o prédio da sede do Serviço de Malária na zona rural de Aracati e o estudo sobre a ecologia do Anopheles gambiae em Cumbe; as dificuldades de controle da malária na África devido a questões políticas; a tradição brasileira em campanhas nacionais; a equipe do Serviço de Malária do Nordeste aproveitada pelo SESP em 1942; os guardas sanitários formados em entomologia; o fim da campanha contra o Anopheles gambiae; impressões sobre a cidade de Fortaleza em 1941.

Fitas 9 a 11
A incorporação do Instituto Evandro Chagas ao SESP; o retorno ao Instituto Evandro Chagas em 1942; os estudos sobre doenças tropicais; os cursos de treinamento para técnicos e médicos no Instituto Evandro Chagas; o grau de contaminação da malária no interior do Brasil; o primeiro estudo de campo para verificar o papel preventivo da cloroquina no Pará; as experiências com o DDT no Brasil em 1945; o controle da malária na Amazônia pelo SESP em 1946; o curso de mestrado em saúde pública na Universidade Johns Hopkins em 1942 e a especialização em entomologia na Universidade de Michigan em 1943; o desenvolvimento da área de saúde pública nos Estados Unidos; o interesse pela medicina experimental; o grupo de sanitaristas brasileiros que cursaram a Universidade Johns Hopkins e o seu papel no desenvolvimento da saúde pública; comparação entre as escolas de saúde pública do Rio de Janeiro e de São Paulo; o SESP e a primeira pesquisa sobre filariose no Brasil; a produção de DDT nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial; as excursões científicas com Maria von Paumgartten Deane pelo Brasil; a participação nas campanhas conta a filariose em 1945 e contra a bouba em 1950; comentários sobre Mário Pinotti.

Fitas 12 e 13
Avaliação do desempenho do SESP; o trabalho no Instituto de Malariologia no Rio de Janeiro em 1949; a administração de Marcolino Candau na OMS; a instrução de professoras primárias pelo SESP; a chefia da Divisão de Malária de São Paulo; a utilização de sal cloroquinado no combate à malária entre 1958 e 1959; as diferenças entre campanhas de controle e campanhas de erradicação de doenças; a passagem do Serviço Nacional de Malária para Campanha de Erradicação da Malária; comentários sobre o funcionamento do Serviço Nacional de Malária; o início das campanhas de erradicação no país; o Instituto de Malariologia e as pesquisas com mosquitos transmissores da malária; os problemas de localização do Instituto de Malariologia; o convite de Samuel Pessoa para lecionar na Faculdade de Medicina de São Paulo em 1953.

Fitas 14 a 16
As pesquisas sobre malária em Ilhéus e Itabuna (BA); a evolução das técnicas na área de epidemiologia; a política de desmatamento no combate à malária em Santa Catarina; as expedições científicas pelo Brasil; o adiamento da tese sobre parasitos em animais da Amazônia e o trabalho na campanha contra o calazar no Ceará em 1953; o Prêmio Oswaldo Cruz em 1955 com o trabalho sobre a campanha contra o calazar; o perfil de Samuel Pessoa e sua equipe de pesquisadores; a prioridade à pesquisa aplicada e o convívio de Samuel Pessoa com a população da zona rural; as fontes de financiamento para as grandes campanhas; as bandeiras científicas e o interesse por saúde pública despertado em seus participantes; o fim das bandeiras científicas com o golpe de 1964; a pesquisa sobre malária em macacos e sua relação com a malária humana.

Fitas 17 a 20
A experiência adquirida no Departamento de Parasitologia da Universidade de São Paulo (USP); as pesquisas em reservatórios do Trypanosoma cruzi no Norte; os recursos provenientes da OMS para as pesquisas sobre malária em macacos; o Inquérito Policial-Militar (IPM) na Faculdade de Medicina de São Paulo em 1964; o esvaziamento da faculdade depois do inquérito e o fechamento do Departamento de Parasitologia; o exílio da filha na França em 1968; a prisão da filha em Buenos Aires em 1974; o trabalho no Instituto de Medicina Tropical de Lisboa; o exílio na Venezuela em 1976 e o trabalho como orientador de pós-graduação; o retorno ao Brasil em 1979 e o trabalho no Departamento de Entomologia do IOC; avaliação do Departamento de Pesquisa em Parasitologia de Portugal e da Venezuela; o Departamento de Parasitologia organizado por Maria Deane na Venezuela; a participação na Comissão de Consultores em Pesquisa Médica da OMS na Venezuela; as instituições de pesquisa no Brasil durante a ditadura militar; a situação de Manguinhos na década de 1950; a auto-suficiência financeiro-administrativa da Faculdade de Medicina de São Paulo; o curso sobre o método de determinação da idade do mosquito na Universidade de Londres em 1958; a tradição do estudo em parasitologia no Brasil; o papel desempenhado pelo IOC na área de parasitologia; o interesse de Oswaldo Cruz e de Samuel Pessoa pela saúde pública.

Fita 21
A descoberta da tripanossomíase americana e o reconhecimento internacional de Carlos Chagas; os estudos sobre o Trypanosoma cruzi no Brasil e o prêmio do Congresso Internacional de Higiene em Berlim; Gaspar Viana e a descoberta do tártaro emético para o tratamento da leishmaniose tegumentar; Henrique Aragão e o estudo sobre parasitos da malária em pombos; o fenômeno Oswaldo Cruz; Alcides Godoy e a descoberta da vacina contra a manqueira; Rocha Lima e as pesquisas em tifo exantemático; as contribuições de Arthur Neiva e Costa Lima para o desenvolvimento da entomologia no Brasil; considerações sobre as diferentes vocações de Oswaldo Cruz e Carlos Chagas; o destaque de Adolpho Lutz na área de parasitologia; a oposição de alguns sanitaristas à intervenção da Fundação Rockefeller no Brasil; o convite para a conferência em homenagem a Fred Soper em Los Angeles em 1987.

Fitas 22 a 24
O aspecto militarista da atividade sanitária no Brasil; a filosofia disciplinar da Fundação Rockefeller; os financiamentos e incentivos da Fundação Rockefeller às faculdades de São Paulo; a importância da participação da Fundação Rockefeller nas campanhas de controle de doenças; os trabalhos sobre febre amarela e malária desenvolvidos no Brasil nas décadas de 1940 e 1950; o serviço de combate à malária instalado na Baixada Fluminense pela Fundação Rockefeller em 1922; a contribuição da Fundação Rockefeller na produção de vacinas contra a febre amarela; a falta de confiança da Fundação Rockefeller nos cientistas brasileiros; a importância da viscerotomia para os estudos epidemiológicos; o papel da Universidade Johns Hopkins na formação de uma mentalidade sanitária homogênea; a influência da tradição científica francesa na formação dos sanitaristas brasileiros no início do século; os sanitaristas brasileiros formados pela Universidade Johns Hopkins; os estudos sobre leishmaniose desenvolvidos por Samuel Pessoa; comparação entre as linhas de pesquisa de Barros Barreto, Samuel Pessoa e Mário Magalhães; a saúde pública sob as gestões de Oswaldo Cruz e Carlos Chagas; a deficiência tecnológica para o controle de doenças nos últimos 30 anos do século XX; a utilização de sal cloroquinado no controle da malária; a atuação de Mário Pinotti no Ministério da Saúde nas décadas de 1950, 1960 e 1970.

Fitas 25 a 27
O retorno ao Brasil em 1979 e o convite para trabalhar no Departamento de Entomologia do IOC; comentários sobre o técnico Archibaldo Galvão; os laboratórios do Departamento de Entomologia e as atuais pesquisas em desenvolvimento; as pesquisas de classificação de insetos nas florestas do Rio de Janeiro; o período de estagnação dos estudos sobre doença de Chagas e o desenvolvimento das recentes pesquisas dessa doença; a pesquisa de Maria Deane sobre a transmissão do Trypanosoma cruzi pelo gambá; a valorização do estudo biológico da doença de Chagas em detrimento do estudo clínico; a diferença entre ciência básica e aplicada; os estudos de Antônio Paulino sobre oncocercose na Amazônia; as pesquisas sobre malária na FIOCRUZ; o projeto de estudo sobre malária em macacos; a importância da coleção entomológica da FIOCRUZ; comparação entre o IOC e outras instituições de pesquisa no Brasil; comentários sobre o Instituto Evandro Chagas; as pesquisas sobre doença de Chagas desenvolvidas por Joaquim Eduardo de Alencar na Universidade Federal do Ceará; comentários sobre o Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães; os trabalhos desenvolvidos na Faculdade de Medicina da Paraíba; comentários sobre a Escola Tropicalista Baiana; a polêmica na comunidade científica sobre a utilização racista da teoria darwinista; comentários sobre o Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz e a Fundação Ezequiel Dias; as pesquisas científicas nas instituições do sul do país; comentários sobre o Instituto de Biofísica; comparação entre os institutos de pesquisa do Rio de Janeiro e os de São Paulo; as pesquisas em parasitologia desenvolvidas na FIOCRUZ e sua importância em relação ao Terceiro Mundo; o estágio de desenvolvimento do Instituto Venezuelano de Investigação Científica; avaliação das instituições de pesquisa estrangeiras e seu intercâmbio com o Brasil; as pesquisas em parasitologia no Brasil e sua importância em relação aos países desenvolvidos; as pesquisas em parasitologia desenvolvidas atualmente em Manguinhos; comentários sobre o desempenho da atividade científica.

Fitas 25 a 27
Comparação entre as pesquisas em parasitologia desenvolvidas no IOC e em outras instituições do Brasil; as pesquisas de Patrick Manson sobre filariose; a influência da teoria darwinista na comunidade científica brasileira; Otávio Mangabeira e a direção do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz; comentários sobre a Fundação Ezequiel Dias; as pesquisas em parasitologia realizadas por institutos e universidades brasileiras; a situação da ciência brasileira em relação aos países do Terceiro Mundo; a situação da ciência brasileira em relação aos países desenvolvidos; a qualidade do ensino universitário no Brasil; perspectivas em relação ao desenvolvimento da ciência no Brasil.

Vinicius da Fonseca

Entrevista realizada por Nara Brito e Wanda Hamilton, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 27 de junho, 07 e 22 de agosto, 03 e 04 de outubro de 1995.

Vinícius da Fonseca

Entrevista realizada por Nara Brito e Wanda Hamilton, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 27 de junho, 07 e 22 de agosto, 03 e 04 de outubro de 1995.