Durmeval Bartolomeu Trigueiro Mendes
- Pessoa
- 1927-1987
Durmeval Bartolomeu Trigueiro Mendes
Nasceu no Rio de Janeiro em 5 de janeiro de 1909. Formou-se médico veterinário pela Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária (1933). Ainda estudante, em 1931 ingressou como estagiário voluntário no laboratório de Lauro Travassos no IOC, onde iniciou suas pesquisas sobre dípteros Sarcophagidae (moscas). De 1932 a 1938 foi auxiliar técnico da Seção de Entomologia do Instituto de Biologia Vegetal, chefiada por frei Thomaz Borgmeier. Em 1938 retornou ao IOC, ocupando os cargos de pesquisador na Seção de Helmintologia (1949) e chefe da Seção de Entomologia (1960-1964). Além de suas atividades de pesquisa, dedicou-se ao ensino de zoologia médica, parasitologia e entomologia na escola onde se formou (1934-1964), no Curso de Aplicação do IOC (1950-1968) e no Curso de Saúde Pública da Fundação Gonçalo Muniz (1951). Em 1970, com outros nove pesquisadores do IOC, teve seus direitos políticos suspensos e foi aposentado pelos Atos Institucionais nº 5 e 10 (AI-5 e AI-10), no episódio denominado Massacre de Manguinhos. Passou, então, a desenvolver suas pesquisas no laboratório de entomologia do Museu Nacional. Em 1976 integrou o corpo docente da Universidade Santa Úrsula. Com a anistia, foi reintegrado à Fiocruz em 1986 e passou a atuar no Departamento de Biologia do IOC como pesquisador titular. Suas pesquisas abrangeram os campos da entomologia, malacologia e botânica. Formou expressiva coleção de espécies dos grupos estudados, principalmente de insetos, bem como descreveu inúmeros gêneros e espécies novas para a ciência, com mais de duzentas publicações nessa área. Morreu em 10 de maio de 1991, no Rio de Janeiro.
Nasceu em 15 de junho de 1923, no Rio de Janeiro, filho de Marcello Barragat e Olga Correa Barragat. Iniciou sua trajetória profissional em 1947 ao graduar-se em química pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano ingressou como estagiário na Seção de Análises Químicas do Instituto de Química Agrícola (IQA) do Ministério da Agricultura, atual Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Por solicitação da Secretaria de Agricultura do Distrito Federal, em convênio com o IQA, foi contratado com Hilda Almeida Aguiar para o trabalho de análises de terras. Com o fim do convênio, ambos foram requisitados pelo Instituto de Malariologia, com sede na Cidade das Meninas, em Duque de Caxias (RJ), subordinado ao Serviço Nacional de Malária, cuja missão era realizar estudos sobre a doença, além de incorporar investigações sobre outras endemias, como a doença de Chagas e a esquistossomose. Na instituição chefiou a Seção Técnica, onde eram preparados e testados os inseticidas diclorodifeniltricloroetano (DDT) e hexaclorociclohexano (BHC), largamente utilizados no combate aos transmissores dessas endemias. Em 1956, com a criação do Departamento Nacional de Endemias Rurais, as atividades de produção de inseticidas ficaram sob a responsabilidade do Serviço de Produtos Profiláticos (SPP), que, no ano seguinte, passou também a produzir medicamentos. Nesse período ocupou o cargo de chefe da Seção Industrial. Em 1962 conseguiu transferir o SPP para um terreno localizado no campus de Manguinhos. Em 1966 foram inauguradas as novas instalações do SPP, destinado à produção de derivados do DDT. Esteve à frente do Instituto de Produção de Medicamentos, órgão da Fiocruz originado pela fusão do SPP com o Departamento de Soros e Vacinas do IOC, atualmente denominado Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos). Foi membro da Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina e dos conselhos diretor e consultivo da Central de Medicamentos. Aposentou-se em 1991. Morreu em 1 de abril de 2015, no Rio de Janeiro.
Nasceu em 26 de dezembro de 1914, no Rio de Janeiro, filho de José Machado Mendes e Adelaide Vieira Mendes. Formou-se em 1940 pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ao longo de sua trajetória profissional teve destacada atuação em instituições de saúde localizadas no Rio de Janeiro, onde foi secretário-geral da Federação das Sociedades de Tuberculose, diretor do Hospital Sanatório Torres Homem, diretor do Hospital Sanatório de São Sebastião e diretor do Departamento de Tuberculose da Prefeitura do Distrito Federal. Em 1953 atuou como professor de curso sobre tuberculose (uso do fármaco isoniazida no tratamento da doença) realizado na Faculdade Nacional de Medicina em colaboração com a Campanha Nacional contra a Tuberculose. Morreu em 22 de dezembro de 1969, no Rio de Janeiro.
Virgínia Maria de Niemeyer Portocarrero
Nasceu em 23 de outubro de 1917, no Rio de Janeiro, filha de Tito Portocarrero e Dinah de Niemeyer Portocarrero. Viveu sua infância na Tijuca e foi alfabetizada pela mãe. Fez o primário no Colégio Maria Imaculada, mantido por irmãs concepcionistas espanholas, onde aprendeu piano e trabalhos manuais, como era uma típica educação feminina na época. Formou-se bacharel em ciências e letras pelo Colégio Pedro II da avenida Marechal Floriano, no centro do Rio de Janeiro, e mais tarde realizou o Curso de Aperfeiçoamento e Arte Decorativa da Escola Politécnica Nacional de Engenharia, adquirindo formação de decoradora, professora de desenho e desenhista. Em função das constantes mudanças vividas em decorrência da profissão do pai, iniciou o Curso de Enfermagem Samaritana na Cruz Vermelha de Belém (PA), e veio a concluí-lo no Rio de Janeiro. Vários membros de sua família eram militares e por isso cresceu ouvindo histórias de tios e avôs que lutaram na Guerra do Paraguai, o que representava motivo de orgulho e exemplo a ser seguido pelos demais. Devido a sua formação, trabalhava no Instituto do Mate como desenhista, mas ao ler uma matéria no jornal O Globo, na qual o governo solicitava voluntários para a Segunda Guerra Mundial, inscreveu-se sem o conhecimento da família e foi selecionada. Uma vez escolhida, era preciso realizar capacitação através de cursos e treinamentos e foi matriculada no Curso de Emergência de Enfermeiras da Reserva do Exército (CEERE) - Quadro de Emergência de Enfermeiras da Reserva do Exército Brasileiro (QEERE). A conclusão do curso foi em 2 de junho de 1944, e após essa data ficou à disposição do Primeiro Escalão da Força Expedicionária Brasileira (FEB), cujo contingente total era de 25.334 cidadãos, sendo 67 enfermeiras. Em 7 de julho de 1944, seguiu para Nápoles, Itália, como integrante do 2º Grupo (General Diretor de Saúde Marques Porto). Passou pelos hospitais 182th Station General Hospital em Nápoles, 105th Station Hospital em Cevitavecchia, 64th General Hospital em Ardenza, 38th Evacuation Hospital, em Cecina, Florença e Pisa, 16th Evacuation Hospital em Pistoia e 15th Evacuation Hospital em Corvela, todos na Itália. Após quase um ano de trabalho voluntário na guerra, regressou ao Brasil em 7 de julho de 1945 com licença autorizada pela portaria 8.411, publicada no Diário Oficial da União, em 23 de junho de 1945, e retornou ao cargo que ocupava no Instituto do Mate. Em seguida, trabalhou como laboratorista e escriturária no Departamento de Saúde Escolar do Distrito Federal quando, em 1957, as enfermeiras "febianas" foram incorporadas ao Exército Brasileiro. Voltou ao serviço ativo do Exército como 2º tenente e passou a atuar como enfermeira na Policlínica Central do Exército. Passou para a reserva em 25 de setembro de 1962 como 1º tenente e foi promovida a capitão em 1963. Em 24 de setembro de 2019, foi aprovada a concessão do título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e a cerimônia de entrega no dia 4 de março de 2020. Morreu em 29 de março de 2023, na cidade de Araruama (RJ).
Nasceu em 5 de junho de 1923, em Guarabira (PB), filho de Carlos Fonseca e Maria Niteza Moura Fonseca. Bacharel em ciências jurídicas lotado na Secretaria de Planejamento (Seplan), foi designado pelo ministro da Saúde, Paulo de Almeida Machado, para a presidência da Fiocruz. Sua gestão, de 21 de agosto de 1975 a 15 de março de 1979, se deu no período em que a instituição tentava esboçar uma reação que a tirasse do silêncio e da desmobilização impostos pela ditadura militar instaurada em 1964. A ligação com o ministro do Planejamento, João Paulo dos Reis Velloso – um político de visão tecnocrática e desenvolvimentista –, lhe permitiu traçar um conjunto de estratégias para recuperar a Fiocruz. Um dos principais objetivos de sua administração, ao lado da restruturação da área de pesquisa biomédica, foi dotar a instituição de uma infraestrutura de produção de vacinas capaz de atender às necessidades dos programas de imunização do Ministério da Saúde, bem como contribuir para o projeto a longo prazo de autossuficiência em imunobiológicos do país. Morreu em 25 de novembro de 2008, no Rio de Janeiro.
Virgínia Torres Schall de Matos Pinto
Nasceu em 27 de junho de 1912, em Alfenas (MG), filho de João de Camargo e Amélia de Oliveira Camargo. Em 1935 graduou-se em medicina pela Escola de Medicina e Cirurgia do Instituto Hahnemmaniano do Brasil. Em 1937 iniciou sua trajetória profissional no campo da saúde pública ao ingressar no Serviço de Febre Amarela, que esteve a cargo da Fundação Rockefeller até 1939, quando passou para a esfera administrativa do Ministério da Educação e Saúde, sob a denominação de Serviço Nacional de Febre Amarela. Nesses órgãos atuou como médico (1937-1940) e chefe (1939-1946) dos setores Pernambuco, Ceará, Espírito Santo e Piauí, e chefe (1946-1950) da Circunscrição Nordeste. De 1950 a 1965, por meio de convênio celebrado entre o governo brasileiro e a Repartição Sanitária Pan-Americana, da Organização Mundial da Saúde, foi médico e consultor especializado junto a diversos países do continente americano, como Guatemala, Argentina, Colômbia, Venezuela e Jamaica. As ações empreendidas no período se concentraram em torno da supervisão e treinamento de recursos humanos para o controle da febre amarela, erradicação do Aedes aegypti e administração sanitária em geral. Em 1961 tornou-se mestre em saúde pública pela Escola de Higiene e Saúde Pública da Universidade de Johns Hopkins, em Baltimore, Estados Unidos. De volta ao Brasil, trabalhou no Instituto Nacional de Endemias Rurais (INERu), do Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERu), entre 1965 e 1968. Além do cargo de chefe do Núcleo Central de Pesquisas da Guanabara (1966-1968), também respondeu pela coordenação, no bairro de Jacarepaguá, do plano piloto estabelecido pelo diretor do INERu, José Rodrigues da Silva, para o controle da esquistossomose mansônica em áreas experimentais, identificadas por seus altos índices de ocorrência da doença (1965). Na Superintendência de Campanhas de Saúde Pública, criada a partir da fusão do DNERu e das Campanhas de Erradicação da Varíola e da Malária, exerceu os seguintes postos de comando: chefe da Circunscrição Guanabara (1970), chefe da Campanha Contra a Esquistossomose e outras Verminoses, da Divisão de Campanhas (1972-1973) e diretor da Divisão de Esquistossomose do Departamento de Erradicação e Controle de Endemias (1977-1979). Após a aposentadoria, ocorrida em 1978, atuou no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) de 1980 a 1985. Nesse último ano foi cedido pelo CNPq à Fiocruz, onde desenvolveu atividades de ensino e pesquisa no Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos da Escola Nacional de Saúde Pública até 1990. Integrou ainda o Colégio Médico do Norte de Santander, Colômbia (1958), a Associação Americana de Saúde Pública (1964), a Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene (1965), a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (1966) e a Sociedade Argentina de Parasitologia (1979), entre outras instituições médico-científicas. Morreu em 22 de abril de 1993, no Rio de Janeiro.
Serviço Nacional de Peste (SNP)
Ernani de Paiva Ferreira Braga
Nasceu em 1913, no Mato Grosso, vivendo boa parte da sua juventude no Rio Grande do Sul. Graduou-se em 1935 pela Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro. Recebeu o título de sanitarista pela conclusão do Curso de Saúde Pública, em 1941. Foi colaborador do Departamento Nacional de Saúde, da Delegacia de Saúde do Ceará e da Secretaria de Saúde do Pará. Na Fundação SESP permaneceu de 1944 até 1959 em uma das carreiras mais marcantes dentro da instituição. Em 1954 assumiu o cargo de diretor do Departamento Nacional de Saúde. No início dos anos 1960 voltou-se para a formação de recursos humanos, atuando junto a CAPES/MEC e à Fundação Rockefeller, quando participou do programa nacional de ensino e pesquisa das ciências biomédicas. De 1962 a 1967 foi diretor executivo da Federación Panamericana de Asociaciones de Facultades de Medicina, criada com o objetivo de impulsionar o ensino médico na América. A grande experiência acumulada e o enorme e merecido prestígio que conquistou colocaram-no no comando da Diretoria de Recursos Humanos da OMS, em Genebra, de 1967 a 1973. No decorrer desse tempo, exerceu também atividades docentes junto a instituições do país e do exterior, foi consultor de inúmeras organizações, participou da diretoria de associações, como a American Public Health Association e a Sociedade Brasileira de Higiene, além de ter desempenhado relevantes funções nas Assembleias Mundiais de Saúde da OMS. De volta ao Brasil, dirigiu por curto espaço de tempo a Escola Nacional de Saúde Pública (então IPCB) e teve uma breve experiência como secretário de Saúde do Rio de Janeiro. Em 1974, atuou como assessor de saúde da Diretoria da Faculdade de Medicina da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), compondo a comissão nomeada por Hélio Fraga para implantação do Hospital Universitário, junto com Clementino Fraga Filho, Lopes Pontes e Mariano de Andrade. Foi sócio-fundador, vice-presidente e membro do Conselho da ABRASCO. Colaborou ainda na criação da Associação Brasileira de Educação Médica e de numerosas associações nacionais e na América Latina de educação médica. A partir de 1979 assumiu a vice-presidência de Recursos Humanos da Fiocruz e a direção da Escola Nacional de Saúde Pública, onde permaneceu, até a sua morte, por leucemia, em 20 de abril de 1984, no Rio de Janeiro.
Em 1908 Carlos Chagas vai a Lassance, em Minas Gerais, com a missão de organizar a profilaxia da malária nos canteiros de obras da Estrada de Ferro do Brasil, onde permaneceu desenvolvendo trabalhos que levaram à descoberta de uma nova tripanossomíase, causada por um protozoário e transmitida ao homem por um inseto hematófago denominado barbeiro. Em parte, graças à repercussão dos estudos sobre esta doença, Oswaldo Cruz obteve recursos para construir em Manguinhos um hospital destinado aos estudos clínicos e bacteriológicos de moléstias encontradas no interior do país. Esta verba não foi suficiente, e o Hospital Oswaldo Cruz teve suas obras custeadas, em boa parte, por recursos do próprio Instituto. Data de 1918 a sua inauguração, embora só tenha começado a funcionar, efetivamente, em 1921. O primeiro projeto de construção do Hospital Oswaldo Cruz, de 1917, elaborado pelo arquiteto Luís de Moraes e exibido na Exposição Internacional de Berlim, não foi executado. O segundo, de 1912, previa seis pavilhões, mas apenas um foi edificado e está em atividade até hoje. Dirigido por Evandro Chagas, o Hospital de Manguinhos cumpria sua função de Centro de estudos de pesquisas clínicas, como também prestava assistência médica à população. A entidades mórbidas, tais como a febre amarela, a Leishmaniose Visceral e tegumentar, a doença de Lutz e o pênfigo foliáceo fossem também objeto de estudo. Após a morte prematura de Evandro Chagas, em 1940, o hospital passou a se chamar Hospital Evandro Chagas. Nos anos 50, iniciou-se a construção de um novo prédio - o Pavilhão 26 - com instalações físicas bem maiores, mas nunca chegou a funcionar plenamente. Em meados dos anos 70, o Hospital Evandro Chagas, sem recursos, retornou ao seu antigo prédio, o histórico Pavilhão Gaspar Viana. Hoje o Hospital Evandro Chagas realiza pesquisas e presta serviços assistenciais de referência nas áreas de febre amarela, esquistossomose, leishmaniose, malária, cólera, dengue e Aids, entre outras doenças.
As origens do Ministério da Saúde remontam ao decreto n. 19.402, de 14 de novembro de 1930, quando foi criado o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública pelo governo de Getúlio Vargas. As duas áreas, anteriormente subordinadas ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores, passaram a ter pasta própria para gerir os assuntos relativos ao ensino, saúde pública e assistência hospitalar no país. Antes disso, no decorrer do processo de institucionalização da saúde pública no Brasil, intensificada a partir dos primeiros anos do século XX, a área esteve sob o comando da Diretoria Geral de Saúde Pública e do Departamento Nacional de Saúde Pública. Pelo decreto n. 19.444, de 1º de dezembro de 1930, o Ministério da Educação e Saúde Pública recebeu a seguinte composição: Gabinete do ministro, Diretoria de Contabilidade, Departamento Nacional de Ensino, Departamento Nacional de Saúde Pública, Departamento Nacional de Medicina Experimental e Departamento Nacional de Assistência Pública, todos independentes entre si e imediatamente subordinados ao ministro. Com a reforma administrativa realizada pelo governo federal em 1934, o Departamento Nacional de Saúde Pública transformou-se no Departamento Nacional de Saúde. Em 1937, a partir da lei n. 378, de 13 de janeiro, o ministério teve o nome alterado para Ministério da Educação e Saúde. Pela lei n. 1.920, de 25 de julho de 1953, promulgada durante novo governo de Getúlio Vargas, foi criado o Ministério da Saúde com o objetivo de centralizar as políticas do setor e estruturar as respostas aos diversos problemas médico-sanitários nacionais. Ainda de acordo com a lei, o antigo ministério passou a denominar-se Ministério da Educação e Cultura.
Nasceu em 12 de abril de 1892, em Nazareth (PE), filho de João de Moura Vasconcelos e Davina de Moura Tavares. Em 1906 ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, mas concluiu o curso em 1913 na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Entre 1916 e 1918 fez cursos em Paris e Berlim, especializando-se em cirurgia, e regressou em seguida a Pernambuco, em consequência da Primeira Guerra Mundial. Em Recife foi diretor do posto de Assistência, da Diretoria de Higiene e Saúde Pública. Em 1920 foi nomeado médico da prefeitura de Garanhuns e dois anos depois coordenou a campanha contra a peste bubônica. Exerceu a profissão de médico sanitarista e foi nomeado, em 1928, diretor do Hospital Santa Francisca, em Barreiros. A essa atividade acumulou, entre 1928 e 1930, as funções de chefe do posto de Saneamento Rural e diretor do Centro de Saúde anexo ao hospital. De volta a Recife em 1930, atuou como epidemiologista até 1934. No ano seguinte transferiu-se para o Rio de Janeiro para trabalhar como médico da prefeitura do Distrito Federal. Posteriormente foi assistente de clínica sifilográfica da Diretoria Geral de Assistência Municipal e médico dos Institutos de Aposentadorias e Pensões dos Bancários (IAPB) e dos Comerciários. Em 1937 foi nomeado chefe do Albergue da Boa Vontade, pelo interventor federal cônego Olímpio de Melo. Em virtude da Lei de Desacumulação deixou o IAPB em 1938, ao optar pelo cargo que ocupava na prefeitura. Exerceu as funções de adido chefe e diretor na Secretaria Geral de Saúde e Assistência. Em 1941 constituiu uma comissão para o estudo das favelas, tornando-se um dos responsáveis pela execução do projeto piloto dos Parques Proletários, o primeiro dos quais inaugurado em 1939 no bairro carioca da Gávea. No contexto da Segunda Guerra Mundial tomou parte, em janeiro de 1943, da comissão denominada Mobilização Econômica, cujo objetivo era encaminhar trabalhadores para a extração de borracha na região amazônica. Nesse mesmo ano tornou-se chefe do Serviço Social, que, transformado em Departamento de Assistência Social, teve-o como seu primeiro diretor. Entre 1944 e 1958 foi professor das cadeiras de medicina social e sociologia da Escola de Enfermeiras Rachel Haddock Lobo. Em 1949, a convite de Euvaldo Lodi, presidente da Confederação Nacional da Indústria, assumiu o cargo de chefe de serviço para a divisão regional do Rio de Janeiro do Serviço Social da Indústria, onde permaneceu até 1953. Ainda em 1949 participou do I Congresso Americano de Medicina do Trabalho, em Buenos Aires, Argentina. Em 1951 tornou-se membro da Associação Brasileira de Medicina do Trabalho e organizou o II Congresso Americano de Medicina do Trabalho, realizado no Brasil em 1952, ocasião em que foi agraciado com a medalha de ouro. Apesar da especialização em cirurgia, trocou a medicina curativa pela preventiva e dedicou-se inteiramente à medicina social e do trabalho, à prevenção de acidentes e doenças profissionais. Morreu em 3 de novembro de 1960, no Rio de Janeiro.
Nasceu em 25 de abril de 1925, em Tarnobrzeg, Polônia, filho de Hersz Cynamon e Ryfka Cynamon. Imigrou com sua família para o Brasil em 1933, instalando-se no município de Petrópolis (RJ). Adolescente, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde, por intermédio de seu pai, passou a trabalhar no Departamento de Imprensa e Propaganda. Em 1951 formou-se pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro. Recém-formado iniciou estágio no escritório do conceituado engenheiro russo Greg Zaharov. Aproximou-se então do engenheiro David Grynfogiel, o que lhe valeu em 1952 a ida para o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), onde iniciou sua trajetória profissional como engenheiro sanitário. Inicialmente trabalhou efetuando cálculos de cimento argamassa para projetos de obras de saneamento básico. Posteriormente foi admitido como engenheiro distrital no Centro de Saúde do SESP em Colatina (ES), região de extração mineral de mica, ferro e pedras preciosas da Companhia Vale do Rio Doce. Entre 1952 e 1954 trabalhou no município mineiro de Governador Valadares, região de produção de aço e ferro gusa. Como subchefe da área de engenharia do SESP coordenou projetos de obras para instalações de tratamento e abastecimento de água e esgoto sanitário. Em 1955 concluiu o curso de especialização na Faculdade de Higiene e Saúde Pública da Universidade de São Paulo, mesma instituição onde obteve, em 1969, o título de doutor em saúde pública com a tese Procedimentos para equacionamento e projeto de esgotos sanitários de pequenas comunidades. A carreira de engenheiro sanitário também incluiu diversas atividades no campo da educação sanitária, com treinamentos realizados em escolas rurais por diversos estados da federação. Em 1966 ingressou na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), onde criou o Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental e também idealizou a primeira patente tecnológica internacional da Fiocruz, o Valo Aeróbio-anaeróbio de Oxidação ETE – em Escala Piloto da Fiocruz (1996). Foi o principal responsável pela consolidação do ensino no campo da engenharia sanitária na instituição. Ainda no âmbito da ENSP, foi idealizador e coordenador do Projeto Articulado de Melhoria da Qualidade de Vida - Universidade Aberta (1993-2000). Fundou e presidiu a Cooperativa dos Trabalhadores Autônomos do Complexo de Manguinhos (1994-2002). Entre os prêmios e homenagens que recebeu, destacam-se Personalidade Científica em Desenvolvimento Tecnológico, concedido em 1999 pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária, prêmio pelos serviços prestados à engenharia da saúde, por ocasião do centenário da Organização Pan-Americana da Saúde, e Personalidade da Engenharia Sanitária do Século XX, conferido pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro, em 2001. Morreu em 10 de junho de 2007, no Rio de Janeiro.
Superintendência Operacional de Apoio ao Programa Nacional de Imunizações
Em 1973 foi formulado o Programa Nacional de Imunizações (PNI), por determinação do Ministério da Saúde, com o objetivo de coordenar as ações de imunizações que se caracterizavam, até então, pela descontinuidade, pelo caráter episódico e pela reduzida área de cobertura. A proposta básica para o Programa, constante de documento elaborado por técnicos do Departamento Nacional de Profilaxia e Controle de Doenças (Ministério da Saúde) e da Central de Medicamentos (CEME - Presidência da República), foi aprovada em reunião realizada em Brasília, em 18 de setembro de 1973, presidida pelo ministro Mário Machado de Lemos e contou com a participação de renomados sanitaristas e infectologistas, bem como de representantes de diversas instituições. Em 1975 foi institucionalizado o PNI, resultante do somatório de fatores, de âmbito nacional e internacional, que convergiam para estimular e expandir a utilização de agentes imunizantes, buscando a integridade das ações de imunizações realizadas no país. O PNI passou a coordenar, assim, as atividades de imunizações desenvolvidas rotineiramente na rede de serviços e, para tanto, traçou diretrizes pautadas na experiência da Fundação de Serviços de Saúde Pública (FSESP), com a prestação de serviços integrais de saúde através de sua rede própria. Em seguimento à erradicação da varíola, inicia-se em 1980 a "1ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite", com a meta de vacinar todas as crianças menores de 5 anos em um só dia. De 1990 a 2003, o PNI fez parte da Fundação Nacional de Saúde. A partir de 2003, passou a integrar o Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Vigilância em Saúde (DEVEP/SVS), inserido na Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações (CGPNI).
Sociedade Brasileira de Parasitologia
Fundada em 8 de julho de 1965, na cidade de Belo Horizonte (MG), tendo como primeiro presidente Amilcar Vianna Martins (1967-1968). A SBP ficou inativa desde esse período até 1974, quando foi recriada por Rubens Campos, o segundo presidente (1975-1976). Entre seus principais objetivos estão: estimular estudos relativos à parasitologia em seus múltiplos aspectos; fomentar o intercâmbio de conhecimentos entre pesquisadores nacionais e estrangeiros; promover eventos científicos; manter intercâmbio cultural com instituições congêneres; sugerir aos órgãos públicos ou particulares, especificamente incumbidos do combate às doenças parasitárias, as medidas técnico-administrativas indicadas á luz dos conhecimentos mais atuais; divulgar conhecimentos científicos relativos à sua especialidade. Os congressos da SBP iniciaram-se em 1976, sendo o primeiro realizado em conjunto com o XII Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical em Belém do Pará. A instituição é afiliada à Federação Latino-Americana de Parasitologia, à Federação Mundial de Parasitologia e à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
Nasceu em 11 de fevereiro de 1908, em Nova Friburgo (RJ), filho de Joaquim José Antunes e Maria Alice de Albuquerque Antunes. Estudou no Colégio Militar do Rio de Janeiro (1919-1925), na Escola Politécnica da Universidade do Rio de Janeiro, onde fez o 1º (1926) e 2º (1930) anos do curso geral, e na Universidade do Distrito Federal como ouvinte do Curso de Física (1936). Entre as décadas de 1930 e 1960 atuou em empresas públicas e privadas. Na Escola Nacional de Saúde Pública foi professor contratado de matemática e estatística (1965-1966), estatística e ciência da informação (1966-1969) e estatística (1970). Ainda na instituição atuou como chefe do Departamento de Ciências Estatísticas e do Departamento de Ensino (1966-1970). Em paralelo às suas atividades profissionais, desempenhou as funções de diretor, ensaísta, editor e livreiro nas empresas Sávio Antunes - Livreiro e Editor, e Gavião: Editora e Livraria S. A. (1960-1965). Foi casado com Estela Vilá Pitaluga, com quem teve dois filhos. Morreu em 16 de julho de 1985, no Rio de Janeiro.
Nasceu em 4 de junho de 1949, em Londres, Inglaterra, filha de Albert Arthur Hawker e Rosamund Ann Maurenn Hawker. Sua formação acadêmica foi realizada na Inglaterra, onde obteve os títulos de bacharel em ciências pela Universidade de Surrey (1971), de mestre em demografia médica pela Universidade de Londres (1972) e de doutora em saúde pública pela Universidade de Oxford (1995), com a apresentação da tese The determinants and consequences of induced abortion in Rio de Janeiro, Brazil. Foi professora e pesquisadora titular do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos da Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz. Entre 1994 e 2007 atuou como assessora de programas na Fundação Ford no Brasil, desenvolvendo e gerenciando programas internacionais e nacionais sobre gênero, sexualidade, saúde reprodutiva, direitos das mulheres, HIV/AIDS e políticas de saúde. Em 2010 tornou-se Diretora Regional do Fundo Global para Mulheres. Atualmente é diretora executiva da Women's Refugee Commission (WRC), organização global que defende os direitos e a proteção de mulheres, crianças e jovens deslocados por conflitos e crises, bem como membro do Conselho Consultivo Global da World Learning.
Rostan de Rohan Loureiro Soares
Nasceu em 26 de fevereiro de 1914, em Maceió (AL), filho de Sanelva Rohan Araújo Soares e Guiomar Loureiro de Rohan. Em 1932 ingressou na Faculdade de Medicina do Recife, e concluiu o curso pela Faculdade Fluminense de Medicina, em 1937. Entre 1938 e 1941 exerceu os cargos de médico no Instituto Militar de Biologia, de inspetor sanitário de saúde dos portos e de laboratorista no Laboratório Central do Hospital São Francisco de Assis. Em 1942 ingressou no Serviço Nacional de Febre Amarela, onde atuou como chefe da Divisão Alagoas da Circunscrição Nordeste. Um ano depois, foi designado para trabalhar no Serviço Nacional de Malária, onde, como médico malariologista e especializado, ocupou as funções de chefe de distritos da 4a Circunscrição, Rio de Janeiro, e do Setor Alagoas da Circunscrição Nordeste (1943-1947), chefe do Laboratório de Protozoologia do Laboratório Central da Seção de Epidemiologia (1948-1949), e chefe do Laboratório de Parasitologia do Instituto de Malariologia (1949-1955). Com a transferência desse órgão para Belo Horizonte, passou a representá-lo na Seção de Protozoologia do IOC. Lotado no Instituto Nacional de Endemias Rurais (INERu), atuou junto ao IOC no Núcleo de Pesquisas – Divisão para Estudo das Grandes Endemias, depois, Divisão de Nosologia (1956-1961), na Divisão de Zoologia (1961-1971), no Curso de Aplicação – tópico de protozoologia (1964-1967), no Laboratório de Química Orgânica e Terapêutica (1971-1972) e no Laboratório de Quimioterapia I (1973-1976). Nesse período recebeu o título de patologista da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica. Em 1975 transferiu-se do INERu para a Fiocruz e no ano seguinte passou a ser responsável pelo Laboratório de Esquistossomose (moluscicida) e Quimioterapia Experimental do IOC. A partir de 1984, embora ainda trabalhasse com hemoparasitos, ligou-se ao Departamento de Helmintologia. Em 1990 foi aposentado compulsoriamente, mas permaneceu à frente de suas atividades de pesquisa. Durante sua trajetória profissional realizou pesquisas visando o combate e a erradicação das principais doenças tropicais brasileiras. Em 1955 seu trabalho "Sal cloroquinado, novo método de profilaxia da malária" foi laureado com o prêmio Mário Pinotti da Academia Nacional de Medicina. Morreu em 31 de maio de 1996, no Rio de Janeiro.
Nasceu em 7 de fevereiro de 1947, em Presidente Olegário (MG), filho de Sebastião Francisco Dâmaso e Maria Madalena Nunes. Em 1970 formou-se em ciências sociais pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). No ano seguinte ingressou no mestrado de ciências políticas da instituição, que foi concluído em 1978. De 1971 a 1991 exerceu atividades docentes no Departamento de Psicologia da UFMG, na Fundação Mineira de Educação e Cultura e na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Atuou ainda como professor no curso de especialização em saúde mental da Escola de Saúde de Minas Gerais (1987-1989). Em 1989 ingressou na Escola Nacional de Saúde Pública, com lotação no Departamento de Administração e Planejamento em Saúde. Em 1992 foi aprovado no doutorado da ENSP, que não foi concluído devido à sua morte. Entre 1993 e 1994 foi professor na Escola de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Além disso, participou de bancas examinadoras, eventos, consultorias e assessorias, e também coordenou projetos direcionados à saúde mental e coletiva, sendo o Dicionário Critico de Saúde Coletiva, em 1994, um dos mais relevantes. Morreu em 20 de novembro de 1995, em Belo Horizonte.